Pesquisa publicada nesta quarta-feira (4) na "Science Translational Medicine" mostrou que as alterações associadas ao zika devem persistir por anos. Ainda, em experimentos em macacos, pesquisadores identificaram que as anomalias no cérebro foram consistentes com mudanças de comportamento.
Por esses achados, a recomendação de especialistas associados ao estudo é que crianças com anomalias provocadas pelo vírus da zika devem ser acompanhadas a longo prazo.
O estudo norte-americano comprovou o que já se percebe com muitas das crianças brasileiras -- por aqui, elas são acompanhadas por equipes multidisciplinares: neurologistas, pediatras, fisioterapeutas, cardiologistas, oftalmologistas, entre outros.
O experimento foi realizado no Centro de Infecções em Crianças Emory, uma fundação localizada em Atlanta, nos Estados Unidos. Cientistas demonstraram que seis macacos infectados com zika durante seu desenvolvimento fetal tiveram anomalias similares a infecções por citomegalovírus e HIV.
"As alterações neurológicas e comportamentais encontradas em macacos persistiram meses depois que o vírus saiu da corrente sanguínea", disse Ann Chahroudi, principal autora do estudo, em nota.
"Por isso, recomendamos mais do que o simples monitoramento de crianças", completa.
Em exames de imagem, cientistas verificaram que os macacos tinham alterações cerebrais consistentes com as mudanças de comportamento observadas.
Além de anomalias persistentes, eles observaram outras regiões cerebrais alteradas indiretamente pela inflamação deflagrada pelo vírus.
Muitos estudos brasileiros já observaram a persistência das anomalias em crianças. Os testes com o zika vírus em macacos, no entanto, vão permitir que as anomalias sejam acompanhadas mais de perto e que tratamentos sejam testados ao longo do tempo.
"Temos esperança de que nosso futuro nosso estudo possa limitar o efeito do vírus da zika no cérebro em desenvolvimento", concluiu Chahroudi.
G1
Foto: Royal Swedish Academy of Sciences