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mascaravalvulaPessoas que usam máscaras com válvulas podem estar mais protegidas de contraírem o coronavírus, mas se já estiverem infectadas, vão espalhá-lo com mais facilidade no ar.

É o que mostra um estudo feito por cientistas do Instituto Nacional de padrões e Tecnologia dos Estados Unidos, publicado nesta terça-feira (10) na revista científica Physics of Fluids.

Em vídeos, os pesquisadores compararam a saída do fluxo de ar através de máscaras com e sem filtro.

"Esses vídeos mostram como as válvulas permitem que o ar saia da máscara sem filtrá-lo, o que vai contra o propósito da máscara", observa Matthew Staymates, engenheiro de pesquisa do instituto.

As válvulas fazem com que a pessoa que utiliza a máscara respire com mais facilidade. Esse tipo de proteção é utilizado normalmente por quem precisa se proteger em ambientes com poeira ou em hospitais infectados.

Entretanto, no caso da covid-19, não é necessário apenas evitar que você se contamine, mas também que não transmita o vírus para outras pessoas se eventualmente estiver infectado.

"Não uso máscara para me proteger, uso para proteger meu vizinho, porque posso ser assintomático e espalhar o vírus sem saber. Se estou usando uma máscara com uma válvula, não estou ajudando", acrescenta o pesquisador.

O vídeo abaixo mostra como o ar é expelido com o uso de uma máscara com válvula, sem válvula e sem máscara.
Outro vídeo do estudo mostra a dinâmica do fluxo de ar ao usar uma máscara N95 com uma válvula expiratória (à esquerda) e sem uma válvula expiratória.

A válvula é projetada para permitir que o ar escape sem ser filtrado. Máscaras com válvulas não retardam a propagação do coronavírus e não devem ser usadas para esse fim, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doença (CDC) dos Estados Unidos.
Há alguns meses, companhias aéreas dos Estados Unidos proibiram passageiros com máscaras que tenham válvula de embarcar, após uma recomendação do CDC que agora fica evidenciada no estudo.

 

R7

coronavirA Anvisa autorizou nesta quarta-feira, 11, a retomada do estudo clínico da CoronaVac. O estudo foi suspenso na segunda-feira, 9, a noite, após a agência ter sido notificada de um evento adverso grave (morte) com um voluntário do estudo. No entanto, desde o primeiro momento o Instituto Butantan, responsável pela pesquisa no Brasil, afirmou que o evento adverso grave em questão não estava, em hipótese alguma, associado à vacina.

“Nós estamos tratando aqui de um evento adverso grave que não tem relação com a vacina. Essa informação está disponível na Anvisa desde o dia 6, quando foi notificado o evento adverso grave”, afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em coletiva de imprensa realizada na terça-feira, 10. “Os estudos deverão ser retomados em dois dias”, completou Covas.

Na ocasião, o diretor não confirmou que o tal evento adverso grave tratava-se da morte do voluntário. Questões éticas da pesquisa clínica proíbem que o patrocinador do estudo divulgue este tipo de informação. Mas, como confirmado por VEJA, a morte do voluntário que participava dos testes foi provocada por suicídio. O voluntário participava do estudo conduzido pelo Hospital das Clínicas da USP e foi encontrado morto em seu apartamento.

Na terça-feira, 10, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), já havia decidido que a pesquisa deveria continuar, apesar do evento adverso grave registrado. Todas as pesquisas realizadas no país têm de passar pelo crivo da comissão, que é ligada ao Conselho Nacional de Saúde, tanto no momento de serem autorizadas quanto na suspensão dos testes. Eles avaliam sobretudo a segurança dos voluntários dos estudos.

No entanto, a retomada dependia também da autorização da Anvisa, que só aconteceu nesta quarta-feira, 11. Em comunicado, a Anvisa alegou que decidiu suspender o estudo porque o Butantan não havia repassado à agência informações cruciais, como a causa do evento adverso grave, a análise do Comitê Independente de Monitoramento de Segurança e o boletim de ocorrência relacionado à provável motivação do evento em questão.

Após todos os esclarecimentos, durante reunião realizada na terça-feira, 10, pela manhã, entre a agência e o Butantan, e recebimento de documentos que comprovavam as justificativas do instituto, a Anvisa julgou que era seguro autorizar a continuidade do estudo clínico fase 3 do imunizante.

