A dor no peito é um dos principais sintomas por trás dos atendimentos de emergência nos prontos-socorros, mas nem sempre está relacionada a problemas cardíacos. Como mostra um estudo realizado nos Estados Unidos, muitos casos estão ligados à ansiedade.
A psicóloga Letícia de Oliveira explicou ao programa Hora News que o Brasil apresenta a maior incidência de ansiedade dentre todos os países e falou sobre essa confusão de sintomas.
“Mediante uma crise de ansiedade, ou uma crise de pânico, são liberados os hormônios de adrenalina e o cortisol que aceleram os batimentos cardíacos, dando a sensação de visão turva, pressão baixa e de falta de ar. Muita gente, que tá passando por um problema de ansiedade acaba procurando atendimento nos hospitais por achar que está tendo um ataque cardíaco”, explica a especialista.
Segundo Letícia, quando alguém dá entrada em um hospital com esse tipo de sintoma, exames são feitos para verificar a hipótese de algum problema físico ou fisiológico. Descartada essa hipótese, o médico começa a trabalhar com a possibilidade de se tratar de ansiedade.
O fígado é um dos órgãos mais importantes do corpo, responsável por filtrar toxinas, produzir proteínas essenciais e ajudar na digestão. No entanto, ele é silencioso e na maioria das vezes, problemas no órgão podem ser tratados com mudanças de hábitos, medicamentos ou acompanhamento médico. Mas, em alguns casos, a cirurgia se torna inevitável.
Alguns sintomas merecem atenção imediata e podem indicar que uma cirurgia hepática se tornou necessária:
Icterícia progressiva: pele e olhos amarelados de forma persistente. Esse sinal pode indicar obstrução das vias biliares ou tumores que precisam ser removidos.
Dor abdominal intensa e constante: localizada no lado direito superior do abdômen, diferente de desconfortos passageiros, e que não melhora com medicamentos comuns. Pode vir acompanhada de inchaço abdominal.
Aumento do volume abdominal e perda de peso inexplicável: sinais que merecem investigação urgente.
Sangramento digestivo: vômitos com sangue ou fezes escuras podem indicar complicações graves, como varizes esofágicas relacionadas à cirrose avançada, e em alguns casos exigem cirurgia para controlar a causa.
Quando os exames apontam para a cirurgia?
Nem sempre os sintomas são claros. Muitas vezes, a necessidade de cirurgia surge durante exames de rotina. Nódulos hepáticos maiores que 3 cm, tumores que crescem rapidamente ou lesões suspeitas com características malignas são indicações claras para avaliação cirúrgica.
A detecção precoce de tumores hepáticos, especialmente em pessoas com hepatite B, hepatite C ou cirrose, aumenta significativamente as chances de cura. Por isso, o acompanhamento regular com ultrassom e exames de sangue é fundamental para esses grupos de risco.
A cirurgia é sempre a última opção?
Nem sempre. Em casos de câncer de fígado em estágio inicial, a cirurgia é muitas vezes o tratamento de escolha, oferecendo as melhores taxas de cura. O mesmo vale para algumas metástases hepáticas, como de tumores colorretais, onde a remoção cirúrgica pode ser curativa.
Situações benignas também podem exigir cirurgia, como cistos hepáticos muito grandes que causam sintomas ou adenomas hepáticos com risco de ruptura e sangramento. Nessas situações, a cirurgia não é apenas inevitável, mas também preventiva.
Como é a recuperação?
Com técnicas minimamente invasivas, como laparoscopia e cirurgia robótica, muitas ressecções hepáticas podem ser realizadas com menor trauma. Isso significa incisões menores, menos dor e recuperação mais rápida. O fígado tem uma capacidade incrível de regeneração e, mesmo após a remoção de uma parte significativa, pode recuperar seu tamanho normal em alguns meses.
A mensagem mais importante é: não ignore os sinais do seu corpo. Se você tem fatores de risco para doenças hepáticas ou apresenta algum dos sintomas mencionados, procure um especialista. O diagnóstico precoce pode transformar uma cirurgia complexa em um procedimento mais simples, com melhores resultados e recuperação mais tranquila.
Um hormônio produzido pela glândula tireoide pode ter influência fundamental no desenvolvimento do câncer de próstata, de acordo com um novo estudo realizado por um grupo internacional de pesquisa liderado pela Universidade de Umeå, na Suécia, e pela Universidade Médica de Viena, na Áustria, e publicado na revista científica Molecular Cancer.
Ao bloquear um receptor desse hormônio, o crescimento de células tumorais na próstata foi inibido. O efeito foi mais potente que o do fármaco enzalutamida, usado clinicamente para tratar o câncer de próstata. O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais frequente entre os homens e a sexta principal causa de morte por câncer no mundo. Estudos epidemiológicos estimam que um em cada oito homens será diagnosticado com câncer de próstata ao longo da vida. Quando detectado precocemente, a doença geralmente é tratada com a redução dos níveis de testosterona. Mas muitos pacientes desenvolvem resistência a esse tratamento e, consequentemente, o número de opções terapêuticas disponíveis é limitado.
