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hpvA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na terça-feira uma vacina mais eficaz contra o papilomavírus humano (HPV). O imunizante, chamado de Gardasil 9, inclui os subtipos 31, 33, 45, 52 e 58 do HPV, além dos subtipos 6, 11, 16, 18 que existiam na versão anterior do produto. Isso significa que ela aumenta a proteção contra o vírus ao aumentar de quatro para nove subtipos do vírus HPV, associados ao desenvolvimento câncer de útero, vulva, vagina e ânus.

 

A nova vacina, registrada pelo laboratório Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda, foi aprovada com indicação para pessoas de 9 a 26 anos, do sexo masculino e feminino. Como o HPV é transmitido por meio de relações sexuais, o ideal é que a imunização contra o HPV seja feita antes do início da vida sexual. Entretanto, diversos estudos já mostraram que a vacina tem benefícios mesmo em quem já é sexualmente ativo ou já contraiu o vírus.

 

Segundo estimativa de um estudo do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, e do Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira jovem, de 16 a 25 anos, tem HPV.

 

HPV

O papilomavírus humano (HPV, da sigla em inglês human papiloma virus) é o vírus sexualmente transmissível mais comum e possui mais de 200 subtipos. Desse total, mais de 40 são facilmente transmitidos pela via sexual, com o contato direto – seja genital-genital, oral-genital ou manual-genital – da pele ou de uma mucosa infectada.

 

Entre eles, cerca de 12 são considerados de alto risco e podem causar câncer. Os subtipos 16 e 18, por exemplo, são responsáveis pela maioria dos casos de câncer relacionados ao HPV. Já os tipos 6 e 11 não estão associados a tumores, mas são responsáveis por 90% das verrugas em regiões de mucosas, genitais e ânus.

 

Transmissão acontece mesmo na ausência de sintomas

 

Em 90% dos casos, o próprio sistema imunológico consegue derrotar o vírus no período de dois anos. O problema é que, mesmo sem sintomas, a pessoa pode transmitir para os parceiros. Também é possível que a doença só se manifeste anos após ter tido contato com alguém infectado, o que complica a tarefa de determinar quando ocorreu a infecção. Quando a infecção se manifesta, pode causar, tanto em mulheres quanto em homens, desde verrugas genitais, até câncer.

 

Prevenção

O uso do preservativo nas relações sexuais e a vacina contra o HVP são as principais formas de se prevenir contra as doenças causadas pelos vírus. A imunização é importante porque a camisinha não basta para proteger contra a infecção, já que o vírus pode estar presente em áreas que não estão cobertas pelo preservativo, como as mucosas. Desde 2014 o Ministério da Saúde oferece a vacina a crianças e adolescentes no Calendário Nacional de Imunização.

 

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iStock/Getty Images

Tracey Loscar, uma paramédica do Alasca, trabalha em turnos de 24 horas. E faz quatro plantões por semana há 17 anos.

 

"A gente brinca que, no primeiro dia, você está pronto para dominar o mundo. E lá pelo quarto dia, você está prestes a botar fogo em tudo", conta.

 

Em todo o mundo, milhões de pessoas trabalham à noite. Há poucos dados oficiais, mas de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, estima-se que de 7% a 15% da força de trabalho em países industrializados esteja envolvida de alguma forma com trabalhos noturnos.

 

E, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o trabalho noturno é uma das prováveis causas de câncer, devido à ruptura do ritmo circadiano - período de aproximadamente 24 horas em que se baseia o ciclo biológico.

 

A origem

E como será que começou esse hábito de virar a noite trabalhando?

 

"Desde que (Thomas) Edison produziu a primeira lâmpada comercial barata, fomos capazes de virar a noite a um custo baixo, e o sono foi a primeira vítima", explica Russell Foster, professor da Universidade de Oxford, no Reino Unido, especialista em sono.

 

"A grande questão é que temos esse relógio biológico interno que é ajustado pelo mundo externo como resultado da exposição ao ciclo claridade / escuridão", acrescenta.

 

Segundo ele, os trabalhadores noturnos são expostos a níveis reduzidos de luz durante o turno da noite, mas como se deparam com a intensa claridade natural da manhã na jornada de volta para casa, o relógio biológico interno fica travado no padrão de claro/escuro dos trabalhadores diurnos.

 

"Então, você passa constantemente por cima do impulso biológico que diz que você deveria estar dormindo."

