Nesta quarta-feira (2), é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data, instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2007, busca aumentar a compreensão sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista), explicar sobre os direitos das pessoas autistas, promover a inclusão social e combater os estigmas.

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O autismo é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por dificuldades na interação social. Além disso, podem ser observados sintomas como hiperfocos, dificuldades sensoriais e rigidez cognitiva, como explica o neuropediatra Eduardo da Silva.

Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Academia Americana de Psiquiatria), o TEA é classificado em três níveis, definidos pelo grau de suporte que a pessoa necessita, tanto para atividades diárias, quanto na comunicação. São eles: nível 1 (suporte leve), nível 2 (suporte moderado) e nível 3 (suporte elevado).

Silva também diz que os sinais e sintomas do autismo variam conforme a idade. Em crianças, por exemplo, podem ser observados atrasos na fala, estereotipias, caminhar nas pontas dos pés e seletividade alimentar. Já nos adultos, os comportamentos tendem a se manifestar por meio de hiperfocos, com interesses restritos que geram dificuldades para iniciar ou manter diálogos fora de seu interesse. Além disso, há dificuldades em lidar com mudanças e compreender piadas ou ironias.

Atualmente, estima-se que uma a cada 100 crianças seja afetada pela condição em todo o mundo. Já no Brasil, com base nessa proporção, calcula-se que cerca de 6 milhões de pessoas estão no espectro.

Vozes do autismo A professora do Instituto Federal de Brasília Bruna Lourenção Zocaratto tem 40 anos e há apenas dois conseguiu receber o diagnóstico. Desde a infância, ela tinha problemas com a textura dos alimentos e apresentava sobrecarga sensorial com barulhos altos. Além disso, sentia esgotamento mental após interações sociais e precisava se isolar para recarregar as energias.

Apesar de um diagnóstico tardio, devido a fatores como o mascaramento dos sintomas para suprimir os sinais do TEA, saber de sua condição trouxe alívio e autoconhecimento. Ela afirma que descobrir o autismo foi revelador e a fez entender sua singularidade. Por isso, para ela, o Dia Mundial de Conscientização pode ser uma oportunidade para outras pessoas também compreenderem o transtorno.

No entanto, Bruna destaca que a conscientização deveria ser uma luta cotidiana e implacável, e que apenas um dia não é suficiente para a magnitude dos problemas que ainda precisam ser solucionados.

A fotógrafa Kamila Santos é mãe de uma menina autista de 4 anos. Maya Santos apresenta sintomas como atraso na fala, sensibilidade sensorial, seletividade alimentar e dificuldade na socialização. Após receber o diagnóstico e com o início dos tratamentos, ela teve melhora no seu desenvolvimento, mas ainda apresenta desafios na hora de brincar com os amigos ou estar em lugares com muitos estímulos.

Kamila destaca que uma das manifestações mais desafiadoras é quando sua filha entra em um episódio de meltdown, crise nervosa e emocional explosiva. Ela explica que, nesses momentos, Maya se descontrola e apresenta algumas reações agressivas, o que causa estranheza e, muitas vezes, julgamentos das pessoas que estão por perto.

“Quando eu saio com ela para um lugar muito movimentado, como no shopping ou na igreja, ela se desregula muito, mesmo usando o abafador de ruídos. Ela não tem filtro na socialização e acaba ‘sufocando’ as pessoas que não a conhecem”, explica.

Por isso, para ela, a data é importante para trazer mais visibilidade e informação para quem não conhece sobre a condição que afeta o neurodesenvolvimento humano. Contudo, ela acredita que ainda há um longo caminho a ser percorrido na conscientização sobre o TEA.

“Muitas vezes, a comunidade autista não tem voz. Então, pelo menos nesse dia, essas pessoas conseguem falar e transmitir um pouco do que precisam e do que passam no dia a dia”, pontua a fotógrafa.

Para o futuro da Maya, Kamila deseja que ela adquira habilidades e tenha acesso aos tratamentos para crescer como uma adulta funcional e independente. “Eu espero que ela cresça e viva em uma sociedade mais inclusiva, consciente, amável e que abraça e ajuda mais todas as pessoas.”

