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Você sabia que, mesmo com a venda proibida, um em cada quatro adolescentes brasileiros já experimentou bebidas alcoólicas?

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Os dados do III Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) mostram que o álcool ainda está presente na vida de jovens entre 14 e 17 anos.

Beber faz da cultura brasileira e é socialmente aceito. Mas, quando o consumo começa cedo, ele deixa de ser um hábito e vira um problema de saúde pública. O início precoce traz efeitos sobre o desenvolvimento emocional, físico e social.

Quando o álcool entra cedo demais O LENAD revela que 27,6% dos adolescentes já beberam pelo menos uma vez na vida. Entre eles, 19,1% consumiram no último ano e 10,4% beberam no último mês.

Pode parecer pouco, mas o consumo nessa idade é perigoso. O cérebro ainda está em formação e o álcool afeta a memória, raciocínio e controle de impulsos. Esses impactos se refletem em baixo desempenho escolar, maior evasão e vulnerabilidade social.

Entre os adolescentes que bebem, o consumo médio é de 3,7 doses por ocasião, mas há jovens que relatam quantidades bem maiores também conhecido como “binge drinking”.

Usando o instrumento AUDIT, que mede padrões de consumo de risco, o levantamento mostra que 15,8% dos adolescentes apresentam algum de nível de uso nocivo ou possível dependência.

Mesmo considerando todos os jovens, 3% já têm consumo problemático e 5,7% se enquadram em critérios para Transtorno por Uso de Álcool. Isso representa mais de meio milhão de adolescentes brasileiros. O consumo precoce pode evoluir rapidamente e gerar consequências sérias para a saúde mental, no desempenho escolar e no convívio social.

E há diferenças marcantes entre as regiões do país. O consumo maior está no Sul (36,7%) e no Centro-Oeste (32,9%), e o menor no Norte (19,5%) e Nordeste (22%). Fatores culturais, acesso fácil e falhas na fiscalização ajudam a explicar essas variações. Regiões com maior oferta e menos controle tendem a registrar maiores taxas de consumo entre jovens.

Por que adolescentes ainda têm acesso ao álcool? Apesar das restrições legais, muitos adolescentes conseguem comprar bebidas sem comprovar a idade. Bares, restaurantes, supermercados e lojas de conveniência raramente seguem a exigência da lei.

A Organização Mundial da Saúde alerta que o consumo precoce de álcool é influenciado pela facilidade de acesso, preços baixos e pelas normas permissivas.

No Brasil, todos esses fatores atuam a favor do consumo. O álcool está presente em festas, comemorações e até em programas de TV. As campanhas de marketing reforçam a ideia de que beber significa liberdade e sucesso.

Bebidas doces e coloridas, como “ice”, atraem o público jovem. Festas “open bar” e “esquenta pré-balada” contribuem para o risco de intoxicação.

Tudo isso cria um ambiente que normaliza o uso e reforça a ideia de que beber é parte do processo de amadurecimento.

Mas o consumo precoce não é responsabilidade apenas dos jovens ou das famílias. É um problema coletivo, que inclui o Estado, a indústria e os meios de comunicação.

O que pode ser feito: informação, fiscalização e mudança cultural Para mudar esse cenário, é preciso informação, fiscalização e mudança cultural.

Cumprir a lei que proíbe a venda a menores é o primeiro passo. Hoje, essa fiscalização é rara. Bares, mercados e eventos precisam ter responsabilidades e punições claras.

Medidas como restringir a publicidade e aumentar o preço começam a ganhar espaço no país.

A recente aprovação do “imposto do pecado”, que prevê sobretaxas para produtos como bebidas alcoólicas, é um avanço.

Ainda assim, a regulação da publicidade digital de bebidas alcoólicas permanece limitada. Anúncios segmentados em redes sociais e plataformas online escapam à fiscalização.

As brechas legais e a influência da indústria, somadas à aceitação social do consumo, mantêm o tema praticamente estagnado.

Por isso, é essencial que o aumento de impostos venha acompanhado de políticas educativas permanentes e ações de fiscalização, para que o impacto vá além do preço e alcance o comportamento.

