O Piauí recebeu um novo lote com 250 mil doses da vacina contra o vírus Influenza, causador da gripe. A remessa, enviada pelo Ministério da Saúde, será usada para a segunda dose de crianças com até dois anos de idade, intensificando a vacinação em municípios que ainda estão com baixa cobertura.
As doses serão distribuídas pela Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (Sesapi) aos municípios para reforçar a imunização da população.
Segundo a Coordenadora de Imunização da Sesapi, Bárbara Pinheiro, estão sendo avaliados quais são os municípios que vão receber mais doses devido a baixa cobertura.
“Dos 224 municípios do Piauí, apenas 19 deles estão atingindo a cobertura exigida pelo Ministério da Saúde, principalmente das crianças” afirma.
A imunização foi ampliada até 31 de julho para melhorar a cobertura vacinal, que está em 66,08% da população piauiense.
O governador Rafael Fonteles decretou situação de emergência em saúde pública por causa do aumento de internações de crianças com Síndrome Respiratórias Aguda Grave(SRAG) no Piauí. A vacinação é uma das formas de evitar casos graves da doença.
"Por isso é necessário que pais e responsáveis levem as crianças para tomar a vacina contra a gripe. A vacina evita formas graves da doença e evita também as internações", ressalta Leila Santos, superintendente de atenção primária à saúde e municípios.
O AVC (acidente vascular cerebral) é um evento de saúde grave que, de acordo com dados do Portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, matou 87.518 brasileiros entre 1º de janeiro e 13 de outubro de 2022.
"A prevalência do AVC é grande no Brasil, e é importante que a população saiba reconhecer os sinais de um. "Tempo é cérebro" é o lema, e, quanto mais tempo leva para desobstruir aquele vaso ou voltar o fluxo sanguíneo no cérebro desse paciente, mais problemas podem aparecer", esclarece o neurologista Diogo Haddad, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Os AVCs podem ser divididos em dois tipos: isquêmico e hemorrágico.
De acordo com o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, o AVC isquêmico é o mais comum, correspondendo a cerca de 80% dos casos. Esse tipo ocorre quando uma das artérias cerebrais é bloqueada, geralmente por um coágulo sanguíneo, impedindo o fornecimento de sangue e oxigênio ao cérebro.
O neurocirurgião Caio Nuto, diretor da SBN (Sociedade Brasileirra de Neurocirurgia), afirma que os sintomas do AVC isquêmico incluem fraqueza ou dormência em um lado do corpo, dificuldade na fala, confusão, problemas de visão e dificuldade para caminhar.
Os sintomas geralmente se desenvolvem rapidamente e podem progredir ao longo de minutos a horas.
Já o AVC hemorrágico corresponde aos outros 20% e acontece por sangramentos no cérebro ou ao redor dele, devido ao rompimento de um vaso sanguíneo, interferindo na irrigação do órgão.
O Manual MSD explica que o contato do sangue com o cérebro irrita o tecido do órgão, podendo levar a convulsões.
Nuto afirma que, nesses casos, os sintomas mais frequentes incluem uma súbita dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, rigidez do pescoço, convulsões e perda de consciência. O diretor da SBN diz que, em ambos os casos, os sintomas mais comuns são:
fraqueza súbita ou dormência no rosto, braço ou perna, geralmente em um lado do corpo; • dificuldade repentina para falar ou compreender a fala; • confusão mental repentina ou dificuldade para entender as coisas; • alterações súbitas na visão, como visão turva, perda de visão em um ou ambos os olhos ou visão dupla; • tontura ou perda de equilíbrio, coordenação ou dificuldade para andar; e • dor de cabeça súbita e intensa, muitas vezes sem causa aparente.
Artigo publicado no Journal of Biological Chemistry descreve uma molécula capaz de inibir in vitro a proliferação do parasita causador da doença de Chagas.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do CQMED-Unicamp (Centro de Química Medicinal da Universidade Estadual de Campinas), um INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) apoiado pela FAPESP. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a dificuldade de diagnóstico e de tratamento tornou a doença de Chagas uma das quatro maiores causas de mortes por doenças infecciosas e parasitárias no país, com média de 4 mil casos por ano nos últimos dez anos.
A enfermidade é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida por insetos (triatomíneos) popularmente conhecidos como barbeiros ou bicudos. Se não for tratada, pode causar danos irreversíveis e letais ao coração e a outros órgãos vitais. Até o momento, existem apenas dois medicamentos disponíveis: o nifurtimox e o benzonidazol. De acordo com a DNDi (Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas), cerca de 20% dos pacientes interrompem o tratamento por causa dos efeitos colaterais, que incluem intolerância gástrica, erupções cutâneas e problemas neuromusculares.
“As opções de tratamento ainda são muito tóxicas, ou seja, para atacar o parasita o medicamento acaba afetando outros processos do nosso corpo, gerando os indesejáveis efeitos colaterais”, explica Katlin Massirer, coordenadora do CQMED e autora do estudo. Uma das alternativas é encontrar medicamentos que atinjam apenas o foco da doença.
“A identificação de proteínas-alvo no parasita que sejam relevantes para o desenvolvimento de medicamentos ainda é um desafio de maneira geral. Quando se consideram os protozoários parasitas, isso é particularmente difícil, uma vez que estes têm vias enzimáticas e metabólicas distintas”, explica Massirer.
A primeira etapa nessa busca é validar proteínas que possam ser um bom alvo para o desenvolvimento de moléculas que sejam a base para gerar novos fármacos. No caso da doença de Chagas, o ideal é que seja um alvo capaz de interromper especificamente algum processo importante para a proliferação do parasita, sem afetar outros processos do organismo humano.
