O verão chegou e, com ele, a temporada de praia, quando inúmeras pessoas aproveitam o dia com o pé na areia e se refrescando na água. Por lá, o que não faltam são opções de comidinhas para beliscar. Mas consumir alimentos mal armazenados traz riscos — e consequências imediatas.

"Comer na praia pode ser seguro, mas é necessário ter atenção. O risco principal está na conservação e na higiene dos alimentos. Quando temos uma exposição a alta temperatura, o sol pode acelerar a deterioração dos alimentos, especialmente aqueles perecíveis", explica a nutricionista Edvânia Soares.

Embora não seja o ideal para uma alimentação rotineira, na praia, as comidas mais seguras são as industrializadas. Isso porque os produtos já estão embalados e dispensam a necessidade de manipulação, o que traz segurança alimentar.

Entre os alimentos perecíveis, o mais seguro seria o consumo de frutas com casca, segundo Edvânia. Mas, dependendo da temperatura em que estão expostas, elas também podem se estragar.

A endocrinologista Tassiane Alvarenga, membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), diz também que sanduíches com alimentos de boa procedência, e bem acondicionados, podem ser opções mais seguras do que comer na praia.

Já a nutricionista Natalia Barros cita opções que podem ser adquiridas com segurança no local, como pipoca, frutas secas, amendoim e milho cozido na espiga, além de água e bebidas embaladas, lembrando sempre de se atentar a temperatura, higiene e condições de armazenamento.

Edvânia reitera que os alimentos menos seguros para consumo na praia são aqueles que exigem refrigeração, exatamente por não ser possível garantir a temperatura. É o caso dos frutos do mar, de margarinas, manteigas e maioneses, itens em que são comuns a contaminação e a proliferação de bactérias.

Pontos de atenção para a alimentação na praia Entre os pontos que devem ser levados em consideração antes de consumir algo na praia, Natalia destaca:

  • controle da temperatura: o calor na praia pode acelerar a multiplicação de bactérias em alimentos perecíveis. Certifique-se de que os alimentos perecíveis sejam mantidos em temperaturas seguras. Leve um cooler com gelo para manter alimentos frios, especialmente se você estiver passando um longo período na praia;
  • proteção contra contaminação: evite a contaminação cruzada, garantindo que utensílios e mãos estejam limpos ao manusear alimentos. Use tábuas de corte separadas para carne crua e alimentos prontos para comer;
  • alimentos preparados adequadamente: certifique-se de que os alimentos estejam completamente cozidos. A carne, em particular, deve ser cozida a uma temperatura interna segura para evitar a transmissão de doenças por alimentos;
  • higiene pessoal: lave as mãos regularmente, especialmente antes de lidar com alimentos. Se não houver acesso a água corrente, use desinfetante para as mãos;
  • proteção contra insetos: mantenha os alimentos cobertos para evitar a contaminação por insetos;
  • escolha de alimentos não perecíveis: opte por alimentos que não se deterioram facilmente, como frutas secas, nozes, biscoitos e sanduíches embalados;
  • evite alimentos crus ou sensíveis: fuja de alimentos que possam estragar rapidamente, como maionese não refrigerada, mariscos crus, ovos crus etc.

Consequências do consumo de alimentos na praia O consumo de alimentos mal armazenados ou contaminados pode gerar problemas gastrointestinais.

Uma intoxicação alimentar pode ocasionar náusea, vômito, cólica e diarreia em razão da transmissão de vírus, parasitas e bactérias. Já alimentos malcozidos ou crus podem carregar bactérias como Salmonella, Escherichia coli (E. coli) ou Vibrium, causadoras de várias doenças.

Em decorrência desses problemas, somados à exposição solar prolongada, também pode ocorrer desidratação.

Nesses casos, a recomendação é buscar atendimento médico prontamente, repor a hidratação, descansar e evitar alimentos suspeitos que possam ter ocasionado o problema ou que possam piorá-lo.

Caso haja a hipótese ou suspeita de que os desconfortos gastrointestinais tenham sido ocasionados devido à má higienização de um alimento ou do estabelecimento que o forneceu, é importante acionar as autoridades competentes para ser feita uma investigação.

O que levar para a praia • Frutas frescas e cortadas: maçãs, bananas, uvas e melancias são boas opções. Certifique-se de lavar as frutas antes de cortá-las.