Além das medidas estruturais, é fundamental agir também no nível individual, ao identificar e apoiar jovens em risco. Ferramentas simples, como o questionário AUDIT, podem ser usadas para detectar precocemente padrões perigosos de consumo, uma iniciativa de baixo custo e alto impacto se implementada de forma contínua.

Beber na adolescência não é brincadeira. É um comportamento com consequências reais e duradouras.

Mais do que um ato individual, o consumo de álcool na adolescência reflete um ambiente social permissivo e falhas na regulação. Compreender esses mecanismos é essencial para orientar políticas baseadas em evidências.

*Mariana Guedes de Agostini Sóssio é doutora em Saúde Pública pela Liverpool John Moores University, no Reino Unido, e pesquisadora, Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP).

*Elize Massard da Fonseca é doutora em Política Social e Professora, Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP).

Por Mariana Guedes de Agostini Sóssio, Elize Massard da Fonseca

Foto: Amanda Xavier/ Agencia RBS

Com mais de 57 mil mamografias realizadas em 2025, o Piauí ampliou significativamente o acesso ao diagnóstico precoce do câncer de mama, especialmente entre mulheres a partir dos 40 anos. Como parte das ações de reforço ao tratamento, o estado recebeu, na quinta-feira (23), uma remessa com 224 unidades do medicamento Trastuzumabe Entansina, recém-incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para casos avançados da doença.

A rede estadual conta com 43 mamógrafos fixos e o serviço itinerante dos Caminhões da Mamografia, que percorrem os municípios levando o exame a quem mais precisa. O foco principal tem sido nas mulheres entre 40 e 49 anos, faixa etária que passou a ser atendida sob demanda, conforme nova orientação do Ministério da Saúde.

“Outubro Rosa é um mês para toda sociedade se concentrar na proteção às nossas mulheres, sobretudo na prevenção do câncer de mama. Por isso estamos descentralizando, não apenas com mutirões, mas com salas permanentes de mamografia. É o caso da Central de Diagnóstico de Valença, que agora atende toda a região sem fila de espera. Viva as mulheres, viva o Outubro Rosa!”, declarou o governador durante visita ao hospital da cidade.

A técnica em radiologia Ana Vitória atua na Central de Diagnóstico de Valença e confirma o impacto direto na vida da população. “Antes o exame só era disponibilizado em clínica particular. Agora, mulheres de toda a região vêm aqui, fazem o agendamento e realizam o exame. Atendemos mulheres a partir dos 40 anos, sem fila, com estrutura pública. Isso melhorou muito a vida das pessoas”, afirma.

Complementando as ações de prevenção, o estado também fortaleceu o tratamento da doença com a chegada do primeiro lote do Trastuzumabe Entansina, indicado para casos de câncer de mama HER2-positivo, uma das formas mais agressivas da enfermidade. As 224 unidades destinadas ao Piauí fazem parte de uma remessa nacional de 11.978 frascos, distribuída pelo Ministério da Saúde.

O medicamento será disponibilizado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), conforme os protocolos clínicos vigentes. Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento pode reduzir em até 50% a mortalidade das pacientes com esse tipo de câncer. O investimento federal totaliza R$ 159,3 milhões, com previsão de quatro entregas até junho de 2026, beneficiando mais de mil pacientes ainda este ano.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou a importância da mobilização nacional. “Estamos orientando que mulheres de 50 a 74 anos façam mamografia pelo menos a cada dois anos, com rastreamento ativo pelas equipes de saúde da família. E se uma mulher a partir dos 40 anos quiser fazer o exame, o profissional deve garantir o acesso. Além disso, atualizamos os medicamentos para tratamento, com os mais modernos disponíveis no SUS, aumentando a chance de sobrevida”, destacou.

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Mulheres que não realizam a primeira mamografia têm até 40% mais risco de morrer por câncer de mama, segundo um estudo do Instituto Karolinska, na Suécia, publicado em setembro no British Medical Journal. A pesquisa acompanhou 432 mil mulheres por 25 anos, avaliando sua rotina preventiva contra os tumores.

