Em estudos pré-clínicos, o vírus zika se mostrou capaz de inibir a proliferação do câncer de próstata, o que sugere um potencial uso no tratamento da doença. Contudo, uma nova pesquisa feita na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) mostrou que o vírus pode levar a um processo inflamatório persistente em células epiteliais saudáveis, impondo efeitos danosos ao sistema reprodutor masculino.

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O trabalho analisou os efeitos do patógeno em dois tipos de células (tumorais e sadias). Os resultados foram divulgados no Journal of Proteome Research. Em estudos pré-clínicos, o vírus zika se mostrou capaz de inibir a proliferação do câncer de próstata, o que sugere um potencial uso no tratamento da doença. Contudo, uma nova pesquisa feita na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) mostrou que o vírus pode levar a um processo inflamatório persistente em células epiteliais saudáveis, impondo efeitos danosos ao sistema reprodutor masculino.

O trabalho analisou os efeitos do patógeno em dois tipos de células (tumorais e sadias). Os resultados foram divulgados no Journal of Proteome Research. Embora outros estudos já apontassem para o fato de que tanto as células epiteliais saudáveis da próstata quanto as de adenocarcinoma de próstata humano são favoráveis à replicação do zika, mais investigações eram necessárias para avaliar os mecanismos e as consequências da infecção persistente causada pelo vírus no metabolismo celular.

"Optamos por comparar os dois tipos de fenótipos, o tumoral e o normal, já que, em casos de câncer, ambos estariam presentes na próstata e precisávamos realmente saber o quão danosa uma infecção poderia ser", explica Jeany Delafiori, primeira autora do estudo e atualmente assistente de pesquisa no European Laboratory of Molecular Biology, na Alemanha.

Com apoio da FAPESP, o estudo foi o primeiro a utilizar modelos in vitro com células da próstata para realizar um ensaio metabolômico, ou seja, uma análise do conjunto de produtos do metabolismo da infecção pelo zika.

As células infectadas – tanto as de carcinoma (PC-3) quanto as normais (PNT1a) – foram extraídas, ionizadas e infundidas em um espectrômetro de massa de alta resolução. Esse aparelho permite que se conheça com precisão as massas de substâncias químicas e, assim, sua estrutura. Os dados foram analisados em três tempos diferentes de exposição (cinco, dez e quinze dias pós-infecção), por meio de análise estatística.

"Observamos os efeitos nas células PC-3 já nos primeiros cinco dias, corroborando com achados anteriores que indicavam caráter anticâncer", diz Delafiori , que destaca as alterações lipídicas antiproliferativas. A morte dessas células foi progressiva nos três tempos de exposição.

"Os resultados obtidos confirmam a viabilidade de um possível tratamento do câncer de próstata", reforça Catharino.

Já nas células PNT1a, a infecção levou a alterações marcantes no metabolismo, especialmente em glicerolipídios, ácidos graxos e acilcarnitinas ao longo da infecção prolongada.

De acordo com os pesquisadores, tal infecção pode estar relacionada ao aumento dos metabólitos de estresse oxidativo como ditirosina, aminotirosina e hidroxiguanosina, que estão associados à carcinogênese. Ou seja, o tratamento a longo prazo poderia ocasionar o próprio câncer de próstata novamente. E, com a persistência da infecção, as células passariam por ainda mais estresse, o que poderia contribuir para a malignidade. Estudos adicionais

Com a comprovação da ação do vírus nas células do câncer de próstata, é importante agora realizar estudos adicionais para investigar melhor os efeitos da infecção em células semelhantes. Isso servirá para confirmar as descobertas e analisar mais detalhes de seu metabolismo e replicação.

Conhecer os efeitos possivelmente carcinogênicos do zika nas células epiteliais saudáveis da próstata, algo que à primeira vista poderia indicar um revés, também foi considerado positivo pelos cientistas.

"Todas essas questões devem ser e foram fundamentalmente levantadas nessa fase de testes para que futuros pacientes que optem por tratamentos desse tipo no futuro possam ter todas as informações necessárias", diz Catharino.

