A SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) divulgou nota, nesta 3ª feira (25.mai.2021), em resposta ao depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado. Eis a íntegra (215 KB) Em sua fala, Pinheiro defendeu o uso da cloroquina e da ivermectina como forma de tratamento ao coronavírus e desconsiderou a avaliação de entidades médicas ao ser questionada pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) sobre o posicionamento favorável da pasta em relação aos medicamentos.
Em resposta, o documento da SBI afirma que as orientações da instituição consistem em “ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos, e que balizaram as recomendações das principais associações médicas e instituições mundiais sobre o uso de medicamentos, como a cloroquina e a ivermectina, incluindo a Organização Mundial da Saúde, Sociedade Norte-Americana de Doenças Infecciosas, Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido e Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas”.
O texto diz ainda que “os medicamentos citados têm sua ineficácia comprovada para o tratamento da covid-19, mas o Ministério da Saúde tem a prerrogativa de seguir ou não as orientações da SBI, que são realizadas baseadas nessas evidências científicas e direcionadas para a comunidade médica e não médica”.
Em janeiro deste ano, a SBI divulgou um informe dizendo que não recomenda tratamento precoce com qualquer remédio, citando a cloroquina, a hidroxicloroquina e a ivermectina. Segundo o órgão, “não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a covid-19”.
Um estudo coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que um vírus primitivo, presente nos humanos há milhares de anos, pode estar sendo ativado pelo coronavírus e provocando aumento de mortes em pacientes graves nas UTIs. Para os pesquisadores, isso ajudaria a entender por que alguns pacientes graves submetidos à ventilação mecânica conseguem deixar a UTI, enquanto outros não sobrevivem à covid-19.
O retrovírus endógeno humano da família K (HERV-K) estaria associado não apenas ao agravamento da doença, mas também à mortalidade precoce.
O estudo acompanhou 25 pacientes, com idade média de 57 anos, internados com a forma grave da doença e que necessitaram de ventilação mecânica.
“Verificamos o viroma de uma população com gravidade muito elevada, na qual a mortalidade chega a 80%, para ver se algum outro vírus estava co-infectando esse paciente que está debilitado, imunossuprimido”, diz o coordenador do estudo Thiago Moreno, do Centro de Tecnologia Desenvolvimento em Saúde (CDTS / Fiocruz). “Nossa surpresa foi encontrar níveis elevados desse retrovírus K endógeno. É o tipo de pesquisa que começa com uma abordagem totalmente imparcial. Isso dá muita força e muita credibilidade à descoberta.”
O que é o HERV-K? De acordo com a Fiocruz, o HERV-K é um vírus ancestral que infectou o genoma humano quando humanos e chimpanzés estavam se desacoplando na escala evolutiva.
Alguns desses elementos genéticos estão presentes em nossos cromossomos. Muitos ficam em silêncio durante a maior parte de nossas vidas, mas parece que de alguma forma o SARS-CoV-2 reativou esse retrovírus ancestral.
A taxa de mortalidade em pacientes graves com covid-19 chega a 50% entre aqueles com níveis elevados de HERV-K.
“Estabelecemos, de fato, que o SARS-CoV-2 é o gatilho para o aumento desses retrovírus endógenos, para despertar os genes silenciosos”, diz Thiago Moreno. Segundo o pesquisador, os níveis de HERV-K se correlacionam com o que se chama de mortalidade precoce, como menos de 28 dias de internação.
Ainda não se sabe, no entanto, por que isso ocorre em algumas pessoas e não em outras. “Esse despertar de genes silenciosos é o que pode fazer a diferença das evoluções. Talvez o sinal para o silenciamento de determinados retrovírus endógenos seja mais forte em algumas pessoas do que em outras. Parece estar associada à gravidade essa capacidade do novo coronavírus de mudar o perfil epigenético da célula do hospedeiro, ativando inclusive vírus ancestrais, alguns deles que deveriam estar adormecidos no nosso genoma”, comentou o coordenador do estudo.
O grupo Coalizão Covid-19 Brasil, formado por hospitais, redes e institutos de pesquisas, investigou o uso de anticoagulantes no tratamento de pacientes internados em decorrência do coronavírus. Os cientistas concluíram que, quando prescritos em doses altas, esses medicamentos não melhoram a condição clínica e aumentam o risco de sangramentos. A partir dos dados, alguns especialistas passaram a questionar inclusive a necessidade de receitar anticoagulantes a quaisquer indivíduos hospitalizados com Covid-19 que não tenham comprovadamente quadros de trombose.
Vamos por partes: já se sabe que essa infecção eleva a possibilidade de eventos trombóticos em vasos sanguíneos pequenos. Em muitos locais, o protocolo atual para pessoas hospitalizadas com o Sars-CoV-2 indica a utilização de anticoagulantes de forma profilática — em pequenas doses para prevenir trombos, assim que surgirem os primeiros indícios dessa consequência. A suspeita é verificada por meio de um exame de sangue chamado de D-dímero.
A ideia é evitar tromboses e a perigosa embolia pulmonar, que ocorre quando o coágulo se desprende de um vaso qualquer e segue para o pulmão.