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O levantamento mostra que 32% das participantes aconselhadas a fazer o exame, seja por recomendação médica, seja por chegarem à idade de rastreamento ativo, não compareceram à mamografia.

“Os atrasos no diagnóstico decorrentes de não fazer os exames têm um impacto direto na sobrevida das pacientes, especialmente para aquelas com subtipos de tumores mais agressivos e de evolução mais rápida”, comenta a oncologista Heloisa Veasey Rodrigues, médica do Grupo de Mama do Einstein Hospital Israelita.

Para a maioria das faltantes na primeira mamografia, o hábito de não comparecer nos prazos corretos permaneceu ao longo do tempo.

Durante os 25 anos de pesquisa, as mulheres deveriam ter feito 10 exames: as que foram à primeira consulta indicada compareceram a uma média de 8,74 triagens, enquanto as faltantes cumpriram quase metade disso, 4,77 testes.

A mortalidade 40% maior entre as que não compareciam foi atribuída justamente às faltas na prevenção. Até porque, segundo o estudo, a incidência global de câncer foi parecida entre os grupos — 7,8% entre participantes em relação a 7,6% entre não participantes.

A justificativa para a alta de mortes foi que os tumores diagnosticados naquelas fora do rastreamento padrão eram mais avançados, sendo que um terço delas descobriu o câncer quando ele já era sintomático.

“Embora a incidência seja equivalente, os tumores diagnosticados fora do rastreamento podem ter um prognóstico pior e consequentemente menores chances de cura”, explica Rodrigues.

A falta de adesão à mamografia pode refletir um comportamento de risco que combina uma série de fatores: falta de conhecimento da necessidade de prevenção, baixo acesso aos exames e até medo do diagnóstico.

“Existe ainda um estigma do câncer de mama ser muito associado ao tratamento agressivo e que ele reduz a qualidade de vida. É uma visão equivocada, atrelada a uma ideia antiga de que o câncer é uma doença de tratamento difícil e incurável”, afirma a oncologista.

Quando fazer o exame A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que o rastreamento comece aos 40 e siga até os 74 anos com exames anuais.

Para aumentar o índice de exames, em setembro de 2025, o SUS (Sistema Único de Saúde) desburocratizou a realização para mulheres entre 40 e 50 anos, que anteriormente precisavam ter histórico familiar ou recomendação médica expressa para fazer a triagem na rede pública.

Para a oncologista do Einstein, a inclusão de mulheres mais jovens nas filas para a realização de mamografia é uma preocupação crítica para combater os tumores. Isso porque aqueles que surgem antes da menopausa costumam ser mais agressivos.

“Especialmente no Brasil, a ocorrência de tumores de mama antes dos 50 anos é mais comum do que em outras regiões do mundo”, alerta Heloisa Rodrigues.

Campanhas e carretas da mamografia Estudos internacionais como o dos pesquisadores do Instituto Karolinska reforçam que a participação inicial em programas de rastreamento contra o câncer de mama tem efeito prolongado na redução da mortalidade.

Para garantir o acompanhamento regular, entretanto, é preciso que as mulheres sejam conscientizadas da importância da mamografia, e que políticas públicas levem o exame a regiões de menor acesso.

“É sempre importante investir em campanhas de rastreamento e diagnóstico rápido, como as carretas da mamografia. Quando há informação, o medo diminui. É importante explicar que a mamografia não é dolorosa, que o tratamento evoluiu e que há altas taxas de cura”, conclui a oncologista.

Bruno Pereira, da Agência Einstein

Foto: Reprodução/Record News

Identificar com precisão qual é a causa de diversos tipos de câncer ainda é um desafio para médicos e cientistas. Fatores como genética, tabagismo e sedentarismo, por exemplo, podem influenciar no desenvolvimento de tumores.

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Mas um processo natural do corpo também pode ter papel importante nessa doença: a inflamação.

Uma revisão de estudos publicada em 2019 na revista científica "Annals of African Medicine" mostrou que até 20% dos tumores são causados por inflamações crônicas.

Ainda que esse processo seja relevante no desenvolvimento de alguns tipos de câncer, os especialistas ressaltam que nem toda inflamação vai se tornar um tumor.