Direito dos autistas no Brasil Para garantir o direito das pessoas com TEA, o Brasil conta com leis que asseguram o acesso à saúde, educação, ao mercado de trabalho e a tratamentos adequados. A Lei Berenice Piana (12.764/12), por exemplo, foi a primeira norma voltada para pessoas que estão no espectro e criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

Essa lei determina que o autismo é reconhecido como uma deficiência, para todos os efeitos legais, e garante direitos fundamentais, como o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional, incluindo terapias, o acesso a medicamentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), nutrição adequada e o incentivo à inserção no mercado de trabalho. Além disso, proporciona o acesso à educação, previdência e assistência social.

A Lei Romeo Mion (13.977/20), por sua vez, institui a criação da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. O documento, emitido gratuitamente, procura facilitar a identificação, garantir acesso a serviços públicos e privados, e propiciar prioridade no atendimento, especialmente nas áreas de saúde, educação e assistência social.

Ajuda O neuropediatra Eduardo da Silva destaca que a principal dificuldade enfrentada pelas famílias de pessoas que estão no espectro autista é o custo elevado do tratamento que, em algumas regiões do Brasil, não está disponibilizado no SUS ou, quando está, tem poucas vagas e uma longa fila de espera. Segundo o Ministério da Saúde, o SUS conta com 300 Centros Especializados em Reabilitação distribuídos em todo o território nacional. Além disso, desde 2023 o autismo faz parte da Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência.

O médico destaca que as crianças que se encontram nos níveis mais severos da condição necessitam de auxílio para realizar atividades diárias e ficam dependentes de um cuidador.

Pensando nisso, um grupo de pais de pessoas autistas criou a Abraci (Associação Brasileira de Autismo, Comportamento e Intervenção), para dar suporte às famílias que não têm rede de apoio e não conseguem encontrar suporte e terapias adequadas para os filhos. Dessa forma, a iniciativa atende crianças com TEA e suas famílias e oferece tratamento gratuito no Distrito Federal.

Segundo uma das fundadoras, Lucinete Andrade, a associação atende entre 120 e 150 pessoas autistas. Com a acessibilidade do tratamento, ela acredita no desenvolvimento das pessoas com TEA e na capacidade de que elas se tornem profissionais e vivam bem em sociedade. Ela destaca a necessidade da criação de políticas públicas efetivas voltadas para o TEA e aponta as filas extensas que as famílias enfrentam para conseguir fechar o diagnóstico e buscar tratamentos pelo SUS.

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O tempo seco e a mudança brusca de temperatura hora ou outra vão resultar em uma doença respiratória. E, não importa qual seja a condição, muitas vezes a tosse vai estar presente entre os sintomas. As causas são inúmeras e podem variar de um simples resfriado até doenças mais complexas, como tuberculose, pneumonia, problemas cardíacos, alergias, entre outras.

Segundo a otorrinolaringologista, Dra. Renata Moura, a tosse aguda é um mecanismo de defesa e, se isso acontece, é porque algo está incomodando a região da garganta. Sua função é limpar nossas vias aéreas, protegendo os pulmões de materiais e partículas inaladas. Ou seja, a tosse não é um problema em si, mas ela pode ter relação com alguma doença que precisa de tratamento.

Causas da tosse “Essa tosse pode estar associada a um quadro respiratório que, por sua vez, pode ser resultado de uma rinite, de uma sinusite, de asma, bronquite, laringotraqueíte ou estar relacionada também ao refluxo”, explica. Os tipos de tosse variam consideravelmente e costumam causar muito desconforto.

Conforme a especialista, existe a tosse psicogênica, isto é, de causa emocional. Nesse caso, a pessoa fica tossindo como se fosse um tique nervoso compulsivo. O quadro é muito comum em crianças e não possui nenhuma relação com problemas das vias respiratórias, mas sim com questões emocionais.

Além disso, Renata lembra da tosse crônica, diagnosticada assim a partir do momento em que você não descobre sua causa e não a trata adequadamente. “No caso de tosse que permanece por mais de dois meses, é necessário procurar um médico para avaliá-la. Existem casos mais graves em que pode sair secreção ou até sangue”, alerta a médica.