Agência Fapesp

Foto: Léo Ramos Chaves

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro de uma nova vacina contra a dengue. O imunizante Qdenga, produzido pela empresa Takeda Pharma, é indicado para população entre 4 e 60 anos. A aplicação é por via subcutânea em esquema de duas doses, em intervalo de três meses entre as aplicações.

Segundo a Anvisa, a nova vacina é composta por quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença, o que garante uma ampla proteção contra ela. No ano passado, o Brasil registrou mais de mil mortes por complicações da dengue no país.

No mês passado, a Comissão Técnica Nacional em Biossegurança (CTNBio) aprovou a segurança da vacina Qdenga, que aguardava agora o aval da Anvisa.

Uma outra vacina contra a dengue já aprovada no país, a Dengvaxia, só pode ser aplicada por quem já teve a doença.

A vacina Qdenga também foi avaliada pela agência sanitária europeia (EMA), de quem também recebeu aprovação. A concessão do registro pela Anvisa permite a comercialização do produto no país, desde que mantidas as condições aprovadas. A vacina, no entanto, seguirá sujeita ao monitoramento de eventos adversos por meio de ações de farmacovigilância sob a responsabilidade da própria empresa.

Agência Brasil

Um estudo publicado na segunda-feira (27), na revista Nature Medicine mostrou a associação entre o uso do adoçante eritritol e taxas mais altas de ocorrência de ataques cardíacos e AVC. Segundo os pesquisadores, a correlação entre ambos se daria pelo aumento da probabilidade de formação de coágulos sanguíneos.

adoçante

De acordo com um dos autores do estudo, Stanley Hazen, da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, o uso do adoçante na produção de alimentos industrializados aumentou a sua concentração na corrente sanguínea da população. Conhecido como álcool de açúcar, o eritritol faz parte dos adoçantes naturais que não contêm calorias e com capacidade adoçante de 70%.

O eritritol é encontrado em baixas concentrações em frutas e vegetais, além de poder ser produzido naturalmente pelo próprio corpo.

A partir da constatação, Hazen começou a pesquisar os efeitos do eritritol em amostras sanguíneas de dois estudos anteriores, os quais acompanhavam as taxas de ataques cardíacos e AVC entre os participantes.

Ambos os estudos, que tinham 2.100 participantes nos Estados Unidos e 830 participantes na Europa, analisaram pessoas com predisposição a esses eventos, devido a fatores como excesso de peso ou diabetes.

Com a análise, os cientistas notaram que, ao longo de três anos, os participantes com maiores níveis de eritritol apresentavam maior risco de sofrer uma parada cardíaca ou um AVC.

A probabilidade de ocorrência foi dobrada entre os dois grupos após ajustes, levando em conta que pessoas com maiores níveis de sobrepeso ou piores indicadores de saúde eram, também, mais propensas ao uso do adoçante. Por se tratar de um estudo observacional, não ficou provado que o eritritol seria, de fato, o desencadeador dos problemas de saúde.

A equipe de Hazen passou, então, a explorar os efeitos do adoçante no sangue, dada a possibilidade de ocorrência de coágulos.

Nessa observação, quando oito voluntários considerados de baixo risco de ataque cardíaco ou AVC consumiram alimentos e bebidas contendo 30 g de eritritol — como meio litro de sorvete com baixo teor de carboidratos —, seus níveis sanguíneos do adoçante saltaram de cerca de 4 micromoles (uma medida de concentração) para cerca de 6.000 micromoles e permaneceram altos por várias horas.

“Assim que você bebe uma bebida adoçada artificialmente, os níveis de eritritol superam os níveis considerados normais no sangue”, afirma Hazen.

Verificou-se, também, que o eritritol promove a formação de coágulos quando adicionado em amostras de sangue, tanto nas de camundongos como nas de sangue humano, em níveis de 300 micromoles e 45 micromoles, respectivamente.

Entretanto, segundo Duane Mellor, porta-voz da Associação Dietética Britânica, a maioria das pessoas não costuma ingerir quantidades suficientes para atingir os níveis testados para efeitos de coagulação neste estudo.

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Foto: Freepik/jcomp

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