Um estudo feito na Finlândia apontou que, num grupo de mil homens monitorados por 12 anos, aqueles que tinham maior índice de licopeno no sangue tiveram menor incidência de acidente vascular cerebral (AVC). O trabalho será publicado nesta terça-feira, 9, na edição impressa do jornal científico “Neurology”, da Academia Americana de Neurologia.
O antioxidante licopeno é responsável por dar a cor avermelhada ao fruto. A investigação científica mostrou que homens com uma quantidade mais alta de licopeno no sangue tiveram 55% menos chances de sofrer um AVC do que aqueles que apresentaram níveis mais baixos. A estimativa foi apresentada por pesquisadores da Universidade da Finlândia Oriental, localizada em Kuppio.
A pesquisa envolveu 1.031 homens na Finlândia, com idades entre 46 e 65 anos. O nível de licopeno no sangue foi testado no início do estudo e acompanhado durante 12 anos. Durante este período, 67 homens sofreram um AVC.
A partir deste número, os cientistas separaram 517 homens em dois grupos: aqueles com níveis mais baixos de licopeno e os que tinham os níveis mais altos. Do grupo que apresentou as taxas menores do antioxidante no sangue, 25 sofreram um AVC. Já no grupo oposto, apenas 11 tiveram registro de derrame cerebral.
De acordo como autor do estudo, Jouni Karppi, a pesquisa se soma a outras evidências de que uma dieta rica em frutas e vegetais está associada a um menor risco de AVC. Segundo ele, os resultados fortalecem a recomendação de que as pessoas devem consumir mais de cinco porções de frutas e vegetais diariamente.
O ganhador do Nobel de Medicina de 2012 Shinya Yamanaka, que dividiu o prêmio com o britânico John B. Gurdon, alertou pacientes nesta terça-feira, 9, sobre as "terapias com células-tronco" não comprovadas que são oferecidas em clínicas e hospitais de vários países. Segundo o pesquisador japonês, essas técnicas são altamente arriscadas e exigem precaução das pessoas.
Além disso, a internet está repleta de propagandas que prometam curas com células-tronco para qualquer doença – como diabetes, esclerose múltipla, artrite, problemas de visão, Alzheimer, Parkinson e até lesões na coluna vertebral –, em países como China, México, índia, Turquia e Rússia.
"Esse tipo de prática é um problema enorme, é uma ameaça. Muitas das chamadas terapias com células-tronco estão sendo conduzidas sem nenhum dado, usando animais com checagens pré-clínicas de segurança", disse Yamanaka, que é professor na Universidade de Kyoto.
"Os pacientes devem entender que, se não houver dados pré-clínicos sobre a eficiência e a segurança do procedimento que ele ou ela esteja submetido, pode ser muito perigoso", disse o pesquisar à Reuters durante entrevista por telefone. Yamanaka e Gurdon compartilharam o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta de que células adultas podem ser reprogramadas para voltarem a ser células-tronco, as quais, por sua vez, podem se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo.
"Espero que pacientes e pessoas leigas entendam que há dois tipos de terapias com células-tronco. Uma é a que estamos tentando estabelecer, unicamente baseada em dados científicos. Temos conduzido trabalhos pré-clínicos, experimentos com animais, como ratos e macacos", afirmou o cientista.
Yamanaka, que chamou as células-tronco que ele criou de "células-tronco pluripotentes induzidas" (iPS), espera ver os primeiros testes clínicos em humanos em breve.
"Há muitas pesquisas promissoras acontecendo", disse.
Uma análise de sangue pode ajudar a diagnosticar o câncer de próstata, já que permitiria aos médicos rastrear a marca genética que o tumor deixa sobre as células afetadas, informou nesta terça-feira a revista médica "The Lancet Oncology". Com este teste, os pesquisadores podem observar se os genes do paciente sofreram alguma alteração atribuível à presença de um tumor de próstata, uma doença que em muitas ocasiões demora anos para manifestar seus sintomas.
Na atualidade, os médicos realizam uma biópsia para determinar a agressividade do tumor, mas os cientistas esperam que no futuro este tipo de análise proporcione dados mais precisos que a biópsia. Uma equipe de cientistas do Institute of Cancer Research de Londres fez este teste em 94 pacientes e foi capaz de dividi-los em vários grupos a partir dos resultados da análise. Os pesquisadores conseguiram assim diferenciar o grupo de pacientes com pior previsão e maior mortalidade, que sobreviveram nove meses em média em comparação com os 21 meses dos demais participantes do estudo.