Segundo ela, isso ocorre porque a região respiratória pode estar muito inflamada e, junto com a tosse, um vaso pode se romper e vir sangue. E há ainda aquela tosse forte que pode até mesmo forçar os músculos, provocando dores nas costelas ou prejudicando o sono da pessoa.

No vídeo abaixo, explicamos também a diferença entre tosse comum e tuberculose:

Renata complementa que, se acabar um um quadro gripal ou viral e a tosse persistir, é preciso procurar um médico para avaliar o caso e nunca se automedicar com xaropes sem prescrição médica.

Saúde em Dia

Um estudo recente realizado pela Universidade da Califórnia, São Francisco, publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, revela que o uso frequente de medicamentos para dormir pode aumentar o risco de demência, especialmente entre os idosos. Os resultados sugerem que substâncias como zolpidem, clonazepam, diazepam e antidepressivos podem elevar a probabilidade de desenvolvimento de demência em até 79%, conforme o estudo.

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Aumento do risco entre idosos brancos A pesquisa, intitulada “Saúde, Envelhecimento e Composição Corporal”, acompanhou 3 mil idosos ao longo de nove anos. Aproximadamente 42% dos participantes eram negros e 58% brancos. Durante esse período, 20% dos participantes desenvolveram demência. De acordo com o estudo, o aumento do risco foi particularmente mais significativo entre os idosos brancos que faziam uso contínuo de medicamentos para dormir.

A análise mostrou que o uso frequente ou quase constante dessas substâncias aumentou em até 79% o risco de demência nesse grupo. Embora o número de usuários seja menor entre os negros, também foi observada uma elevação do risco entre aqueles que usavam essas medicações com mais frequência.

O papel dos medicamentos e alternativas seguras Os pesquisadores alertam que o tipo e a quantidade dos medicamentos utilizados são fatores determinantes no risco aumentado de demência. A terapia cognitivo-comportamental para insônia foi destacada como uma alternativa segura, sendo considerada a primeira linha de tratamento para insônia diagnosticada.

Em relação aos medicamentos, o estudo sugere que, embora a melatonina seja uma opção mais segura, mais pesquisas são necessárias para avaliar seus efeitos a longo prazo na saúde cerebral. Yue Leng, principal autor da pesquisa, enfatizou a importância de se considerar cuidadosamente as opções farmacológicas para tratar distúrbios do sono.

Medicamentos sedativos e o risco para a saúde cerebral Entre os medicamentos mais utilizados para insônia, o zolpidem, um hipnótico não benzodiazepínico, se destaca. Seu uso prolongado pode ser prejudicial, especialmente em idosos, e está associado a efeitos colaterais como sonolência diurna e dificuldades de coordenação. Já o clonazepam, utilizado no tratamento de ansiedade e distúrbios do sono, pode causar sedação excessiva e dificuldades de memória, além de alterar as habilidades motoras.

O diazepam, uma benzodiazepina com ação ansiolítica, também tem efeitos colaterais semelhantes e pode agravar o risco de demência. Assim, os especialistas alertam que o uso indiscriminado desses medicamentos deve ser evitado, com a orientação médica sempre necessária para qualquer tratamento de longo prazo.

Quase metade dos casos de demência pode ser prevenida Estudos recentes apontam que quase metade dos casos de demência pode ser evitada com mudanças no estilo de vida. Fatores como alimentação saudável, exercícios físicos regulares e controle de doenças como diabetes e hipertensão são essenciais para reduzir o risco de desenvolver a condição. Clique aqui para saber mais.

Catraca Livre

Foto: © iStock/Tero Vesalainen

As emoções podem ter um impacto direto na saúde do coração, levando a problemas crônicos que causam danos em todo o organismo. Pressão alta, também conhecida como hipertensão arterial, e ansiedade, são duas condições clínicas distintas que, frequentemente, caminham lado a lado e podem afetar significativamente o bem-estar das pessoas.

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Pressão alta x ansiedade A pressão alta é uma doença crônica caracterizada pelo aumento da pressão sanguínea nas artérias. Esse aumento pode resultar em problemas cardiovasculares graves, como infarto, AVC e insuficiência cardíaca, alerta o coordenador do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera, LincoIn Cardoso.

A ansiedade, por outro lado, é uma resposta emocional a diversas condições do comportamento humano, incluindo angústia, aflição, incerteza, sensação de perigo e insegurança. O que muitos não sabem é que essas duas condições podem estar interligadas.

