Um levantamento feito pelo Ministério da Saúde revelou que Piauí, entre os estados brasileiros, é o que registra maior percentual de gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com vítimas de acidentes de moto. Os números mostram que 84,26% dos cerca de R$ 3 milhões destinados a vítimas do trânsito no estado foram usados para atender pessoas acidentadas que estavam em motos.
Os dados também apontam que o aumento nos gastos com acidentes com motociclistas tem sido um problema nacional. Quase metade dos gastos do SUS com vítimas de acidentes de trânsito no Brasil foi destinada ao atendimento de motociclistas em 2011. Ao todo, foram investidos 48,07% de aproximadamente R$ 200,3 milhões. Um dos motivos é o aumento de 95,32% nas internações de motociclistas acidentados entre 2008 e 2011. No mesmo período, como já havia sido divulgado pela pasta, os gastos no atendimento a usuários de motocicletas cresceram 113% em todo o País.
A região Norte é a segunda colocada no maior percentual de gastos: 68,65% dos cerca de R$ 7,6 milhões investidos no ano com pacientes que sofreram acidentes foram destinados aos motociclistas. No Pará, eles foram responsáveis por 83,77% dos gatos de R$ 3,4 milhões em 2011.
Já a região Nordeste também apresenta o estado que teve o maior aumento nos gastos nos últimos quatro anos. Em Pernambuco, o custo subiu 1.286% de 2008 a 2011, passando de R$ 184 mil para R$ 2,5 milhões.
Segundo os dados do ministério, São Paulo tem o maior número de internações por ano. Das 19.792 vítimas de acidente hospitalizadas em 2011, 48,1% eram usuários de motos. No ano passado, o Estado gastou com motocilistas 28% do total repassado pelo ministério para acidentes de trânsito, ou 26,9 milhões.
Fatores
O excesso de velocidade, o consumo de bebida alcoólica antes de dirigir e a imprudência são apontados pelo ministério como fatores que têm contribuído para o aumento de acidentes envolvendo motociclistas. O incremento na frota de veículos também é responsável pelo crescimento das estatísticas nada animadoras.
Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), entre 2008 e 2010, o número de motocicletas foi ampliado em 27% – de 13.079.701 para 16.622.937. Consequentemente, houve elevação na proporção destas em relação ao total de veículos automotores no País de 24% para 25,5%.
Prevenção
Questionado diante do avanço das mortes, o ministério respondeu que o governo federal expandiu o Projeto Vida no Trânsito a todas as capitais brasileiras para tentar frear esses números. Com recursos do Ministério da Saúde, as capitais poderão ampliar as políticas de prevenção de lesões e mortes no trânsito por meio da qualificação, planejamento, monitoramento, acompanhamento e avaliação das ações a partir de fatores de risco. Em 2010, o projeto foi implantado em cinco capitais – Palmas, Teresina, Campo Grande, Belo Horizonte e Curitiba -, que conseguiram melhoras nestes indicadores.
Epidemia
“O Brasil está definitivamente vivendo uma epidemia de acidentes de trânsito e o aumento dos atendimentos envolvendo motociclistas é a prova disso. Estamos trabalhando para aperfeiçoar os serviços de urgência no SUS, mas é inegável que esta epidemia está pressionando a rede pública”, avaliou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha quando os primeiros dados sobre os acidentes com motocicletas foram divulgados.
“A elevação dos acidentes envolvendo motociclistas fez com que, pela primeira vez na história, a taxa de mortalidade deste grupo superasse a de pedestres (5,1 /100 mil) e a de outros veículos automotores (5,4/100 mil), como carros, ônibus e caminhões”, disse ainda o ministro.
Monitoramento
O Ministério da Saúde monitora mortes e internações por acidentes de trânsito a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), respectivamente.
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