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A esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado, já atinge cerca de 30% dos brasileiros — aproximadamente 1 em cada 3 pessoas — segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). Mesmo tão prevalente, muitos ainda desconhecem quais exames detectam a condição, o que faz com que o diagnóstico seja tardio em grande parte dos casos. Esse atraso favorece a evolução para quadros mais graves, como cirrose, câncer hepático e até necessidade de transplante.

O cenário se agrava pelo caráter silencioso da doença. Nos estágios iniciais, a gordura se acumula no fígado sem provocar sintomas evidentes. Na maioria das vezes, o comprometimento só é percebido quando surgem sinais como cansaço excessivo, fraqueza ou dor abdominal, indicadores de que o órgão já pode estar em um estágio mais avançado da doença.

Da gordura à cirrose: como a doença evolui O acúmulo de gordura no fígado acontece de forma gradual e silenciosa. Sem diagnóstico precoce, pode haver progressão para inflamação, fibrose, cirrose e até câncer hepático. Trata-se de um processo contínuo, que pode ser evitado com acompanhamento regular e intervenções no momento certo.

A prevalência da doença está diretamente ligada ao aumento do excesso de peso no país. Uma pesquisa da Novo Nordisk, em parceria com o Instituto Datafolha, apontou que 66% dos brasileiros têm sobrepeso ou obesidade. Entre pessoas com diabetes tipo 2, o índice de esteatose chega a 70% quando avaliadas por ultrassom.

O estilo de vida é um fator central nesse cenário. Sedentarismo, dieta rica em ultraprocessados e descontrole glicêmico criam um ambiente propício para o acúmulo de gordura hepática.

Diagnóstico e tratamento da gordura no fígado O ultrassom abdominal é o exame mais acessível e frequentemente utilizado para identificar a esteatose hepática, sendo recomendado especialmente para pessoas com fatores de risco. Em estágios iniciais, a doença é reversível, e as mudanças no estilo de vida têm papel decisivo na recuperação do fígado. Uma perda de 5% a 10% do peso corporal já é suficiente para promover melhorias importantes na função hepática. Alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, controle do diabetes e redução do consumo de ultraprocessados são pilares fundamentais no tratamento.

A prevenção é a estratégia mais eficaz. Manter exames de rotina em dia permite detectar a condição antes que cause danos irreversíveis ao fígado, reduzindo riscos e melhorando o prognóstico.

Minha Vida

Em entrevista exclusiva ao Feed TV, o neurocirurgião Dr. Fernando Gomes esclareceu dúvidas fundamentais sobre o envelhecimento cerebral, destacando que nem toda perda cognitiva é definitiva e que hábitos simples podem proteger o cérebro. Veja entrevista completa no canal do Youtube.

demencia

Com o aumento da expectativa de vida, a preocupação com a saúde mental na terceira idade torna-se prioridade. No entanto, o médico ressalta a importância de distinguir o Alzheimer de outros quadros. “No Brasil, a gente sabe que existem cerca de 1.200.000 pessoas que convivem com a doença de Alzheimer, que acaba sendo responsável por mais de 50% da manifestação clínica”, explica Gomes.

Nem tudo é Alzheimer: a demência reversível

Um dos pontos mais chamativos da entrevista foi o alerta para diagnósticos que podem ser confundidos. Além da demência vascular (causada por pequenos derrames) e outras formas como a frontotemporal, existe uma condição específica que merece atenção por ser tratável: a hidrocefalia de pressão normal.

“A hidrocefalia de pressão normal é reversível com a realização de uma neurocirurgia, a colocação de uma válvula que tira esse excesso de líquido da cavidade intracraniana”, detalha o neurocirurgião. Ele adverte que, infelizmente, muitos pacientes com essa condição ainda recebem diagnósticos errados de Parkinson ou Alzheimer por desconhecimento, perdendo a chance de reverter o quadro.

A construção da “Reserva Cognitiva”

Sobre a prevenção, o Dr. Fernando Gomes explica que, embora exista um componente genético — especialmente em casos precoces (abaixo dos 55 anos) —, o estilo de vida tem peso decisivo. O cuidado começa cedo, com a educação na infância, que aumenta a conectividade cerebral, criando caminhos alternativos para o pensamento caso a doença se manifeste.

Na vida adulta, a atenção aos sentidos é crucial. O médico cita a resistência ao uso de aparelhos auditivos como um fator de risco ignorado: “Isso é algo que, se diagnosticado e tratado precocemente, você permite que o cérebro continue recebendo informações e isso pode abrandar até mesmo a manifestação clínica lá na frente”.

