Circula no TikTok uma quantidade de vídeos em que pacientes que utilizaram o medicamento Roacutan (isotretinoína oral ou ácido 13-cis-retinóico) para o tratamento contra a acne, relatam que o remédio, não apenas serviu para o tratamento dermatológico, como, "de brinde", ganharam uma "rinoplastia" como um dos efeitos colaterais do uso. Afinal, o medicamento pode realmente afinar o nariz?
De acordo com a dermatologista Maria Paula Del Nero Dermatologista, da Clínica Healthy Dermatologia, em São Paulo, a impressão desse afinamento do nariz acontece porque o remédio é um derivado sintético da vitamina A, que atua nas glândulas sebáceas, reduzindo a inflamação local e a produção de sebo.
Com essa ação, as glândulas, que estão aumentadas pela inflamação gerada pela acne, acabam voltando ao tamanho normal, dando a impressão que o nariz foi afinado.
Viviane Scarpa, dermatologista da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), afirma, inclusive, que alguns cirurgiões plásticos utilizam a medicação após cirurgias de rinoplastia, pois acreditam que diminuiria mais rápido o processo inflamatório e as glândulas sebáceas do nariz. Assim, os efeitos cirúrgico poderiam ser notados mais rapidamente. As especialistas ressaltam que o medicamento não deve ser utilizado com esse intuito.
Viviane alerta que a recomendação do uso do Roacutan é apenas para o tratamento de acne moderada a grave, sendo receitada por dermatologistas e com venda autorizada apenas sob apresentação de receituário especial.
"O uso da isotretinoína oral também é amplamente conhecido por nós dermatologistas nos casos de rejuvenescimento, rosácea, dermatite seborreica, hidradenite supurativa, alopecia fibrosante frontal e pitiriase rubra pilar, mas todas essas indicações são “off label”, ou seja, não estão recomendadas na bula", completa a dermatologista da SBD. Elas lembram que o medicamento pode ter alguns efeitos colaterais, como o ressecamento dos lábios, olhos e mucosa nasal, podendo provocar sangramentos; alterações no fígado devido sua metabolização pelo órgão; aumento do colesterol; dores musculares; alterações de humor; e efeito teratogênico (anormalidades no feto), tendo a recomendação de que mulheres que façam a utilização do remédio não engravidem durante o tratamento e podendo engravidar apenas 30 dias após a finalização do uso.
Estudo da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) em parceria com a organização global de saúde pública Vital Strategies alerta para uma situação preocupante: atualmente, 56,8% dos brasileiros está com excesso de peso. O percentual representa a soma das pessoas com sobrepeso e com obesidade, ou seja, com IMC (índice de massa corporal) igual ou acima de 25. A taxa chega a 68,5% na faixa etária com idade entre 45 e 54 anos e a 40,3% entre os mais jovens, com 18 a 24 anos. Além disso, 10,3% da população tem diagnóstico médico de diabetes. Os grupos mais afetados são pessoas com 65 anos ou mais (26,2%) e pessoas com até oito anos de escolaridade (15,7%). Quando se trata de hipertensão arterial, 26,6% dos brasileiros receberam o diagnóstico, com maior prevalência entre mulheres (30,8%), idosos com mais de 65 anos (62,5%) e aqueles com até oito anos de escolaridade (38%). Entre os mais escolarizados, a prevalência cai para menos da metade (15,6%). Os dados fazem parte do Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), que ouviu 9.000 brasileiros com idade acima de 18 anos de capitais e cidades do interior das cinco regiões do Brasil, por telefone (fixo e celular), entre janeiro e abril de 2023. Alimentação
De acordo com a pesquisa, menos da metade da população no Brasil (45,5%) consome verduras e legumes cinco vezes ou mais na semana. “Isso mostra que o consumo continua baixo entre os brasileiros, apesar de ter aumentado no último ano após uma queda expressiva durante a pandemia (aumento de 15,2% entre 2022 e 2023)”, destacou o estudo. A faixa etária que mais consome esses alimentos é a das pessoas com 65 anos ou mais: 45,5% consomem verduras e legumes na frequência semanal recomendada.
