Devido aos fortes sintomas da tensão pré-menstrual, ao desconforto e até por praticidade, cada vez mais mulheres optam por não menstruar. Para isso, são utilizadas pílulas anticoncepcionais específicas, conhecidas como pílulas de uso contínuo. Mas esse tipo de tratamento pode influenciar de alguma forma a fertilidade da mulher?
Carolina Ambrogini, ginecologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que não. "Isso é um mito. Tanto a pílula contínua, como o anticoncepcional convencional não apresentam efeito acumulativo. A partir do momento que a mulher toma o último comprimido, ele age por 24 horas no organismo e depois é eliminado."
Por isso, não há relação direta entre o tempo que as mulheres demoram para engravidar após parar com a pílula e um suposto efeito cumulativo dos anticoncepcionais. "Essa demora está muito mais ligada ao emocional e à idade da mulher. As mulheres hoje estão engravidando cada vez mais tarde, e a idade conta muito", explica Carolina.
Como a pílula funciona
Por inibir a menstruação, a pílula de uso contínuo é indicada para pacientes que têm endometriose, cólicas intensas, fluxo menstrual muito grande ou que sofram com os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM).
Ela age no organismo da mesma forma que as pílulas convencionais. A diferença é que apresenta uma dosagem maior do hormônio estrogênio, e que não são efetuadas pausas entre as cartelas. "Quando a mulher faz a pausa do anticoncepcional, ela não tem uma menstruação e sim um sangramento de privação. Como essa pílula não tem pausas, ela mantém o nível hormonal estável e o sangramento não ocorre", aponta.
Carolina alerta que nem sempre o tratamento tem o resultado esperado. "Não é para todo mundo que dá certo. Algumas podem ter escape. Não funciona em 100% dos casos, vai depender da mulher", afirma.
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