“Após avaliar os novos dados apresentados pelo patrocinador depois da suspensão do estudo (conforme listado na tabela), a Anvisa entende que tem subsídios suficientes para permitir a retomada da vacinação e segue acompanhando a investigação do desfecho do caso para que seja definida a possível relação de causalidade entre o EAG (evento adverso grave) inesperado e a vacina.”, escreveu a agência em comunicado.

Em seu comunicado, a Anvisa reiterou que pausas são comuns em pesquisas clínicas e que a “suspensão não significa necessariamente que o produto sob investigação não tenha qualidade, segurança ou eficácia”. A suspensão do estudo gerou ainda mais preocupações sobre a segurança e eficácia da vacina, em um cenário já conturbado pelas constantes críticas do presidente Jair Bolsonaro ao imunizante desenvolvido na China.

 

vejasaude

Foto: Divulgação Governo do Estado/VEJA

 

coronavaccA Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu nesta segunda-feira (9) os estudos com a vacina Coronavac, imunizante contra a covid-19 parceria entre o governo do estado de São Paulo e o laboratório chinês Sinovac. A medida foi feita após uma ocorrência de "evento adverso grave".

Segundo comunicado emitido pela Agência, o evento – não especificado – aconteceu em 29 de outubro. A decisão da suspensão da pesquisa acontece para que os estudos possam avaliar sobre a segurança e benefícios à saúde do possível imunizante antes da continuidade do estudo.

O órgão esclarece ainda que este tipo de interrupção “é prevista pelas normativas da Anvisa e faz parte dos procedimentos de Boas Práticas Clínicas esperadas para estudos clínicos conduzidos no Brasil.”


Em razão disso, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado no Brasil. “A Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes”, diz a nota.


À Record TV, Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, reinterou a interrupção e disse que ela acontece "em fiel cumprimento aos protocolos firmados."

Após a decisão da agência, o Instituto Butantan disse, também em nota, que foi surpreendido pelo anúncio. O órgão esclareceu que "está apurando em detalhes o que houve com o andamento dos estudos clínicos da Coronavac".

"O Butantan informa ainda que está à disposição da agência reguladora brasileira para prestar todos os esclarecimentos necessários referentes a qualquer evento adverso que os estudos clínicos podem ter apresentado até momento", diz o texto.

O governo paulista afirmou que soube da decisão da Anvisa apenas pela mídia. "O Governo de São Paulo, através do Instituto Butantan, lamenta ter sido informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa, como normalmente ocorre em procedimentos clínicos desta natureza, sobre a interrupção dos testes da vacina Coronavac", diz a nota. "O Butantan aguarda informacões mais detalhadas do corpo clínico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária sobre os reais motivos que determinaram a paralisação, conclui o comunicado.


No fim da manhã de hoje, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que as primeiras 120 mil doses da Coronavac estão previstas para chegar ao país em 20 de novembro.

Até dezembro de 2020, o Instituto Butantan, que vai produzir o imunizante no Brasil, prevê receber 46 milhões de doses da Coronavac, sendo 6 milhões de doses da vacina prontas para aplicação e outras 40 milhões que serão formuladas na fábrica do Instituto. Outras 15 milhões de doses devem chegar até fevereiro de 2021.

Coronavac no Brasil
Coordenado pelo Instituto Butantan, os testes envolvem 13 mil profissionais de saúde em centros de pesquisa de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Segundo o Instituto, até o momento, mais de 10 mil pessoas já receberam ao menos uma das duas doses da vacina ou placebo.

Assim que os estudos clínicos comprovarem os índices de segurança e eficácia, a Coronavac será submetida ao devido registro da Anvisa para, depois, ser distribuída para a vacinação da população.

Outras interrupções
A suspensão dos testes de vacina não é algo incomum. Essa é a terceira pesquisa contra a covid-19 a ter os estudos paralizados após eventos adversos graves.

No início de setembro, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford suspenderam as pesquisas no mundo após uma voluntária do Reino Unidos desenvolver sintomas de doença neurológica. Os testes com voluntários voltaram dias depois após a confirmação que o caso não tinha relação com à vacina.

Em outubro, foi a vez da Johnson & Johnson interromper a pesquisa após uma reação "inexplicável" em um dos voluntários que tomaram a vacina.

