A estimativa é que até 2050, os diagnósticos de demência vão triplicar no mundo. Esse cenário pode parecer assustador, porém, cientistas apontam que é possível prevenir essa condição.
Uma série de hábitos saudáveis ao longo da vida podem proteger o cérebro e reduzir as chances de desenvolver a doença.
Quais são os momentos-chave para prevenção? Segundo pesquisadores, algumas fases da vida são especialmente essenciais para adotar hábitos que previnem o desenvolvimento de demência, como a infância, a adolescência e a fase adulta.
É nessas etapas que adotar comportamentos saudáveis é mais crucial. A seguir, entenda quais são esses comportamentos.
1) Estudar e estimular a atividade cognitiva é essencial A manutenção de atividades cognitivas a partir dos 45 anos e a continuação da educação até o final da adolescência são fundamentais para garantir um melhor funcionamento cerebral na velhice.
2) Controle da pressão arterial Estudos indicam que a hipertensão está ligada a um maior risco de desenvolvimento de demência na terceira idade. Por isso, é fundamental manter a pressão arterial sob controle.
3) Prevenir lesões cerebrais Evitar lesões cerebrais é um dos passos para prevenir a demência. O uso de capacete em determinadas atividades esportivas, por exemplo, é uma medida eficaz de proteção.
4) Cuidados com a audição Acredita-se que há um aumento no risco de demência para cada 10 decibéis de comprometimento auditivo. Portanto, é essencial proteger a audição, evitando ambientes muito barulhentos e controlando o volume do fone de ouvido.
5) Evitar o diabetes Ter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios regulares e manter um peso adequado são algumas das principais formas de evitar o diabetes, condição que está entre os fatores de risco para a demência.
6) Prática de exercícios físicos Os exercícios físicos são benéficos para a saúde do cérebro. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda pelo menos 150 a 300 minutos de atividade aeróbica por semana.
Lembrando que essas são apenas algumas das principais ações para proteger o cérebro da demência. Outras atitudes podem incluir parar de fumar, ter uma vida social e evitar o consumo exagerado de álcool.
O importante é manter um estilo de vida saudável para garantir um futuro saudável e com qualidade.
Uma pesquisa inovadora, publicada na revista científica Cells, apresenta um novo método para combater o câncer, incluindo casos metastáticos e terminais. A técnica, baseada em engenharia genética, modifica as células tumorais para que o sistema imunológico consiga identificá-las e eliminá-las com mais eficiência. Os testes mostraram resultados positivos tanto em experimentos com animais quanto em pacientes humanos.
Uma estratégia inspirada em xenotransplantes O ponto de partida para essa abordagem veio de estudos sobre xenotransplantes, que envolvem a utilização de órgãos de porcos em humanos. Uma das principais dificuldades desses procedimentos é a forte resposta imunológica do organismo contra os tecidos transplantados, que são rapidamente atacados e rejeitados pelo corpo.
A partir dessa observação, os cientistas desenvolveram um vírus modificado capaz de induzir as células cancerígenas a produzir açúcares específicos encontrados em células de porcos. Esse processo faz com que o sistema imunológico reconheça os tumores como corpos estranhos e os ataque com mais intensidade.
Superando o desafio do reconhecimento imunológico Uma das principais dificuldades no tratamento do câncer é que as células tumorais se originam do próprio organismo, dificultando sua identificação pelo sistema imunológico. Com a modificação genética proposta nesse estudo, essa barreira é superada, pois as células cancerosas passam a apresentar características que as diferenciam das saudáveis. Assim, o corpo passa a reagir de forma mais agressiva contra elas, aumentando as chances de eliminação do tumor.
Resultados promissores em macacos e humanos Os primeiros testes foram realizados em macacos Fascicularis, uma espécie cuja fisiologia é bastante semelhante à humana. Os animais foram induzidos ao câncer de fígado e divididos em dois grupos: um recebeu o vírus modificado, enquanto o outro recebeu um placebo. O grupo controle sobreviveu, em média, por quatro meses, enquanto todos os macacos tratados com a nova terapia viveram por mais de seis meses.
🔑 Quer acesso exclusivo a conteúdos relevantes? Entre no canal da Catraca Livre no WhatsApp! 💬 Na fase de testes clínicos com humanos, 23 pacientes com câncer avançado e resistente a tratamentos convencionais participaram do estudo. Entre os tipos de câncer incluídos estavam fígado, pulmão, mama e ovário. Após três anos de acompanhamento, os resultados foram animadores:
1 paciente teve remissão completa; 8 apresentaram redução significativa dos tumores; 12 mantiveram a doença estável, sem progressão; Apenas 2 não responderam ao tratamento. Próximos desafios e perspectivas Apesar dos avanços significativos, os pesquisadores alertam que a técnica ainda precisa ser aperfeiçoada antes de sua aplicação em larga escala. Um dos principais desafios é evitar reações imunológicas excessivas, que poderiam levar o organismo a atacar tecidos saudáveis.