Alimentação e o perigo do álcool

Questionado sobre o papel da dieta, o especialista foi categórico ao recomendar o equilíbrio e evitar alimentos inflamatórios, como excesso de açúcar e gorduras animais. “Uma alimentação muito parecida com a dieta do Mediterrâneo hoje em dia já se provou como benéfica”, afirma, citando o consumo de peixes ricos em ômega-3, legumes e verduras.

Por outro lado, o consumo prolongado de álcool foi apontado como um vilão direto para a saúde dos neurônios, indo além das questões comportamentais.

Sono e exercícios: a “faxina” cerebral

Para finalizar, o Dr. Fernando reforçou dois pilares essenciais: o sono reparador e a atividade física. Segundo ele, “o sono não é uma perda de tempo”, pois é durante esse período que o cérebro elimina neurotoxinas.

Já os exercícios, especialmente os de força para membros inferiores, liberam substâncias neurotróficas, como a irisina, que estimulam novos circuitos neurais. “O estilo de vida cria uma poupança de saúde para abrandar caso a doença infelizmente se manifeste, mas também ela freia a sua própria evolução”, conclui o médico.

Feed TV - Saúde|Do R7

(Foto: Freepik)

Elas aparecem sem convite, se instalam no meio do dia e podem acompanhar o cérebro até o momento de dormir. São os earworms — as músicas que ficam presas na cabeça e se repetem em looping, muitas vezes apenas como um refrão de 15 a 30 segundos.

Parece um capricho da mente, mas o fenômeno é extremamente comum: estudos internacionais estimam que até 90% das pessoas tenham episódios semanais desse “loop musical”. E, segundo neurologistas brasileiros ouvidos pelo g1, entender o que está acontecendo no cérebro ajuda a explicar por que algumas músicas grudam — e por que tentar expulsá-las geralmente piora a situação.

Um loop automático que o cérebro cria sozinho Segundo o neurocirurgião e pós-doutor pela Universidade de São Paulo (USP) Helder Picarelli, o earworm nasce quando um fragmento de memória auditiva entra em modo repetitivo, ativando simultaneamente três regiões: o córtex auditivo, o hipocampo e o sistema límbico.

O córtex auditivo é a área que decodifica e organiza os sons; o hipocampo funciona como o centro da memória recente, responsável por armazenar e recuperar melodias; e o sistema límbico coordena emoções e recompensas, o que ajuda a explicar por que músicas marcantes retornam de forma espontânea.

“Quando ouvimos uma música recente ou lembramos só de parte dela, o cérebro tenta completar o restante. Se não lembra da música inteira, ele resgata justamente o trecho mais marcante”, explica.

O processo envolve ainda a Brain Default Network, conjunto de áreas que entram em ação quando a mente está em repouso. É o mesmo estado ativado durante meditação, banho ou atividades automáticas, como dirigir sempre pela mesma rota.

“É ali que o cérebro começa a rodar padrões internos — inclusive melodias”, diz Picarelli. Por que isso acontece até quando não ouvimos música? Para o neurologista Guilherme Olival, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o disparador nem sempre é sonoro. “Lembranças sensoriais como cheiro, uma imagem ou uma frase podem reativar automaticamente um modelo musical armazenado”, afirma.

Durante o loop, há ativação do córtex auditivo secundário, que funciona como uma espécie de “áudio interno”; de áreas motoras ligadas à fala, responsáveis pela sensação de “quase cantar”; e de núcleos profundos do cérebro associados a hábitos e automatismos.

“É por isso que a experiência é involuntária e intrusiva, mas quase sempre benigna”, diz o neurologista.

O cérebro preenche o que falta Um dos pontos mais fascinantes, diz Picarelli, é a maneira como o cérebro preenche mentalmente trechos ausentes de uma música familiar.

“Ele não trabalha com fragmentos, e sim com padrões completos”, explica. “Se você só lembra o começo da melodia, o cérebro tenta completar o resto. Esse impulso de completar padrões é a base dos earworms.” Olival concorda e reforça: “Nossa percepção auditiva é guiada pela previsão. O cérebro antecipa o que viria em seguida, mesmo quando não há som real.”

O ‘bloco de notas auditivo’ que mantém a música rodando Ambos os especialistas destacam o papel do phonological loop, um componente da memória de trabalho responsável por manter sons e palavras “ativos” por alguns segundos.