 

E não importa se você estiver trabalhando em turnos noturnos regularmente, acrescenta Foster. A menos que você consiga se esconder completamente da claridade, após terminar de trabalhar e o sol começar a raiar.

 

Efeitos no organismo

Mas que tipo de efeitos o trabalho noturno pode ter no organismo?

 

Foster explica que a ato de passar por cima do relógio biológico faz com que você ative seu "eixo de estresse", que é como o corpo reage em uma situação de luta ou fuga.

 

"Estamos esguichando glicose na circulação, estamos aumentando a pressão arterial, estamos gerando alerta para lidar com ameaças potenciais e, claro, não deveria ser o caso, estamos apenas trabalhando", afirma o especialista.

 

Ele alerta que níveis continuados de estresse podem levar a doenças cardiovasculares ou distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2.

 

O estresse também pode suprimir o sistema imunológico, o que pode ser a origem de uma incidência maior de câncer colorretal e de mama.

 

Esses são os possíveis resultados em longo prazo, mas a privação de sono também tem consequências mais imediatas.

 

O efeito mais evidente é o cansaço. A dificuldade de assimilar informações corretamente, os lapsos em captar sinais sociais e a perda de empatia são alguns sintomas.

 

Ações trabalhistas

Segundo Foster, as empresas cujos funcionários trabalham no turno da noite podem se preparar para ações judiciais no futuro, se não mostrarem que estão tomando medidas razoáveis para tentar mitigar os problemas associados ao trabalho noturno.

 

Além de instituir exames de saúde periódicos para os funcionários, Foster afirma que "uma medida simples seria (fornecer) a alimentação adequada".

 

"Sabendo que você tem o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e problemas metabólicos, como diabetes, eles devem disponibilizar uma alimentação apropriada para os trabalhadores do turno da noite", completa.

 

Como qualquer pessoa que já trabalhou à noite sabe, não é fácil ter acesso a alimentos saudáveis.

 

E, curiosamente, pesquisas mostram que o consumo de carboidratos pode aumentar de 35% a 40% após apenas quatro ou cinco dias de sono reduzido, devido à elevação do nível de grelina, hormônio responsável por estimular o apetite.

 

Ele faz com que a gente sinta fome, incentivando o consumo de açúcar e carboidrato.

 

"Em última análise, isso não é bom para obesidade ou algumas condições, como diabetes tipo 2", ressalta.

 

Perdas econômicas

Além de apresentar riscos para a saúde, a privação de sono também tem um custo para a economia.

 

"No Reino Unido, descobrimos que a falta de sono custa à economia até US$ 40 bilhões por ano, o que representa cerca de 1,8% do PIB do Reino Unido - é uma mistura de perda de produtividade e efeitos na mortalidade", analisa Marco Hafner, economista da instituição de pesquisa Rand Europe.

 

E os governos, estão tomando providências no que se refere a estabelecer políticas públicas?

 

Hafner diz que as iniciativas ainda são incipientes.

 

"Nós sabemos que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês, nos EUA) está olhando para isso e, na verdade, já considera a falta de sono uma epidemia de saúde pública. Então há uma conscientização crescente sobre a falta de sono ser um problema de saúde pública", pondera.

 

Há benefícios?

Diante de tantas evidências sobre os riscos para a saúde, por que as pessoas insistem em trabalhar à noite?

 

Muita gente não tem escolha. Mas a paramédica Tracey Loscar menciona algumas vantagens:

 

"A escala que temos hoje funciona muito bem para minha família... Eu tenho duas semanas de folga todo mês. Trabalho uma semana longa, mas depois tenho sete dias de folga consecutivos, e são sete dias consecutivos com meus filhos e em que consigo fazer planos."

 

Ela diz, no entanto, que procura se cuidar:

 

"Sou muito disciplinada com meu horário de sono, com atividade física e alimentação, cancelo compromissos para me recuperar e me certificar que eu consiga mitigar (os efeitos) ao máximo."

 

Segundo Loscar, o trabalho noturno pode satisfazer determinados tipos de personalidade:

 

"Eu diria que o tipo de pessoa que prefere ou faz exclusivamente turnos noturnos é um pouco mais introvertida por natureza."

 

"Há menos exposição ao público, então você tende a encontrar pessoas que preferem trabalhar à noite porque gostam mais de ficar sozinhas para fazer seu trabalho", acrescenta.

 

Mas será que 17 anos de trabalho noturno não tiveram nenhum efeito na saúde física ou mental dela?

