A ciclotimia é um transtorno de humor caracterizado por oscilações entre momentos de euforia e episódios de desânimo, mas de forma menos intensa que no transtorno bipolar.
Apesar de ser considerada uma versão mais leve da bipolaridade, a condição pode impactar a qualidade de vida e o equilíbrio emocional dos pacientes.
Como a ciclotimia afeta o humor? As alterações de humor na ciclotimia são marcadas por fases de hipomania e de depressão leve.
Durante a hipomania, a pessoa pode sentir-se mais animada, confiante e produtiva, além de apresentar maior sociabilidade e menor necessidade de sono. Já nos momentos de baixa, podem surgir sintomas como cansaço, baixa autoestima, desinteresse por atividades antes prazerosas e uma leve apatia.
Essas oscilações não chegam a ser tão extremas quanto as do transtorno bipolar, mas ainda assim podem afetar relações interpessoais e o desempenho profissional.
Fatores como estresse, perdas emocionais, abstinência de álcool e outras substâncias podem desencadear ou agravar os sintomas.
Diagnóstico e o tratamento O diagnóstico da ciclotimia é feito por um psiquiatra, que avalia a intensidade e frequência das mudanças de humor. Como seus sintomas podem ser confundidos com outras condições, como transtorno bipolar e transtorno de personalidade borderline, o acompanhamento profissional é essencial.
O tratamento normalmente envolve psicoterapia e, em alguns casos, estabilizadores de humor em doses menores do que as utilizadas para o transtorno bipolar.
Hábitos saudáveis, como sono regular, alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e a evitação de álcool, também são recomendados para ajudar na estabilidade emocional.
Quando procurar ajuda? Buscar ajuda profissional é importante quando as oscilações de humor começam a interferir na vida pessoal, social ou profissional, ou quando surgem sinais de tristeza constante e comportamentos impulsivos.
Identificar os sintomas precocemente e contar com o suporte de um especialista pode evitar a progressão do transtorno e melhorar a qualidade de vida.
A miopia, principal causa de perda de visão previsível, tem atingido cada vez mais pessoas em todo o mundo, com destaque para o aumento expressivo entre crianças. A condição provoca dificuldade para enxergar de longe e está ligada tanto a fatores genéticos quanto aos hábitos de vida modernos.
O que é a miopia? O problema ocorre quando o olho é um pouco maior do que o comum, fazendo com que a imagem se forme antes da retina. Isso resulta na dificuldade de visualizar objetos distantes. O distúrbio pode afetar um ou ambos os olhos e se manifesta em adultos e crianças.
Segundo a oftalmopediatra do CBV-Hospital de Olhos, Mayra Melo, o tratamento é feito com o uso de lentes negativas. Atualmente, cerca de 30% da população já apresenta miopia, e a projeção é de que até 2050 metade das pessoas no mundo terá algum grau da condição.
Fatores de risco Entre os principais agravantes está o uso excessivo de telas, cada vez mais comum desde a infância. O tempo prolongado em frente a celulares, tablets e computadores estimula o esforço ocular e favorece o surgimento da doença. A genética também exerce forte influência.
“A gente sabe que se a criança tem um dos pais míopes, a chance dela ser míope é três vezes maior que a população. Se os dois pais forem míopes, a chance é sete vezes maior que a população geral.”, explica a especialista.
Estima-se que a esclerose múltipla (EM) afete quase 3 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Sociedade Nacional de EM. A doença neurológica causa fraqueza muscular, problemas de visão, dormência, perda de equilíbrio e dificuldades de memória, segundo a Cleveland Clinic.
Agora, pesquisadores identificaram cinco sintomas como sinais de alerta precoce que podem aparecer até 15 anos antes do início típico da EM.
Transtornos de saúde mental e sintomas neurológicos estão ligados à EM precoce
Fadiga, dores de cabeça, tontura e distúrbios de saúde mental — incluindo ansiedade e depressão — foram identificados como “indicadores precoces” de esclerose múltipla em um estudo inovador publicado no JAMA Network Open, citado pelo portal Best Life.
