A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) recebeu, na manhã desta sexta-feira (22), 11 ambulâncias do Ministério da Saúde para reforçar e modernizar a frota do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do Piauí. A entrega aconteceu na superintendência estadual do Ministério da Saúde, no centro de Teresina. O investimento total é de R$ 3.285.495,00.
As ambulâncias seguirão para os municípios após a assinatura dos termos pelos gestores municipais e estaduais. Os veículos destinados aos municípios de Tanque do Piauí, Itaueira, Guadalupe, Gilbués, Cristino Castro e Bocaina vão receber as ambulâncias para a renovação de frota.
Já os veículos destinados aos municípios de Floresta do Piauí, Luzilândia, Barro Duro, São João da Serra e Santa Luz farão parte do processo de ampliação do serviço pelo interior do estado. São João da Serra e Santa Luz estão recebendo os veículos pela primeira vez, possibilitando a implantação do serviço do SAMU nos dois municípios.
"É importante destacar os benefícios que o SAMU traz para a nossa população com um atendimento rápido de casos que precisam de uma resposta rápida. Temos aqui 11 ambulâncias novas, duas delas voltadas para a implantação do serviço pela primeira vez e os ganhos no atendimento de casos de urgência serão incontestáveis", disse o secretário de estado da saúde, Antônio Luiz.
Os veículos serão utilizados principalmente no atendimento de casos de urgências clínicas, urgências obstétricas, mal súbito, acidentes de trânsito e lesões por armas brancas ou armas de fogo.
A superintendente do Ministério da Saúde no Piauí, Antônia Maria Leal, destaca os benefícios que 11 ambulâncias levarão até a população piauiense.
“É um momento de muita importância para a saúde pública do nosso estado. Os serviços prestados pelas equipes do SAMU por todo o estado ajudam a minimizar agravos a saúde, oferecendo um atendimento rápido e qualificado, ajudando a salvar vidas por todo o estado", disse.
O superintendente de média e alta complexidade da Sesapi, Dirceu Campêlo, destacou a importância das ambulâncias.
"Esse é mais um passo do Governo Federal e do Ministério da Saúde para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, universalizando os serviços essenciais de saúde na rede pública”, disse o superintendente.
O câncer é a segunda causa de morte entre pessoas de 1 a 19 anos no Brasil. Segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer ), para cada ano do triênio 2023/2025 surgirão no Brasil 7.930 novos casos entre crianças e adolescentes. Diante desse quadro, a Coniacc (Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer) e a Sobope (Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica) desenvolvem projeto para mapear da situação do atendimento do câncer infantojuvenil em todo o país.
De acordo com as duas entidades, os resultados poderão subsidiar novas políticas públicas. Chamado de Mapeamento Nacional das Instituições de Assistência às Crianças e aos Adolescentes com Câncer, o projeto tem o apoio do Ministério da Saúde e de instituições que trabalham com câncer infantojuvenil, como o CCI (Childhood Cancer International), a SLAOP (Sociedade Latinoamericana de Oncologia Pediátrica) e a Keira Grace Foundation, que também oferece suporte financeiro. Em agosto deste ano, foi realizada uma fase piloto. Em abril de 2024, as equipes devem voltar a campo.
Em entrevista à Agência Brasil, a médica oncologista pediátrica e coordenadora do ‘Molecular Tumor Board’, vinculado ao Comitê de Medicina de Precisão da Sobope, Carolina Camargo Vince, explicou que a previsão é mapear todas as instituições que tratam crianças e adolescentes de câncer no país. Serão consideradas tanto as que estão habilitadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) como as que não estão.
“O primeiro foco vai ser olhar para todas as instituições, habilitadas e não habilitadas, até para entender porque a ela não é habilitada, mas trata o câncer infantil”, ressaltou a especialista, lembrando que algumas delas são localizadas em regiões carentes de serviços nas regiões Norte e Nordeste. “Simplesmente deixar de atender criança com câncer nessas áreas não é o caminho”. A previsão é visitar mais de 100 instituições.
Detalhamento O câncer infantil representa cerca de 2% de todos os tipos da doença. Existem atualmente no Brasil 76 centros de tratamento habilitados pelo SUS e mais 14 não habilitados, além de 48 instituições de apoio associadas à Coniacc e 62 não vinculadas. Elas deverão receber um questionário do projeto. De posse das respostas, as equipes realizarão visitas a esses locais. Nessas incursões, serão identificados pontos de maior fragilidade e necessidade de gerar um relatório.
Segundo Carolina, as equipes vão levantar dados de maior sensibilidade. No caso das instituições não habilitadas, como muitas delas realizam número pequeno de atendimentos por ano, a visita poderá ser substituída por uma reunião online.
Em relação às instituições de apoio, a meta é identificar as características, o tipo e a qualidade do trabalho. Também será uma preocupação compreender de que forma a Coniacc e a Sobope podem ajudar. “A ideia desse mapeamento é amplo, para que a gente possa entender qual é nosso o local de atuação principal e como se pode ajudar. Esse mapeamento é um diagnóstico inicial do que ocorre hoje no Brasil no que se refere ao câncer infantil”.