 

"Eu certamente passei grande parte desse tempo cansada!", responde, rindo.

 

BBCBrasil

As crianças tendem a passar horas a fio diante de smartphones, videogames, computadores e tablets. Brincar com aparelhos eletrônicos certamente estimula hábitos sedentários, mas você já se perguntou o que o uso regular destes dispositivos pode fazer com a visão do seu filho?

 

Embora ainda não existam muitas pesquisas sobre o impacto das telas na visão - afinal de contas, o iPhone foi lançado pela Apple apenas em 2007 -, especialistas alertam para a crescente incidência de miopia em crianças.

 

E, segundo eles, o melhor que os pais podem fazer para prevenir é incentivar a prole a passar mais tempo praticando atividades ao ar livre, aproveitando a luz do dia.

 

Miopia em ascensão

 

Nas últimas décadas, foi registrado em todo o mundo um forte aumento nos casos de miopia - distúrbio visual que afeta a visão à distância.

 

"Sabemos que a miopia está se tornando mais comum", afirma Chris Hammond, professor de Oftalmologia do King's College London e consultor de cirurgia oftalmológica no Hospital St Thomas, também em Londres.

 

"Ela alcançou níveis epidêmicos no leste da Ásia, em Cingapura, Taiwan e Coreia do Sul, onde cerca de 90% dos jovens de 18 anos são míopes atualmente."

 

"Na Europa, o percentual de jovens adultos, na faixa de 20 anos, que têm miopia pode chegar a 40% - 50%. A incidência vem aumentando gradualmente ao longo das décadas do século 20", completa.

 

Por que é cada vez mais comum?

 

Annegret Dahlmann-Noor, consultora de Oftalmologia do Moorfields Eye Hospital, em Londres, atribui o aumento dos casos de miopia à falta de exposição à luz natural.

 

"O principal fator parece ser a falta de exposição à luz solar direta, porque crianças que estudam muito e usam smartphones, computadores ou tablets com frequência têm menos oportunidades de brincar ao ar livre, ficando menos expostas à luz do sol. Por isso, apresentam um risco maior de desenvolver miopia."

 

Hammond vai além:

"Pode não ser coincidência que, nos países do leste asiático, os mais míopes participem de campeonatos de matemática."

 

"Essas crianças recebem uma educação muito intensa desde cedo e passam muito tempo em casa estudando, lendo de perto, e têm pouquíssimo tempo ao ar livre."

 

"A preocupação é que toda atividade que requer aproximar a visão - como usar tablets ou smartphones - tem o potencial de torná-los mais míopes."

 

Devemos proibir ou limitar o uso das telas?

Sem dúvida, é muito mais fácil na teoria do que na prática. Qualquer pai sabe como os jovens são apegados aos seus smartphones. Tentar restringir o uso dos aparelhos - sem um bom argumento - é praticamente impossível.

 

Para Dahlmann-Noor, que é mãe de três filhos, proibir o uso dos dispositivos não é uma proposta realista.

 

"Você pode dizer a eles que isso pode causar desconforto nos olhos, que eles podem ficar míopes e que não devem usar direto", sugere.

 

"Mas, sinceramente, não acho que há como fugir disso, porque eles também precisam dos laptops e tablets para fazer o dever de casa da escola. Eles usam as ferramentas de busca para fazer pesquisas."

 

"E, se você é um adolescente e precisa fazer uma revisão para uma prova importante (como o Enem), então realmente você não pode se desconectar, pode? Por isso, eu não acho que a gente consiga reduzir o uso da tela nos próximos anos", acrescenta.

 

Atividade ao ar livre é fundamental

O melhor a se fazer então, de acordo com especialistas, é levar as crianças para brincar ao ar livre o máximo possível.

 

"A prevenção contra o desenvolvimento da miopia é passar tempo ao ar livre - esporte e lazer a céu aberto protegem a visão", diz Hammond.

 

"Em um mundo perfeito, passar uma média de duas horas por dia ao ar livre, durante a semana e o fim de semana, poderia evitar a miopia em crianças".

 

Segundo ele, uma pesquisa realizada em Sydney, na Austrália, mostrou que apenas 3% das crianças com ascendência chinesa que moravam na cidade - e passavam duas horas por dia ao ar livre - eram míopes aos seis anos, em comparação com quase 30% das crianças da mesma idade em Cingapura.

 

"Isso sugere, mais uma vez, que o estilo de vida ao ar livre é bom para os olhos."

