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Acompanhar os meses em que o câncer está em remissão é um período de pura ansiedade. Agora, cientistas estão mais otimistas quanto a uma nova geração de exames de sangue que pode detectar o ressurgimento da doença meses antes de ela aparecer em exames de imagem como a tomografia computadorizada - e, com sorte, reduzir um pouco a insegurança do indivíduo nesse processo.
Essa tecnologia, conhecida como biópsia líquida personalizada, procura fragmentos de DNA tumoral circulante (ctDNA) no sangue do paciente. Essas pistas são minúsculas, mas conseguem identificar que o câncer está tentando retornar.
Em um estudo publicado na Nature Medicine, pesquisadores da Universidade de Yale demonstraram que o teste foi capaz de detectar a reincidência do câncer de pulmão em média cinco meses antes de qualquer sinal aparecer nas imagens médicas.
“A tecnologia é empolgante porque podemos monitorar os resultados em tempo real e ajustar o tratamento de forma mais precisa”, disse Roy Herbst, vice-diretor do Centro de Câncer de Yale e autor principal do estudo, para a National Geographic.
Embora exames de sangue para marcadores de câncer não sejam novidade, essa nova geração vai além. Em vez de procurar mutações genéricas, os testes são moldados sob medida para cada paciente, analisando o DNA do tumor removido e comparando-o com o DNA saudável da pessoa.
O resultado é um exame que detecta a “assinatura genética” única daquele câncer, que é uma abordagem tão sensível que pode identificar a doença meses antes de se mostrar visível ou detectável por outros meios.
O objetivo é evitar sessões de quimioterapia desnecessárias ou iniciar o tratamento antes que a doença progrida silenciosamente.
No entanto, apesar do entusiasmo, especialistas alertam contra a adoção prematura. “Precisamos de mais dados, especialmente porque ainda não conhecemos todos os possíveis danos”, disse Herbst.
Uma preocupação é que testes positivos possam levar a tratamentos adicionais, como quimioterapia, em pacientes que estão assintomáticos, com potencial para causar efeitos colaterais significativos sem benefícios comprovados de sobrevida.
A questão é tão urgente que alguns especialistas pedem cautela até que ensaios clínicos sejam concluídos. “Antes de gastarmos milhões — ou bilhões — monitorando regularmente o ctDNA, precisamos saber se isso realmente ajuda as pessoas a viverem mais e melhor”, disse H. Gilbert Welch, médico e pesquisador que estuda triagem de câncer e escreveu recentemente sobre o tema no New England Journal of Medicine.
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Foto: © Testalize.me/Unsplash