A pandemia de Covid-19 pode ter ocasionado impactados significativos à saúde do cérebro das pessoas, mesmo daquelas que nunca foram infectadas pelo vírus, segundo um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.
A pesquisa indicou sinais de envelhecimento cerebral acelerado em indivíduos que viveram durante o período da pandemia, comparados a outros que foram analisados apenas antes desse evento global.
De acordo os autores, os efeitos foram mais marcantes em pessoas mais velhas, homens e indivíduos em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica. A análise, publicada na revista científica Nature Communications, utilizou exames de imagem e aprendizado de máquina para estimar a “idade cerebral”.
“O que mais me surpreendeu foi que até mesmo pessoas que não tiveram Covid mostraram aumentos significativos nas taxas de envelhecimento cerebral”, afirmou o pesquisador Ali-Reza Mohammadi-Nejad, líder do estudo. Para ele, os efeitos psicológicos e sociais do período podem ter desempenhado um papel importante nesse resultado.
Entre os participantes que testaram positivo para a Covid-19 entre os exames, foi observada queda em habilidades cognitivas, como flexibilidade mental e velocidade de processamento. Os autores reforçam que o envelhecimento cerebral identificado em quem não foi infectado não apresentou sintomas evidentes.
Ter acesso a um smartphone antes dos 13 anos pode ter efeitos duradouros e negativos sobre a saúde mental. Essa é a conclusão de um amplo estudo internacional que analisou dados de quase 2 milhões de pessoas, e que agora propõe políticas públicas para restringir o uso de celulares e redes sociais por crianças.
Revisada por pares e publicada na revista "Journal of Human Development and Capabilities", a pesquisa revela que jovens adultos que tiveram celular na infância têm mais sintomas como pensamentos suicidas, desregulação emocional e baixa autoestima — especialmente entre meninas. Os autores defendem políticas semelhantes às que regulam o consumo de álcool e tabaco.
A pesquisa, liderada por cientistas do laboratório internacional Sapien Labs, mostra que quanto mais cedo a criança teve acesso a um smartphone, piores são seus indicadores de saúde da mente (conceito ampliado que abrange fatores emocionais, cognitivos e sociais).
Entre jovens adultos que ganharam um celular aos 5 anos, os sinais de sofrimento psíquico grave — como pensamentos suicidas ou sensação de desconexão com a realidade — são quase o dobro dos que só passaram a usar o aparelho após os 13 anos.
A prevalência desses sintomas foi mais alta entre mulheres. Em meninas que tiveram celular aos 5 ou 6 anos, 48% relataram pensamentos suicidas, contra 28% daquelas que só começaram a usar o aparelho aos 13.
Como foi feito o estudo e quais são as limitações Os dados vêm do Global Mind Project, uma iniciativa que já coletou informações de quase 2 milhões de pessoas em 163 países, por meio de um questionário digital chamado MHQ (Mind Health Quotient).
O instrumento mede sintomas negativos e capacidades mentais positivas, resultando em um escore que vai de –100 (sofrimento intenso) a +200 (pleno bem-estar). A análise apresentada no estudo concentrou-se em jovens de 18 a 24 anos e relacionou a idade do primeiro celular às pontuações obtidas.
Embora o volume de dados e a diversidade cultural deem força às conclusões, os próprios autores ressaltam que se trata de um estudo correlacional, sem capacidade de comprovar relação de causa e efeito. Além disso, não há controle sobre o tempo de uso ou o conteúdo acessado na infância, o que limita a interpretação individual dos dados. Ainda assim, os pesquisadores defendem que a magnitude dos impactos observados justifica a adoção do princípio da precaução nas políticas públicas.
Redes sociais, sono e bullying: o que explica a piora O estudo mapeou os principais caminhos que levam à piora da saúde mental entre quem usou celular muito cedo. O fator mais relevante é o acesso precoce a redes sociais, que responde por até 70% da associação nos países de língua inglesa.
Outros elementos — como cyberbullying, más relações familiares e distúrbios do sono — também estão fortemente ligados ao uso precoce, sendo amplificados pelas redes.
Propostas: o que fazer para proteger as crianças? Diante dos achados, os pesquisadores propõem um conjunto de políticas públicas, como:
Proibição do uso de redes sociais por menores de 13 anos, com fiscalização efetiva; Educação obrigatória em letramento digital e saúde mental, antes do uso autônomo de redes; Responsabilização de empresas de tecnologia por violações etárias; Criação de aparelhos infantis com funções limitadas, como alternativa a smartphones convencionais.
Para os autores, restringir o acesso na infância não é apenas uma questão de escolha individual dos pais, mas uma necessidade de saúde pública.
Caminhar 7 mil passos por dia reduz significativamente os riscos de uma ampla variedade de problemas graves de saúde, de acordo com a maior revisão de evidências já realizada até o momento, divulgada nesta quinta-feira (24).
A meta mais promovida para as pessoas que monitoram o número de passos é 10.000, embora esse número tenha supostamente surgido em uma campanha de marketing da década de 1960 para um pedômetro japonês.
