Aquela sensação de coceira e incômodo na garganta que pode ou não passar após uma tentativa de tosse — os pigarros são, nada mais, do que o acúmulo de muco, saliva ou secreções das vias respiratórias na garganta, afirma o otorrinolaringologista Iulo Barauna, do Hospital Edmundo Vasconcelos.

pigarro

"Pigarro não deixa de ser uma tosse com catarro, que não é normal. É uma eliminação de secreção através de uma tosse menos intensa. Você pode estar expelindo secreções das vias aéreas superiores, como rinite e sinusite, ou como na bronquite crônica, em que há uma produção maior de muco", explica Elie Fiss, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Em algumas ocasiões, os especialistas alegam ser comum haver pigarros, como em gripes, resfriados, sinusites e em pessoas tabagistas, que passam a ter um espessamento da saliva. Além disso, a ingestão de alguns tipos de alimento também pode gerar o incômodo, que é cessado rapidamente, assim como na desidratação e refluxo gastroesofágico.

A mudança de clima é outro fator que pode ocasioná-los. Barauna explica que o ar gelado e o seco, comuns no inverno, também promovem o acúmulo das secreções na garganta, gerando os pigarros.

Fiss reforça que nem só condições benignas podem causar os pigarros. Essas tosses, que podem ser acompanhadas de rouquidão, podem indicar câncer nas cordas vocais, garganta, pulmão ou esôfago.

"A maioria dos pigarros não está relacionada a condições malignas. Mas, em uma pessoa tabagista e que inicia sintomas de pigarro e desconforto na garganta, a possibilidade de uma origem maligna deve ser considerada e consequentemente investigada", acrescenta o otorrinolaringologista. Os médicos alegam que a persistência dos pigarros, somada a outros sintomas, como sangramentos, dores locais, dificuldade para engolir ou perda de peso inexplicada, é motivo para que se consulte um médico para verificar o prognóstico.

A análise dos pigarros consiste em uma avaliação médica completa, incluindo exames físicos com otorrinolaringologista, e pode exigir exames de precisão, como endoscopia local (nasofibrolaringoscopia) ou tomografia da região. Os médicos podem, ainda, colher uma amostra do pigarro para análise laboratorial para determinar causas subjacentes.

O tratamento dependerá da causa, incluindo hidratação adequada, uso de umidificador de ar e distanciamento de fatores irritantes, como álcool e cigarro, que são os mesmos cuidados para a prevenção. Em casos de câncer, as abordagens podem variar entre cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia.

R7

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O tratamento da hepatite C no SUS (Sistema Único de Saúde) ganhará uma nova opção com alto percentual de cura a partir de novas entregas realizadas pelo Farmanguinhos/Fiocruz (Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fundação Oswaldo Cruz). A Fiocruz divulgou nesta quarta-feira (8) que o laboratório público entregou 800,8 mil unidades farmacêuticas dos medicamentos sofosbuvir e daclatasvir ao Ministério da Saúde.

Essa é a primeira vez que Farmanguinhos disponibiliza esses medicamentos ao SUS, o que se deu por meio de uma parceria de transferência de tecnologia com a farmacêutica Blanver S.A.

Segundo a Fiocruz, a combinação sofosbuvir e daclatasvir produzida por seu instituto representará uma economia de cerca de R$ 40 milhões ao ano ao SUS para o tratamento da hepatite C.

Farmanguinhos já produz o medicamento ribavirina para o tratamento de hepatites virais e agora será o primeiro laboratório público no país a produzir medicamentos associados ao sofosbuvir, que é efetivo contra diferentes tipos de vírus causadores da hepatite.

Além disso, o instituto estabeleceu recentemente um acordo para fornecer o ravidasvir, que também trata a hepatite C, em parceria com a DNDi e a farmacêutica egípcia Pharco Pharmaceuticals.

Medicamentos como o sofosbuvir e daclatasvir são as recomendações preferenciais da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o tratamento da hepatite C.

Entre 2000 e 2021, o Brasil confirmou 718.651 casos de hepatites virais, segundo o Ministério da Saúde. O Boletim Epidemiológico das Hepatites Virais detalha que 168.175 (23,4%) foram de hepatite A, 264.640 (36,8%) de hepatite B, 279.872 (38,9%) de hepatite C e 4.259 (0,6%) de hepatite D.

Agência Brasil

Virar a noite acordado é, na maioria das vezes, algo desgastante e cansativo. Mas e se a ciência afirmar que ficar uma noite sem dormir pode ser um ótimo jeito de ter um bom humor e efeito antidepressivo por alguns dias?

sono

Foi o que constataram cientistas da Northwestern University, em Illinois (EUA). Os achados da pesquisa foram publicados no científico Neuron.

“Curiosamente, as mudanças no estado de humor após a perda aguda de sono parecem muito reais, mesmo em indivíduos saudáveis. Mas os mecanismos exatos no cérebro que levam a esses efeitos permanecem pouco compreendidos”, afirma Mingzheng Wu, autor principal do estudo.

Para entender os mecanismos envolvidos nessa sensação após uma noite sem dormir, a autora correspondente Yevgenia Kozorovitskiy induziu a perda de sono aguda em alguns ratos sem predisposição genética a transtornos do humor, como os humanos.

Após uma noite sem dormir, o comportamento dos animais se alterou, tornando-os mais agressivos, hiperativos e hipersexuais quando comparados aos animais que tiveram uma noite de sono.

A partir disso, os pesquisadores analisaram a atividade dos neurônios que fazem a liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de recompensa no cérebro, e perceberam que os níveis eram maiores entre os animais que não dormiram.

