A OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou na quinta-feira (21) que o vício em videogames poderá ser reconhecido como um transtorno mental a partir de 2018, ano em que será divulgada a próxima edição da CID (Classificação Internacional das Doenças).
Na lista de doenças, que ainda está sendo preparada, o vício em videogames deverá entrar na categoria "distúrbios devido a um comportamento dependente", o mesmo, por exemplo, de quem aposta de forma compulsiva.
"Os profissionais de saúde devem reconhecer que o vício em videogames pode ter sérias consequências para a saúde. Mesmo que a maioria das pessoas que joga videogame não tem esse problema, em algumas circunstâncias, o abuso pode levar a efeitos adversos", explicou o líder do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS, Vladimir Poznyak.
Se o vício em videogames entrar na próxima edição da CID, será a primeira vez que a OMS incluirá uma dependência "tecnológica" na lista de doenças.
Para verificar se a pessoa é uma viciada em videogames, os médicos deverão prestar atenção em alguns sintomas. Um deles, é quando o paciente dá prioridade aos videogames "até o ponto em que o jogo prevalece sobre os outros interesses da vida".
Segundo a OMS, se o transtorno for aceito na lista, o diagnóstico e o tratamento da "doença" poderá ser facilitado. Além disso, a publicação pode incentivar as agências de saúde a investigarem o tema.
O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (21) que vai colocar novas políticas em curso para melhorar a prevenção do suicídio no país. Segundo dados da pasta apresentados pela 1ª vez esse ano, o suicídio é a maior causa de morte de brasileiros entre 15 e 29 anos.
O governo pretende destinar R$ 2 milhões para serem divididos entre os cinco estados brasileiros com maiores taxas de suicídio. Assim, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Piauí e Roraima vão receber verbas. Não há detalhes sobre as novas políticas que serão colocadas em curso nesses estados.
Também a pasta irá destinar R$ 500 mil para o Centro de Valorização da Vida, instituição que atende por telefone (188), e-mail e chat pessoas em risco de tirar a própria vida. Em setembro, o Ministério da Saúde divulgou o primeiro boletim sobre suicídio no país. No Brasil, em média 11 mil pessoas tiram a própria vida por ano.
Também o país viu crescer o índice de suicídios nos últimos anos. Entre 2011 e 2015, o número cresceu 12%.
Mudanças na saúde mental
O Ministério da Saúde também anunciou oficialmente mudanças na saúde mental. Essas mudanças já haviam sido divulgadas há uma semana, quando foram aprovadas em comissão que reúne gestores municipais e estaduais.
A nova resolução do governo prevê ampliação das comunidades e residências terapêuticas, entidades que recebem pacientes psiquiátricos, mas não são consideradas hospitais. Também será ampliado o número de leitos em hospitais gerais destinados a pacientes psiquiátricos.
Algumas entidades, como o Conselho Federal de Psicologia, criticaram a medida no que acreditam ser uma volta da hospitalização para o centro da assistência psiquiátrica. Eles também criticam as chamadas comunidades terapêuticas, que já apresentaram violações de direitos humanos.
O Ministério da Saúde disse, no entanto, que a disponibilidade de leitos não será feita em hospitais psiquiátricos, mas em hospitais gerais que atendem emergências. Os pacientes também ficarão nessas instituições por um período limitado de tempo.
Sobre as comunidades terapêuticas, o Ministério da Saúde disse que atuará em conjunto com o Ministério da Justiça para garantir a fiscalização dessas instituições.
Mais da metade (64%) dos adultos brasileiros não está com a vacinação em dia, é o que revela uma pesquisa internacional conduzida pelo instituto Ipsos MORI. Entre esses, quase dois terços (63%) disse não saber quais vacinas estão disponíveis para sua faixa etária. Os dados revelaram ainda que quase metade (46%) afirmou que nunca recebeu uma recomendação de vacinação na vida adulta por parte de profissionais de saúde, como médicos ou enfermeiros.
Os pesquisadores também questionaram os profissionais de saúde sobre vacinação em adultos, e a justificativa de alguns dos participantes para o dado acima é que eles não se sentem confortáveis em discutir o tema com seus pacientes, pois não receberam treinamento suficiente sobre o assunto. A pesquisa, encomendada pela farmacêutica GSK, revela também que 25% dos participantes acham que a vacinação se torna menos importante na vida adulta e, pior ainda, 8% acreditam que a medida só é recomendada para crianças ou bebês.
Vacina não é coisa de criança
“Os adultos, principalmente os que não têm filhos, sabem pouco sobre vacinas. A pesquisa mostrou exatamente isso, que a maioria dos adultos não sabe quais vacinas deve tomar porque a vacinação ainda está muito ligada à pediatria, às crianças. O fato da maioria dos calendários e campanhas de vacinação focarem nessa faixa etária corrobora para essa ideia errada”, explica Bárbara Furtado, gerente médica de vacinas da GSK no Brasil.
Entre os que se vacinaram nos últimos 5 anos, a imunização contra a gripe foi a mais tomada, sendo mencionada por 58% das pessoas, seguida pela febre amarela (41%) e hepatite B (27%). Já outras doenças, como sarampo, caxumba e rubéola (10%), meningite C (7%), meningite B (7%) e meningite ACWY (6%) receberam uma adesão bem menor.