A ideia do projeto surgiu na Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica, dentro de um movimento global, na tentativa de melhorar a taxa de cura do câncer infantil no mundo. Segundo Carolina Vince, os números existentes hoje são muito discrepantes. Para países de alta renda, o paciente infantil diagnosticado com câncer tem mais de 85% de chances de sobreviver, independentemente do diagnóstico. Para países de baixa renda, sobretudo na África, esse índice chega próximo de 20%. “A desigualdade é muito grande”.
Diante desse cenário, um movimento internacional vem buscando melhorar a condição do tratamento nos países de média e baixa renda. “Para isso, a gente precisa entender o que está acontecendo”, diz Carolina Vince. Por isso, várias sociedades de oncologia pediátrica ao redor do mundo deram início ao mapeamento, a partir de um questionário simples. No Brasil, o projeto elevou o grau de detalhamento, planejando visitas de forma pioneira.
“Em nenhum lugar do mundo foi feito assim. A ideia é identificar as necessidades e poder atuar de forma efetiva do lado do governo, em uma ação tripartite". A expectativa é de que o resultado do mapeamento possa ser divulgado no segundo semestre do ano que vem.
Diagnóstico precoce Somente em 2021 foram registradas no Brasil 2.425 mortes entre pessoas de 1 a 19 anos, decorrentes de neoplasias como leucemia, linfoma, neuroblastoma, retinoblastoma e tumores do sistema nervoso central. Carolina Camargo Vince explicou, contudo, que a chance de cura de câncer em crianças e jovens é maior do que entre adultos.
Por outro lado, o diagnóstico precoce, considerando fundamental, é muitas vezes um desafio. Boa parte dos casos de câncer em adultos está associada a fatores de risco, que podem ser rastreados por meio de exames. "No câncer infantil, a gente não tem como rastrear, porque são doenças que aparecem e são raras”, observa Carolina.
Ela explica que os sintomas podem ser semelhantes aos de outras enfermidades próprias da infância. Dessa forma, os médicos precisam sempre levar em conta a possibilidade de câncer. Carolina também chama a atenção para o fato de que, entre as crianças, há maior probabilidade de uma doença mais agressiva. Em contrapartida, esse câncer tende a responder bem ao tratamento com quimioterap
ia convencional. A chance de cura se aproxima de 85%, atingindo, em alguns casos mais de 90%.
Em 2019, foi sancionada a Lei Federal 13.869, que assegura a realização de exames diagnósticos do câncer em até 30 dias aos pacientes do SUS. Ela complementa a Lei Federal 12.732/2012, que estipula o início do tratamento na saúde pública em no máximo 60 dias. "Como o câncer infantojuvenil é distinto do câncer em adultos, ele precisa do diagnóstico o mais breve possível, o que nem sempre acontece”, reiterou o presidente da Sobope, Neviçolino Pereira de Carvalho Filho, médico oncologista pediátrico do Hospital Santa Marcelina, em São Paulo.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) reuniu, na manhã desta terça-feira (19), membros do Comitê de Operações Emergenciais (COE) para avaliação da situação no estado em relação à covid-19. Para evitar o aumento de casos, o COE recomendou que a população vá aos postos de saúde para iniciar ou completar o esquema vacinal contra a doença. A vacinação é a melhor forma de prevenir casos graves. Além disso, o Comitê orienta a manutenção dos protocolos de etiqueta respiratória, que evitam a propagação do vírus.
“Nesta reunião analisamos os números das três últimas semanas, e nossa preocupação neste momento é com o reforço da vacinação. Chamamos as pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose para receber a bivalente, e as pessoas que são idosas e imunossuprimidas, que voltem para receber mais uma dose de reforço, pois a gravidade das pessoas está relacionada diretamente a idade e aos imunossuprimidos. Então procure os postos de saúde de seus municípios e se protejam”, alerta o secretário de Estado da Saúde, Antônio Luiz.
Por causa da movimentação intensa no comércio, ficou acordado que será solicitado ao Sindicato dos Lojistas orientações junto aos estabelecimentos comerciais quanto a utilização de álcool em gel para a higienização das mãos dos clientes. Para a população foi recomendado o uso de máscaras por idosos, imunossuprimidas e gestantes. Todas as medidas sanitárias já constam em decreto publicado no início do ano.
Na próxima semana, o Comitê de Operações Emergenciais volta a se reunir para nova avaliação da situação no estado.
“É importante para toda população resgatar a higiene das mãos, o uso do álcool gel e temos um decreto vigente, de janeiro de 2023, que cita o uso de máscaras em ambientes abertos e semiabertos ou fechados, que deve ser optativo, porém, para imunossuprimidos, idosos e gestantes este uso é obrigatório. Então pedimos nossa população que siga essas orientações e tomem todas as doses de vacinas necessárias para a proteção”, pontua a diretora da Vigilância Sanitária Estadual, Tatiana Chaves.
