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A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou nesta quarta (24) a atualização da Diretriz de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. O documento, que substitui a versão de 2017, endurece metas de colesterol e incorpora novos marcadores, como o colesterol não-HDL, a apolipoproteína B e a lipoproteína(a).

colesterol

A principal mudança está no LDL, conhecido como “colesterol ruim”. Pela primeira vez, a diretriz brasileira inclui a categoria de risco extremo, voltada para pacientes que já tiveram múltiplos eventos cardiovasculares: para eles, a meta é de menos de 40 mg/dL.

Abaixo, veja as novas metas (note que os números máximos de LDL diminuem conforme o aumenta risco cardíaco de cada perfil paciente):

Baixo risco: menor que 115 mg/dL (antes era menor que 130 mg/dL)

Intermediário: menor que 100 mg/dL (antes era menor que 100 mg/dL)

Alto: menor que 70 mg/dL (sem alteração)

Muito alto: <50 mg/dL (antes era menor que 70 mg/dL)

Extremo: <40 mg/dL (nao existia na diretriz anterior)

O QUE É O COLESTEROL? O colesterol é um tipo de lipídio ("gordura") que compõe a membrana das células do nosso corpo e que também é precursor da formação de hormônios e vitaminas. Ele é essencial para diversas funções, mas seu excesso está associado a diversos problemas de saúde, especialmente doenças cardiovasculares, como AVC e infarto. Como definir o risco do paciente

Cardiologista e coordenador da Unidade Coronária do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), Italo Menezes Ferreira lembra que não existe um valor ideal único de colesterol para todos.

"Primeiro é preciso estratificar o risco cardiovascular do paciente. Só a partir daí se define a meta de LDL adequada", diz Ferreira.

Para definir as metas para cada paciente, a diretriz passa a recomendar o uso de cálculos mais completos de risco cardiovascular em 10 anos, como o escore Prevent, da American Heart Association. Esse modelo considera, além de idade, sexo e histórico clínico, fatores como função dos rins e índice de massa corporal (IMC), oferecendo uma estimativa mais precisa da chance de infarto ou AVC.

Na prática, um escore funciona como uma nota que resume o risco. O médico insere dados como idade, sexo, pressão arterial e função renal, e o sistema calcula a probabilidade de infarto ou AVC em 10 anos.

Meta: evitar infartos

Cirurgião cardiovascular do Hospital Beneficência Portuguesa, Ricardo Kazunori Katayose detalha que a mudança parte do entendimento de que reduzir ainda mais o LDL pode evitar novos infartos em pacientes já comprometidos.

“Ao criar a categoria de risco extremo, a diretriz reconhece que pacientes que já tiveram múltiplos eventos precisam de metas mais agressivas”, explica.

Diagnóstico ampliado

O documento recomenda que todos os adultos façam pelo menos uma vez na vida a dosagem da lipoproteína(a), ou Lp(a), marcador associado a risco elevado de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Valores acima de 125 nmol/L ou 50 mg/dL indicam elevação significativa.

O exame, no entanto, ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) nem tem cobertura ampla nos planos de saúde.

Katayose relembra que parte das dislipidemias é de origem genética. O termo se refere a alterações nos níveis de gorduras no sangue — como colesterol e triglicerídeos — que aumentam o risco de entupimento das artérias.

“Muitas vezes o histórico familiar de infarto se explica por dificuldade de metabolizar o colesterol. Nesses casos, a detecção precoce é crucial para adotar mudanças de estilo de vida ou iniciar medicação”, afirma.

Terapia combinada como primeira escolha

Para pacientes de alto, muito alto e extremo risco, a diretriz recomenda iniciar já com terapia combinada. Entre as principais opções estão:

Estatina + ezetimiba.

Estatina + terapia anti-PCSK9.

Estatina + ácido bempedoico.

Estratégias triplas, como estatina + ezetimiba + anti-PCSK9, que podem reduzir o LDL em até 85%.

O cardiologista Italo Menezes Ferreira destaca que a mudança reflete um consenso internacional.

“Diversos estudos mostram que, quanto mais cedo e mais baixo for o controle do LDL, menor o risco de morte, infarto e AVC. Por isso, a diretriz brasileira está alinhada à europeia, que também reduziu metas recentemente”, afirma.