"A inflamação é uma resposta natural do corpo para se defender de algo errado — uma infecção, uma lesão, uma irritação. O problema é quando essa resposta não se desliga", analisa o médico oncologista do A.C. Camargo Cancer Center, Felipe Coimbra. Quando uma inflamação se arrasta por meses, há um desgaste das células e do tecido ao redor da região lesionada, o que pode dar origem a um câncer.

Inflamação e câncer Mesmo que a inflamação seja uma resposta fisiológica esperada do organismo, ela deve ser finita, com o tecido voltando à sua forma original. Quando esse processo se torna algo crônico, as células estão em constante regeneração.

João Viola, coordenador de pesquisa e inovação e vice-diretor geral do Instituto Nacional do Câncer (INCA), explica que esse é o principal motivo para tumores se formarem em locais com inflamação crônica: o aumento na proliferação celular.

Felipe Coimbra, que também é líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C.Camargo Cancer Center, detalha mais essa relação.

"Nesse processo, o organismo tenta se regenerar o tempo todo, e cada nova divisão celular aumenta a chance de erros (mutações) no DNA. É assim que, com o tempo, podem surgir mutações capazes de dar origem a um tumor", analisa.

Viola ainda acrescenta que as células inflamatórias estão frequentemente presentes no tecido tumoral.

"A inflamação tem impacto em todas as fases de tumorigênese: iniciação, progressão e metástase", alerta. Segundo os especialistas, há alguns tipos de câncer que são mais comumente associados com inflamações crônicas:

Câncer de fígado - pode surgir em pessoas com hepatite viral crônica ou cirrose. Câncer de estômago - tem relação com infecção prolongada pela bactéria Helicobacter pylori, que causa problemas como gastrite e úlcera. Câncer de colo de útero - tem relação direta com o HPV. Câncer de intestino - doenças inflamatórias como retocolite ulcerativa e doença de Crohn aumentam o risco de tumores. Câncer de esôfago - risco aumentado em pessoas que têm refluxo crônico. Câncer de pulmão - em fumantes, o tabaco provoca uma inflamação contínua que pode levar ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer.

Problema silencioso Em um contexto em que uma inflamação que se estende por meses pode levar a problemas mais sérios, como câncer, a ausência de sintomas bem definidos é uma questão preocupante, segundo os oncologistas.

"Infelizmente, muitas inflamações crônicas são silenciosas. Quando dão sinais, eles costumam ser vagos — cansaço, desconforto abdominal, perda de apetite, emagrecimento sem motivo claro", afirma Coimbra. Em outros casos, o paciente pode ter sintomas mais localizados, como:

Dor persistente Alteração no funcionamento do intestino Refluxo frequente Tosse que nunca passa "O corpo costuma avisar, mas de forma sutil. O segredo está em não normalizar esses sintomas e buscar avaliação médica", recomenda o oncologista. ⚠️Os especialistas ainda pontuam que o alerta vem quando os sintomas se tornam contínuos, progressivos ou começam a afetar o dia a dia.

Dores que se tornam constantes ou desconfortos que evoluem para uma dificuldade para comer, por exemplo, podem indicar uma transformação no tecido inflamado.

Nessas situações, exames simples podem identificar lesões precoces e permitir que o tratamento se inicie o quanto antes, se for necessário – algo essencial para o sucesso do tratamento contra o câncer.

Influência dos hábitos Embora algumas pessoas possam ser mais suscetíveis a inflamações crônicas, os hábitos ainda influenciam bastante nesse processo.

"A rotina moderna, muitas vezes, trabalha contra o nosso corpo. O sedentarismo, o excesso de alimentos ultraprocessados, o álcool, o tabagismo e o estresse mantêm o organismo em estado de inflamação constante", comenta Coimbra. Além disso, doenças crônicas como obesidade e diabetes também podem levar a inflamações persistentes.

Considerando isso, Viola indica que a busca por hábitos saudáveis é o melhor caminho para evitar inflamações e, consequentemente, reduzir o risco de desenvolver um câncer associado a esse processo.

Por Júlia Carvalho, g1

Foto: Freepik