Dezenas de mulheres colombianas infectadas pelo vírus da zika durante a gestação deram à luz bebês aparentemente normais, mas que nos primeiros 18 meses de vida apresentaram atraso no desenvolvimento neurológico.
As informações fazem parte de um estudo de pesquisadores dos Estados Unidos, publicado nesta segunda-feira (6) no Jornal de Pediatria da Associação Médica Americana.
Segundo o relatório, embora as mães tivessem a infecção pelo zika confirmada, 77 dos 88 bebês nasceram sem sinais da síndrome congênita, que inclui anormalidades cerebrais graves e problemas oculares (veja infográfico abaixo). Os casos ocorreram entre agosto de 2016 e novembro de 2017.
"Esses bebês não tinham evidências de déficits de zika ou microcefalia no nascimento. Os déficits no desenvolvimento neurológico, incluindo declínios na mobilidade e cognição social, surgiram no primeiro ano de vida, mesmo quando a circunferência da cabeça permaneceu normal", afirmou a médica neurologista fetal e neonatal Sarah B. Mulkey, do Hospital Nacional da Criança, em Washington D.C., coordenadora do estudo.
A pesquisa serve de alerta para os falsos negativos de síndrome congênita do zika em recém-nascidos, ressaltando a importância de um acompanhamento de neurodesenvolvimento de longo prazo.
"Normalmente, o neurodesenvolvimento em bebês e crianças pequenas continua por anos, construindo uma robusta rede neural que eles mais tarde usam para desempenhar funções neurológicas e cognitivas complexas conforme as crianças entram na escola", observa a médica.
"Nossas descobertas ressaltam as recomendações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças [dos EUA] de que todos os bebês expostos ao zika no útero passem por acompanhamento a longo prazo, oferecendo uma oportunidade para intervir mais cedo", conclui.
A hipersensibilidade dentinária (HD) é uma queixa frequente nos consultórios odontológicos e é definida como dor aguda e de curta duração em resposta a algum estímulo que não pode ser atribuída a outra patologia.
A HD impacta negativamente na qualidade de vida e prejudica o desempenho de atividades cotidianas, como falar, comer, beber e escovar os dentes e também nas emoções, interação social e autopercepção dos indivíduos afetados. Algumas pessoas apresentam HD com maior frequência, dentre elas as que apresentam hipomineralização molar-incisivo. A hipomineralização molar-incisivo (MIH) é um defeito do esmalte dentário que afeta primeiros molares permanentes e também pode afetar incisivos permanentes.
Os dentes acometidos por esse defeito apresentam manchas delimitadas com a coloração branca, amarela ou marrom. De acordo com estudos realizados pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Piauí, cerca de 1 a cada 6 crianças apresenta MIH (Prevalência de 18,4%) e 3 em cada 10 pacientes com MIH sofrem com a hipersensibilidade dentinária (HD). Dentes com MIH apresentam HD com maior frequência e isso ocorre porque o esmalte dos dentes com MIH é menos mineralizado e mais poroso, características que o tornam hipersensível.
A eficácia da escovação dentária diminui com o aumento da HD, portanto indivíduos com HD apresentam maior risco de desenvolvimento de cárie dentária e outras patologias.
É importante investigar a HD em dentes com MIH porque o tratamento desses dentes visa proporcionar uma higiene bucal adequada e melhorar a saúde bucal dos indivíduos afetados. A seleção do tratamento dependerá da severidade da HD e do número de dentes envolvidos. Em todos os casos, são recomendadas reavaliações regulares.
É importante que a MIH e a HD sejam diagnosticadas precocemente, visando a prevenção e a minimização dos danos. Para esses pacientes recomenda-se cuidado redobrado com a higiene bucal e as visitas ao dentista devem ser mais frequentes.
Foi prorrogado em dez dias o prazo para os interessados enviarem ao Ministério da Saúde sugestões para a distribuição gratuita, pela rede pública, do remédio riociguate, para hipertensão pulmonar tromboembólica (HPTEC). Prevista inicialmente para terminar hoje (6), a consulta pública agora vai até o dia 17 de janeiro. As contribuições podem ser encaminhadas por formulário disponível na internet.
Segundo o fabricante, a indústria farmacêutica Bayer, o medicamento é indicado para o tratamento de hipertensão pulmonar tromboembólica crônica em casos não cirúrgicos ou persistentes/recorrentes. O medicamento pode ser encontrado em farmácias por um valor médio de R$ 9 mil por caixa com 42 comprimidos.
Em fevereiro de 2018, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendou que o riociguate não fosse incluído na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). Responsável por assessorar o Ministério da Saúde nas decisões relativas à incorporação, exclusão ou alteração de tecnologias em saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a comissão apontou que, devido a “incertezas importantes nas evidências apresentadas em relação à eficácia em longo prazo” e a “fragilidades dos estudos econômicos”, “o conjunto de evidências apresentado [pela Bayer] não demonstrou que o riociguate seria custo-efetivo para incorporação no sistema de saúde do Brasil”.
A partir da proposta da própria fabricante, a Conitec estima que, em cinco anos, a incorporação do riociguate, se aprovada, custará R$ 2,6 bilhões aos cofres públicos. “Tal valor é ainda considerado alto comparado às demais tecnologias avaliadas pela Conitec”, aponta a comissão. O grupo técnico admite que no SUS, apesar de haver protocolo clínico para o tratamento da hipertensão pulmonar do grupo 1, a chamada Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), não há tratamento medicamentoso específico para a hipertensão pulmonar tromboembólica crônica.
