Pesquisadores da Universidade Duke, nos Estados Unidos, desenvolveram uma ferramenta que utiliza ressonâncias magnéticas do cérebro para prever o ritmo de envelhecimento do corpo e o risco de doenças crônicas. A pesquisa, publicada na Nature Aging em 1º de julho, revela que, por meio da análise de imagens cerebrais, é possível estimar como o envelhecimento biológico de uma pessoa está avançando, e até antecipar a ocorrência de problemas de saúde.
Nomeada DunedinPACNI, a ferramenta avalia aspectos como o volume e a espessura de várias regiões do cérebro, além da proporção entre a matéria branca e cinzenta. A partir dessas informações, é possível prever o risco de doenças como demência, problemas cardíacos, fragilidade física e até morte precoce. Ahmad Hariri, professor de psicologia e neurociência e principal autor do estudo, afirmou que “o envelhecimento acelerado aumenta o risco de muitas doenças, incluindo diabetes, doenças cardíacas, derrame e demência”.
Como a pesquisa foi realizada
O estudo se baseia em dados do Estudo de Dunedin, que acompanha mais de mil pessoas nascidas entre 1972 e 1973 na Nova Zelândia. Ao longo dos anos, os participantes foram avaliados em relação à saúde de vários órgãos, incluindo o cérebro, coração, fígado e rins. Aos 45 anos, os indivíduos passaram por ressonâncias magnéticas cerebrais, cujos dados foram processados por algoritmos de inteligência artificial.
Os resultados obtidos foram cruzados com testes de cognição, saúde física, envelhecimento facial e percepção subjetiva de saúde. Esse processo permitiu identificar padrões cerebrais associados ao envelhecimento mais rápido, que foram transformados em uma métrica unificada.
Aplicação em diferentes populações
Para validar a eficácia da ferramenta, a equipe de pesquisa testou o DunedinPACNI em dados de diversas populações. O estudo incluiu mais de 42 mil ressonâncias do banco de dados britânico UK Biobank, 1,7 mil exames da Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative (ADNI) e 369 registros do BrainLat, um conjunto de dados de cinco países da América do Sul. Em todos os casos, a ferramenta demonstrou ser eficaz na previsão do ritmo de envelhecimento.
A ferramenta também foi associada ao aumento do risco de doenças como infarto, AVC, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e morte por todas as causas. Hariri destacou que a aplicação prática do modelo está se tornando cada vez mais próxima, uma vez que o exame de ressonância magnética já é amplamente utilizado na medicina. O próximo passo será refinar a análise para entender quais padrões cerebrais indicam um envelhecimento saudável ou problemático.
Com o sucesso dessa ferramenta, os cientistas esperam que ela possa ser utilizada não apenas em pesquisas, mas também em clínicas médicas para monitorar e prevenir doenças relacionadas ao envelhecimento.
Pardal Tech
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