A creatina, um composto natural de aminoácidos, tornou-se um dos suplementos mais populares entre aqueles que buscam aprimorar o desempenho físico e aumentar a massa muscular. Sua função primária é auxiliar no fornecimento de energia rápida (ATP) para os músculos, sendo especialmente útil em exercícios de alta intensidade e curta duração, como levantamento de peso e sprints.
Para que os resultados sejam efetivos, o consumo deve ser contínuo, independente da rotina de treinos, visando saturar as reservas musculares. Contudo, é fundamental que o uso seja sempre supervisionado por um profissional de saúde — como médico ou nutricionista — que poderá definir a dosagem correta e avaliar a interação com o histórico de saúde individual.
Efeitos Colaterais e Precauções
A creatina é geralmente considerada segura para a maioria das pessoas saudáveis, mas pode provocar alguns efeitos colaterais:
Ganho de Peso: É o efeito mais comum e esperado. O aumento de peso é resultado da retenção de água dentro das células musculares, e não do acúmulo de gordura corporal. Esse inchaço muscular pode até contribuir para uma aparência mais definida. Desconforto Gastrointestinal: Alguns usuários, especialmente ao ingerir doses elevadas de uma só vez, relatam náuseas, diarreia ou cólicas estomacais. Saúde Renal: Apesar de mitos persistentes, estudos atuais não indicam que a creatina cause danos em rins previamente saudáveis. No entanto, indivíduos com doenças renais ou hepáticas pré-existentes devem evitar a suplementação. A hidratação adequada é essencial durante o uso para auxiliar a função renal.
Por fim, grupos como grávidas, lactantes e menores de 18 anos devem utilizar a creatina somente sob estrita orientação médica. Há também relatos de que a cafeína em grandes quantidades pode anular ou reduzir os benefícios da creatina, dependendo da dose e do metabolismo individual.
Os níveis elevados de colesterol no sangue representam uma ameaça silenciosa, mas grave, à saúde de milhões de pessoas. Este fator de risco é crucial para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares devastadoras, como infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e aterosclerose – o acúmulo de placas de gordura nas artérias. Manter o colesterol sob controle não é apenas uma recomendação, mas sim um pilar essencial para a longevidade e a qualidade de vida.
O cenário epidemiológico reforça a urgência deste tema. Em Portugal, por exemplo, estima-se que cerca de 25% da população apresente níveis de colesterol considerados perigosos, conforme dados do portal da rede de saúde CUF. Globalmente, a situação é ainda mais alarmante: o colesterol alto está ligado a 18% dos casos de doenças cerebrovasculares e 56% das doenças cardíacas isquêmicas, sendo responsável por aproximadamente 4,4 milhões de mortes por ano, o que corresponde a 7,9% do total mundial de óbitos.
Diante desses números impactantes, a modificação do estilo de vida surge como uma poderosa ferramenta de prevenção e tratamento da hipercolesterolemia. A boa notícia é que a alimentação tem um papel absolutamente crucial neste processo. Pequenas mudanças diárias no prato podem fazer uma enorme diferença no risco cardiovascular.
O médico Mehmet Temel Yilmaz, em entrevista concedida ao jornal Huffington Post, destacou que alguns alimentos possuem um impacto particularmente negativo nos níveis de gordura no sangue. Por isso, a redução ou retirada de certos itens do cardápio é uma das primeiras medidas para quem busca proteger o coração.
A seguir, confira a lista de quatro alimentos que, segundo a ciência e a orientação médica, devem ser evitados ou drasticamente reduzidos por quem tem colesterol elevado e quer blindar sua saúde.
O consumo de carnes vermelhas — como as de boi, porco e cordeiro — deve ser monitorado de perto por quem tem colesterol alto. A razão é simples: essas carnes são notavelmente ricas em gorduras saturadas, um tipo de gordura que comprovadamente eleva o colesterol LDL, conhecido popularmente como o "colesterol ruim". Este aumento favorece o acúmulo de placas nas paredes das artérias, o processo que leva à aterosclerose.
A substituição é o caminho mais inteligente. O ideal é dar preferência a opções de proteína mais magras, como o frango e o peru, desde que consumidos sem a pele. Além disso, peixes como a tilápia, salmão e sardinha são excelentes alternativas, especialmente os dois últimos, por serem fontes poderosas de ômega-3, um ácido graxo que comprovadamente auxilia na saúde cardiovascular.