O teste voltou a ser aplicado depois em outros 70 pacientes, e foram encontrados nove genes com os quais identificar com precisão àqueles que tinham menos probabilidade de sobreviver ao câncer. Nos Estados Unidos, cientistas do Dana-Farber Cancer Institute e do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center averiguaram uma análise similar, também para casos de câncer de próstata, e descobriram seis genes com os quais dividir os pacientes em dois grupos segundo o nível de gravidade.
Segundo Malcolm Mason, pesquisador da organização beneficente britânica Cancer Research UK, estes resultados são "importantes" porque a análise não só ajudará a identificar os pacientes com pior previsão, mas servirá para escolher o tratamento mais eficaz para cada um deles.
Conhecido como um mal que tem como alvo as mulheres, o câncer de mama também pode castigar os homens. Mais raro entre o sexo masculino, a doença atinge 1 homem para cada 100 mulheres. Diferentemente de muitos casos entre a população feminina, a doença é detectada na maior parte das vezes em estágio avançado. O principal motivo, apontam especialistas, é o preconceito e a falta de conscientização sobre a importância de exames de rotina.
O que para o homem passa despercebido por ser um caroçinho indolor na auréola (região entorno do mamilo) pode ser o início de um tumor onde o tecido mamário se concentra, podendo causar coceira e irritação.
A incidência do câncer de mama é mais comum em homens acima dos 35 anos de idade e pode aumentar conforme a idade avança. Apesar de ter pontos em comum com a doença que atinge as mulheres, como histórico familiar correspondente, no homem a doença está mais ligada a fatores hormonais e pode ser desenvolvida a partir de uma dieta rica em gorduras ou mesmo o excesso de álcool ingerido, explicou o mastologista Dr. Ruffo de Freitas Jr., diretor da Escola Brasileira de Mastologia da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia):
— Por ser um tumor menos frequente, os fatores de risco no câncer de mama masculino são menos conhecidos. Sabemos, no entanto, que alterações hormonais nos homens elevam as chances de se ter a doença.
O especialista explicou que dentre as alterações que podem levar a uma mudança de hormônios no corpo do homem estão a ginecomastia (aumento do tecido mamário nos homens), alterações no fígado ou mesmo aumento de peso, já que as células gordurosas produzem hormônios femininos, como estrogênio.
Além dos riscos acarretados pela alimentação e ingestão de bebida alcoólica, o uso de anabolizantes por frequentadores de academia de musculação ou mesmo de hormônios por transexuais também são fatores importantes, afirmou o mastologista:
— Quem usa corre um risco bem maior e tem em torno de três a quatro vezes mais chance de ter câncer de mama do que aqueles que não usam.
Os fatores envolvendo o câncer de mama em homens acarretada pelo aumento de hormônios femininos podem ser também de ordem endógena, ou seja, resultante de fatores internos do organismo. É o caso da síndrome de Klinefelter, representada pelo aumento das mamas em homens, redução dos níveis de testosterona e aumento das gonadotrofinas. Em pessoas que têm a síndrome, o risco de câncer de mama é de 20 a 50 vezes maior do que em aqueles que não têm a doença.
Assim como as mulheres, os homens também podem se autoexaminar como forma de rastrear alguma irregularidade na mama. O oncologista Dr. Anderson Silvestrini, presidente da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), explicou que para os homens essa prática é ainda mais simples do que para a população feminina:
— Como o homem tem pouca glândula mamária, fica ainda mais fácil notar qualquer nódulo que apareça. Apalpando a própria glândula ele consegue notar se há alguma diferença para, então, procurar um mastologista que possa solicitar exames como mamografia ou biópsia.
Além de eventuais caroçinhos, os homens devem ficar atentos também a vermelhidões ou mesmo dores na região da mama.
O oncologista alertou ainda para o risco causado pelo fato de muitos homens desconhecerem que também podem ter a doença.
— Em geral, vemos que os homens se preocupam menos com a saúde deles do que as mulheres. Isso é um ponto para ficarmos em alerta.
O tratamento do câncer de mama em homens é semelhante ao das mulheres. Depois do autoexame e da mamografia, faz-se a cirurgia para retirada da mama de acordo com o estágio em que se encontra a doença e, quando necessário, complementa-se com quimioterapia ou radioterapia.
As dicas de prevenção que os médicos dão para os homens são: praticar atividade física regularmente, ter uma alimentação equilibrada com pouca gordura e reduzir o consumo de bebida alcoólica. Vencer o preconceito e fazer o autoexame também entra na lista de ações para prevenir o desenvolvimento da doença.