  • Vegetais cortados: cenouras baby, pepinos e pimentões cortados são fáceis de transportar e podem ser acompanhados por molhos ou homus.
  • Sanduíches: prepare sanduíches com recheios que não estragam facilmente, como queijos duros, presunto ou frango grelhado. Evite maionese e alimentos perecíveis.
  • Barras de cereais e snacks saudáveis: são convenientes e não requerem refrigeração.
  • Frutas secas e nozes: passas, damascos secos, amêndoas e nozes são opções de lanches nutritivos e duráveis.
  • Saladas em potes: montar saladas em potes é uma maneira organizada de levar vegetais, proteínas e molhos separadamente, evitando que os ingredientes fiquem murchos.
  • Bebidas esportivas: podem repor eletrólitos perdidos, especialmente em dias quentes.
  • Coquetéis pré-preparados: se desejar bebidas alcoólicas, considere levar coquetéis pré-preparados em recipientes seguros e não quebráveis.
  • Smoothies: prepare smoothies em casa e leve-os em garrafas isoladas, para uma opção refrescante e nutritiva.

R7

Embora sejam elementos tradicionalmente usados nas comemorações de fim de ano, no Natal e no Réveillon, os fogos de artifício oferecem perigo potencial se não forem manuseados com a devida atenção. O alerta é da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM).

Dados do Ministério da Saúde revelam que, de 2019 a 2022, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 1.548 internações por ferimentos causados por fogos de artifício — média de um caso por dia. Em 2023, informações preliminares do ministério mostram um total de 266 internações com esse mesmo perfil, efetuadas entre janeiro e setembro.

O diretor de comunicação da SBCM, Sérgio Augusto Machado da Gama, disse à Agência Brasil que, nesta época do ano, os fogos constituem grande preocupação da entidade devido aos acidentes que provocam. As mãos, principalmente, são as partes do corpo mais expostas, além do punho, rosto e olhos. “São os lugares onde a gente vê mais acidentes com fogos de artifício”.

Cuidados O cirurgião defende que os fogos de artifício sejam admirados de longe e não em lugares privados por pessoas não preparadas para isso. Ele indicou, porém, que cuidados podem ser tomados para mitigar efeitos danosos, como queimaduras graves, lesões e até amputações. Uma das dicas é que, para soltar rojão, devem ser usados prolongadores que mantenham distância entre a mão e o artefato.

Os fogos de artifício devem ser comprados somente em lojas especializadas e não de fabricação caseira e não devem ser reutilizados quando não acendem. Evitar beber antes de acender fogos de artifício é outra recomendação dada pelo médico, porque isso aumenta a chance de acidentes.

Em relação às crianças, os cuidados se redobram. “Crianças não devem soltar nada e devem ficar longe, a uma distância segura de qualquer foguete ou fogo de artifício”, afirmou. “Infelizmente, não são só queimaduras que resultam de fogos de artifício. Às vezes são amputações de dedos. Eu já peguei até amputação de mão inteira por explosão de rojões”.

Queimaduras Queimaduras graves necessitam de atendimento urgente. Para queimaduras mais leves, sem ferimento, a indicação é lavar com água corrente, proteger com um pano úmido e limpo e procurar um serviço médico. “São medidas que se faz de imediato”, explicou o diretor da SBCM.

Por outro lado, alertou que não se deve passar no local queimado pasta de dente, clara de ovo ou manteiga, porque esses produtos podem trazer infecção no local. “Algumas vezes se formam bolhas, mas somente o médico pode estourar”, advertiu.

No caso de ferimentos em que haja fraturas e amputações, o procedimento é lavar, proteger o local e, se estiver sangrando, fazer uma compressão com um pano limpo e seguir para o pronto-socorro. “Porque o grau de gravidade de uma queimadura, após uma explosão, é muito variado. Vai desde o primeiro grau até amputações terríveis”. Sem falar nas pessoas que ficam cegas, com lesão de retina ou de tímpano. “É bom comemorar, mas com precaução”.

Sérgio Augusto Machado da Gama comentou, ainda, que já existem cidades no mundo, como Praga, capital da República Tcheca, que proibiram a prática de queima pública de fogos, por conta da poluição, de risco de acidentes e de aglomerações. Além disso, os fogos, em especial os rojões, provocam estresse em criaturas com sensibilidade auditiva, como bebês, crianças, idosos, autistas e animais.

Agência Brasil

Quem nunca sentiu uma ardência nos olhos quando está na praia ou na piscina? Essa sensação vem normalmente acompanhada de olhos vermelhos, lacrimejamento e irritação e pode sinalizar uma conjuntivite tóxica.