“É como um bloco de notas auditivo que segura pedaços de melodia, códigos ou frases”, explica Picarelli. “Quando uma música entra ali, o cérebro repete automaticamente, como se estivesse ensaiando.”

Essa repetição articulatória — mesmo quando silenciosa — é parte do mecanismo que mantém a música presa.

O que torna uma música ‘grudenta’? Pesquisas em psicologia musical, aliadas à prática clínica, apontam características em comum nas músicas que mais se transformam em earworms.

Entre elas: melodia simples e fácil de cantar; repetição de palavras ou frases; ritmo forte e previsível; riff inicial marcante; um toque de surpresa, como alterações leves de tom, viradas inesperadas, saltos de pitch. “Se for totalmente repetitiva, o cérebro acha chato. Se for muito complexa, não fixa. As earworms estão no meio do caminho: simples, mas com algo novo que ativa a atenção”, resume Picarelli. Olival acrescenta que músicas com pulsação clara acionam as áreas motoras do cérebro. “Ele passa a prever o próximo compasso, mesmo sem ouvir nada”, diz.

Por que algumas pessoas têm mais episódios que outras? Os dois especialistas apontam fatores individuais:

pessoas com traços obsessivo-compulsivos leves tendem a ter mais loops; músicos e ouvintes assíduos são mais suscetíveis; estresse e ansiedade facilitam episódios; tarefas repetitivas abrem espaço mental para o loop. “Durante tarefas automáticas, o córtex pré-frontal — responsável por controle e atenção — reduz sua atuação, permitindo que pensamentos intrusivos, incluindo músicas, apareçam com mais facilidade”, explica Olival.

Tentar expulsar a música piora o problema Ambos os neurologistas são categóricos: brigar com a música a mantém ativa por mais tempo.

“O cérebro não entende o ‘não pense nisso’”, explica Picarelli. “Quando tentamos bloquear o refrão, reforçamos o circuito de memória. A checagem reativa alimenta o loop.”

Olival complementa: “Quanto mais um circuito é ativado, mais fácil ele se torna de ser reativado. É por isso que a tentativa de expulsar acaba fortalecendo a memória musical.”

Como quebrar o loop As estratégias com respaldo neurocientífico incluem:

ouvir a música inteira, para “fechar” o padrão e encerrar o ciclo; trocar por outra canção, especialmente mais complexa; realizar tarefas que exigem foco cognitivo; mascar chiclete, que interfere no loop articulatório; se envolver em atividades verbais (ler, falar, resolver um problema). “É como ocupar uma sala mental onde o earworm está tentando entrar”, diz Olival. Quando é normal e quando pode ser sinal de algo mais Na imensa maioria dos casos, earworms são benignos e até indicativos de boa memória musical.

Picarelli ressalta que só há motivo de atenção quando o episódio é contínuo, causa sofrimento significativo ou vem acompanhado de outros sintomas neurológicos, como alucinações ou alterações motoras.

“Nessas situações raras, podemos estar diante da chamada perpetual music track, que exige investigação.”

Ao contrário dos earworms comuns, que vão e voltam ao longo do dia, essa condição mantém a música rodando de maneira contínua, às vezes por dias, semanas ou meses, sem que a pessoa consiga interromper.

Não se trata de alucinação: o paciente sabe que o som vem “de dentro da cabeça”. Mas o loop é tão persistente que atrapalha o sono, concentração e rotina. Nessas situações, neurologistas investigam causas como distúrbios obsessivos graves, lesões cerebrais, epilepsia do lobo temporal ou efeitos colaterais de medicamentos.

Olival reforça: “Não existe um tempo máximo rígido. O critério é sempre o impacto na vida.”

G1

Mais de 40 anos depois do primeiro caso de HIV no Brasil, o país vive um paradoxo: tem uma das maiores ofertas de tratamento e prevenção do mundo, mas ainda registra altos índices de infecção entre jovens e crescente diagnóstico tardio. No mundo, as reduções nos investimentos internacionais preocupam as autoridades.

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Enquanto a maior promessa em termos de medicação preventiva e injetável ainda não está disponível no SUS, o número de infectados aumenta e médicos alegam que a população tem menos medo do vírus. Já após o diagnóstico, a necessidade de ingestão diária de medicação oral representa um dos gargalos para o tratamento contínuo e ininterrupto.