De acordo com registros médicos dos pacientes, esses sintomas se tornaram “significativamente mais intensos” até 15 anos antes do “início clássico da EM”, sugerindo que a doença crônica “pode começar muito antes do que se imaginava”. Os autores destacaram a importância de uma intervenção precoce para acelerar o diagnóstico e o início do tratamento.
“A EM pode ser difícil de reconhecer, pois muitos dos primeiros sinais — como fadiga, dor de cabeça, dor e problemas de saúde mental — são bastante comuns e podem ser confundidos com outras condições”, afirmou Helen Tremlett, professora de neurologia na Faculdade de Medicina da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) e pesquisadora do Centro Djavad Mowafaghian para Saúde Cerebral, em comunicado à imprensa.
“Nossas descobertas mudam drasticamente a linha do tempo de quando acreditamos que esses primeiros sinais começam, o que pode abrir oportunidades para detecção e intervenção mais cedo.”
Pacientes com EM procuraram atendimento médico até 15 anos antes do diagnóstico
Os pesquisadores da UBC analisaram 25 anos de históricos médicos e tipos de consultas para chegar às conclusões. Segundo a instituição, este foi o estudo mais profundo já realizado nesse sentido — em pesquisas anteriores, a análise cobria de cinco a dez anos.
A meta-análise incluiu 12.220 pacientes, dos quais 2.038 tinham esclerose múltipla. Comparados aos demais, os pacientes com EM procuraram mais consultas com psiquiatras e clínicos gerais, além de apresentarem mais casos de fadiga, tontura e dor ocular.
“Descobrimos que taxas elevadas de problemas de saúde mental e visitas a psiquiatras, assim como sintomas inespecíficos e consultas a médicos generalistas, começaram 15 anos antes do início dos sintomas da EM — antecedendo em cerca de sete a 11 anos o aumento nas consultas relacionadas a problemas neurológicos ou visitas a neurologistas”, escreveram os autores.
Os resultados mostraram o seguinte padrão nos anos que antecederam o início clássico da EM:
15 anos antes: mais consultas médicas gerais e aumento de fadiga, tontura, dores de cabeça, ansiedade e depressão; 12 anos antes: mais consultas com psiquiatras;
Até 9 anos antes: aumento nas consultas com neurologistas e oftalmologistas;
3 a 5 anos antes: disparo nas consultas de emergência médica e exames de radiologia; 1 ano antes: procura intensa por especialistas em neurologia, pronto-socorro e radiologia.
“Esses padrões sugerem que a EM tem uma fase prodrômica longa e complexa — em que algo já está acontecendo no organismo, mas ainda não se manifesta como EM”, disse a autora Marta Ruiz-Algueró.
“Estamos apenas começando a entender quais são esses primeiros sinais, e os problemas de saúde mental parecem estar entre os indicadores mais precoces”, concluiu.
Estudos recentes feito por cientistas brasileiros confirmaram o potencial de um exame de sangue para o diagnóstico do Alzheimer. As análises apontam o bom desempenho da proteína p-tau217 como o principal biomarcador para distinguir, por meio desse exame, indivíduos saudáveis de pessoas com a doença. O objetivo das pesquisas, apoiadas pelo Instituto Serrapilheira, é levar os estudos para o Sistema Único de Saúde (SUS) para uso em larga escala.
Segundo Eduardo Zimmer, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apoiado pelo instituto, atualmente no Brasil existem dois exames capazes de identificar o Alzheimer: o exame de líquor, um procedimento invasivo no qual é feita uma punção lombar utilizando uma agulha bem fina; e o exame de imagem (tomografia). Antes disso, a única forma de detectar a possibilidade da doença era o exame clínico, normalmente feito por um neurologista que fazia diagnóstico baseado nos sintomas do paciente.