Outra categoria que merece atenção são os laticínios integrais. Leite de vaca, queijos amarelos e outros derivados feitos com gordura animal são grandes fontes tanto de colesterol quanto de gorduras saturadas. A manteiga, em particular, deve ter o seu consumo reduzido ou ser substituída por versões com gordura vegetal não hidrogenada, se a substituição for realmente necessária.
A recomendação para quem precisa controlar os níveis sanguíneos é migrar para as versões light ou zero gordura. Além disso, os leites vegetais, como os de amêndoas, aveia ou soja, são ótimos substitutos. No queijo, prefira opções com baixo teor de gordura, como a ricota e o queijo feta, que oferecem sabor e nutrientes sem o alto risco do colesterol.
O prazer de comer chocolate pode se tornar um risco para quem tem colesterol elevado, mas a atenção deve estar no tipo de chocolate consumido. O popular chocolate ao leite é o grande vilão, pois contém gordura saturada e colesterol em sua composição devido à presença de leite integral. O consumo excessivo desta versão pode, sim, contribuir negativamente para o quadro de hipercolesterolemia.
Felizmente, nem tudo está perdido para os amantes de cacau. O foco deve ser o chocolate amargo, aquele com alta concentração de cacau — acima de 70%. Esta versão tende a ter um teor de colesterol significativamente menor e, quando consumida com moderação, pode até oferecer benefícios devido à sua riqueza em antioxidantes. A chave está na porcentagem de cacau: quanto maior, melhor.
Outro inimigo do coração, onipresente na dieta moderna, são os alimentos fritos. Batatas fritas, nuggets, hambúrgueres e salgadinhos empanados, todos preparados em óleo quente, contêm um coquetel perigoso de gorduras trans e saturadas. Esta combinação é perfeita para aumentar o colesterol ruim (LDL) e, pior, reduzir o colesterol bom (HDL), que atua na proteção das artérias.
O perigo se intensifica quando o óleo utilizado para a fritura é de má qualidade ou reutilizado várias vezes. Nesses casos, os danos causados às artérias são potencializados, acelerando o processo aterosclerótico. A alternativa mais segura é sempre optar por preparações mais saudáveis e gentis com o coração, como alimentos assados, cozidos ou grelhados.
Mudar a dieta não se resume apenas a cortar alimentos, mas principalmente a incluir aqueles que ativamente ajudam a proteger a saúde cardiovascular. A boa notícia é que a natureza oferece uma variedade de ingredientes poderosos que trabalham para reduzir o colesterol ruim (LDL) e aumentar o bom (HDL).
Entre os aliados mais indicados por especialistas, destacam-se os peixes gordurosos como salmão, sardinha e cavala, que são verdadeiras bombas de ômega-3. Este ácido graxo essencial possui propriedades anti-inflamatórias e comprovadamente auxilia na regulação dos lipídios no sangue, protegendo o coração. Outro item essencial é o azeite de oliva extra virgem, cuja ação anti-inflamatória e teor de gorduras monoinsaturadas o tornam a melhor opção de gordura para cozinhar e temperar.
A força das fibras solúveis é crucial. Por isso, a inclusão de grãos integrais, como arroz integral, aveia, pão e massas integrais, é fundamental. Além deles, frutas e vegetais ricos em fibras solúveis, como maçã, laranja, berinjela e cenoura, ajudam a "sequestrar" o colesterol no intestino, impedindo sua absorção.
Por fim, as oleaginosas oferecem gorduras saudáveis e fibras: nozes, amêndoas e sementes como chia e linhaça são snacks perfeitos e adicionais poderosos para saladas e iogurtes. Uma dieta rica nestes elementos é a primeira linha de defesa contra o colesterol elevado e suas consequências.
Embora a alimentação seja um pilar central no controle do colesterol, a batalha pela saúde do coração é vencida com uma abordagem completa de estilo de vida. O corpo humano funciona como um sistema integrado, e a mudança em um único aspecto pode não ser suficiente para reverter um quadro de risco.