Foram verificadas quatro regiões do cérebro que oferecem dopamina — o córtex pré-frontal, o núcleo accumbens, o hipotálamo e o corpo estriado dorsal. Foi constatado que as três primeiras partes estavam envolvidas na secreção da substância nos casos de privação de sono.

Para averiguarem ainda mais os resultados, os cientistas "silenciaram" sistematicamente as reações à dopamina. As respostas antidepressivas apareceram apenas depois das respostas dopaminérgicas no córtex pré-frontal medial.

Enquanto isso, o núcleo accumbens e o hipotálamo se mostraram menos ligados ao efeito antidepressivo e mais à hiperatividade.

Os comportamentos hiperativos e hipersexuais desapareceram horas depois. No entanto, o efeito antidepressivo permaneceu por alguns dias, o que sugere que a plasticidade sináptica no córtex pré-frontal poderia ser melhorada.

Em análise dos neurônios individualmente, o efeito foi confirmado: as células do córtex pré-frontal formaram pequenas saliências chamadas espinhas dendríticas, características altamente plásticas que mudam em resposta à atividade cerebral. Ao desmontar a comunicação neuronal, o efeito antidepressivo foi revertido.

“O efeito antidepressivo é transitório, e sabemos a importância de uma boa noite de sono”, advertiu Yevgenia, que recomenda às pessoas que não deixem de dormir para melhorar o humor. “Eu diria que é melhor você ir à academia ou dar uma boa caminhada. Este novo conhecimento é mais importante quando se trata de combinar uma pessoa com o antidepressivo certo.”

R7

Foto: Freepik

O hábito de fazer refeições muito tarde aumenta o risco de obesidade e de desenvolver complicações relacionadas à síndrome metabólica, como diabetes, AVC (acidente vascular cerebral), entre outras condições. Isso é o que aponta um estudo inédito da Universidade Federal de Uberlândia, publicado no Clinical Nutrition, que trata de uma área relativamente nova, chamada crononutrição, o estudo da relação entre o horário das refeições e a saúde.

Nosso relógio biológico é ajustado por vários fatores, incluindo a luz e a alimentação. Pesquisas anteriores já haviam constatado que antecipar a última refeição está associado a uma melhor composição da massa corporal, além de redução da gordura visceral e da porcentagem de gordura corporal. O novo estudo acrescenta dados epidemiológicos sobre o tema, que ainda são escassos, reforçando os achados clínicos anteriores, como relata a nutricionista Cibele Aparecida Crispim, professora da Universidade Federal de Uberlândia e uma das autoras do estudo.

Após analisar informações de 7.379 adultos do NH ANES (National Health and Nutrition Examination Survey), um programa dos Estados Unidos destinado a avaliar a saúde e o estado nutricional dos americanos, os pesquisadores identificaram uma associação entre a realização de refeições tardias e maiores taxas de obesidade abdominal e glicemia de jejum. Esses valores eram mais elevados entre aqueles que fizeram sua última refeição por volta das 22h em comparação com aqueles que jantaram por volta das 18h30, por exemplo. Sabe-se que o acúmulo de gordura na região abdominal aumenta o risco de resistência à insulina e síndrome metabólica, que consiste em uma série de alterações que envolvem os níveis de colesterol, insulina e pressão arterial.

O horário das refeições pode influenciar o ganho de peso e o acúmulo de gordura, uma vez que nosso corpo segue um ritmo circadiano, que regula o metabolismo e a digestão. Nossos hormônios, o que inclui hormônios sexuais, cortisol, de crescimento, insulina e adrenalina, oscilam de acordo com o horário. Portanto, o padrão de resposta dos órgãos envolvidos no metabolismo, como o fígado, o pâncreas, os músculos e o tecido adiposo, varia ao longo do dia.

Comer tarde da noite pode desregular esse ritmo, afetando a forma como o corpo processa os alimentos e armazena energia. “Somos animais diurnos, e o metabolismo dos alimentos é pior à noite”, explica Crispim.

“Há uma redução do gasto energético basal no fim do dia e início da noite, da oxidação e da queima de gordura à noite quando há comida presente. E, ainda, a glicose pós-prandial [depois da refeição] e a resistência à insulina são maiores à noite”, diz o endocrinologista Clayton Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Além disso, comer tarde pode levar a um consumo excessivo de calorias, já que muitas vezes nesse horário come-se por ansiedade, compulsão noturna, cansaço, distúrbios do sono, tédio, depressão, por exemplo”, explica.

Quando comer a última refeição do dia? Segundo Crispim, não há um momento ideal estabelecido para fazer a última refeição, já que o horário da comida é influenciado por diversos fatores, incluindo aspectos culturais, estações do ano, incidência de luz solar e até mesmo o cronotipo da pessoa, ou seja, o horário em que cada um funciona melhor.

“É importante respeitar os sinais do corpo, aumentar a quantidade ingerida no café da manhã, que é sabidamente uma refeição protetora da saúde, e reduzir no jantar, que deve ser apenas um complemento, parando de comer cerca de três horas antes de se deitar”, orienta a especialista.

Além disso, Macedo diz que é importante procurar manter um horário regular de refeições e prestar atenção à qualidade dos alimentos consumidos e à distribuição de nutrientes ao longo do dia. “Deve-se evitar pular refeições, pois isso leva a um consumo excessivo de calorias em outras, fazer as refeições mais pesadas durante o dia e evitar grandes quantidades de comida antes de dormir”, completa o médico.

Agência Einstein