Agora são: 11:01:03
Data: 5/04/2025

Mais de 489 mil brasileiros foram internados para o tratamento de trombose venosa entre janeiro de 2012 e agosto de 2023. Apenas nos oito primeiros meses deste ano, cerca de 165 pessoas foram hospitalizadas todos os dias na rede pública para tratar do problema. Os dados são de um levantamento inédito produzido pela SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular).

O estudo — divulgado nesta segunda-feira (6) — foi elaborado a partir de dados do Ministério da Saúde e, de acordo com a entidade, evidencia a necessidade dos brasileiros de terem cuidados diários relacionados à saúde vascular, já que o problema pode ser evitado por meio da adesão de medidas simples, como a prática de exercícios físicos e o controle do peso corporal. A doença pode desencadear quadros clínicos ainda mais graves, como a embolia pulmonar.

Entenda o que é a doença A trombose venosa ocorre quando há a formação de coágulos de sangue dentro das veias, principalmente nos membros inferiores, impedindo o fluxo natural do sistema cardiovascular. A condição pode causar manchas arroxeadas ou avermelhadas nos locais afetados, acompanhadas de sensação de desconforto, dor e inchaço.

Se o coágulo se formar numa veia profunda, o quadro é denominado trombose venosa profunda. Se for formado numa veia superficial, é denominado tromboflebite superficial.

As principais causas do problema são alterações na coagulação, imobilidade prolongada ou lesão nos vasos sanguíneos. Para a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, o uso de anticoncepcionais, cigarro e histórico familiar são alguns dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de tromboses venosas.

Cenário nacional O levantamento mostra, também, aquilo que a SBACV considera “um cenário preocupante” relacionado ao número de internações para o tratamento da trombose. Os números mostram que — entre janeiro de 2012 e agosto de 2023 — 489.509 brasileiros foram internados para o tratamento da doença.

Os dados revelam, ainda, que o ano que mais registrou internações por trombose venosa foi 2019, com 45.216 notificações. O Sudeste responde por 53% (258.658) de todos os registros. Já o Norte contabiliza menos internações pela doença: 25.193 casos de trombose venosa notificados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A média diária de internações para tratamento da trombose venosa no país supera a marca de 165 pacientes em 2023, recorde na série histórica iniciada em 2012. Em 2019, ano com mais registros de internações dentro do período analisado, o total de procedimentos superou a média de 126 pacientes.

Estados São Paulo foi o estado que mais contabilizou internações para o tratamento de trombose venosa, com 131.446 registros no banco de dados do SUS. Em seguida, aparecem Minas Gerais (77.823), Paraná (44.477) e Rio Grande do Sul (40.603).

Já os estados menos expressivos no número de internações pela doença são Roraima (485), Acre (1.087) e Tocantins (1.527).

Embolia pulmonar A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular afirma que uma trombose não diagnosticada precocemente e, consequentemente, não tratada, pode levar à formação de êmbolos que correm no interior das veias e que podem chegar ao pulmão, comprometendo a oxigenação.

Por meio do fluxo natural do sangue, esses êmbolos podem chegar ao pulmão, causando a temida embolia pulmonar, quadro clínico caracterizado pela obstrução de canais sanguíneos no pulmão. A parcela do pulmão comprometida pela falta de oxigenação não pode ser recuperada e pode levar à morte.

O levantamento revela que 122.047 brasileiros já foram internados para o tratamento de embolia pulmonar. Em números absolutos, o Sudeste é a região que mais sofre com o problema, reunindo mais da metade dos registros do país (56.065), seguido pelo Sul (26.687), Nordeste (12.756), Centro-Oeste (7.907) e Norte (1.745).

São Paulo foi o estado que mais contabilizou internações ao longo da série histórica, com 30.664 notificações. Ainda no ranking de unidades federativas com números mais expressivos estão Minas Gerais (19.771), Rio Grande do Sul (9.542) e Paraná (7.707). Já os estados com os menores números de internações são Amapá (52), Roraima (61) e Acre (69).

R7

O consumo excessivo de álcool aumenta o risco de pancreatite, que é uma inflamação do pâncreas e uma doença potencialmente fatal, com um alto índice de recorrência. Estudo realizado pelo Cedars-Sinai Medical Center, em Los Angeles, em parceria com a Universidade de Pittsburgh e outras instituições, destaca que a intervenção precoce pode minimizar os danos.