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Esse quadro é bastante comum e ocorre quando há uma agressão direta aos olhos causada por um agente externo: pode ser um colírio de uso contínuo, o protetor solar, maquiagens e até mesmo o vapor do spray aplicado no cabelo.

Em linhas gerais, a conjuntivite tóxica é uma inflamação da conjuntiva — uma membrana fina e transparente que recobre a parte branca dos olhos (esclera) e cuja função é proteger justamente a superfície ocular de agentes externos e manter a lubrificação dos olhos, evitando o seu ressecamento.

“A conjuntivite tóxica é uma agressão que acontece tanto na córnea quanto na conjuntiva. Ela causa um quadro muito semelhante às conjuntivites de outras etiologias, sejam elas virais ou bacterianas. A principal diferença é que existe esse fator causal de contato de alguma substância específica no olho”, explicou o oftalmologista Adriano Biondi, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo Biondi, a conjuntivite tóxica se confunde um pouco com as conjuntivites alérgicas e infecciosas causadas por vírus — ela apresenta um quadro um pouco mais irritativo, as pálpebras ficam um pouco mais inchadas, o olho fica avermelhado, com lacrimejamento aquoso que pode atrapalhar a visão e causar uma ceratite (inflamação na córnea). Ela é diferente da conjuntivite bacteriana, onde existe uma secreção purulenta mais exuberante. O médico explica que a conjuntivite tóxica não é contagiosa, já que é causada por um agente químico e não por um micro-organismo.

No verão, os casos costumam surgir mais frequentemente porque o excesso de suor acaba levando para dentro dos olhos partículas dos produtos utilizados no rosto (e até vapores desses produtos), especialmente os filtros solares. Um levantamento realizado pelo Instituto Penido Burnier, com base nos prontuários de 270 pacientes que apresentaram conjuntivite no verão, indicou que 20% desses casos eram de conjuntivite tóxica. Entre eles, 46% foram causados pelo contato do protetor solar nos olhos, 39% pelo bronzeador e cremes faciais, e 15% por maquiagens e cola de cílios postiços.

Mas, segundo médicos ouvidos pela Agência Einstein, não é para deixar de usar protetor solar no rosto, muito pelo contrário. A proteção solar é fundamental. A recomendação é usar o protetor de forma correta, evitando a aplicação em excesso ao redor dos olhos para que o produto não escorra com o suor.

“Ao usar o protetor solar no rosto, espalhe adequadamente e não deixe acumular nos supercílios porque isso pode facilitar que escorra e entre em contato com os olhos. O uso de filtros solares infantis também são uma boa opção para proteção do rosto porque não possuem substâncias que causam irritação ocular. Hoje em dia, também já existem filtros oftalmologicamente recomendados”, disse o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, que destaca ainda a importância de usar barreiras físicas para proteção, como usar chapéu, bandana e óculos que tenham filtro UVA e UVB nas lentes.

O diagnóstico da conjuntivite tóxica é clínico, feito com base no relato do paciente e no exame em consultório. Durante a avaliação, o médico consegue identificar características mais específicas, sem a necessidade de um exame mais específico. Uma vez diagnosticada, o tratamento é basicamente isolar o agente causador — por isso, é importante uma avaliação médica para direcionar o tratamento corretamente.

A principal recomendação é lavar o rosto abundantemente com água fria nos casos de irritação nos olhos durante os banhos de sol. Para um alívio maior, pessoas mais sensíveis podem aplicar compressas frias com água limpa, fresca, gelada — pode ser água mineral ou até mesmo soro fisiológico.

Se evoluir para uma conjuntivite alérgica, é preciso tratar com medicamentos, sempre com orientação médica. “Os colírios têm venda livre, mas não devem ser usados nos olhos por conta própria. Alguns colírios possuem corticoides e o uso prolongado pode levar ao glaucoma ou catarata”, alertou Queiroz Neto.

Uso recorrente de colírios Outra causa muito comum da conjuntivite tóxica é o uso crônico de alguns colírios indicados para o tratamento de glaucoma — alguns deles possuem substâncias que podem se tornar irritativas devido ao uso prolongado. Se essa for a causa da conjuntivite, a recomendação é suspender o uso e substituir por outro que não cause os sintomas da doença.

