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Mais de 40 anos depois do primeiro caso de HIV no Brasil, o país vive um paradoxo: tem uma das maiores ofertas de tratamento e prevenção do mundo, mas ainda registra altos índices de infecção entre jovens e crescente diagnóstico tardio. No mundo, as reduções nos investimentos internacionais preocupam as autoridades.

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Enquanto a maior promessa em termos de medicação preventiva e injetável ainda não está disponível no SUS, o número de infectados aumenta e médicos alegam que a população tem menos medo do vírus. Já após o diagnóstico, a necessidade de ingestão diária de medicação oral representa um dos gargalos para o tratamento contínuo e ininterrupto.

No dia mundial de combate ao vírus, o g1 faz um balanço dos avanços, desafios e perspectivas para o futuro, a partir de dados do Ministério da Saúde, da UNAIDS e de entrevistas com infectologistas.

Atualmente, 40,8 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo e 9,2 milhões ainda não têm acesso ao tratamento. Em 2024, ocorreram 1,3 milhão de novas infecções no planeta, segundo a UNAIDS, Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids.

O Brasil apresentava, até 2025, mais de 1 milhão de pessoas identificadas com o vírus. Este ano, houve mais de 46 mil novos casos no país, um aumento de 4,5% em relação ao ano anterior.

Dados do Ministério da Saúde mostram que 70,7% dos casos notificados desde 2007 são em homens. Em 2023, a razão de sexos chegou ao maior nível da série histórica: 27 casos em homens para cada 10 em mulheres.

A epidemia também segue concentrada entre os mais jovens:

23,2% dos casos acumulados foram registrados entre pessoas de 15 a 24 anos; em 2023, 40,3% dos casos entre homens ocorreram na faixa de 20 a 29 anos. A desigualdade racial também aparece de forma consistente. Em 2023, 63,2% das novas infecções foram entre pessoas negras (49,7% pardas e 13,5% pretas). Entre mulheres, o impacto é ainda maior: 64,2% das notificações ocorreram entre negras.

Para cumprir a meta global de eliminação da aids como problema de saúde pública até 2030, o país precisa acelerar estratégias de diagnóstico, tratamento e redução de novas infecções.

Menor sensação de risco e aumento de infectados “O número de infectados vem aumentando porque as pessoas não veem risco em adquirir o HIV. E mesmo quem adquire acha que ninguém morre de Aids por causa dos medicamentos incomparavelmente melhores do que no passado”, afirma a infectologista Gisele Gosuen, da UNIFESP/EPM e Coordenadora do Comitê de Comorbidades da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Medicamentos de longa duração estão entre as maiores promessas Os médicos são unânimes em destacar que a eficácia das tecnologias injetáveis de prevenção de longa duração – o cabotegravir e o lenacapavir - estão entre as maiores promessas para o combate ao vírus.

O cabotegravir, aprovado pela Anvisa em 2023, está disponível no setor privado no Brasil desde agosto de 2025. Este medicamento representa a primeira forma de profilaxia pré-exposição (PrEP) de longa duração contra o vírus no país, aplicada por via intramuscular a cada dois meses. Mas o custo é alto: R$ 4 mil por dose.

Atualmente, o SUS oferece medicamentos para a PrEP sob a forma de comprimidos, que devem ser tomados diariamente. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) avalia a inclusão da forma injetável da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de longa duração no SUS. Para especialistas em saúde pública, medicações como essa podem ser um divisor de águas e inaugurar uma nova fase da prevenção ao HIV. Modelos epidemiológicos indicam que, se adotado em larga escala, o cabotegravir poderia prevenir até 385 mil infecções até 2033.

Já o lenacapavir, que pode ser aplicado duas vezes ao ano, ainda não foi aprovado no Brasil. Ao g1, a farmacêutica Gilead Sciences afirmou que o pedido de registro do lenacapavir já foi submetido à Anvisa e encontra-se em análise pelo órgão regulador. No momento, não há previsão de data para a conclusão desse processo.

Além de o cabotegravir e o lenacapavir ainda não estarem disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), Gosuen alerta que, em um primeiro momento, este tipo de medicação deve ser usado para a prevenção e não para o tratamento de quem vive com o vírus.

A importância do diagnóstico precoce com o autoteste Gosuen destaca ainda a importância do teste rápido para o diagnóstico precoce e lamenta não ver muitas iniciativas que estimulem este teste ao longo do ano, assim como campanhas de conscientização sobre a infecção.