A prática de exercícios físicos regulares é um fator não negociável. A atividade aeróbica, em particular, ajuda a aumentar o colesterol HDL (o bom) e a melhorar a circulação sanguínea. Mesmo uma caminhada diária de 30 minutos pode trazer benefícios significativos. Junto a isso, manter o peso corporal saudável é vital, pois o excesso de peso está frequentemente associado à dislipidemia.
Outras medidas de impacto incluem evitar o tabagismo completamente. O cigarro danifica as paredes dos vasos sanguíneos, tornando-as mais propensas ao acúmulo de placas de gordura. Adicionalmente, a redução do consumo de álcool é uma recomendação geral, já que o consumo excessivo pode elevar os níveis de triglicerídeos e afetar negativamente a saúde do fígado e do coração.
O controle do colesterol não é apenas uma questão de dieta, mas um compromisso de vida. Ao evitar os quatro alimentos listados e investir em um estilo de vida ativo e saudável, é possível reduzir drasticamente o risco de infarto, AVC e outras doenças cardiovasculares, garantindo um futuro mais longo e com mais qualidade.
Um dos maiores enigmas da oncologia moderna é entender por que as imunoterapias não funcionam para todos os pacientes. Agora, um estudo, apresentado no Congresso de Oncologia de Berlim e publicado na revista Nature, indica um caminho inesperado: vacinas de mRNA contra a Covid-19 — como as da Pfizer/BioNTech e da Moderna — podem “acordar” tumores resistentes e torná-los mais sensíveis a tratamentos imunoterápicos.
Pesquisadores do MD Anderson Cancer Center e da Universidade da Flórida descobriram que essas vacinas provocam uma intensa resposta do tipo interferon, uma molécula-chave do sistema imunológico, que ajuda as células de defesa a reconhecer e atacar o câncer.
O efeito foi observado tanto em experimentos com animais quanto em grandes coortes de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC) e melanoma metastático.
Efeito real: sobrevida quase dobrada Os pesquisadores analisaram mais de 880 pacientes tratados entre 2015 e 2022. Aqueles que receberam uma vacina de mRNA contra a Covid até 100 dias antes ou depois do início da imunoterapia tiveram ganhos expressivos de sobrevida.
Em pacientes com câncer de pulmão avançado, a sobrevida mediana aumentou de 20,6 para 37,3 meses. A taxa de sobrevivência em três anos subiu de 30,8% para 55,7%. Em casos de melanoma metastático, o risco de morte caiu quase 60%. Esse benefício não foi visto em quem recebeu vacinas contra influenza ou pneumonia no mesmo intervalo, reforçando que o estímulo observado é específico da tecnologia de mRNA.
Segundo o oncologista Stephen Stefani, da Oncoclínicas e da Americas Health Foundation, o estudo traz uma evidência inédita de como as vacinas de mRNA podem modificar o microambiente tumoral, tornando as células cancerígenas mais “visíveis” ao sistema imunológico.
“Os autores foram extremamente cuidadosos. Eles conseguiram resgatar uma quantidade significativa de pacientes com câncer e avaliaram a exposição à vacina para Covid de plataformas de mRNA — que é justamente o que gerou tanta discussão durante a pandemia”, explica Stefani.
“Esses pacientes vacinados aumentavam a expressão de uma proteína chamada PD-L1 no tumor. O PD-L1 é como uma capa de invisibilidade: ele camufla a célula tumoral, impedindo que o sistema imune a reconheça. As drogas anti-PD-L1, como o pembrolizumabe, tiram essa capa. Então, quando há mais PD-L1, o alvo da imunoterapia fica mais claro e o tratamento se torna mais eficaz.” Em termos simples, a vacina “reprograma” o sistema imune para que ele volte a identificar o tumor. O mRNA — a molécula que ensina o corpo a produzir a proteína do coronavírus — provoca uma onda de interferon tipo I, que desperta células apresentadoras de antígenos (como macrófagos e dendríticas).
Elas passam a exibir fragmentos de proteínas tumorais aos linfócitos T, que então aprendem a atacar o câncer.
O estudo confirmou vários mecanismos pelos quais a vacina de mRNA aumenta a expressão de PD-L1, segundo Stefani.