Ferreira acrescenta que o documento traz uma orientação mais agressiva para o pós-infarto: iniciar de imediato com estatina e ezetimiba, e, em caso de recorrência, incluir inibidores de PCSK9.

Estilo de vida segue essencial

Apesar da ampliação das opções farmacológicas, a diretriz reforça a importância de medidas não medicamentosas. Alimentação equilibrada, prática regular de exercícios, abandono do tabagismo, controle do peso e moderação no álcool seguem como pilares da prevenção.

Katayose ressalta que o aumento da expectativa de vida e os hábitos atuais — sedentarismo, alimentação rica em ultraprocessados, sono ruim e estresse — têm impacto direto nos níveis de colesterol da população.

“A vida moderna favorece a dislipidemia. Por isso, além das medicações, é preciso mudar hábitos”, defende.

Impacto esperado

A expectativa da SBC é que a atualização contribua para reduzir a mortalidade cardiovascular no país, orientando tanto a prática clínica quanto políticas públicas. Para especialistas, a diretriz chega em um momento crucial diante do crescimento da obesidade, do sedentarismo e do estresse crônico na população brasileira.

G1

Um novo estudo apresentado na Sessão Científica Anual do American College of Cardiology trouxe dados importantes sobre a conexão entre a quantidade de sono e a saúde cardiovascular.

dormir

Com base em 16 estudos realizados entre 2000 e 2023, que envolveram mais de 1 milhão de pessoas de seis países, a pesquisa revelou como a falta de sono pode aumentar o risco de desenvolver pressão alta a longo prazo.

A falta de sono e o risco de hipertensão Os resultados do estudo mostraram que a duração inadequada do sono, especialmente quando as pessoas dormem menos de sete horas por noite, está diretamente relacionada a um risco elevado de hipertensão. Dormir menos de cinco horas por noite eleva ainda mais esse risco, tornando-o mais preocupante.

A pesquisa concluiu que a falta de sono adequado, ou seja, dormir menos de sete horas por noite, pode aumentar o risco de pressão alta em 7%.

Quando a duração do sono é reduzida para menos de cinco horas, esse risco sobe para impressionantes 11%. Para se ter uma ideia, fatores como tabagismo e diabetes elevam o risco de hipertensão em pelo menos 20%.

Impacto diferente entre homens e mulheres Uma descoberta curiosa do estudo foi a diferença entre os gêneros. As mulheres que dormem menos de sete horas por noite têm um risco 7% maior de desenvolver pressão alta em comparação com os homens.

Embora essa diferença seja estatisticamente significativa, o estudo ressalta a necessidade de mais investigações para entender as razões dessa disparidade e suas implicações para a saúde cardiovascular feminina.

Limitações do estudo Embora os dados coletados sejam valiosos, o estudo possui algumas limitações. A principal delas é que a duração do sono foi autorrelatada pelos participantes, o que pode não refletir com precisão os hábitos reais de sono.

Além disso, o estudo identificou variações nas definições de “curta duração do sono” entre os diferentes estudos analisados, sugerindo que uma padronização dessas definições seria útil para tornar as comparações mais consistentes e confiáveis.

O que fazer para dormir melhor e proteger o coração? Garantir uma boa qualidade de sono é fundamental para prevenir problemas de pressão alta. Aqui estão algumas dicas práticas para melhorar o sono e, consequentemente, a saúde cardiovascular:

Mantenha uma rotina de sono regular: Tente dormir e acordar no mesmo horário todos os dias, mesmo nos finais de semana. Evite estimulantes: Reduza o consumo de cafeína e evite refeições pesadas nas horas que antecedem o sono. Crie um ambiente adequado para dormir: Mantenha o quarto escuro, silencioso e confortável. Pratique atividades relaxantes: Leitura, meditação ou outras atividades calmantes podem ajudar a preparar o corpo e a mente para um sono tranquilo. A importância do sono na prevenção da hipertensão Este estudo sublinha a importância do sono na manutenção de uma boa saúde cardiovascular. Adotar hábitos que favoreçam uma boa noite de sono pode ser uma das estratégias mais simples e eficazes para reduzir o risco de hipertensão e promover uma vida mais saudável.