Sucesso de outras vacinas
A notícia da suspensão dos estudos com a Coronavac veio no mesmo dia em que a Pfizer anunciou que o imunizante testado pela empresa contra a covid-19 mostrou ser 90% eficaz na prevenção da doença em estudos iniciais. A empresa e a parceira alemã BioNTech são as primeiras farmacêuticas a anunciarem dados bem-sucedidos de um ensaio clínico em larga escala com uma potencial vacina contra o coronavírus.

O laboratório informou que espera pedir autorização para uso emergencial da vacina nos Estados Unidos ainda neste mês. "Hoje é um grande dia para a ciência e para a humanidade", disse Albert Bourla, presidente-executivo e chairman da Pfizer, em comunicado. "Estamos atingindo este marco crucial em nosso programa de desenvolvimento de vacina em um momento em que o mundo mais precisa, com as taxas de infecção atingindo novos recordes, hospitais ficando superlotados e economias sofrendo para reabrir."

 

R7

Foto: Wu Hong/EFE/EPA

gravidaO controle da sífilis em recém-nascidos de mães com diagnóstico da doença requer adoção de estratégias complementares de saúde pública. Oferecer cuidado pré-natal não é suficiente para evitar complicações clínicas nos recém-nascidos de mães com a doença.

O alerta é de pesquisadores de três instituições sul-mato-grossenses: UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e Fundação Oswaldo Cruz, em estudo publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.

A pesquisa recebeu financiamento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento de Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

O estudo foi realizado no Hospital Universitário de Dourados (HU), em Mato Grosso do Sul, instituição responsável por 63,7% dos nascimentos ocorridos na cidade de Dourados, em 2017. Os pesquisadores acompanharam 63 mulheres em período de gestação que receberam o diagnóstico de sífilis.

Elas fazem parte de um total de 199 casos confirmados de gestantes com sífilis atendidas pelo HU no período, sendo que 84% desses casos são de sífilis congênita, situação em que a bactéria Treponema pallidum, que causa a doença, passa de mãe para filho durante a gestação ou no momento do parto.

A partir do acompanhamento das 63 gestantes, os autores concluíram que o cuidado pré-natal não é suficiente para prevenir a transmissão da bactéria aos recém-nascidos e a evolução da infecção para a neurossífilis, complicações da doença quando a bactéria atinge o cérebro, meninges e medula espinhal.

Apesar de 95,2% das mães terem recebido cuidados pré-natais, apenas 6 entre 10 iniciaram as consultas no primeiro trimestre de gravidez. O pré-natal tardio foi um dos determinantes para mais da metade (50,8%) dos nascidos terem necessitado de internação por complicações da sífilis.

Os resultados desse estudo indicam que o controle da neurossífilis continua sendo um desafio não resolvido e pode trazer impactos econômicos para o SUS (Sistema Único de Saúde). “O diagnóstico tardio da sífilis materna e o elevado número de recém-nascidos internados por complicações da doença aumentam os gastos do SUS. Para um controle mais eficaz da sífilis em gestantes, o tratamento da doença deve ser priorizado pelos gestores e profissionais de saúde”, ressalta a bióloga do Laboratório de Pesquisa em Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados, Simone Simionatto, autora principal da pesquisa.

Obstáculos

Além do diagnóstico tardio de sífilis em gestantes, outro gargalo está no acompanhamento inadequado de parceiros sexuais, fator que favorece a transmissão vertical do T. pallidum, da mãe para o bebê. Menos da metade dos parceiros das gestantes (46,8%) recebeu o tratamento com penicilina. Entre as gestantes, quase 20% não receberam doses do antibiótico. “Acreditamos que a dificuldade na adesão dos parceiros aos cuidados do pré-natal está relacionada às atividades laborais e ao nível de relacionamento afetivo com as gestantes”, ressalta Simone.

A baixa adesão do parceiro ao tratamento para sífilis, acredita a especialista, está atrelada à sua falta de conhecimento da doença, ao nível de instrução e ao não acompanhamento da parceira durante o pré-natal, deixando assim de receber informações importantes para o entendimento da necessidade de controle da doença. “A sífilis é uma doença com fases distintas. Algumas delas sem manifestação clínica, ou seja, o parceiro apresenta lesões que regridem em algumas semanas sem o tratamento, o que leva a crer em uma possível cura. No entanto, o parceiro permanece com a infecção e pode transmitir novamente a sífilis à gestante durante as relações sexuais desprotegidas”, acrescenta Simone Simionatto.