A pancreatite é a doença gastrointestinal que mais leva a hospitalizações nos Estados Unidos. Em jovens, o consumo de álcool é a principal causa de inflamação aguda do pâncreas. Episódios repetitivos podem tornar a doença crônica, um quadro irreversível com danos permanentes.

“Cada vez que a pessoa apresenta pancreatite aguda, ela corre o risco de complicações graves, como necrose, infecção e morte”, explica o gastroenterologista Rafael Ximenes, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia.

Portanto, os autores do novo estudo destacam a importância de interromper o consumo de álcool imediatamente após o primeiro episódio e recomendam que o paciente receba acompanhamento psicológico para cuidar também da saúde mental. Dos 128 pacientes acompanhados pelos autores, quase metade teve um novo episódio em menos de oito meses.

Além disso, 40% dos pacientes apresentavam depressão, enquanto 45% tinham ansiedade.

Muitos também enfrentavam problemas familiares e financeiros, ou estavam em luto relacionado a períodos de maior alcoolismo. De acordo com o estudo, todos os pacientes haviam consumido álcool por mais de 20 anos, começando com um padrão moderado na adolescência, com menos de cinco drinques por dia, até chegar a sete ou dez drinques por episódio.

O risco de pancreatite causada pelo consumo de álcool está associado ao consumo excessivo ao longo de vários anos, o que significa mais de 60 gramas de álcool por dia. Isso equivale a cinco long necks de cerveja, cinco taças de 125 ml de vinho ou 200 ml de destilados.

O álcool provoca lesões nas células do pâncreas, levando à ativação de enzimas digestivas dentro do órgão, que podem resultar em autodigestão e inflamação. Nos casos mais graves, podem ocorrer necrose e sangramento, além do acúmulo de líquido no abdômen. Além disso, a ingestão de álcool altera a composição do suco pancreático, o que facilita o depósito de proteínas e prejudica o fluxo para o intestino.

O principal sintoma da doença é uma dor intensa na região superior do abdômen, que pode irradiar para as costas, às vezes acompanhada de náuseas e vômitos. Nos casos crônicos, podem ocorrer diarreia e presença de gordura nas fezes, que adquirem um aspecto acinzentado e pegajoso. Estima-se que de 20% a 30% dos pacientes internados devido a um episódio agudo evoluam para a forma grave, com uma taxa de mortalidade de 5%. Quando ocorre necrose, a mortalidade pode chegar a 30%.

“Não se sabe por que alguns pacientes evoluem para formas mais graves, mas provavelmente se deve a fatores como predisposição genética e uma reação inflamatória mais exacerbada”, diz Ximenes.

Outros fatores que podem levar à pancreatite são cálculos biliares capazes de obstruir o fluxo do suco pancreático, medicamentos e, menos frequentemente, taxas muito elevadas de triglicérides e doenças infecciosas como a febre amarela, entre outros.

Agência Einstein

Um estudo realizado por pesquisadores do SickKids (Hospital for Sick Children), do OICR (Ontario Institute for Cancer Research) e da UHN (University Health Network), demonstrou que a análise de exames de sangue de pacientes com SLF (síndrome de Li-Fraumeni), doença hereditária que aumenta a predisposição ao desenvolvimento de câncer ao longo da vida, permite detectar o problema mais cedo.

examesangue

As descobertas foram publicadas no científico Cancer Discovery.

Em entrevista ao R7, o geneticista Pablo de Nicola, da BP — A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que a SLF é uma síndrome rara, herdada pela família, em que ocorre uma mutação no gene TP53, que predispõe seus portadores ao desenvolvimento de cânceres ao longo da vida.

A oncogeneticista Allyne Cagnacci, do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, afirma que o TP53 está ligado à supressão de tumores, com funções no ciclo celular, entre elas a morte das células e reparo do DNA.

Assim, quando o paciente nasce com tal mutação, o seu sistema genético fica vulnerável à acumulação de mutações e transforma as células em malignas.

