Elas são o pesadelo de toda mulher. De um dia para o outro, as estrias aparecem e de lá não saem mais. Seu surgimento acontece pelo rompimento das fibras de colágeno e elastina da pele, que acontece quando o tecido está muito seco, cresce de maneira muito rápida ou passa pelo processo de emagrecer e engordar - o chamado "efeito sanfona". Sendo assim, as gestantes são um grupo de risco quando o assunto é estria.
As estrias nas grávidas costumam surgir a partir do sexto mês da gravidez, porque é quando o bebê já está maior e a pele fica mais esticada, explica Maria Rita de Mesquita, ginecologista e obstetra membro da diretoria da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp). A ginecologista lembra que nem todas as mulheres ganham estrias na gravidez. Existem alguns fatores que acabam intensificando a possibilidade de que as fibras da pele sofram esse rompimento.
"O fator hereditário é muito importante. Se a mãe dessa paciente teve muitas estrias ao longo da vida, ela terá uma propensão maior a esses rompimentos das fibras", explica. "O excesso do ganho de peso durante a gestação também é um fator de risco para o aparecimento de estrias na pele."
Alguns tratamentos podem suavizar as estrias. No entanto, as gestantes, na maioria das vezes, não conseguem se beneficiar deles. Esses tratamentos são mais eficientes quando a estria é nova, quando as marcas são avermelhadas ou roxas. O problema é que a mulher grávida só poderá se submeter aos remédios e procedimentos depois de ter parado com a amamentação. "Os melhores tratamentos para as estrias não podem ser feitos durante a gravidez e nem no período da amamentação. Então, na maioria dos casos, a mulher já estará com as estrias esbranquiçadas (o que indica que já envelheceram) e, nesse estágio, o tratamento já não tem o mesmo efeito benéfico", afirma.
O ideal é prevenir, aconselha a ginecologista. Essa precaução tem que começar nos primeiro meses de gestação. No caso de uma gravidez planejada, a mulher já pode preparar o corpo antes mesmo de conceber a criança.
Cuidados na alimentação
A alimentação é a chave de uma boa gestação, seja no quesito saúde da mãe e do bebê, seja no bem-estar da mulher. Segundo Maria Rita, o ideal é que grávidas que estejam dentro de seu peso ideal engordem de 9 a 12 quilos durante os nove meses. Ficar entre essa média é um dos fatores que ajudam a prevenir o aparecimento de estrias. "Se a paciente engorda muito, a pele acaba se estirando mais do que era necessário. Nesse caso, a probabilidade de ocorrer o rompimento das fibras de colágeno é maior", esclarece a ginecologista.
Alimentos ricos em vitamina C também são muito importantes durante o período. "Essa vitamina estimula a formação de colágeno", diz. Além do cuidado na escolha dos alimentos, a gestante tem que beber muita água para ajudar na hidratação do organismo e da pele.
Cremes e óleos
Os cremes e os óleos são essenciais na prevenção do aparecimento de estrias. Uma pele seca é mais propensa ao rompimento das fibras do colágeno e elastina. Alguns hidratantes são específicos para a manutenção das fibras da pele. Entre eles, estão os ricos em ureia (durante a gravidez, os cremes indicados são os que indicam até 3% do componente na fórmula), o lactato de amônio, os óleos vegetais e os que contêm vitamina E.
A gestante pode usar os hidratantes em todo o corpo, mas as regiões das mamas, abdômen, coxas e glúteos devem ganhar atenção especial. "Esses são os locais que mais sofrem com a distensão da pele", explica Maria Rita. Os produtos devem ser aplicados pelo menos duas vezes ao dia.
A grávida deve ter cuidado ao utilizar os produtos na região das mamas. "As mamas estão se preparando para a maternidade. A região dos bicos e auréolas sofre modificações para favorecer a amamentação. Esses hidratantes podem deixar a pele mais fina e delicada, o que vai contra ao que a natureza está preparando para o período."
Cuidados com o que vestir
As roupas também são importantes aliadas nos cuidados e prevenção ao aparecimento de estrias. O indicado é que a gestante utilize sutiãs firmes, com alças mais largas. Para deixar a barriga mais segura, a médica aconselha calcinhas altas.
"Usar roupas que proporcionam sustentação favorece a contenção da pele e, portanto, diminui o risco de ter estrias", indica. "Mas, é claro, que só as roupas firmes não farão milagre. É importante manter o peso, ingerir muito líquido e utilizar hidratantes que favoreçam as fibras da pele."
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Eles são lindos. Três, quatro, cinco, seis, sete ou até oito bebezinhos de uma só vez. Mas, por trás dos recém-nascidos múltiplos está uma gestação de grande perigo para a mãe e para os fetos. Todos os riscos normais de uma gestação se intensificam quando a gravidez é gemelar, afirma Sérgio Pereira Gonçalves, especialista em reprodução humana e diretor médico da clínica Monteleone, de São Paulo.
A gravidez é um fenômeno intimamente ligado ao corpo da mulher, mas o bebê que vai se formando ao longo dos nove meses é do casal. Por isso, o pai deve ter participação ativa na gestação de sua companheira. De acordo com Carolina Corsini, colaboradora da disciplina de Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e ginecologista obstetra do Fleury Medicina e Saúde, as mulheres que se sentem apoiadas pelo marido têm uma gravidez mais prazerosa.