No dia mundial de combate ao vírus, o g1 faz um balanço dos avanços, desafios e perspectivas para o futuro, a partir de dados do Ministério da Saúde, da UNAIDS e de entrevistas com infectologistas.

Atualmente, 40,8 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo e 9,2 milhões ainda não têm acesso ao tratamento. Em 2024, ocorreram 1,3 milhão de novas infecções no planeta, segundo a UNAIDS, Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids.

O Brasil apresentava, até 2025, mais de 1 milhão de pessoas identificadas com o vírus. Este ano, houve mais de 46 mil novos casos no país, um aumento de 4,5% em relação ao ano anterior.

Dados do Ministério da Saúde mostram que 70,7% dos casos notificados desde 2007 são em homens. Em 2023, a razão de sexos chegou ao maior nível da série histórica: 27 casos em homens para cada 10 em mulheres.

A epidemia também segue concentrada entre os mais jovens:

23,2% dos casos acumulados foram registrados entre pessoas de 15 a 24 anos; em 2023, 40,3% dos casos entre homens ocorreram na faixa de 20 a 29 anos. A desigualdade racial também aparece de forma consistente. Em 2023, 63,2% das novas infecções foram entre pessoas negras (49,7% pardas e 13,5% pretas). Entre mulheres, o impacto é ainda maior: 64,2% das notificações ocorreram entre negras.

Para cumprir a meta global de eliminação da aids como problema de saúde pública até 2030, o país precisa acelerar estratégias de diagnóstico, tratamento e redução de novas infecções.

Menor sensação de risco e aumento de infectados “O número de infectados vem aumentando porque as pessoas não veem risco em adquirir o HIV. E mesmo quem adquire acha que ninguém morre de Aids por causa dos medicamentos incomparavelmente melhores do que no passado”, afirma a infectologista Gisele Gosuen, da UNIFESP/EPM e Coordenadora do Comitê de Comorbidades da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Medicamentos de longa duração estão entre as maiores promessas Os médicos são unânimes em destacar que a eficácia das tecnologias injetáveis de prevenção de longa duração – o cabotegravir e o lenacapavir - estão entre as maiores promessas para o combate ao vírus.

O cabotegravir, aprovado pela Anvisa em 2023, está disponível no setor privado no Brasil desde agosto de 2025. Este medicamento representa a primeira forma de profilaxia pré-exposição (PrEP) de longa duração contra o vírus no país, aplicada por via intramuscular a cada dois meses. Mas o custo é alto: R$ 4 mil por dose.

Atualmente, o SUS oferece medicamentos para a PrEP sob a forma de comprimidos, que devem ser tomados diariamente. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) avalia a inclusão da forma injetável da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de longa duração no SUS. Para especialistas em saúde pública, medicações como essa podem ser um divisor de águas e inaugurar uma nova fase da prevenção ao HIV. Modelos epidemiológicos indicam que, se adotado em larga escala, o cabotegravir poderia prevenir até 385 mil infecções até 2033.

Já o lenacapavir, que pode ser aplicado duas vezes ao ano, ainda não foi aprovado no Brasil. Ao g1, a farmacêutica Gilead Sciences afirmou que o pedido de registro do lenacapavir já foi submetido à Anvisa e encontra-se em análise pelo órgão regulador. No momento, não há previsão de data para a conclusão desse processo.

Além de o cabotegravir e o lenacapavir ainda não estarem disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), Gosuen alerta que, em um primeiro momento, este tipo de medicação deve ser usado para a prevenção e não para o tratamento de quem vive com o vírus.

A importância do diagnóstico precoce com o autoteste Gosuen destaca ainda a importância do teste rápido para o diagnóstico precoce e lamenta não ver muitas iniciativas que estimulem este teste ao longo do ano, assim como campanhas de conscientização sobre a infecção.

“Paramos de falar de HIV/Aids e é como se a infecção não existisse mais. Você pode se deparar com uma pessoa bonita, aparentemente saudável e não imaginar que ela tenha o vírus”, diz.

O autoteste é oferecido gratuitamente pelo SUS e pode ser comprado na farmácia. O indivíduo coleta a sua própria amostra de fluido oral ou sangue e o resultado sai em questão de minutos.

O teste pode ser feito na unidade de saúde ou em casa. Nas unidades de saúde, os agentes orientam os pacientes sobre o tratamento após o resultado do autoteste, que pode ser feito em cabines individuais. Os pacientes têm garantidos a privacidade, o sigilo e a confidencialidade.

