Uma nova diretriz brasileira de manejo da pressão arterial passa a considerar a aferição 12 por 8 não mais como pressão normal, mas como indicador de pré-hipertensão. O documento foi elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Nefrologia e pela Sociedade Brasileira de Hipertensão.
De acordo com a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, a reclassificação tem como objetivo identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções mais proativas e não medicamentosas no intuito de prevenir a progressão do quadro de hipertensão dos pacientes.
A partir de agora, portanto, para que a aferição passe a ser considerada pressão normal, ela precisa ser inferior a 12 por 8. Valores iguais ou superiores a 14 por 9 permanecem sendo considerados quadros de hipertensão em estágios 1, 2 e 3, a depender da aferição feita pelo profissional de saúde em consultório.
Nas redes sociais, a Sociedade Brasileira de Cardiologia avaliou o documento como fundamental no sentido de orientar a prática clínica de cardiologistas em todo o país. “Atualização essencial para quem busca fazer medicina baseada em evidências e alinhada às recomendações mais recentes”, postou a entidade.
A vacinação contra a covid-19 também protege contra a covid longa e as doenças cardiovasculares relacionadas ao vírus, de acordo com novo consenso clínico publicado nesta quinta-feira (18), em inglês, na Revista Europeia de Cardiologia Preventiva.
"A vacinação continua sendo a pedra angular da prevenção, reduzindo significativamente a gravidade da covid-19 aguda e diminuindo o risco de covid longa em mais de 40% em indivíduos vacinados com duas doses, em comparação com os não vacinados", diz o documento elaborado por cinco entidades médicas da área cardíaca europeias.
Além disso, os estudos analisados para a elaboração do consenso mostram que, se uma pessoa que nunca foi vacinada apresentar um quadro de covid longa, a imunização pode ajudar a reduzir os sintomas.
As entidades também recomendam que as doses de reforço sejam tomadas especialmente por pessoas que fazem parte dos grupos de alto risco, pois podem reduzir tanto o risco de covid longa quanto de complicações cardiovasculares relacionadas à infecção.
Complicações cardíacas O novo consenso reúne as principais orientações para prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação dos efeitos cardíacos das infecções de covid e da covid longa.
Assinam o texto a Associação Europeia de Cardiologia Preventiva, a Associação Europeia de Imagem Cardiovascular, a Associação de Enfermagem Cardiovascular e Profissões Afins, a Associação Europeia de Intervenções Cardiovasculares Percutâneas e a Associação de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Europeia de Cardiologia.
O documento destaca que as complicações cardíacas são comuns após a infecção pelo vírus e, na fase aguda, podem incluir:
miocardite; pericardite; infarto agudo do miocárdio; acidente vascular cerebral; trombose; embolia pulmonar. Pessoas que tiveram covid apresentam duas vezes mais risco de desenvolver algum problema cardiovascular, o que sobe para quatro vezes no caso daquelas que foram hospitalizadas. Esse risco aumentado pode perdurar por até três anos após a infecção.
Covid longa A comunidade científica estima que cerca de 100 milhões de pessoas em todo mundo estão atualmente vivendo com covid longa. Dessas, aproximadamente 5 milhões têm covid longa cardíaca, com sintomas como angina, falta de ar, arritmia, insuficiência cardíaca, fadiga e tontura.
As evidências científicas disponíveis até o momento mostram maior incidência de covid longa em pessoas com idade avançada, mulheres e pacientes com comorbidades pré-existentes, como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, ansiedade ou depressão, hipertensão, diabetes e doença cardíaca isquêmica. Para os pesquisadores, essas pessoas devem ser monitoradas com ainda mais atenção, "possibilitando intervenções mais antecipadas", caso manifestem sintomas cardíacos.
"Como os sintomas cardiovasculares podem surgir semanas ou até anos após a infecção aguda, as estratégias de prevenção devem começar com a educação precoce do paciente. Isso inclui discussões sobre os possíveis sintomas associados a condições de progressão lenta e grave, como miocardite, insuficiência cardíaca e trombose, para que os pacientes possam reconhecer e relatar esses sintomas prontamente", destaca o documento.
Os pesquisadores também consideram essencial que essas pessoas sejam conscientizadas a agir sobre fatores de risco modificáveis, como hipertensão, níveis elevados de gorduras e açúcar no sangue, tabagismo, sedentarismo e má alimentação. No entanto, reforçam que "a vacinação permanece a única medida preventiva comprovada".
Vacinas são seguras O consenso clínico também esclarece que os casos de complicações de saúde após a vacina são raros, geralmente de curta duração e com percurso clínico favorável. Um dos estudos relacionados mostra, por exemplo, que, entre mais de 2,5 milhões de pessoas vacinadas, apenas 54 tiveram miocardite e quase todos foram casos leves ou moderados.
"Apesar do risco raro de eventos adversos, as vacinas contra a covid-19 reduzem significativamente a gravidade da doença aguda e da covid longa" conclui o documento.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, reforça que o risco de desenvolver miocardite como efeito adverso da vacina é muito menor que o da própria doença causar essa complicação.