“Paramos de falar de HIV/Aids e é como se a infecção não existisse mais. Você pode se deparar com uma pessoa bonita, aparentemente saudável e não imaginar que ela tenha o vírus”, diz.

O autoteste é oferecido gratuitamente pelo SUS e pode ser comprado na farmácia. O indivíduo coleta a sua própria amostra de fluido oral ou sangue e o resultado sai em questão de minutos.

O teste pode ser feito na unidade de saúde ou em casa. Nas unidades de saúde, os agentes orientam os pacientes sobre o tratamento após o resultado do autoteste, que pode ser feito em cabines individuais. Os pacientes têm garantidos a privacidade, o sigilo e a confidencialidade.

“As pessoas precisam saber que podem morrer de aids, principalmente quando não sabem que têm o HIV. Pior do que uma pessoa viver com HIV é ela não saber que vive com o vírus. Porque aí ela só vai descobrir quando já estiver muito doente, com Aids avançada e muitas vezes a gente não consegue retroceder, iniciando o tratamento tardiamente”, destaca Gosuen.

Atualmente, quem é diagnosticado precocemente consegue viver com o vírus com qualidade de vida, assim como quem não tem o vírus, se seguir o tratamento com antiretrovirais diários administrados por vira oral, de forma adequada.

CFM recomenda que médicos peçam testes sorológicos, mas não detalha a periodicidade Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 2016 recomenda que médicos, independentemente da especialidade, verifiquem nas consultas se seus pacientes realizaram testes sorológicos para sífilis, HIV, hepatites B e C, e vacinação, no caso da hepatite B. Caso os testes ou a vacinação não tenham sido realizados, o médico deve orientar o paciente sobre a necessidade, a oportunidade ou a conveniência de sua execução.

Mas a recomendação do CFM não fala em periodicidade para a realização destes testes e, na prática, muitos pacientes com o vírus do HIV passam por diversos médicos antes de suspeitarem da infecção.

Gosuen destaca, inclusive, que muitas mulheres descobrem o HIV no momento do parto porque não fazem o pré-natal adequadamente.

O cansaço da medicação diária A médica alerta que um dos maiores gargalos para o tratamento contínuo e ininterrupto é a necessidade de tomar medicação todos os dias, que leva a cansaço e esquecimentos.

Das mais de 1 milhão de pessoas identificadas com o vírus até 2025, 4% nunca foram vinculadas a qualquer serviço de saúde. Das que foram vinculadas, 1% não retirou a medicação para iniciar o tratamento com antiretroviral. Das que iniciaram tratamento, 13% não deram continuidade. Os demais diagnosticados foram vinculados a uma unidade de saúde e estão em tratamento contínuo.

Pacientes com carga não detectável e detectável Pacientes em tratamento que conseguem ter o vírus indetectável por um período de seis meses podem até mesmo não transmitir o vírus em caso de sexo desprotegido, desde que mantenham o tratamento corretamente e que não tenham interações medicamentosas. O uso de remédios para outras enfermidades combinado com os antiretrovirais pode levar a essas interações.

Vacinas também podem interferir na carga viral. Elas devem ser recomendadas às pessoas que vivem com HIV, desde que os pacientes recebam orientações médicas adequadas quanto ao momento para receber a vacinação. Depois de serem vacinadas, as pessoas que vivem com HIV devem esperar um mês para realizar o exame de carga viral.

Já pessoas que vivem com HIV/Aids que não estão em tratamento ou possuem carga viral detectável podem transmitir o vírus a outras pessoas.

UNAIDS destaca reduções no financiamento internacional Apesar dos avanços da medicina no combate ao vírus, as reduções nos investimentos internacionais e o estigma preocupam autoridades.

Este ano, o número de países que criminalizam a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo e a expressão de gênero aumentou pela primeira vez, desde 2008, segundo a UNAIDS.

As reduções no financiamento internacional e a falta de solidariedade global causaram um choque nos países de baixa e média renda com mais incidência de HIV, destaca relatório divulgado pelo órgão na última semana.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que a assistência externa à saúde deverá cair entre 30% e 40% em 2025 em comparação com 2023, o que deve causar interrupções ainda mais graves nos serviços de saúde em países de baixa e média renda.

Os serviços globais de prevenção — que já estavam sob pressão antes da crise — foram os mais afetados. Entre esses serviços, estão reduções significativas no acesso a medicamentos para prevenir o HIV (profilaxia pré-exposição, conhecida como PrEP) e quedas acentuadas na circuncisão médica voluntária para prevenção do HIV.