Além disso, essas práticas não só ajudam a controlar a pressão arterial, mas também melhoram a qualidade de vida de maneira geral, tornando a saúde cardiovascular mais robusta e prevenindo complicações a longo prazo.

Melhores dicas para baixar a pressão arterial A pressão arterial alta pode ser controlada com simples mudanças no estilo de vida. Alimentação saudável, prática regular de atividades físicas, controle do peso e redução do consumo de sal são fundamentais para manter a saúde do coração. Além disso, evitar álcool e tabaco e gerenciar o estresse contribuem para a redução da pressão, prevenindo complicações graves, como indicado pela Catraca Livre.

Catraca Livre

Foto: © iSTock/Liudmila Chernetska

A doença de Huntington, uma condição neurodegenerativa rara, mas cruel e devastadora, foi tratada com sucesso pela primeira vez.

A informação foi antecipada pela BBC e confirmada pelo g1 nesta quarta-feira (24), após a divulgação oficial dos dados da pesquisa conduzida pela University College London (UCL) em parceria com a empresa holandesa uniQure, responsável pelo desenvolvimento da terapia genética.

De acordo com o comunicado, pacientes que receberam doses altas da terapia experimental AMT-130 tiveram uma redução de 75% na progressão da doença em três anos. Na prática, isso significa que o avanço esperado para um ano levou quatro anos para acontecer, o que pode representar décadas a mais de qualidade de vida para os pacientes.

O que mostrou o estudo O ensaio clínico de fase I/II acompanhou 29 pacientes em estágio inicial da doença. Eles receberam uma única aplicação da terapia durante cirurgia neurológica de até 18 horas.

Após três anos, os resultados indicaram que:

O avanço dos sintomas caiu em média 75% — medido pela escala clínica composta (cUHDRS). Houve 60% menos perda de habilidades funcionais do dia a dia, como andar e falar — avaliado pela escala de capacidade funcional total (TFC). Os pacientes apresentaram melhora em memória e raciocínio — segundo testes cognitivos como Stroop e SDMT. Exames mostraram menor sinal de morte de células cerebrais, com queda de 8,2% no biomarcador NfL do líquor. “Esses dados indicam que o AMT-130 tem o potencial de retardar significativamente a progressão da doença – oferecendo a tão esperada esperança a indivíduos e famílias”, diz a neurologista Sarah Tabrizi, diretora do Centro de Doença de Huntington da UCL e investigadora principal do estudo, em comunicado da uniQure. Em termos de efeitos colaterais, o tratamento foi considerado bem tolerado. Os efeitos adversos mais comuns estavam ligados ao procedimento cirúrgico de administração e foram resolvidos. Desde dezembro de 2022, não houve novos eventos graves relacionados ao medicamento.

Próximos passos A uniQure informou que pretende protocolar um pedido de registro (BLA) junto à Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, no primeiro trimestre de 2026. Caso aprovado, o medicamento poderia chegar ao mercado americano ainda no mesmo ano.

A terapia já recebeu da FDA as designações de Terapia Inovadora e de Medicina Regenerativa Avançada, mecanismos que aceleram processos regulatórios em condições graves e sem alternativas de tratamento.

O que é a doença de Huntington A doença de Huntington é causada por uma mutação no gene da huntingtina, que leva à produção de uma proteína tóxica para os neurônios. A condição provoca perda progressiva de funções motoras, cognitivas e comportamentais, resultando em dependência e morte, geralmente em até 20 anos após o início dos sintomas.

Estima-se que cerca de 75 mil pessoas convivam com a doença nos Estados Unidos, Europa e Reino Unido, enquanto centenas de milhares carregam a mutação genética e poderão desenvolvê-la no futuro.

Atualmente, não há tratamentos aprovados que retardem ou interrompam o avanço da enfermidade — apenas terapias para controle de sintomas.

A situação no Brasil No Brasil, não há estatísticas oficiais consolidadas sobre a prevalência da doença de Huntington. Estimativas citadas pelo Ministério da Saúde e pela Associação Brasil Huntington apontam que entre 13 mil e 19 mil pessoas podem ter o gene mutante que causa a doença, enquanto outras 65 mil a 95 mil estariam em risco de desenvolvê-la.