O levantamento mostra desigualdades no consumo desses alimentos quando se consideram sexo e escolaridade. As mulheres consomem legumes e verduras mais do que os homens — 51,5% e 39,1%, respectivamente. Além disso, 57,5% das pessoas com maior escolaridade (12 anos ou mais de estudo) têm legumes e verduras na dieta a maior parte dos dias da semana, enquanto 40,9% dos menos escolarizados (zero a oito anos de estudo) têm esse hábito. As diferenças também são grandes entre a região Norte (36,4%), por exemplo, e a Sul (52,6%).
A ingestão de frutas apresenta cenário similar: 41,8% dos brasileiros têm frutas na dieta cinco vezes ou mais por semana. Nesse caso, os mais velhos (65 anos ou mais) também são os que mais consomem com a frequência adequada (62,8%). Mulheres comem mais frutas que homens: 49,6% contra 33,4%. Entre brancos, 47,3% têm o hábito, mais do que entre pretos e pardos (37,9%). O consumo regular de frutas está presente para 48,2% da população mais escolarizada e para 39,3% dos menos escolarizados.
Já com relação à inclusão de refrigerantes e sucos artificiais na dieta, 17,8% dos brasileiros consomem esse tipo de produto cinco vezes ou mais na semana.
Atividade física
De acordo com a pesquisa, apenas 31,5% dos brasileiros praticam pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ou vigorosa por semana. Há diferenças consideráveis quando se olham recortes como sexo, idade e escolaridade: 34,8% dos homens são fisicamente ativos, contra 28,3% das mulheres, e 48,3% das pessoas com maior escolaridade são fisicamente ativas — mais que o dobro das menos escolarizadas (20,9%). O índice fica em 18,9% entre os maiores de 65 anos e em 37,9% na faixa etária dos 25 a 34 anos. Tabagismo
O Covitel 2023 mostra que a prevalência atual de tabagismo (uso de cigarro convencional, de palha, de papel, charuto e cachimbo) no Brasil é de 11,8%. Nos três períodos avaliados pelo inquérito (pré-pandemia, primeiro trimestre de 2022 e primeiro trimestre de 2023), a prevalência se manteve estável no país, interrompendo uma tendência de redução registrada ao longo dos últimos anos. Quem mais fuma são homens (15,2%), pessoas da região Sul (15,8%) e aquelas com idade entre 45 e 54 anos (15,2%). Álcool
Os dados também apontam 22,1% de prevalência de uso abusivo do álcool entre os brasileiros nos 30 dias que antecederam as entrevistas. A prevalência ficou maior entre pessoas do sexo masculino (28,9%), com maior escolaridade (26,5%) e jovens adultos entre 18 e 24 anos (32,6%). Já 7,2% da população brasileira relatou fazer consumo regular do álcool, que representa três ou mais vezes por semana. As maiores prevalências são entre pessoas do Sudeste (10,2%) e homens (11,8%). Saúde mental
Atualmente, 12,7% dos brasileiros relatam ter recebido diagnóstico médico para depressão. As maiores prevalências estão na região Sul (18,3%), entre as mulheres (18,1%) e na faixa etária de 55 a 64 anos (17%), seguida pelos jovens de 18 a 24 anos (14,1%). Já o diagnóstico médico para ansiedade chegou para 26,8% dos brasileiros. De acordo com o estudo, um terço (31,6%) da população mais jovem de 18 a 24 anos é ansiosa. As prevalências são maiores no Centro-Oeste (32,2%) e entre mulheres (34,2%).
Sono
Por fim, 59,3% dos entrevistados do Covitel afirmaram dormir o tempo recomendado para a idade. Os números mostram que 58,9% dos brasileiros dizem dormir bem, sendo 63,9% entre os homens e 54,3% entre mulheres. No recorte raça/cor, também há diferenças: 64,2% das pessoas brancas relatam dormir bem, índice que fica em 55,1% entre pretos e pardos.
Uma variante genética é responsável pelo agravamento da esclerose múltipla, segundo pesquisa científica que pode levar a um novo medicamento contra a doença.