A descoberta pode abrir caminhos para o tratamento de certos tipos agressivos de câncer de próstata, a longo prazo. A combinação de NH-3 e enzalutamida teve efeito sinérgico, bloqueando quase completamente o crescimento tumoral nos experimentos com animais.
Segundo o professor visitante da Universidade de Umeå e líder do estudo publicado na revista Molecular Cancer, Lukas Kenner, os resultados indicam que o receptor em questão é uma força motriz no crescimento do câncer. Substâncias que o bloqueiam podem, portanto, ser um alvo para futuros medicamentos contra o câncer de próstata.
O receptor citado é chamado de receptor beta do hormônio tireoidiano, TRβ, que se liga ao hormônio tireoidiano triiodotironina, T3. Em experimentos de laboratório, a ativação de T3 levou a um aumento acentuado no número de células cancerígenas da próstata. Mas quando o receptor TRβ foi inibido com a ajuda de uma substância ativa, NH3, houve uma grande redução no crescimento das células cancerígenas. NH3 é uma substância utilizada apenas em pesquisas para bloquear o TRβ.
Em experimentos com animais, especificamente camundongos, o efeito da substância no câncer foi confirmado. Os tumores tratados com NH-3 permaneceram menores ou progrediram significativamente mais lentamente. Em modelos de câncer de próstata resistentes à castração, isso se mostrou particularmente eficaz.
Isso significa que o tumor continua a crescer, apesar do tratamento que reduz a quantidade de testosterona. Esse hormônio sexual masculino normalmente impulsiona o crescimento desse tipo de câncer, cuja forma de tratar clinicamente é difícil atualmente.
O bloqueio do TRβ usando NH-3 funcionou levando à eliminação de um sinal específico, o sinal do receptor de andrógeno, que, de outra forma, é ativado pela testosterona e desempenha um papel central no desenvolvimento do câncer de próstata.
Níveis elevados de TRβ foram observados em amostras de tecido com tumores da próstata em comparação com o tecido saudável. Análises genéticas também mostraram que mutações em muitos pacientes com câncer de próstata alteram as vias de sinalização do hormônio tireoidiano.
Dessa forma, o bloqueio do hormônio tireoidiano e de seu receptor pode ser um alvo para pesquisas futuras visando o desenvolvimento de novos tratamentos para o câncer de próstata.
"É claro que é preciso encontrar um equilíbrio para não alterar o balanço hormonal da tireoide mais do que o necessário para combater o câncer em outra parte do corpo, e provavelmente não será uma solução para todos os tipos de câncer de próstata. Mais pesquisas precisarão responder como seria um tratamento, possivelmente em combinação com outros. Sem dúvida, essa é uma linha de pesquisa interessante", afirma Lukas Kenner.
Pesquisas anteriores mostraram que a proteína µ-cristalina (CRYM), que sequestra o T3, regula o desenvolvimento e a progressão do câncer de próstata por meio de interações com a via do receptor androgênico (AR). Mas os mecanismos moleculares dessa relação permaneciam pouco compreendidos.
A cada poucos meses, uma nova “cura milagrosa” para o câncer vira tendência nas redes sociais. De superalimentos e suplementos a dietas radicais, as promessas são sempre ousadas — e quase sempre enganosas. A última afirmação sugere que um jejum de água de 21 dias pode “matar de fome” as células cancerosas e fazer com que o corpo se cure sozinho. Parece simples, até empoderador: pare de comer e seu corpo fará o resto.
Mas a biologia raramente é tão simples assim. O câncer não é uma doença única, e o metabolismo não alterna facilmente entre “doente” e “saudável”. Embora o jejum possa afetar a forma como as nossas células utilizam energia, não há evidências científicas de que possa erradicar tumores. Na verdade, o jejum prolongado pode ser perigoso, especialmente para pessoas já enfraquecidas pelo câncer ou pelos seus tratamentos.
Embora o jejum possa influenciar o metabolismo, a imunidade, não há evidências confiáveis de que o jejum prolongado com água possa tratar ou curar o câncer.
O jejum, em suas diversas formas — desde o jejum intermitente até a restrição calórica de curto prazo —, demonstrou em estudos laboratoriais influenciar a forma como as células se reparam e gerenciam a energia. Pesquisas de 2024 mostram que o jejum suprime temporariamente a atividade das células-tronco intestinais, seguida por uma poderosa fase regenerativa assim que os alimentos são reintroduzidos. Esse rebote no crescimento das células-tronco é impulsionado por uma via conhecida como mTOR, que promove a síntese de proteínas e a proliferação celular.