Dados do Ministério da Saúde indicam, ainda, que entre 1996 e 2015 foram registrados 801 óbitos relacionados à doença no Brasil, mais da metade deles na região Sudeste, especialmente em São Paulo.

Apesar de rara, a condição é reconhecida pela Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, criada em 2014.

No entanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não disponibiliza medicamentos específicos para retardar sua progressão. Hoje, os tratamentos disponíveis são apenas para aliviar sintomas, como os movimentos involuntários e alterações de comportamento.

G1

O consumo de álcool, mesmo em pequenas quantidades, pode aumentar o risco de demência ao longo da vida. A conclusão é de um estudo internacional publicado na revista científica "BMJ Evidence Based Medicine", que combinou dados observacionais e análises genéticas para tentar isolar os efeitos reais da bebida sobre o cérebro.

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Durante muito tempo, alguns estudos apontaram que beber pouco poderia proteger o cérebro. Mas, segundo os novos dados, essa impressão provavelmente se deve a um engano estatístico chamado “causalidade reversa”.

Isso acontece porque pessoas que já estão começando a ter sinais de demência costumam reduzir naturalmente o consumo de álcool. Assim, quando os pesquisadores comparam, parece que quem bebe pouco está mais protegido — quando, na verdade, o que acontece é que alguns já estavam doentes e passaram a beber menos.

Os pesquisadores da Universidade de Oxford reuniram informações de 559 mil participantes de dois grandes biobancos — o "Million Veteran Program" (EUA) e o "UK Biobank" (Reino Unido) — acompanhados por até 12 anos. Nesse período, 14,5 mil pessoas desenvolveram algum tipo de demência.

A equipe aplicou dois tipos de abordagem:

Análises observacionais, que encontraram: maior risco entre abstêmios e bebedores pesados, e risco menor em níveis moderados; Análises genéticas (randomização mendeliana), com dados de 2,4 milhões de indivíduos, que mostraram aumento linear do risco conforme a quantidade ingerida, sem sinal de efeito protetor em doses baixas. No recorte estatístico, os pesquisadores identificaram que beber mais de 40 doses por semana esteve ligado a um aumento de 41% no risco de demência, enquanto pessoas com diagnóstico de dependência apresentaram um risco 51% maior em comparação a bebedores leves.

Nas análises genéticas, cada incremento de 1 a 3 doses semanais se associou a um risco 15% mais alto de desenvolver a doença, e o risco dobrado de dependência significou 16% mais chance de demência.

Em termos populacionais, os autores estimam que cortar pela metade a prevalência de dependência alcoólica poderia reduzir em até 16% os casos de demência.

Metodologia e ressalvas O estudo teve pontos fortes, como o grande número de casos analisados, a inclusão de pessoas de diferentes perfis e o uso de métodos de genética populacional para reduzir vieses de confusão. Além disso, foi possível observar a trajetória do consumo ao longo da vida, identificando quedas mais acentuadas entre quem acabou desenvolvendo demência.

Entre as limitações, os autores citam o fato de os resultados mais robustos apareceram em participantes de ancestralidade europeia, o que reduz a generalização para outros grupos.

Conclusão dos autores Para os pesquisadores, a mensagem central é clara: "não há nível seguro de consumo de álcool para o cérebro".

“Nossas descobertas apoiam um efeito prejudicial de todos os tipos de consumo de álcool no risco de demência, sem evidências que sustentem o efeito protetor antes sugerido do consumo moderado”, afirmam Anya Topiwala (Universidade de Oxford) e colegas.

Eles acrescentam: “O padrão de redução do consumo de álcool antes do diagnóstico de demência observado em nosso estudo ressalta a complexidade de inferir causalidade a partir de dados observacionais, especialmente em populações idosas. Nossos achados destacam a importância de considerar a causalidade reversa e fatores de confusão residuais em estudos sobre álcool e demência, e sugerem que reduzir o consumo de álcool pode ser uma estratégia importante de prevenção”.

G1

Foto: Isabella Mendes/Pexels