 

E não se esqueça dos legumes e verduras

 

Dahlmann-Noor lembra, por sua vez, que a alimentação também está ligada à visão.

 

"Nós sempre falamos com os pais sobre os ácidos graxos essenciais do ômega-3, as vitaminas A, C e E e os nutrientes que são bons para o fundo do olho", explica.

 

"Uma dieta saudável é realmente importante - no que se refere a consumir peixes oleosos, abacates, legumes e verduras verdes, o máximo possível."

 

Ela também recomenda fazer exames de vista anuais.

 

Como saber se seu filho está ficando míope?

 

De acordo com o serviço de saúde público do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês), os sinais de que seu filho pode ser míope incluem:

-   precisar sentar nas primeiras fileiras na sala de aula porque tem dificuldade de ler o que está escrito no quadro

-   assistir televisão de perto

-   reclamar de dor cabeça ou cansaço nos olhos

-   esfregar a vista com frequência

 

A miopia é causada pelo crescimento excessivo do globo ocular, dificultando a formação de uma imagem na retina. Com isso, objetos distantes parecem desfocados, mas aqueles que estão próximos são vistos com nitidez.

 

Esperança de tratamento

Embora os casos de miopia provavelmente continuem a subir, a esperança é que os pesquisadores encontrem formas de reduzir sua progressão.

 

"O que precisamos analisar, em termos de pesquisa e desenvolvimento, é uma maneira de modificar o impacto que essas atividades têm no desenvolvimento visual", afirma Dahlmann-Noor.

 

Hammond acrescenta:

"Existem colírios e outros tratamentos para retardar a progressão da miopia. Mas, no que se refere à prevenção da própria miopia, não há dados disponíveis no momento para saber se as gotas que usamos para diminuir a progressão poderiam interromper o desenvolvimento da miopia de vez'".

 

"Eu acho que esse será o próximo passo lógico das pesquisa, uma vez que em países como a China - em que anualmente 10% das crianças de cada turma nas escolas estão ficando míopes por volta dos seis anos- há um argumento claro para tentarmos evitar isso."

 

Bem Estar

diabetesQuando o filho de Erica Marques estava com 10 anos, passou por uma consulta com um pediatra e, como não fazia exames há tempos, o médico pediu aqueles de rotina. O exame de glicemia de Gabriel mostrou uma pequena variação (107) e o de colesterol também estava um pouco alterado.

 

Pelo fato de o garoto estar um pouco acima do peso, o pediatra orientou uma reeducação alimentar e pediu que retornasse dali um tempo para uma reavaliação.

 

Gabriel, então, começou a perder peso. “Ele perdeu seis quilos. Achei muito para uma criança de 10 anos, mas, como os hábitos estavam melhores, acreditei que era isso”, conta Erica.

 

Um sinal vermelho se acendeu quando a perda de peso veio acompanhada de uma sede insaciável. “Chegava a me irritar o tanto que ele abria a geladeira para beber água. Consequentemente, fazia muito xixi.”

 

Erica, que era coordenadora na mesma escola em que o filho estudava, começou a notar que o garoto dormia sobre a carteira escolar. “Ele nunca dormia à tarde e passou a dormir todo dia. Entrávamos no carro e quando chegávamos na esquina, ele já tinha dormido”, lembra.

 

A perda de peso continuou, mas a mãe notou que os quilos a menos não estavam deixando o menino com uma aparência saudável. “Começou a parecer com um zumbi. Sem vida e sem alegria para qualquer atividade.”

 

Ela, então, decidiu antecipar a consulta médica e marcou uma com urgência. O médico suspeitou de diabetes tipo 1 e pediu exames emergenciais. Por ter prova escolar, o garoto não conseguiu fazer o exame já no dia seguinte. No outro dia, a espera no laboratório estava muito longa e, pelo fato de estar em jejum – e com fome -, Gabriel voltou só no outro dia.

 

“Nesse dia ele estava mais estranho do que nunca”, conta Erica. Depois do exame, comentou com a sogra o que estava acontecendo com o menino, e ela sugeriu que ele fosse medir a glicemia na farmácia. “Eu nem imaginava que isso era possível. Corremos na farmácia e fizemos o exame: deu 396.”

 

Erica conta que achou que iria para o hospital, eles dariam algum remédio para Gabriel e eles voltariam para casa. “Ledo engano.” Na triagem do hospital, ela já notou que algo realmente não estava bem.