Embora essa regeneração ajude na recuperação dos tecidos, ela também pode criar uma janela vulnerável na qual mutações prejudiciais podem ocorrer mais facilmente, aumentando o risco de formação de tumores. A maioria das pesquisas sobre os efeitos do jejum têm se concentrado em jejuns intermitentes ou curtos com duração entre 12 e 72 horas, e não em jejuns extremos apenas com água que se prolongam por semanas. Um jejum de água de 21 dias, como promovido em alguns círculos de bem-estar, acarreta sérios riscos. O jejum prolongado pode causar desidratação, desequilíbrios eletrolíticos, pressão arterial perigosamente baixa e perda muscular.
O câncer em si muitas vezes leva à desnutrição, e o jejum pode acelerar a perda de peso (caquexia), enfraquecer o sistema imune e aumentar a suscetibilidade a infecções. Muitos pacientes com câncer estão passando por quimioterapias que exigem nutrição adequada para manter a função dos órgãos e metabolizar os medicamentos com segurança. Combinar esses tratamentos com jejum prolongado pode amplificar a toxicidade, retardar a recuperação e piorar a fadiga.
Existem estudos clínicos em andamento e são cuidadosamente monitorados por motivos de segurança.
O jejum continua a intrigar os cientistas porque ativa mecanismos ancestrais de sobrevivência. Durante a escassez de alimentos, o corpo desencadeia processos como a autofagia, em que as células reciclam componentes danificados. Esse processo pode reduzir a inflamação e melhorar a saúde metabólica em estudos com animais.
Mas, no câncer, a história é muito mais complexa. As células cancerosas são engenhosas. Elas podem se adaptar ao jejum encontrando fontes alternativas de combustível, às vezes superando as células saudáveis sob estresse nutricional. Longos períodos sem nutrição também podem enfraquecer as células imunes que normalmente detectam e atacam tumores.
O estudo sobre o jejum de 2024 demonstra essa dualidade. O jejum pode redefinir o metabolismo, mas a realimentação ativa rapidamente vias de crescimento, como a mTOR. Em células saudáveis, isso ajuda a reparar os tecidos. Em células que já apresentam danos no DNA ou mutações precoces, pode incentivar a progressão maligna. Isso torna o jejum um fator de estresse biológico complexo, em vez de uma intervenção inofensiva ou terapêutica.
O mito da "desintoxicação” Grande parte do apelo popular do jejum vem do mito da “desintoxicação” que podem ser eliminadas. Ele se desenvolve por meio de alterações genéticas que causam o crescimento descontrolado das células. Nenhuma pesquisa demonstrou que o jejum pode eliminar células cancerosas ou reduzir tumores em seres humanos.
Estudos controlados observaram apenas alterações metabólicas de curto prazo que podem influenciar a inflamação ou a sinalização da insulina. Esses efeitos podem ajudar a reduzir os fatores de risco de longo prazo para doenças crônicas, mas não revertem o câncer depois que ele se desenvolve.
A promessa e os limites da pesquisa metabólica Existe interesse científico em como o metabolismo afeta o câncer. Pesquisadores estão explorando se a restrição calórica ou dietas cetogênicas direcionadas poderiam tornar as células tumorais mais sensíveis ao tratamento, protegendo as células saudáveis. Esses estudos ainda estão em estágios iniciais e se concentram na precisão, não na privação. Nenhum deles envolve privar o corpo de todos os nutrientes por semanas.
Afirmações sensacionalistas confundem a linha entre hipótese e prova, dando falsas esperanças a pacientes vulneráveis ao selecionar fatos, mencionando o papel do jejum na reparação celular e omitindo o detalhe crucial de que a maioria das descobertas vem de modelos animais, não de testes em humanos. Para alguém em tratamento contra o câncer, tentar um jejum extremo sem supervisão pode atrasar cuidados essenciais, piorar os efeitos colaterais ou até mesmo colocar sua vida em risco.
O jejum é um fator de estresse fisiológico. Em doses pequenas e controladas, ele pode desencadear processos adaptativos que beneficiam a saúde. Em excesso, especialmente durante uma doença, ele pode causar danos.
Um jejum de água de 21 dias não é um tratamento plausível nem seguro para o câncer. Pesquisas sobre o jejum nos ajudam a entender como as células respondem à nutrição e ao estresse, mas esse conhecimento ressalta a complexidade do jejum, em vez de apoiá-lo como terapia. Embora uma nutrição equilibrada, hidratação, atividade física regular e sono adequado possam apoiar a resiliência durante a terapia do câncer, nada substitui os tratamentos médicos projetados para atingir a biologia do tumor. O tratamento do câncer requer tratamentos direcionados e baseados em evidências, como quimioterapia, radioterapia, cirurgia e imunoterapia.
A pesquisa sobre o jejum está nos ajudando a compreender as profundas conexões entre o metabolismo e a doença, mas isso é muito diferente de curar o câncer com um copo de água e força de vontade. É compreensível que as pessoas queiram ter controle quando enfrentam algo tão assustador como o câncer. A busca por alternativas geralmente vem do medo, da frustração ou do desejo de evitar tratamentos dolorosos. Mas a esperança nunca deve se basear em informações erradas.