“Há uma ideia errônea de que algumas doenças só dão em crianças, mas todas as doenças da infância podem acometer adultos suscetíveis, se eles nunca tiveram contato com a doença nem tomaram a vacina. Além disso, algumas podem ser até mais graves na vida adulta devido a uma resposta mais exacerbada do sistema imunológico nessa idade, em comparação com a infância”, afirma a médica.
Embora a maioria (89%) dos adultos acredite que a medida seja uma forma efetiva de prevenir doenças graves, a prioridade é dada a outro hábitos saudáveis como não fumar (81%) e se alimentar bem (78%), em detrimento de se manter em dia com as vacinas (63%). Além disso, uma pequena porcentagem das pessoas (15%) considera que as vacinas são necessárias somente para fins de viagem — para entrar em alguns países é necessário mostrar o comprovante de vacinas específicas, como a febre amarela.
Preço
Para a médica, um dos grandes empecilhos para a vacinação adulta, além da falta de conhecimento sobre as imunizações disponíveis, é o preço. “O Programa Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde é muito importante e robusto, mas em termos de saúde pública, é focado em crianças e idosos, que correm maior risco de complicação devido às doenças. Os adultos saudáveis têm pouco acesso à vacina e têm que buscar assistência no sistema privado, o que dificulta o acesso”, diz Bárbara.
Para driblar esse obstáculo, a especialista recomenda procurar um profissional de saúde e discutir com ele quais vacinas são mais recomendadas para cada caso, senão for possível tomar todas as indicadas. Para conhecer o calendário de vacinação adulto, basta acessar o site da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), que disponibiliza um cronograma para cada faixa etária, inclusive adultos.
A pesquisa
A pesquisa, chamada de Vaccinate, entrevistou 6.002 homens e mulheres com mais de 18 anos, residentes em cinco países: Brasil, Estados Unidos, Itália, Índia e Alemanha. No Brasil, a amostra de 1.000 entrevistados contou com participantes de todas as regiões do país.
O governo dos EUA decidiu suspender uma regra em vigor havia três anos que proibia experimentos em laboratório com vírus mortais.
O argumento é que os benefícios potenciais superam os riscos. Pesquisadores poderão, assim, manipular vírus como influenza, Sars (causador da síndrome respiratória aguda grave, que atingiu a Ásia) e Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio).
A proibição a esse tipo de experimento havia sido imposta após violações de segurança em instituições federais americanas em testes envolvendo o antraz (doença causada por uma bactéria) e a gripe aviária.
Agora, um comitê científico terá que revisar e dar o sinal verde para cada projeto de pesquisa.
Só será permitido iniciar os experimentos se o comitê determinar que não há outra forma mais segura de conduzir a pesquisa e que os potenciais benefícios justificam o correr o perigo.
Prós e contras
Os mais críticos dizem que a decisão não elimina os riscos de uma pandemia acidental. Do outro lado, os que apoiam a medida argumentam que muitos Estados dos EUA não estão preparados para um surto de um vírus mortal, e que as pesquisas podem ajudar na prevenção.
"Acredito que a natureza é bioterrorista, e nós precisamos fazer de tudo para estar um passo adiante", afirma Samuel Stanley, presidente do Conselho Nacional de Ciência para Biossegurança, que estabeleceu diretrizes para as novas regras.
"Pesquisas básicas com esses agentes feita por laboratórios já mostraram que é possível fazer isso com segurança."
O veto havia sido imposto em 2014, depois de lapsos de segurança terem sido identificados.
Em junho daquele ano, por exemplo, 75 funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) receberam tratamentos por causa da suspeita de terem sido expostos a bactérias de antraz.
No mês seguinte, frascos do vírus da varíola foram encontrados em uma caixa de papelão em um centro de pesquisa em Washington.
Há ainda a preocupação de que a pesquisa com patógenos transmissíveis, como vírus, fungos e protozoários, possa ser usada para a criação de vírus mutantes.
O Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos EUA diz que, com a introdução de novas diretrizes, chegou o momento de suspender a proibição do financiamento dessas pesquisas.
O que dizem as regras
Para conduzir pesquisas com vírus mortais, é preciso demonstrar que o estudo é "eticamente justificável".
Laboratórios e instituições interessadas devem também demonstrar capacidade e compromisso de conduzir os experimentos com segurança e de responder de forma rápida a qualquer acidente, de forma a mitigar potenciais riscos.
Segundo Francis Collins, diretor do NIH (sigla em inglês do Instituto Nacional de Saúde), o objetivo é implementar "um rigoroso processo, para termos a segurança de que estamos fazendo (as pesquisas) da forma correta".
A decisão de acabar com o veto agradou vários cientistas. Para eles, as iniciativas federais e estaduais para reagir a uma possível pandemia tinham piorado - entre as principais razões, dizem, estariam os cortes no financiamento.
No entanto, há quem discorde.
Marc Lipsitch, epidemiologista da Universidade Harvard, disse à publicação científica Nature que esse tipo de experimento "não fez quase nada no sentido de melhorar a nossa preparação para pandemias, mas cria o risco de uma pandemia acidental".
Ele saudou, porém, o nível extra de controle agora necessário para os casos a serem autorizados.