Confira outros destaques do relatório da UNAIDS:

Em 2024, havia globalmente 570 novas infecções por HIV todos os dias entre mulheres jovens e meninas com idades entre 15 e 24 anos. O fracasso em atingir as metas globais para o HIV de 2030 da próxima Estratégia Global para a AIDS pode resultar em 3,3 milhões de novas infecções por HIV entre 2025 e 2030. Apesar dos desafios, muitos países tentam suprir as lacunas de financiamento. Nigéria, Uganda, Costa do Marfim, África do Sul e Tanzânia comprometeram-se a aumentar os investimentos nacionais para serviços de HIV.

G1

Foto: Adobe Stock

Os casos globais de sarampo caíram 71%, para 11 milhões, no período de 2000 a 2024, impulsionados pela melhoria da cobertura de vacinação, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) em um relatório nesta sexta-feira (28).

A vacinação contra o sarampo evitou quase 59 milhões de mortes em todo o mundo, com o número caindo quase 88%, para 95.000, no período de 24 anos, de acordo com o relatório.

No ano passado, houve um ressurgimento do sarampo, com casos estimados aumentando 8%, em comparação com os níveis anteriores à pandemia em 2019. As mortes relacionadas ao sarampo, no entanto, caíram 11% durante esse período, refletindo um número maior de infecções em países de renda média com uma taxa de mortalidade mais baixa, disse a OMS.

"O sarampo é o vírus mais contagioso do mundo, e esses dados mostram mais uma vez como ele explorará qualquer lacuna em nossas defesas coletivas contra ele", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. O sarampo é geralmente a primeira doença a ressurgir quando há uma queda na cobertura de vacinação, disse a agência, acrescentando que os surtos crescentes expõem os pontos fracos dos programas de imunização e dos sistemas de saúde.

"Mesmo pequenas quedas na cobertura vacinal podem desencadear surtos, como um alarme de incêndio que dispara quando a fumaça é detectada", disse Kate O'Brien, diretora do Departamento de Imunização da OMS.

Ela alertou que lacunas semelhantes são "quase certamente prováveis" para outras doenças evitáveis por vacinação, como difteria, coqueluche e poliomielite.

Em 2024, 59 países registraram surtos de sarampo grandes ou perturbadores, quase três vezes mais do que em 2021 e o maior desde a pandemia de Covid-19, disse a OMS, acrescentando que houve um ressurgimento mesmo em países de alta renda que já o eliminaram.

O Canadá perdeu seu status de eliminação do sarampo este mês, depois de não conseguir conter um surto que durou um ano.

Estados Unidos e México também registraram surtos significativos este ano, com milhares de casos e algumas mortes.

Cortes profundos em financiamento podem provocar novos surtos A agência alertou que os cortes profundos no financiamento da Rede Global de Laboratórios de Sarampo e Rubéola e dos programas de imunização dos países podem ampliar as lacunas de imunidade e provocar novos surtos no próximo ano.

A OMS reduziu seu trabalho e diminuiu pela metade sua equipe de gestão depois que seu principal doador, os Estados Unidos, anunciou sua saída em janeiro. No ano passado, 84% das crianças em todo o mundo receberam a primeira dose da vacina contra o sarampo, um pouco abaixo dos níveis anteriores à pandemia, e 76% receberam a segunda dose, segundo o relatório.

O sarampo é altamente evitável quando os países atingem 95% de cobertura com duas doses, que são 97% eficazes.

Reuters

Nesta quinta-feira, 27, dia nacional de combate ao câncer, a Fundação do Câncer divulgou o estudo “Câncer Colorretal no Brasil: o Desafio Invisível do Diagnóstico”. Segundo o levantamento, dos 177 mil casos da doença registrados em hospitais do país entre 2013 e 2022, mais de 60% tiveram diagnóstico em estágios avançados.

cancerinicio

Também foi identificado que o avanço da doença e a demora no diagnóstico reduzem a possibilidade de cura. Em entrevista ao Conexão Record News, a presidente da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), Angélica Nogueira, chama a atenção para as baixas taxas de previsão primária e rastreio da doença no Brasil.

“Ter a doença localmente avançada, ou avançada, é uma regra para quase todos os tipos de câncer”. Segundo a especialista, há uma falha no rastreamento por uma carência de cobertura, apesar das “excelentes armas de prevenção”, como exames de pesquisa de sangue nas fezes ou colonoscopia.