A droga de primeira escolha para o tratamento em todas as fases da sífilis é a penicilina, que pode ser usada na forma cristalina, procaína ou benzatina. Durante a gestação, a penicilina é a primeira escolha, por ser capaz de atravessar a barreira transplacentária. “A penicilina passou a ser o antimicrobiano de escolha para o tratamento, visto que o T. pallidum é extremamente sensível a essa droga, não havendo relatos de resistência bacteriana em mais de 60 anos de estudos. O tratamento para sífilis é disponibilizado pelo SUS, no entanto nos últimos anos os serviços de saúde sofreram com o desabastecimento mundial de penicilina”, lamenta a pesquisadora.

O estudo evidencia a relação entre vulnerabilidade social e comportamento sexual de risco como determinantes para ocorrência de sífilis. Entre as 63 pacientes participantes do estudo, mais da metade (55,6%) tiveram a primeira relação sexual abaixo dos 15 anos; 90,5% tiveram relações sexuais sem preservativos; 66,7% tinham menos de 30 anos; 63,5% não completaram o ensino fundamental; 82,5% se declararam não brancas; 66,7% são casadas; 65% estão desempregadas e 73% vivem com menos de um salário mínimo.

Apesar de os dados da pesquisa mostrarem que a sífilis atinge as camadas mais pobres, ela tem distribuição ampla em toda a população. “No entanto, em grupos mais vulneráveis como gestantes, indígenas, população privada de liberdade, mulheres profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens, as taxas de prevalência e incidência são mais frequentes”, aponta Simone.

Sífilis gestacional

A Organização Mundial da Saúde estima mais de 11 milhões de novos casos anuais de sífilis, sendo 90% deles em países em desenvolvimento, como o Brasil. A sífilis gestacional afeta aproximadamente 1,5 milhão de grávidas por ano no mundo.

Uma meta-análise mostra que uma entre quatro gestantes infectadas com T. pallidum sofrem aborto ou têm bebês natimortos; 12,3% dos bebês morrem logo após o nascimento e 12,1% nascem prematuros ou com baixo peso. A meningite causada pela infecção bacteriana em bebês pode causar hidrocefalia, isquemia e infarto do cérebro ou medula espinhal. As manifestações da neurossífilis também podem comprometer o desenvolvimento neuropsicomotor do recém-nascido e, nos casos mais graves, levar à morte.

O diagnóstico precoce de sífilis durante a gestação reduz o tempo de exposição do feto ao T. pallidum, diminuindo as chances de transmissão e complicações na gestação. Melhorar a qualidade dos serviços de saúde, afirma Simone Simionatto, é importante para o controle efetivo da doença, reduzindo os gastos com o tratamento e a internação dos bebês. Segundo ela, estudos como esse podem auxiliar na implementação de estratégias de saúde pública para o controle mais efetivo da enfermidade.

“Uma vez que vários fatores foram associados ao T. pallidum entre as mulheres, provavelmente várias abordagens poderiam contribuir para reduzir as taxas dessa infecção. Uma alternativa para reduzir a prevalência da sífilis seria concentrar esforços no acompanhamento dos casos positivos e na eficácia do tratamento, bem como do tratamento dos parceiros sexuais. Assim, os programas de rastreamento podem ser uma abordagem preventiva essencial. Estudos têm demonstrado que o rastreamento regular (a cada três ou seis meses) em grupos de alto risco para adquirir IST pode contribuir para a redução da incidência de sífilis”, sugere Simone.

Prevenção

O uso correto e regular da camisinha feminina e/ou masculina continua sendo um dos principais aliados na prevenção da doença. Até o momento não há relatos de doenças ou condições genéticas que predisponham o indivíduo ao desenvolvimento da sífilis. “O que se tem relato são os casos de coinfecção de HIV e sífilis, onde os pacientes com HIV podem evoluir para as formas graves da doença. As altas taxas de sífilis podem ser um risco potencial para a propagação de outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), incluindo HIV, durante o sexo desprotegido”, orientou a pesquisadora.

A chance de transmitir o HIV aumenta cinco vezes se um dos parceiros tiver uma IST ulcerativa como a sífilis, por exemplo. As lesões de sífilis contêm uma abundância de linfócitos, o que torna a infiltração do HIV mais recorrente. “Além disso, a imunossupressão causada pelo HIV pode favorecer a evasão dos mecanismos de defesa do hospedeiro pelo T. pallidum”, conclui Simone.

 

Agência Brasil

Foto: Pixabay