“As pessoas precisam saber que podem morrer de aids, principalmente quando não sabem que têm o HIV. Pior do que uma pessoa viver com HIV é ela não saber que vive com o vírus. Porque aí ela só vai descobrir quando já estiver muito doente, com Aids avançada e muitas vezes a gente não consegue retroceder, iniciando o tratamento tardiamente”, destaca Gosuen.

Atualmente, quem é diagnosticado precocemente consegue viver com o vírus com qualidade de vida, assim como quem não tem o vírus, se seguir o tratamento com antiretrovirais diários administrados por vira oral, de forma adequada.

CFM recomenda que médicos peçam testes sorológicos, mas não detalha a periodicidade Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 2016 recomenda que médicos, independentemente da especialidade, verifiquem nas consultas se seus pacientes realizaram testes sorológicos para sífilis, HIV, hepatites B e C, e vacinação, no caso da hepatite B. Caso os testes ou a vacinação não tenham sido realizados, o médico deve orientar o paciente sobre a necessidade, a oportunidade ou a conveniência de sua execução.

Mas a recomendação do CFM não fala em periodicidade para a realização destes testes e, na prática, muitos pacientes com o vírus do HIV passam por diversos médicos antes de suspeitarem da infecção.

Gosuen destaca, inclusive, que muitas mulheres descobrem o HIV no momento do parto porque não fazem o pré-natal adequadamente.

O cansaço da medicação diária A médica alerta que um dos maiores gargalos para o tratamento contínuo e ininterrupto é a necessidade de tomar medicação todos os dias, que leva a cansaço e esquecimentos.

Das mais de 1 milhão de pessoas identificadas com o vírus até 2025, 4% nunca foram vinculadas a qualquer serviço de saúde. Das que foram vinculadas, 1% não retirou a medicação para iniciar o tratamento com antiretroviral. Das que iniciaram tratamento, 13% não deram continuidade. Os demais diagnosticados foram vinculados a uma unidade de saúde e estão em tratamento contínuo.

Pacientes com carga não detectável e detectável Pacientes em tratamento que conseguem ter o vírus indetectável por um período de seis meses podem até mesmo não transmitir o vírus em caso de sexo desprotegido, desde que mantenham o tratamento corretamente e que não tenham interações medicamentosas. O uso de remédios para outras enfermidades combinado com os antiretrovirais pode levar a essas interações.

Vacinas também podem interferir na carga viral. Elas devem ser recomendadas às pessoas que vivem com HIV, desde que os pacientes recebam orientações médicas adequadas quanto ao momento para receber a vacinação. Depois de serem vacinadas, as pessoas que vivem com HIV devem esperar um mês para realizar o exame de carga viral.

Já pessoas que vivem com HIV/Aids que não estão em tratamento ou possuem carga viral detectável podem transmitir o vírus a outras pessoas.

UNAIDS destaca reduções no financiamento internacional Apesar dos avanços da medicina no combate ao vírus, as reduções nos investimentos internacionais e o estigma preocupam autoridades.

Este ano, o número de países que criminalizam a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo e a expressão de gênero aumentou pela primeira vez, desde 2008, segundo a UNAIDS.

As reduções no financiamento internacional e a falta de solidariedade global causaram um choque nos países de baixa e média renda com mais incidência de HIV, destaca relatório divulgado pelo órgão na última semana.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que a assistência externa à saúde deverá cair entre 30% e 40% em 2025 em comparação com 2023, o que deve causar interrupções ainda mais graves nos serviços de saúde em países de baixa e média renda.

Os serviços globais de prevenção — que já estavam sob pressão antes da crise — foram os mais afetados. Entre esses serviços, estão reduções significativas no acesso a medicamentos para prevenir o HIV (profilaxia pré-exposição, conhecida como PrEP) e quedas acentuadas na circuncisão médica voluntária para prevenção do HIV.

Confira outros destaques do relatório da UNAIDS:

Em 2024, havia globalmente 570 novas infecções por HIV todos os dias entre mulheres jovens e meninas com idades entre 15 e 24 anos. O fracasso em atingir as metas globais para o HIV de 2030 da próxima Estratégia Global para a AIDS pode resultar em 3,3 milhões de novas infecções por HIV entre 2025 e 2030. Apesar dos desafios, muitos países tentam suprir as lacunas de financiamento. Nigéria, Uganda, Costa do Marfim, África do Sul e Tanzânia comprometeram-se a aumentar os investimentos nacionais para serviços de HIV.

G1

Foto: Adobe Stock