Dados Epidemiológicos
De acordo com os dados apresentados na reunião, pela Gerência de Vigilância em Saúde, o estado apresentou na última semana 106 casos notificados da doença e 03 óbitos. Todas as pessoas tinham comorbidades. Entre as vítimas, uma mulher de 40 anos portadora de neoplasia em estágio avançado, residente em Campo Grande do Piauí. Uma idosa de 91 anos com doença cardiovascular crônica, diabetes e doença neurológica crônica, residente em Elesbão Veloso-PI, além de outra paciente de 24 anos portadora de anemia falciforme, residente em Bom Lugar (MA).
A taxa de positividade dos exames realizados pelo Lacen-PI manteve queda nas últimas duas semanas, saindo de 17% na semana 48, para 8% na semana 49 e estando em 6% na semana epidemiológica 50. Os números de internações por síndrome respiratória aguda grave também apresentaram redução, estavam em 02 na semana 48 e nas duas seguintes apresentam-se zerados.
A Covid-19 expôs as desigualdades socioeconômicas e de saúde no Brasil, assim como a importância e as fragilidades do Sistema Único de Saúde (SUS), apontando a necessidade de se reverter a falta de investimento no sistema público de saúde universal.
Esta é a conclusão do artigo Mortalidade hospitalar por Covid-19 no Brasil de 2020 a 2022: um estudo transversal baseado em dados secundários, assinado pelas pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Margareth Portela, Mônica Martins, Sheyla Lemos, Carla Andrade e Claudia Pereira.
Publicado no International Journal for Equity in Health, o estudo mostra que variações na mortalidade de pacientes internados pela doença estiveram associadas não somente à faixa etária e à gravidade do caso, mas também a desigualdades sociais, regionais e no acesso ao cuidado de boa qualidade.
Para a realização da pesquisa, foram utilizados dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os resultados apontam que mais de 70% das internações por Covid-19 no Brasil foram cobertas pelo SUS. O Sistema Único de Saúde atendeu os grupos populacionais mais vulneráveis, no entanto, apresentou pior mortalidade hospitalar ajustada. Em geral, os hospitais privados e filantrópicos não pertencentes ao SUS, em sua maioria reembolsados por planos privados de saúde acessíveis às classes socioeconômicas mais privilegiadas, apresentaram os melhores resultados.
A região Sul do Brasil teve o melhor desempenho entre as macrorregiões, e a região Norte o pior desempenho. Indivíduos negros e indígenas residentes em municípios de menor IDH e internados fora de sua cidade de residência apresentaram maiores chances de morrer no hospital. Além disso, as taxas ajustadas de mortalidade hospitalar foram mais altas nos momentos de pico da pandemia e foram significativamente reduzidas após a vacinação contra a Covid-19 atingir uma cobertura razoável, a partir de julho de 2021.
“Segundo as pesquisadoras, os achados demonstram a importância fundamental do SUS na prestação de cuidados de saúde, uma vez que a maioria das internações por Covid-19 foi coberta pelo sistema público de saúde brasileiro. Por outro lado, os resultados também indicam fragilidades no desempenho das unidades hospitalares do SUS, em comparação com o setor privado ou mesmo, em algumas regiões, com as unidades hospitalares públicas não prestadoras de serviço para o SUS, refletindo problemas estruturais e de financiamento acumulados”, diz a Fiocruz.
Os achados também apontam maior mortalidade hospitalar por Covid-19 entre pessoas pretas em todas as regiões do Brasil, e indígenas, nas regiões Norte e Centro-Oeste.
O estudo indicou ainda maior mortalidade hospitalar na primeira onda da pandemia (abril a agosto de 2020) e na segunda (dezembro de 2020 a maio de 2021), tornando-se menor em 2022, mesmo durante a terceira onda (janeiro a fevereiro). O pico de ocorrência de óbitos ocorreu em março de 2021, quando, em todo o país, os hospitais estavam operando no máximo da capacidade ou acima dela, o que levou à escassez de recursos críticos, como ventiladores, oxigênio e leitos de UTI.
“Como lições aprendidas, melhorias precisam ser feitas para melhor preparar o sistema de saúde para futuras pandemias ou outras emergências de saúde em larga escala. Isso inclui investimento em mais infraestrutura de saúde, aumentando o número de profissionais de saúde, oferecendo melhor treinamento e suporte para esses trabalhadores, bem como melhores salários e condições de trabalho, incluindo dispositivos de proteção”, sugere a pesquisa.
Para as autoras do artigo, apesar de seus desafios, o SUS apresenta diversos pontos fortes que o tornam essencial, único e valioso para os brasileiros. Segundo elas, os resultados alertam para a necessidade de investimento e melhoria do Sistema Único de Saúde, com enfoque especialmente nas causas das desigualdades na oferta, no acesso e nos resultados do cuidado, além de fornecerem elementos para o debate, em cenários de crise, sobre o papel e a atuação de cada tipo de prestador de cuidado hospitalar (privado e público) no sistema de saúde brasileiro.
“Mudanças, investimentos e monitoramento são necessários para evitar os riscos de comprometer o acesso universal aos serviços de saúde e ampliar as desigualdades entre usuários do SUS e não SUS. Em resumo, o estudo destacou a necessidade de esforços contínuos para melhorar a qualidade e a equidade dos cuidados de saúde para todos”, concluem as pesquisadoras.