Tanto células saudáveis como células cancerígenas liberam fragmentos do DNA no sangue, e, ao analisarem essas partes, os pesquisadores desenvolvem métodos para detectar o desenvolvimento de tumores. Essa abordagem é chamada de biópsia líquida, uma técnica menos invasiva para o diagnóstico.

Para o estudo, a equipe de pesquisadores analisou 170 amostras de sangue de 82 pacientes com SLF, coletadas ao longo de vários anos, assim como 30 amostras de pessoas sem a síndrome, de modo a comprovar a detecção precoce naqueles com a mutação genética.

O método recebeu o nome de "Protocolo de Toronto".

Após os resultados promissores, a equipe de pesquisadores pretende realizar um ensaio clínico, a fim de testar mais a abordagem e examinar os pacientes, de modo a encontrar a doença mais cedo, incluindo, além da síndrome de Li-Fraumeni, outras condições que predispõem ao câncer, como a síndrome de Lynch e câncer hereditário de mama e ovário.

R7

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para emagrecer, não é necessário eliminar completamente os carboidratos de seu cardápio — basta fazer escolhas alimentares adequadas. Isso é confirmado por um extenso estudo realizado pela Universidade Harvard, publicado no The British Medical Journal. Os autores observaram que a substituição de grãos refinados, como arroz e farinha branca, por opções de cereais integrais, como aveia e quinoa, bem como a troca de vegetais ricos em amido, como milho e batata, por vegetais sem amido, como folhas, resultou em um menor acúmulo de gordura.

O artigo mostra também a importância da qualidade e da fonte dos carboidratos no controle da obesidade a longo prazo. Os cientistas chegaram a essa conclusão após avaliar os impactos da mudança no consumo desses nutrientes durante quatro anos em um grupo de mais de 130 mil pessoas, todas participantes de três estudos longitudinais: o Nurses' Health Study, o Nurses' Health II e o Health Professionals Follow-Up.

Nesse período, aumentar a ingestão de amido em 100 gramas diárias, por exemplo, resultou num ganho de aproximadamente 2,6 quilos. Já os participantes que preferiam consumir porções similares de vegetais sem amido acumularam menos 3 quilos do que a média. Sabe-se que o aumento ou a perda de peso não estão ligados apenas ao consumo de carboidratos. “Depende da quantidade de calorias ingeridas e gastas, do estilo de vida, além do contexto comportamental, ambiental e social. Levando tudo isso em conta, e considerando uma dieta com déficit calórico e um estilo de vida saudável, a escolha dos carboidratos pode, sim, ajudar na perda de peso”, diz a nutricionista Fabiana Fiuza Teixeira, do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Carboidratos ricos em fibras e grãos integrais tornam a absorção da glicose mais lenta, além de ajudar no controle do colesterol, no aumento da saciedade e na melhora do funcionamento intestinal”, complementa.

Os carboidratos refinados e vegetais ricos em amido têm um alto índice glicêmico, taxa que corresponde ao aumento do açúcar no sangue em resposta à ingestão de comida. Alimentos com índices glicêmicos elevados são absorvidos rapidamente, causando picos de glicose no sangue e favorecendo o acúmulo de gordura. “Dependendo do estilo de vida da pessoa, podem influenciar no ganho de peso”, afirma Fabiana.

Por outro lado, vale lembrar que os carboidratos são essenciais na alimentação, pois são fonte de energia para vários sistemas do corpo, principalmente o sistema nervoso central (SNC). “Uma dieta sem esse macronutriente é muito difícil de manter a longo prazo, pois pode ocasionar problemas não só metabólicos, mas também comportamentais”, explica a nutricionista.

Por isso, para garantir uma alimentação saudável e evitar o ganho de peso, é preciso optar por itens com mais fibras, vitaminas e sais minerais, como hortaliças, frutas e legumes; reduzir o consumo de açúcares e gorduras saturadas; e evitar ao máximo os alimentos ultraprocessados.

“É preciso pensar no bem-estar num contexto mais amplo, não só alimentar, mas nos hábitos de vida em geral, incluindo movimento, saúde mental e física”, diz a especialista. “E sempre procurar informação segura e correta para fazer boas escolhas, de preferência com a ajuda de um profissional especializado”, orienta a nutricionista.

Agência Einstein