Ao divulgar a consulta pública que se encerra hoje, o Ministério da Saúde, diz que, apesar de dados clínicos indicarem que o uso do medicamento é capaz de proporcionar uma melhora na qualidade de vida dos pacientes, “os estudos trazem evidências de que essa opção terapêutica não aumenta a sobrevida” dos mesmos. “Além disso, não são conhecidos dados sobre os resultados do medicamento a longo prazo”, frisa o ministério.
Apesar da recomendação preliminar da Conitec e da ressalva do próprio ministério, o assunto foi colocado em consulta pública conforme determina a legislação. A consulta aos interessados é uma das etapas do processo de incorporação ou não de um novo tratamento na rede pública de saúde. Todas as sugestões, depoimentos ou recomendações apresentadas por especialistas e demais interessados são analisadas pela comissão, a quem compete organizar as contribuições e anexá-las ao seu relatório final sobre o assunto, que é então encaminhado ao Ministério da Saúde, a quem cabe a palavra final.
A recomendação da Conitec pela não-inclusão do riociguate à lista de remédios distribuídos gratuitamente pelo SUS motivou a Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas (Abraf) a, já em dezembro de 2018, recorrer da manifestação. Além disso, a divulgação do relatório da Conitec por ocasião da abertura da consulta pública, em 16 de dezembro de 2019, foi alvo de críticas de pacientes e parentes de pessoas com hipertensão pulmonar. Apontando a inconveniência de realização da consulta durante o período de festas de fim de ano, eles solicitaram a prorrogação do prazo final para envio das contribuições.
Obstrução de artérias
A hipertensão pulmonar tromboembólica crônica é causada pela obstrução das artérias por coágulos sanguíneos. Segundo o Ministério da Saúde, isto aumenta a resistência e dificulta a circulação sanguínea, provocando aumento da pressão nas artérias que levam o sangue do coração para os pulmões. Consequentemente, o coração tem que fazer um esforço maior para vencer essa resistência, o que a longo prazo pode levar à falência do órgão.
O tratamento não medicamentoso adotado no SUS é a cirurgia de remoção do trombo. Já o medicamentoso é usado para os casos em que a cirurgia não pode ser realizada ou para aqueles em que há persistência da doença mesmo após o procedimento cirúrgico. A partir dos estudos apresentados pela Bayer, o Ministério da Saúde concluiu que o riociguate é capaz de promover a dilatação dos vasos sanguíneos, diminuindo a hipertensão pulmonar, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Há muitos anos, os médicos recomendam uma dose diária de aspirina para prevenir doenças cardiovasculares e agora os pesquisadores dizem que o mesmo tratamento pode frear o crescimento de tumores cancerígenos, de acordo com um artigo publicado nesta segunda-feira (6) pela revista acadêmica Carcinogenesis.
A aspirina, ou AAS (ácido acetilsalicílico), é um dos medicamentos mais utilizados em todo o mundo e tem sido utilizado há décadas para tratar dor, febre e inflamação.
Nos Estados Unidos, uma dose baixa de aspirina é recomendada diariamente para pessoas acima de 50 anos, com risco superior a 10% de contrair doenças cardiovasculares.
"Alguns acreditam que a aspirina é um 'medicamento milagroso' devido ao seu potencial para a prevenção de doenças resultantes de inflamação crônica, como câncer, alzheimer, parkinson e artrite", disse Ajay Goel, principal autor do estudo e reitor da Departamento de Diagnóstico Molecular, Terapêutica e Oncologia Translacional no centro particular de pesquisa clínica City of Hope, na Califórnia.
"A razão pela qual a aspirina não é usada atualmente para prevenir essas doenças é porque a ingestão de qualquer anti-inflamatório corrói a camada mucosa do estômago e causa problemas gastrointestinais", explicou Goel.
Ele afirmou que está próximo de saber qual é a dose exata diária para o tratamento e prevenção do câncer.
"Estamos mais próximos de descobrir a quantidade exata de aspirina diária necessária para o tratamento e prevenção do câncer colorretal sem causar efeitos colaterais prejudiciais".
Goel e seus colegas testaram três doses diárias diferentes de aspirina em quatro linhas de células de câncer de cólon e retal, incluindo tumores com instabilidade e mutações no gene PIK3CA, que tem sido associado a um risco aumentado de câncer endometrial, cólon e de mama.
Em seguida, os pesquisadores separaram 432 ratos em quatro grupos: um controle, outro com uma dose de aspirina de 15 mg por kg de peso; outro com uma dose de 50 mg/kg; e mais um com uma dose de 100 mg/kg.
Para uma pessoa, estas doses são equivalentes a 100 mg, 300 mg e 600 mg de aspirina diariamente.
Os cientistas analisaram os tumores de três ratos em cada grupo de tratamento no terceiro, quinto, sétimo, nono e 11º dias do estudo.
Quando consideraram a apoptose celular — a mortalidade celular esperada e causada naturalmente pelo mesmo organismo —, descobriram que a porcentagem de células mortas havia aumentado em todas as linhas celulares, e que a quantidade dependia da quantidade de aspirina consumida.
Isto, de acordo com o artigo, sugere que a aspirina inicia um feito dominó da morte celular em todas as linhas celulares colorretais, independente do fundo genético.
O próximo passo nesta pesquisa é determinar a dose de aspirina que pode ser usada diariamente para prevenir a doença sem causar efeitos como hemorragias estomacais e cerebrais.