“Para evitar esse tipo de reação no olho, alguns laboratórios têm criado colírios sem preservativos [as substâncias que levam à irritação] para quem precisa de uso regular e crônico, especialmente pessoas com olho seco e que usam lágrimas artificiais. Hoje há uma gama de opções de lágrimas artificiais que não carregam na composição esses preservativos e isso faz com que o uso prolongado e repetido não cause conjuntivite tóxica”, finalizou Biondi.

Agência Einstein

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Pelo menos 73% dos custos que envolvem o cuidado de pessoas com demência no Brasil ficam para as famílias dos pacientes. O número foi divulgado pelo Renade (Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil), do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a partir da iniciativa do Proadi-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde). O estudo revelou que, além dos custos, as pessoas responsáveis pelos cuidados estão sobrecarregadas e que, na maior parte das vezes, são mulheres.

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O relatório mostra que esses custos podem chegar a 81,3% por parte do familiar a depender do estágio da demência.

“Isso envolve horas de dedicação para o cuidado. A pessoa, por exemplo, pode ter que parar de trabalhar para cuidar. Isso tudo envolve o que a gente chama de custo informal. É importante que se ofereça um apoio para a família”, afirmou a psiquiatra e epidemiologista Cleusa Ferri, pesquisadora e coordenadora do Projeto Renade no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em entrevista à Agência Brasil.

O relatório enumera custos diretos em saúde, como internações, consultas e medicamentos, e também os recursos indiretos, como a perda de produtividade da pessoa que é cuidadora.

“As atividades relacionadas ao cuidado e supervisão da pessoa com demência consomem uma média diária de dez horas e 12 minutos”, aponta o relatório.

Olhar para o cuidador A médica Cleusa Ferri avalia que é necessário aumentar o número de serviços de qualidade que atendam às necessidades da pessoa com demência e também dos parentes. “O familiar pode até ser um parceiro do cuidado. Mas precisamos também pensar nesse cuidador.”

Para a elaboração do estudo, os pesquisadores entrevistaram 140 pessoas com demência e cuidadores de todas as regiões do país, com média de idade de 81,3 anos, sendo 69,3% mulheres. Os dados foram coletados com pessoas em diferentes fases da enfermidade.

O relatório mostra, por exemplo, que entre os 140 cuidadores, pelo menos, 45% das pessoas apresentavam sintomas psiquiátricos de ansiedade e depressão; 71,4% apresentavam sinais de sobrecarga relativa ao cuidado; e 83,6% exerciam o cuidado de maneira informal e sem remuneração.

O estudo chama atenção para que, dentro dessa amostra, 51,4% dos pacientes utilizaram, em algum momento, o serviço privado de saúde e 42% não utilizaram nenhum tipo de medicamento para demência. “Somente 15% retiravam a medicação gratuitamente no SUS”, disse a epidemiologista Cleusa Ferri.

O estudo aponta que a maioria das pessoas cuidadoras de familiares com algum tipo de demência são mulheres.

“Nessa amostra, temos 86% das cuidadoras sendo mulheres. Isso é um fato. Há uma cultura da mulher cuidar para o resto da vida. Entendo que é uma questão cultural."

Sub diagnósticos De acordo com a pesquisadora, o Brasil contabiliza cerca de 2 milhões de pessoas com demência e 80% delas não estão diagnosticadas. “A taxa de subdiagnóstico é grande. Te mos muitas pessoas sem diagnóstico e, portanto, sem cuidado específico para as necessidades que envolvem a doença. Então, esse é um desafio muito importante”, afirma a especialista. Ela cita que esse cenário não é exclusivo do Brasil.

Na Europa, o subdiagnóstico chega a ser de mais de 50% e, na América do Norte, mais de 60%.

“No Brasil, temos 1,85 milhão de pessoas com a doença. E a projeção é que esse número triplique até 2050.” A pesquisadora acrescenta que a invisibilidade da doença é outro desafio. “Temos muito para aumentar o conhecimento, deixar mais visível. A falta de conhecimento da população sobre essa condição precisa ser enfrentada”. Nesse contexto, a invisibilidade também ocorre diante das desigualdades sociais.

Em um cenário de 80% de pessoas sem diagnóstico, isso significa a necessidade de melhorar as políticas públicas para aumentar o conhecimento da população sobre a demência. “Há uma questão de estigma também. As pessoas evitam falar do tema e procurar ajuda.”

Essa situação, na avaliação da pesquisadora, também contribui para dificuldades de conscientização, treinamento de cuidadores e busca por apoio.

Agência Brasil

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