O que os cientistas brasileiros decidiram checar é se, nesses casos, aplicar uma dose completa de anticoagulante seria mais eficaz para prevenir o agravamento da enfermidade e as mortes.
Para a pesquisa, foram selecionados 615 voluntários hospitalizados em 31 instituições no Brasil. Todos possuíam aquele D-dímero elevado ao entrarem no pronto-socorro.
Aí, 304 pacientes receberam as doses profiláticas (menores), enquanto 311, as terapêuticas (maiores). Nesse segundo grupo, os participantes estáveis usaram diariamente um anticoagulante chamado rivaroxabana. Já os instáveis, que estavam em um estado crítico, tomaram enoxaparina no período de hospitalização ou uma combinação de heparina seguida por rivaroxabana por 30 dias. A turma do protocolo profilático recorreu apenas à heparina.
No fim da análise, realizada entre junho de 2020 e fevereiro de 2021, os pesquisadores constataram que a taxa de mortalidade, o tempo de internação, a incidência de eventos trombóticos e a necessidade de oxigênio suplementar não foram estatisticamente diferentes entre os grupos. Em outras palavras, do ponto de vista de benefícios, não houve quaisquer diferenças.
E o problema: quem recebeu a dose cheia apresentou mais sangramentos que o grupo profilático. De acordo com a cardiologista Viviane Veiga, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e coautora da investigação, o grande achado foi entender qual a quantia adequada de medicamentos a ser dada na Covid-19.
"Apesar de muitos acharem que precisamos dar uma quantidade de anticoagulação plena para os casos graves, observamos que isso não é seguro", pontua Viviane.
As limitações... e uma interpretação alternativa "A principal limitação é que não analisamos outras drogas, que poderiam ter efeitos diferentes", afirma Viviane. Ora, o arsenal de anticoagulantes é longo, e só alguns foram empregados na investigação.
Além disso, os quadros mais críticos representavam só 7% dos voluntários. Diante disso, a especialista acredita que os resultados da pesquisa só são confiáveis para os hospitalizados estáveis. Segundo ela, outros levantamentos deveriam ser feitos para examinar essa questão especificamente nos pacientes em estado crítico.
O cardiologista José Alencar, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, que não participou da investigação, acrescenta que faltou comparar os participantes com um grupo placebo — que sequer tomaria um anticoagulante — para verificar se esses medicamentos trazem quaisquer benefícios. Pois é: ele suspeita que esse tratamento não necessariamente seria vantajoso para os pacientes hospitalizados com Covid-19, independentemente da dose.
"A hipótese de que a doença aumenta a probabilidade de trombose está comprovada, mas isso não significa automaticamente que o remédio contra isso diminua a mortalidade nos infectados", pontua Alencar, que é especialista em medicina baseada em evidências.
Na visão dele, esses remédios só apresentam mais benefícios que riscos quando a trombose realmente está presente, e confirmada a partir de uma ultrassonografia. A prescrição preventiva, como tem acontecido costumeiramente no tratamento dos casos graves de Covid-19, não seria uma boa, considerando a probabilidade de sangramentos.
“Há médicos que ainda têm uma tendência mecanicista, mas a gente não conhece todos os fatores por trás da Covid-19 que provocam suas diferentes consequências. Acho que, a partir desse estudo, deve acontecer uma discussão profunda sobre a indicação de anticoagulantes”, reconhece o profissional.
Em seu perfil no Twitter, Alencar mostrou que essa classe de remédios carece de comprovação científica inclusive contra doenças para as quais é aplicada há décadas, como a trombose venosa profunda.
O Maranhão confirmou nesta quinta-feira, 20, o primeiro caso da variante indiana do novo coronavírus, chamada. A informação foi confirmada pelo secretário de saúde, Carlos Lula, em publicação no Twitter. Este também é o primeiro registro da cepa, chamada B.1617, no Brasil.
A variante foi identificada em tripulantes a bordo do navio MV Shandong da Zhi, atracado no litoral, próximo à costa do Maranhão. Segundo Lula, a equipe que atendeu a tripulação se deslocou por via aérea, foi testada antes e depois da ação e permanece em isolamento. Os demais profissionais em contato com o paciente estão sendo monitorados e testados. Em publicação no Twitter, o secretário afirmou também que foi iniciada a vacinação dos profissionais da área portuária.
No último domingo, 12, a Secretaria de Saúde do Maranhão revelou que um tripulante de 54 anos, de origem indiana, estava internado em um hospital da rede privada de São Luís com sintomas de Covid-19.
A variante identificada na Índia em dezembro é considerada uma preocupação global pela Organização Mundial da Saúde devido à suas mutações, que indicam maior transmissibilidade. O país enfrenta o pior momento da pandemia. Nas últimas 24 horas, foram 295.539 novos casos e 4.115 óbitos nas últimas 24 horas, segundo dados da plataforma Our World in Data. Na última sexta-feira, 14, o governo brasileiro proibiu a entrada de estrangeiros em voos provenientes da Índia.