“Isso precisa fazer parte das estratégias para driblar resistências intrínsecas ao tratamento. Já sabíamos da importância dos anti-PD-L1, mas agora sabemos que pacientes expostos à vacina têm respostas melhores a esse tipo de imunoterapia”, diz. Efeito de ‘reinicialização’ imune Nos experimentos com camundongos, o time americano reproduziu a fórmula da vacina da Pfizer e mostrou que ela ativa fortemente o interferon — um sinalizador que funciona como um “grito de alarme” para o sistema imune.
Essa resposta inflamatória controlada ativa uma cascata de células imunes e faz com que tumores antes “frios” (pouco infiltrados por linfócitos) se tornem “quentes”, respondendo melhor às drogas de bloqueio de pontos de checagem, como anti-PD-1 e anti-PD-L1.
Stefani resume o fenômeno:
“A imunoterapia expõe o tumor — ela tira o disfarce das células cancerígenas. Quando a vacina de mRNA aumenta o PD-L1, ela, na verdade, cria um alvo mais assertivo. É como se ajudasse o sistema imunológico a identificar melhor as células que precisam ser desmascaradas.” Mais PD-L1, mais resposta Nos humanos, os cientistas constataram o mesmo efeito. Em amostras de 2.300 biópsias de câncer de pulmão, pacientes vacinados nos 100 dias anteriores à coleta apresentaram 24% mais PD-L1 nos tumores — e foram 29% mais propensos a atingir o limiar que permite o uso de imunoterapia isolada, sem quimioterapia.
“O estudo também mostra que existe um momento ideal para vacinar”, reforça Stefani. “Quanto mais recente e robusta a imunidade, melhor a resposta ao tratamento oncológico subsequente.”
Implicações e próximos passos Os autores destacam que a descoberta não significa que vacinas da Covid-19 tratem o câncer, mas sim que a tecnologia de mRNA pode ser um potente modulador imune, útil para aumentar a eficácia da imunoterapia — especialmente em tumores que hoje não respondem bem.
“Esse trabalho abre uma nova avenida para a oncologia de precisão”, afirma Stefani. “Talvez, no futuro, protocolos combinem vacinas de mRNA não apenas contra o vírus, mas desenhadas para reprogramar o sistema imune em benefício do tratamento do câncer.”
Uma descoberta surpreendente está mudando a forma como cientistas veem as vacinas de mRNA. Pacientes com câncer de pele e de pulmão que receberam vacinas contra a COVID-19 apresentaram maior tempo de sobrevivência em comparação com aqueles que não foram imunizados, segundo um estudo publicado na revista Nature.
A análise de registros médicos de mais de mil pacientes indicou que as vacinas não atuaram apenas na proteção contra o vírus, mas também reforçaram a resposta imunológica de quem passava por tratamentos com inibidores de checkpoint, considerados medicamentos que estimulam o sistema de defesa do corpo a atacar células tumorais.
Efeito inesperado do mRNA Pesquisas complementares em animais mostraram que o mecanismo das vacinas provoca uma espécie de “alerta geral” no sistema imunológico, ampliando sua capacidade de agir contra o câncer. “A vacina de mRNA funciona como uma sirene que desperta o sistema de defesa, inclusive dentro do tumor”, explicou Adam Grippin, radio-oncologista do MD Anderson Cancer Center, nos Estados Unidos.
O levantamento revelou que pacientes com um tipo específico de câncer de pulmão viveram, em média, 37 meses após o início do tratamento, contra 21 meses entre os não vacinados. Já no caso de melanoma metastático, os imunizados sobreviveram tanto tempo que os cientistas não conseguiram calcular uma média, um resultado considerado excepcional.
O efeito positivo foi mais forte em pessoas cujos tumores não respondiam bem às terapias tradicionais. A vantagem, porém, parece depender do momento da vacinação: os que receberam a dose até 100 dias após o início do tratamento apresentaram os melhores resultados.
Grippin afirma que os dados, ainda preliminares, serão testados em ensaios clínicos com novos grupos de pacientes. “Tudo indica que vacinar antes ou logo após o início da terapia pode potencializar o efeito contra o câncer”, disse o pesquisador.
Embora o governo dos EUA tenha reduzido investimentos em pesquisas sobre mRNA, os cientistas defendem que os resultados abrem novas possibilidades terapêuticas.