A esclerose múltipla é o resultado de um corpo sendo atacado por seu próprio sistema imunológico, o que gera uma variedade de sintomas, incluindo problemas de visão, movimento e equilíbrio. Para algumas pessoas os sintomas podem ir e vir em recaídas, enquanto em outras pioram progressivamente.
Apesar de existirem tratamentos que podem ajudar a controlar os sintomas, ainda não há cura ou forma de retardar o agravamento da doença.
Um estudo publicado na quarta-feira (28) na revista Nature anunciou pela primeira vez uma variante genética ligada à gravidade da esclerose múltipla. O resultado veio de uma ampla colaboração de pesquisadores de mais de 70 institutos de todo o mundo.
Na primeira etapa os pesquisadores combinaram dados genéticos de 12.000 pessoas com a doença, a fim de estudar quais variantes compartilhavam e com que rapidez a doença progredia.
De sete milhões de variantes, apenas uma foi associada à rápida progressão da doença.
A variante está entre dois genes chamados DYSF e ZNF638, que até agora não foram relacionados à esclerose múltipla, de acordo com o estudo. O primeiro gene trabalha para reparar células danificadas, enquanto o outro ajuda a controlar infecções virais.
Segundo os estudos, esses genes são muito mais ativos no cérebro e na medula espinhal do que no sistema imunológico, área que o estudo para medicação se concentrou até agora.
Para confirmar suas descobertas, os pesquisadores investigaram os dados genéticos de outros 10.000 pacientes e encontraram resultados semelhantes.
"Herdar essa variante genética de ambos os pais adianta em quase quatro anos o momento em que uma pessoa precisará de ajuda para andar", disse o pesquisador americano e coautor do estudo, Sergio Baranzini, em comunicado.
A neurocientista Ruth Dobson, da Universidade Queen Mary de Londres, que não participou da pesquisa, disse à AFP que havia "muito entusiasmo por este estudo" entre os especialistas em esclerose múltipla.
"É o primeiro passo para encontrar tratamentos que funcionem de maneira diferente", disse ela, enfatizando que qualquer medicamento está muito longe de estar disponível.
O fato de a pesquisa ter como alvo o sistema nervoso, e não o sistema imunológico, "abre um novo caminho potencial para os tratamentos, o que é realmente emocionante", acrescentou.
Mais de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com as consequências da esclerose múltipla.
Idosos que tomaram vitamina D tiveram um risco reduzido de eventos cardiovasculares, incluindo infarto, em comparação aqueles que não usavam o suplemento. Os resultados são de um estudo conduzido por pesquisadores australianos com mais de 21 mil pessoas com idades entre 60 e 84 anos.
Em um artigo, publicado no periódico científico The BMJ, os autores salientam que, apesar de uma diferença de risco absoluta pequena entre os dois grupos, esse foi o maior estudo já publicado sobre a relação entre a vitamina D e eventos cardiovasculares. A pesquisa indica que o potencial efeito protetor da vitamina D pode ser mais acentuado naqueles que tomam estatinas – classe de remédios para reduzir os níveis de colesterol – ou outros medicamentos cardiovasculares.
Para chegar ao resultado, os pesquisadores acompanharam os 21,3 mil participantes do estudo entre 2014 e 2020. Eles foram divididos em dois grupos, em que um recebeu 60.000 UI de vitamina D todo mês e o outro, placebo. Nenhuma pessoa sabia o que estava tomando.
No período do estudo, 1.336 participantes tiveram algum evento cardiovascular importante, sendo que 6,6% eram do grupo placebo e 6% do grupo que tomava vitamina D. Os pesquisadores também observaram que a taxa de eventos cardiovasculares maiores foi 9% menor no grupo vitamina D, em comparação com o grupo placebo.
Já a taxa de infarto foi 19% menor entre os que faziam a suplementação. Não houve diferença nos dois grupos em relação ao acidente vascular cerebral.
Os autores salientam que novos estudos serão necessários para comprovar se a vitamina D oferece algum efeito protetor cardiovascular.