“Não há um programa ainda de saúde pública de cobertura de colonoscopia, e aqui a gente precisa estruturar o rastreio do câncer de intestino, que é uma ferramenta para evitar a doença”, pontua. Nogueira destaca que o câncer é um problema em ascensão no país, onde 700 mil pessoas são diagnosticadas com a condição por ano.

Nesse sentido, o diagnóstico precoce é de suma importância para reduzir as taxas de mortalidade. “Não existe nenhum remédio melhor do que diagnosticar a doença inicialmente ou idealmente até evitá-la”, afirma a presidente. Ela cita estratégias de prevenção como dieta e atividade física, não fumar, consumo baixo de bebida alcoólica, uso de protetor solar, além dos exames preventivos.

“A mensagem central para um paciente com diagnóstico de câncer em 2025 é que a chance de cura aumentou de maneira muito significativa. E o conselho é que o paciente esteja conduzido por uma equipe especializada, multidisciplinar, idealmente dentro de uma clínica ou de um hospital especializado, onde ele vai ter as ferramentas ideais. Câncer hoje é uma doença curável”, conclui.

R7

Foto: Reprodução/Record News

— O Dia Nacional de Combate ao Câncer reforça a importância de estratégias que diminuem o risco dessa condição, cada vez mais comum no país. Mudanças na alimentação fazem parte das recomendações amplamente adotadas por instituições de saúde, que orientam a reduzir o consumo de carnes processadas, alimentos ultraprocessados, álcool e bebidas açucaradas, além de priorizar ingredientes naturais capazes de apoiar as defesas do organismo.

Diversas análises científicas apontam que nenhum alimento isolado produz proteção total, porém combinações adequadas dentro de uma rotina equilibrada exercem impacto significativo. A seguir, seis itens que apresentam compostos associados à redução do risco de diferentes tipos de câncer.

Brócolis e outros vegetais crucíferos

Vegetais como brócolis, couve-flor, repolho e couve-de-Bruxelas concentram substâncias que auxiliam o organismo a eliminar toxinas e reparar células. Esses compostos participam de processos metabólicos ligados ao controle de danos celulares. Consumo frequente, em várias porções semanais, aparece associado à diminuição do risco de tumores e outras condições crônicas.

Tomates

Tomates são ricos em licopeno, antioxidante que contribui para a proteção celular. A absorção do composto aumenta quando o alimento passa por corte ou cozimento. Preparações com gordura de qualidade, como azeite, ampliam esse potencial. O consumo regular é relacionado à redução do risco de cânceres como próstata, mama, pulmão e colorretal.

Feijões e outras leguminosas

Feijão-preto, feijão-vermelho, lentilha, ervilha seca e grão-de-bico combinam proteína e grande quantidade de fibras. A fibra alimenta bactérias benéficas no intestino, que produzem substâncias usadas pelas células do cólon, mantendo esse tecido mais estável e menos propenso a transformações malignas. Essas leguminosas também aparecem associadas ao controle do peso, fator relevante por estar relacionado a vários tipos de câncer. Benefícios começam a ser observados a partir de ingestões próximas de 30 g de fibra por dia, valor alcançável com duas xícaras de feijão-preto.

Nozes e outras oleaginosas

Oleaginosas oferecem gorduras de boa qualidade, proteínas e fibras. Nozes concentram compostos específicos que são convertidos no intestino em substâncias capazes de limitar a multiplicação de células cancerígenas. Avaliações realizadas em amostras clínicas mostram cólons com aparência mais estável em consumidores frequentes. Um punhado diário costuma ser suficiente para alcançar o efeito protetor observado nessas análises.

Frutas vermelhas

Morangos, mirtilos, amoras, cranberries e romãs fornecem antioxidantes que ajudam a proteger o DNA contra danos e estresse oxidativo. Essas frutas contêm pigmentos naturais com propriedades anti-inflamatórias, fator importante porque processos inflamatórios prolongados favorecem o desenvolvimento e a progressão de tumores. O consumo recomendado varia entre meia xícara e uma xícara por dia, em versões frescas ou congeladas.

Alho

O alho apresenta altos níveis de alicina, composto de enxofre associado à proteção contra o câncer. Estudos populacionais indicam redução do risco de câncer de estômago em grupos que incluem quantidades elevadas do ingrediente na alimentação anual. A utilização de alho cru preserva melhor os compostos ativos, especialmente quando incorporado a preparações como molhos e pastas.

Essas recomendações reforçam que uma alimentação estruturada em ingredientes naturais, variados e ricos em compostos bioativos atua como ferramenta importante na prevenção da doença e na promoção da saúde ao longo do tempo.

FEED TV R7