 

“Percebi que as coisas não estavam boas quando ele passou na frente de todas as crianças e a cor da pulseirinha era cinza, a segunda cor na lista de prioridades do hospital.”

 

Uma endocrinologista pediátrica atendeu Gabriel. “Disse que ele teria que fazer um exame para ver se ele ficaria no quarto ou na UTI. Nesse momento, meu mundo caiu. Comecei a perceber a gravidade”, conta Erica.

 

Gabriel estava, naquele momento, com um alto nível de cetoacidose provocado pelo diabetes tipo 1, quase entrando em coma. “Se tivéssemos esperado os resultados do laboratório, talvez não tivéssemos tempo de socorrê-lo.”

 

Passada a fase do hospital, Erica conta que lidar com o diabetes tipo 1 foi desesperador no início. “A glicemia ainda estava em total descontrole. A fase ‘lua de mel’, aquela em que o pâncreas ainda funciona um pouco, as hiperglicemias e hipoglicemias eram constantes”, conta.

 

Gabriel tinha pavor de voltar para o hospital, por isso se cuidava muito bem. “Eu acredito que ele não perdeu o ano letivo por eu trabalhar na escola em que ele estudava, e tinha como acompanhá-lo bem de perto.”

 

Hoje com 14 anos, Gabriel estuda em outra escola. “Para escolher a escola nova, eu primeiro queria saber como eles poderiam cuidar dele na parte da saúde. A parte pedagógica ficou em segundo plano, pois eu tinha medo das hipoglicemias na educação física, por exemplo. Escolhemos a escola que nos passou mais segurança, e graças a Deus tudo tem corrido bem.”

 

A história de Erica não é a única. Keila Silva, mãe de Miguel, conta que o filho, hoje com cinco anos, foi diagnosticado com diabetes tipo 1 com apenas um ano e meio de vida. Logo depois de uma inflamação na garganta, Miguel, já desfraldado, começou a tomar muita água e, cerca de 20 dias depois, começou a fazer xixi na cama e a emagrecer.

 

“Achávamos que ele estava querendo chamar atenção, pois eu trabalhava o dia todo e não ficava muito com ele”, lembra.

 

Por achar estranho o comportamento do menino, Keila o levou ao pediatra e, quando a glicemia de ponta de dedo foi medida, o valor ultrapassava 500. “Saímos direto para o hospital e ele ficou internado 11 dias.”

 

Passado o susto inicial e as adaptações com a medicação, hoje Miguel vai a escola, em passeios da classe, aniversários e come bem. “Temos insulinas ótimas que nos permitem isso. Vivemos normalmente, claro que sempre com cuidado.”

 

Doença sem causa

A endocrinologista Denise Ludovico, presidente da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), explica que o diabetes tipo 1 é diferente do tipo 2 por ser um processo autoimune, em que as células de defesa do organismo atacam o pâncreas como se não o reconhecessem como membro do corpo.

 

“Com o tempo, o pâncreas passa a não produzir mais insulina, e quando a falta de insulina vai aumentando é que aparecem os sintomas: urinar muito, beber muita água, comer e mesmo assim emagrecer”, relata a médica.

 

A razão do surgimento do diabetes tipo 1 ainda é desconhecida pela ciência. Há suspeitas de que esteja relacionada a alguma infecção viral ou nunca ter tido aleitamento materno.

 

“Mas mesmo assim vamos achar casos que não se encaixam. De fato, a gente não sabe. O que sabemos é que em famílias que têm doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide, tireoide de Hashimoto, doença celíaca, o gene de imunidade deve estar alterado, e isso aumenta a chance de ter diabetes tipo 1. Mesmo assim, nem todos vão desenvolver a doença”, explica Denise.

 

Sinais de alerta

Beber muita água, aumentar a frequência de idas ao banheiro – ou, no caso de crianças menores, a troca de um número maior de fraldas do que o habitual são sinais comuns de diabetes tipo 1. Além disso, as crianças geralmente passam a comer mais e mesmo assim perdem peso.

 

“A medida que essa glicemia se mantém alta, pode acontecer a cetoacidose diabética, em que o sangue fica ácido. Durante a cetoacidose pode surgir dor abdominal intensa, vômitos e alterações de consciência”, explica a médica.

 

Ela conta que, infelizmente, muito dos diagnósticos já são feitos durante a cetoacidose, pois os sinais anteriores muitas vezes são desconhecidos pelos pais.

 

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Foto: Shutterstock