"A covid-19 leva a miocardite com uma frequência maior e com uma gravidade também muito mais avançada", diz ele, que relembra quais pessoas ainda precisam se vacinar: "indivíduos acima de 60 anos devem receber duas doses todos os anos com intervalo de 6 meses entre elas, assim como os imuno-comprometidos de qualquer idade. Gestantes devem ser vacinadas em toda gestação. Indivíduos com doenças crônicas devem tomar uma dose anualmente."
Além disso, desde 2024, a vacina contra covid-19 faz parte do calendário básico de vacinação das crianças e a primeira dose deve ser tomada aos 6 meses de idade.
"O esquema completo vai garantir a preparação do sistema imunológico da criança para que ela, ao se expor ao vírus, já tenha construído uma resposta imune que a impeça de desenvolver formas graves da doença. Hoje, as maiores incidências de hospitalização por COVID-19 estão concentradas nos idosos e nas crianças menores de cinco anos", alerta Kfoury.
O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (18) que bebês e crianças entre 16 e 30 meses devem passar por triagem de autismo durante consultas no SUS.
A medida prevê que o teste M-Chat, usado para identificar sinais precoces do transtorno, entre na rotina da atenção primária.
Segundo a pasta, a estratégia faz parte da nova linha de cuidado para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que busca ampliar o diagnóstico precoce, antecipar estímulos e oferecer mais apoio às famílias.
"A atuação preoce é fundamental para autonomia e interação social futura", afirmou a pasta em nota. Atualmente, existem cerca de 30 instrumentos de triagem disponíveis para identificar possíveis sinais de autismo.
O mais utilizado é justamente o M-Chat, sigla em inglês para Questionário Modificado para a Triagem do Autismo em Crianças.
Esse questionário, recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria desde 2017, reúne 23 perguntas simples, respondidas por pais ou responsáveis.
Por ser autoaplicável, o teste é considerado de fácil uso e tem alta capacidade de indicar com precisão casos que merecem investigação mais detalhada.
Segundo o Ministério da Saúde, com a aplicação do teste na rotina da atenção primária, os resultados também deverão ser registrados na Caderneta de Saúde da Criança, que agora tem versão digital.
A ideia é que pais, responsáveis e profissionais possam acompanhar o desenvolvimento infantil de forma mais organizada e integrada, facilitando o encaminhamento para especialistas sempre que houver sinais de risco.
Espremer espinhas é algo tentador, principalmente quando surge aquela pontinha branca. Mas este hábito deve ser deixado de lado em qualquer circunstância. Isso porque as espinhas são repletas de bactérias e, ao espremer, o risco de infecção, marcas e cicatrizes é maior.
Também não é aconselhável espremer cravos por conta própria, pelo mesmo risco de infecção. “A unha possui bactérias e causa marcas na pele”, alerta a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBDRJ), Regina Schechtman.
Cicatrizes e manchas são mais difíceis de tratar do que a própria acne, acrescenta a dermatologista Beatriz Bottura.
O que fazer então? Produtos com agentes secativos podem acelerar a cicatrização, mas se a lesão estiver muito inflamada, o ideal é procurar um médico.
Misturas caseiras divulgadas na internet, podem queimar a pele e agravar o quadro.
Limpeza de pele é diferente de espremer espinhas A limpeza de pele feita por um profissional qualificado é liberada pelos médicos porque utiliza técnicas apropriadas, como higienização, uso de material esterilizado, pressão controlada sobre as lesões e aplicação de antissépticos, após o procedimento.
Nem toda acne, no entanto, deve ser extraída durante a limpeza. Lesões muito inflamadas exigem outros tratamentos prévios, alerta Bottura.
“Na limpeza de pele, profissionais treinados executam o que chamamos de cirurgia da acne ou extração dos comedões (cravos). Eles possuem a técnica adequada, responsável por evitar o acúmulo de material queratinizado (sebo) dentro dos poros. Isso reduz muito o risco de infecção”, explica Schechtman. Mas, se o paciente não resistir e acabar espremendo uma espinha, é essencial limpar bem a região e aplicar protetor solar para não piorar o aspecto da mancha.
Espremer espinhas pode levar até à meningite? Em casos raríssimos, espremer espinhas pode levar à meningite, porque existe a possibilidade de bactérias caírem na corrente sanguínea. Esse risco é maior em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido.
“A anatomia venosa da face tem comunicação com vasos intracranianos. Infecções profundas nessa região podem, em casos excepcionais, evoluir para complicações como trombose do seio cavernoso ou disseminação intracraniana”, alerta Bottura.
Schechtman acrescenta que já atendeu diversos casos de celulite da face. “Esse problema pode ser grave e exige internação para antibiótico venoso. Há situações que podem levar a sequelas e até à morte por infecção generalizada”, explica.
Também há registros de micobacteriose na face e abscessos por estafilococos (bactéria que habita a pele).