O virologista Masmudur Rahman, da Universidade do Arizona, destacou a importância de mais estudos: “Os resultados são encorajadores, mas precisamos compreender melhor quais pacientes se beneficiarão mais dessa abordagem e garantir sua segurança a longo prazo”.
A equipe liderada por Yongxiang Zhao já planeja avançar para as fases 2 e 3 dos testes clínicos, envolvendo um número maior de pacientes. O objetivo é confirmar a eficácia e segurança do tratamento em diferentes tipos de câncer, abrindo novas possibilidades para o combate à doença.
Cânceres silenciosos: a importância do diagnóstico precoce Alguns tipos de câncer, como de ovário, fígado, pâncreas e rim, podem se desenvolver de forma silenciosa, alerta a Catraca Livre. Sintomas inespecíficos dificultam a detecção precoce, o que reforça a necessidade de exames regulares e atenção a sinais como perda de peso, cansaço extremo e alterações digestivas. O diagnóstico precoce é importante para aumentar as chances de tratamento.
Um novo estudo revelou que um composto natural pode interromper um processo essencial na progressão de certos tipos de câncer e doenças desmielinizantes, como a esclerose múltipla (EM). A pesquisa, publicada no Journal of Biological Chemistry, identificou a sulfuretina, um flavonoide derivado de plantas, como um potente inibidor de uma enzima relacionada a essas condições.
Como a sulfuretina atua no organismo Cientistas da Oregon Health & Science University testaram a sulfuretina em modelos celulares e descobriram que o composto bloqueia a atividade da hialuronidase, uma enzima que degrada o ácido hialurônico. Isso é importante porque quando o ácido hialurônico é quebrado em fragmentos, sabe-se que ele causa problemas de pelo menos duas maneiras:
Prejuízo na regeneração da mielina: a degradação do ácido hialurônico impede a maturação dos oligodendrócitos, células responsáveis pela produção de mielina, prejudicando a proteção dos neurônios. Favorecimento do crescimento tumoral: a hialuronidase pode estimular a proliferação descontrolada de células cancerosas, contribuindo para a progressão da doença. Segundo os autores do estudo, essa descoberta abre caminho para uma possível terapia capaz de atuar simultaneamente no tratamento de doenças neurodegenerativas e câncer.
Implicações para várias doenças A pesquisa foca na inibição de um tipo específico de hialuronidase chamado CEMIP (proteína indutora de migração celular e de ligação ao hialuronano). O CEMIP está associado não apenas à EM e ao câncer, mas também a outras doenças, como:
Osteoartrite Infecções cutâneas Dano cerebral induzido pelo álcool Doença de Alzheimer A descoberta da sulfuretina como inibidor da hialuronidase sugere que ela pode ter um amplo potencial terapêutico para diversas condições de saúde.
Um avanço na pesquisa de compostos naturais A sulfuretina foi identificada após anos de estudo conduzidos por estudantes de graduação sob a orientação da cientista Angela Hoffman, professora aposentada da Universidade de Portland. Os alunos analisaram diversas plantas até descobrirem um composto eficaz na inibição da hialuronidase.
Hoffman ressaltou a importância desse achado: “Essa descoberta pode ser útil para Alzheimer ou outras condições neurodegenerativas. Enquanto o problema estiver relacionado ao ácido hialurônico sendo degradado, essa solução pode ajudar muitas pessoas.”
O futuro da pesquisa A próxima etapa do estudo é testar a sulfuretina em modelos animais para avaliar sua eficácia e possíveis efeitos colaterais. Se os resultados forem positivos, o composto pode se tornar a base para novos tratamentos direcionados ao câncer e doenças neurodegenerativas.
Com os avanços na pesquisa de compostos naturais, a medicina pode estar mais perto de desenvolver terapias inovadoras baseadas em substâncias vegetais, abrindo novas perspectivas para pacientes ao redor do mundo.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou recentemente a primeira insulina semanal do mundo, a Awiqli, desenvolvida pela farmacêutica Novo Nordisk.
O medicamento, que utiliza a molécula icodeca, promete reduzir a necessidade de aplicações diárias de insulina, oferecendo uma alternativa para pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2.