Os grupos da Unifesp e Unicamp vêm estudando a enzima chamada TcK2. “Trata-se de um novo alvo potencial, dado o seu papel central na fase intracelular do ciclo de vida do Trypanosoma, ou seja, se inibirmos suas funções, o parasita não se multiplica na mesma velocidade”, explica Sergio Schenkman, professor da Unifesp e autor do estudo. O ciclo de vida do T. cruzi alterna basicamente entre uma fase de vida livre com uma fase intracelular obrigatória, de infecção no hospedeiro, quando a multiplicação é mais acelerada.
Para esse alvo, os pesquisadores testaram 379 moléculas inibidoras e apenas duas tiveram potencial de inibir a TcK2. Entre elas, a molécula chamada dasatinib teve um desempenho melhor na inibição da enzima, provocando a desaceleração da proliferação do parasita em células de cultura, no laboratório. “Para assegurar que a molécula estava agindo na TcK2, nós testamos a dasatinib em Trypanosoma geneticamente modificados, sem TcK2, e a molécula inibidora não teve efeito”, explica Schenkman. “Dasatinib bloqueia a proliferação do parasita apenas em células que expressam TcK2, validando que esta enzima é o alvo do composto”, complementa Massirer.
O dasatinib já é um medicamento utilizado no tratamento de leucemias mieloides agudas e crônicas. “A terapia é eficaz devido à elevada sensibilidade ao dasatinib de uma proteína que está alterada na leucemia mieloide. No entanto, nos regimes de dosagem atuais, o dasatinib não atinge uma concentração suficiente para inibir a proliferação do T. cruzi. Logo, são necessários melhoramentos”, explica Schenkman. Ademais, a droga tem um custo elevado, chegando a R$ 15 mil por mês, um valor inacessível a grande parte da população, sobretudo àquela exposta ao risco da doença.
Uma vez validado esse alvo no parasita e utilizando o dasatinib como ponto de partida, poderá ser encontrada uma molécula inibidora. Para isso, os cientistas pretendem avançar no entendimento de como se dá a ligação entre o inibidor e a enzima para então estudar formas de tornar a molécula mais potente e específica. O passo seguinte será testá-la em animais de laboratório.
Uma possibilidade, segundo Schenkman, é que esses novos compostos sejam úteis para desenvolver uma droga atuando em combinação com outras já existentes. “O uso combinado das novas drogas poderia acelerar o tratamento, reduzir as doses, os efeitos colaterais e as taxas de abandono do tratamento, pois a TcK2 atua no parasita”, acrescenta o pesquisador.
O estudo também recebeu financiamento da FAPESP por meio de um Projeto Temático. E contou com a colaboração de pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Araraquara, Drug Discovery and Evaluation Unit, Universidade de Dundee (Reino Unido), Charles University (República Tcheca) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Um estudo realizado na Suécia e publicado nesta quarta-feira (12) na revista científica Circulation encontrou uma ligação entre certas bactérias intestinais e placas ateroscleróticas coronárias, que são uma das principais causas de ataques cardíacos.
O trabalho analisou as bactérias intestinais e as imagens cardíacas de quase 9.000 participantes sem doença cardíaca conhecida. Os pesquisadores descobriram que bactérias orais, particularmente espécies do gênero Streptococcus, estavam associadas a um aumento da ocorrência de placas ateroscleróticas nas pequenas artérias do coração quando presentes na flora intestinal.
"Acabamos de começar a entender como o hospedeiro humano e a comunidade bacteriana nos diferentes compartimentos do corpo se afetam. Nosso estudo mostra pior saúde cardiovascular em portadores de Streptococcus no intestino. Agora precisamos investigar se essas bactérias são atores importantes no desenvolvimento da aterosclerose", disse em comunicado um dos principais autores do estudo, a professora Marju Orho-Melander, da Universidade de Lund.
As descobertas foram baseadas em avanços na tecnologia que permitiram a caracterização profunda de comunidades bacterianas e melhorias nas técnicas de imagem. A equipe de pesquisa descobriu ainda que algumas das espécies ligadas ao acúmulo de depósitos de gordura nas artérias do coração também estavam presentes na boca. Essas bactérias foram associadas a marcadores de inflamação no sangue.
"O grande número de amostras com dados de alta qualidade de imagens cardíacas e flora intestinal nos permitiu identificar novas associações. Entre nossos achados mais significativos, Streptococcus anginosus e S. oralis subsp. oralis foram os dois mais fortes”, complementou o principal autor do artigo, Sergi Sayols-Baixeras, da Universidade de Uppsala.
Os cientistas pretendem aprofundar as investigações para determinar o papel exato dessas bactérias no desenvolvimento da aterosclerose.
"A aterosclerose se desenvolve lentamente à medida que colesterol, gordura, células sanguíneas e outras substâncias no sangue formam placas. Quando a placa se acumula, ela causa o estreitamento das artérias. Isso reduz o suprimento de sangue rico em oxigênio para os tecidos dos órgãos vitais do corpo", informa o Instituto Nacional de Coração, Pulmões e Sangue dos Estados Unidos.
Além de problemas cardiovasculares, como infarto e derrame, a aterosclerose pode provocar problemas renais e cerebrais.
"A redução do fluxo sanguíneo pode levar a sintomas como angina. Se uma placa estourar, podem se formar coágulos sanguíneos que podem bloquear a artéria completamente ou viajar para outras partes do corpo. Bloqueios, completos ou incompletos, podem causar complicações, incluindo ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, demência vascular, disfunção erétil ou perda de membros. A aterosclerose pode causar morte e incapacidade", salienta o instituto.