Em busca de meta que tivesse embasamento científico, uma equipe internacional de pesquisadores liderada por acadêmicos da Universidade de Sydney, na Austrália, analisou 57 estudos anteriores realizados em todo o mundo que abrangeram 160.000 pessoas.
Os resultados, publicados no jornal científico "Lancet Public Health", revelaram que caminhar 7.000 passos por dia reduziu em 47% o risco de morte precoce em praticamente todas as causas, em comparação com o total de 2.000 passos diários, sendo que o estudo ainda analisou problemas de saúde não abordados anteriormente por outras pesquisas sobre o tema.
A prática de caminhar 7.000 passos por dia foi associada a uma redução de 38% no risco de demência, 25% menos risco de doenças cardíacas, 22% menos risco de depressão e 14% menos de diabetes.
Embora o número de passos não influenciasse se uma pessoa tinha ou não câncer, as pessoas que caminhavam mais tiveram 37% menos probabilidade de morrer em razão da doença em comparação com as que andavam menos passos.
Embora a velocidade de cada pessoa varie bastante, 7.000 passos equivalem a aproximadamente uma hora de caminhada ao longo do dia.
"Mais é sempre melhor", diz cientista "Embora 10.000 passos por dia ainda possa ser uma meta viável para as pessoas mais ativas, 7.000 passos por dia estão associados a melhorias clinicamente significativas nos resultados de saúde e podem ser uma meta mais realista e alcançável para alguns", escreveram os autores no artigo publicado no Lancet Public Health.
"Você não precisa dar 10.000 passos por dia para obter grandes benefícios à saúde", disse Paddy Dempsey, coautor do estudo e pesquisador médico da Universidade de Cambridge. "Os maiores ganhos ocorrem antes dos 7.000 passos, e a partir de então os benefícios tendem a se estabilizar", explicou.
Dempsey enfatizou que as pessoas que já conseguem dar 10.000 passos ou mais devem continuar a fazê-lo. Mas, para as que podem achar 7.000 passos algo um tanto assustador, ele diz "não desanimem".
"Se você só dá de 2.000 a 3.000 passos por dia, tente adicionar mais 1.000 passos. Isso equivale a apenas 10 a 15 minutos de caminhada leve ao longo do dia", disse ele.
Andrew Scott, pesquisador da Universidade de Portsmouth, que não participou do estudo, disse que "isso demonstra que, no geral, mais é sempre melhor". "As pessoas não devem se concentrar muito nos números, principalmente nos dias em que a atividade é limitada", acrescentou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda pelo menos 150 minutos de atividade física moderada a intensa por semana. Segundo a entidade, quase um terço da população mundial não atinge essa meta.
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul, nos EUA, associaram o uso regular do fio dental a uma redução nos riscos de acidentes vasculares cerebrais (AVCs). A pesquisa, apresentada na International Stroke Conference 2025, em Los Angeles, acompanhou mais de 6 mil pessoas por 25 anos.
Foi observado que o uso do fio dental pelo menos uma vez por semana pode diminuir o risco de AVC isquêmico em 22% e de AVC cardioembólico em 44%.
Ligação entre saúde bucal e cardiovascular A conexão entre a saúde da boca e o sistema cardiovascular não é nova, mas este estudo amplia nossa compreensão. Bactérias bucais podem causar inflamações que afetam o coração e os vasos sanguíneos.
Estas bactérias podem entrar na corrente sanguínea, agravando condições cardíacas e aumentando o risco de complicações como coágulos sanguíneos. Proliferando na boca, elas não só afetam a saúde bucal, mas também têm impacto direto no risco cardiovascular.
Prática adequada do uso de fio dental Muitas pessoas não utilizam o fio dental corretamente. Para prevenir o acúmulo de placa bacteriana, que pode causar doenças gengivais e, consequentemente, problemas cardíacos, é essencial o uso diário e correto.
O uso do fio ou fita dental deve ser feito antes ou depois da escovação. Crianças também devem usá-lo, com a supervisão de um adulto. Confira como deve ser feito o uso:
1- Pegue um pedaço de 30 a 40 centímetros do fio e enrole em cada dedo do meio, deixando um pedaço livre entre eles;
2- Segure o fio entre o polegar e o indicador das mãos;
3- Para inserir ou retirar o fio de entre os dentes, faça movimentos de trás para frente;
4- Em frente ao espelho, passe o fio de cima para baixo entre os dentes. Depois, passe ao redor da base de cada dente, entrando no espaço entre o dente e a gengiva.
Impactos do estudo na saúde pública
Este estudo tem amplas implicações para a saúde pública. Integrar o uso do fio dental à rotina diária, além de uma dieta saudável e exercícios, surge como uma ferramenta prática na prevenção de doenças sérias.
A inclusão desse hábito nas políticas de saúde pública pode ajudar a prevenir complicações cardiovasculares, além de melhorar a saúde bucal de forma geral.
Embora este estudo forneça importantes insights, é apenas uma parte de um cenário mais amplo. Espera-se que futuros estudos continuem a investigar essa relação entre saúde bucal e cardiovascular.