“Tanto o exame de líquor quanto a tomografia podem ser solicitados pelo médico para o diagnóstico da doença de Alzheimer assistido por biomarcadores. O problema é que quando pensamos num país como o Brasil, continental, com 160 milhões de pessoas que dependem do SUS, como vamos fazer esses exames em larga escala? Uma punção lombar necessita de infraestrutura, experiência e normalmente é o neurologista que faz. Já o exame de imagem é muito caro para usar no SUS em todo o país”, afirmou.
A pesquisa, assinada por 23 pesquisadores, incluindo oito brasileiros, analisou mais de 110 estudos sobre o tema com cerca de 30 mil pessoas, confirmando que o p-tau217 no sangue é o biomarcador mais promissor para identificar a doença de Alzheimer. Além de Zimmer, o estudo conta com Wagner Brum, aluno de doutorado e membro do grupo de pesquisa na UFRGS, como coautores.
Os resultados foram obtidos em análises de 59 pacientes e os testes foram comparados com o “padrão ouro”, o exame de líquor, apresentando alto nível de confiabilidade, acima de 90%, padrão recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo Zimmer, ao mesmo tempo um grupo de pesquisadores do Instituto D’Or, no Rio de Janeiro, e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), os professores Sérgio Ferreira, Fernanda De Felice e Fernanda Tovar-Moll, devolveram um estudo praticamente igual e com os mesmos resultados.
“São duas regiões diferentes do país, com genética e características socioculturais completamente diferente e o exame funcionou muito bem”, destacou.
Atualmente, o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer é considerado um dos principais desafios de saúde pública no mundo. De acordo com a OMS, aproximadamente 57 milhões de pessoas no mundo vivem com algum tipo de demência — dessas, pelo menos 60% têm o diagnóstico de Alzheimer. No Brasil, o Relatório Nacional sobre Demência, de 2024, estima cerca de 1,8 milhão de pessoas com a doença. A previsão é que o número pode triplicar até 2050.
Baixa escolaridade No estudo, os cientistas identificaram que a baixa escolaridade parece acentuar mais a doença, reforçando a hipótese de que fatores socioeconômicos e educacionais impactam no envelhecimento do cérebro.
“A baixa escolaridade é um fator de risco muito importante para o declínio cognitivo, ficando acima de idade e sexo. Fizemos esse estudo no Brasil e o primeiro lugar disparado é a baixa escolaridade. No contexto biológico, a gente entende que o cérebro que é exposto a educação formal cria mais conexões. É como se a gente exercitasse o cérebro que fica mais resistente ao declínio cognitivo”, ressaltou o pesquisador.
SUS O diagnóstico por exame de sangue já é uma realidade na rede privada. Testes realizados no exterior, como o americano PrecivityAD2, são oferecidos no Brasil a um custo que pode chegar a R$ 3,6 mil. Embora apresentem alta precisão, seu preço elevado reforça a importância de desenvolver uma alternativa nacional e gratuita.
O pesquisador explicou que, para que o exame chegue ao SUS, primeiro é preciso entender se ele vai ter a performance necessária. Em segundo lugar estabelecer a estratégia e a logística para a inclusão no SUS.
“Precisamos de várias avaliações para entender onde as análises serão feitas, quando esses exames vão ser utilizados, que população será beneficiada, se vai acelerar ou não o diagnóstico no SUS”, disse.
Entretanto, antes de chegar a essa etapa ainda há um caminho a ser percorrido, o que dificulta colocar uma estimativa dessa disponibilidade. Os resultados definitivos estarão disponíveis em cerca de dois anos. Apesar de a doença ser mais frequente em pessoas com 65 anos, serão iniciados estudos em pessoas com mais de 55 anos.
“Vamos começar os estudos com indivíduos com mais de 55 anos, porque sabemos que existe uma fase que a gente chama de pré-clínica da doença de Alzheimer, que é quando a doença começa a se instalar, mas o indivíduo ainda não tem sintomas. A ideia é conseguirmos mapear também a prevalência desses indivíduos”, acrescentou Zimmer.
De acordo com o Instituto Serrapilheira, a pesquisa foi publicada na revista Molecular Psychiatry, e os resultados foram reforçados em revisão internacional publicada em setembro, no periódico Lancet Neurology.