LincoIn explica que a ansiedade crônica pode desencadear respostas fisiológicas que afetam diretamente o sistema cardiovascular, temporariamente elevando a pressão arterial. Já a pressão alta pode agravar os sintomas de ansiedade, criando um ciclo contínuo de influência mútua.

Os fatores de risco de cada um Entre os fatores de risco para hipertensão arterial estão idade avançada, histórico familiar, obesidade, sedentarismo, má alimentação, consumo de álcool e tabaco, estresse crônico, diabetes, hipercolesterolemia, apneia do sono, doenças renais e uso de certos medicamentos.

Já para ansiedade, destacam-se traumas ou eventos estressantes, personalidade suscetível, doenças físicas ou crônicas, uso de substâncias, desequilíbrios químicos no cérebro, histórico de outras doenças mentais, estresse crônico no trabalho ou vida pessoal, fatores socioeconômicos e traços de personalidade específicos.

Ansiedade ou pressão alta? Saiba diferenciar Identificar se a pressão alta é emocional ou fruto de outros fatores requer atenção. Segundo Lincoln, os sintomas da pressão alta incluem dores de cabeça, tonturas, visão embaçada e palpitações no coração. Já a ansiedade pode apresentar agitação, sudorese, tremores, irritabilidade e dificuldade em dormir. Porém, em algumas pessoas, a ansiedade intensa pode temporariamente elevar a pressão arterial, tornando difícil identificar a causa raiz.

“Para um diagnóstico adequado de pressão alta e ansiedade, é essencial acompanhamento especializado. Médicos e farmacêuticos são profissionais preparados para ajudar nessa jornada de cuidado, realizando monitoramentos da pressão arterial ao longo do dia, inclusive em momentos de estresse ou ansiedade, para identificar possíveis ligações emocionais”, alerta o professor.

Exames adicionais, como monitoramento ambulatorial da pressão arterial (MAPA) e testes de estresse, podem avaliar a influência das emoções na pressão arterial. Além disso, a avaliação psicológica pode fornecer insights sobre a relação entre a ansiedade e a pressão alta, conforme recomenda Lincoln.

Tratamento O profissional aponta ainda que a hipertensão arterial geralmente tem causas multifatoriais, envolvendo combinações de fatores genéticos, comportamentais e ambientais. Portanto, o tratamento deve ser conduzido por um profissional de saúde qualificado, considerando os aspectos clínicos e emocionais. Durante a terapia, mudanças no estilo de vida, como dieta saudável, exercícios físicos e redução do estresse, são fundamentais. Em alguns casos pode ser necessário o uso de medicação.

“O tratamento adequado da pressão alta relacionada à ansiedade requer abordagem integrada. Mudanças no estilo de vida, como prática regular de exercícios físicos, alimentação balanceada e controle do estresse, são fundamentais. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode auxiliar no controle da ansiedade, promovendo pensamentos e comportamentos adaptativos. Em alguns casos, a medicação também pode ser necessária, seguindo orientações de profissionais de saúde”, recomenda.

Um problema pode agravar o outro O professor alerta ainda que o estresse e a ansiedade podem afetar os níveis de pressão arterial de várias maneiras. Ativação do sistema nervoso simpático, contração dos vasos sanguíneos, liberação de hormônios do estresse, retenção de sódio e água, padrões alimentares pouco saudáveis e falta de sono adequado são alguns exemplos.

O farmacêutico explica que a pressão alta não tratada pode levar a graves consequências a longo prazo, como doenças cardiovasculares, danos aos órgãos, insuficiência renal, problemas visuais, cognitivos, complicações na gravidez, vasculares e aumento do risco de morte. “Buscar diagnóstico precoce e tratamento adequado é essencial para melhorar a qualidade de vida”, destaca.

Por fim, o professor da Faculdade Anhanguera ressalta a importância de cuidar da saúde do coração, não se limitando a medir a pressão arterial. Atentar-se à saúde emocional e buscar formas saudáveis de lidar com estresse e ansiedade é o primeiro passo para uma jornada rumo a um coração mais saudável e uma vida plena de bem-estar.

Saúde em Dia