No entanto, apesar do potencial inovador, a chegada dessa nova opção ao mercado brasileiro ainda enfrenta incertezas, e questões sobre custo, acesso e eficácia a longo prazo permanecem em aberto.
A aprovação foi baseada em resultados do programa de ensaios clínicos Onwards, que demonstrou que a insulina semanal é capaz de manter o controle glicêmico comparável ao das insulinas basais diárias.
No entanto, especialistas alertam que, embora a novidade traga benefícios em termos de praticidade, é importante analisar com cautela os impactos reais desse tratamento no dia a dia dos pacientes.
O que a insulina semanal oferece? A Awiqli é uma insulina basal de ação prolongada, projetada para manter os níveis de glicose estáveis ao longo de uma semana com apenas uma aplicação.
Para pacientes que dependem de injeções diárias, a redução no número de aplicações pode significar uma melhora na qualidade de vida, com menos interrupções na rotina e menor desconforto relacionado às injeções frequentes.
Os estudos clínicos mostraram que a icodeca é eficaz em diferentes perfis de pacientes, incluindo aqueles com disfunção renal, e não apresentou aumento significativo de eventos adversos graves, como hipoglicemia.
No entanto, é importante ressaltar que a segurança e a eficácia foram avaliadas em um contexto controlado, e os resultados podem variar na prática clínica do dia a dia.
Desafios e incógnitas Apesar dos benefícios aparentes, a insulina semanal não chega ao mercado sem desafios. Um dos principais pontos de preocupação é o custo.
Insulinas inovadoras tendem a ser mais caras que as opções tradicionais, e não há garantias de que a Awiqli será acessível para a maioria dos pacientes no Brasil, onde o acesso a medicamentos de alto custo já é um problema crônico.
Além disso, a falta de uma data prevista para o lançamento no país deixa muitas dúvidas sobre quando e como a medicação estará disponível.
A Novo Nordisk reforça que o tratamento deve ser sempre prescrito e acompanhado por um médico, mas a infraestrutura do sistema de saúde brasileiro pode não estar preparada para uma rápida incorporação dessa nova tecnologia.
Outro ponto a ser considerado é a adaptação dos pacientes à nova rotina de aplicações. Embora a redução no número de injeções seja vantajosa, a transição de um tratamento diário para um semanal pode exigir ajustes no manejo da doença, incluindo monitoramento mais frequente da glicemia e possíveis mudanças na dosagem.
Aprovações internacionais e contexto global A insulina semanal já foi aprovada em países como Alemanha, Japão, Canadá e Austrália, além de ter recebido o aval da Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
Nos Estados Unidos, o pedido de aprovação ainda está em análise pelo FDA (Food and Drugs Administration). Essas aprovações reforçam o potencial da medicação, mas também destacam a necessidade de cautela, já que cada país tem suas particularidades em termos de regulamentação e acesso a medicamentos.
Na China, por exemplo, a icodeca foi aprovada apenas para o tratamento de diabetes tipo 2, o que sugere que seu uso pode ser mais restrito em determinados contextos.
No Brasil, onde o diabetes afeta mais de 16 milhões de pessoas, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a incorporação de uma nova insulina deve ser acompanhada de políticas públicas que garantam o acesso equitativo.
Praticidade versus realidade A ideia de uma insulina semanal é, sem dúvida, atraente. Reduzir o número de aplicações pode melhorar a adesão ao tratamento, especialmente entre pacientes que têm dificuldade em seguir rotinas rigorosas.
No entanto, é importante lembrar que o controle do diabetes vai além da medicação. Uma alimentação balanceada, a prática regular de exercícios físicos e o acompanhamento médico continuam sendo pilares fundamentais para o manejo eficaz da doença.
Além disso, a Awiqli não é uma solução mágica. Pacientes e profissionais de saúde devem estar cientes de que a transição para uma insulina de ação prolongada pode exigir ajustes e monitoramento cuidadoso. A eficácia a longo prazo e os possíveis efeitos colaterais ainda precisam ser melhor compreendidos na prática clínica.
A aprovação da insulina semanal no Brasil é, sem dúvida, um avanço importante no tratamento do diabetes. No entanto, é preciso encarar a novidade com cautela e realismo. Enquanto a praticidade de uma aplicação semanal é um benefício claro, questões como custo, acesso e adaptação dos pacientes ainda precisam ser resolvidas.
A chegada da Awiqli ao mercado brasileiro pode demorar, e sua incorporação ao sistema de saúde não será simples.
Enquanto isso, pacientes e profissionais de saúde devem continuar focando nas estratégias já consolidadas para o controle do diabetes, sempre com o acompanhamento médico adequado. A ciência avança, mas os desafios permanecem.