A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo termina na próxima sexta-feira (31). Todas as crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos devem receber as doses, independentemente de sua situação vacinal. Dados do Ministério da Saúde mostram que 4,1 milhões de crianças em todo país ainda precisam ser imunizadas.
De acordo com a pasta, até a última sexta-feira (24), 62% do público-alvo havia sido vacinado. Foram aplicadas, ao todo, mais de 14 milhões de doses – cerca de 7 milhões de cada. A meta do governo federal é vacinar pelo menos 95% das 11,2 milhões de crianças na faixa etária estabelecida e criar uma barreira sanitária de proteção da população. Este ano, a vacinação será feita de forma indiscriminada, o que significa que mesmo as crianças que já estão com esquema vacinal completo devem ser levadas aos postos de saúde para receber mais um reforço.
No caso da pólio, as crianças que não tomaram nenhuma dose ao longo da vida vão receber a vacina injetável e as que já tomaram uma ou mais doses devem receber a oral. Para o sarampo, todas as crianças com idade entre um ano e menores de 5 anos vão receber uma dose da tríplice viral, desde que não tenham sido vacinadas nos últimos 30 dias.
Entre os estados com menor cobertura estão Rio de Janeiro, com 40,15% do público-alvo vacinado para pólio e 41,45% para sarampo, e Roraima, que tem 44,61% para pólio e 41,09% para sarampo. Já os estados com as melhores coberturas vacinais são Amapá, com 90,33% para pólio e 90,14% para sarampo, seguido por Rondônia, com 89,86% para pólio e 88,44% para sarampo.
Casos de sarampo
Atualmente, o país enfrenta dois surtos de sarampo, em Roraima e no Amazonas. Até o último dia 21, foram confirmados 1.087 casos no Amazonas, enquanto 6.693 permanecem em investigação. Já Roraima confirmou 300 casos da doença e 67 continuam em investigação.
Há ainda, de acordo com o ministério, casos isolados e relacionados à importação nos seguintes estados: São Paulo (2), Rio de Janeiro (18), Rio Grande do Sul (16), Rondônia (1), Pernambuco (2) e Pará (2).
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu a importação, distribuição, comercialização e uso de uma substância chamada valsartana, usada no tratamento da hipertensão arterial e insuficiência cardíaca.
De acordo com a bula, o medicamento é capaz de “melhorar a sobrevida após infarto do miocárdio em pacientes clinicamente estáveis”.
A resolução foi publicada na última sexta-feira (24) e já está em vigor. A decisão foi tomada depois de um comunicado expedido pela EDQM (Direção Europeia da Qualidade dos Medicamentos e Cuidados de Saúde) — a agência responsável pela regulação e fiscalização de medicamentos na Europa. De acordo com a EDQM, foi encontrada uma substância tóxica no medicamento, produzido por duas indústrias, uma chinesa e outra indiana.
A substância é a N-nitrosodimetilamina, um composto químico cancerígeno, que, de acordo com a Anvisa, possui “elevado risco sanitário para a saúde pública”.
Nos Estados Unidos esta substância já é considerada altamente tóxica, principalmente pela capacidade de levar ao surgimento de tumores no fígado. A N-nitrosodimetilamina é comumente usada para desenvolver tumores cancerígenos em ratos usados para pesquisas.
As empresas responsáveis pela fabricação da valsartana são a Zhejiang Tianyu Pharmaceutical Co. Ltd, localizada em Taizou, província Zhejiang, República Popular da China; e a Hetero Labs Limited, que possui unidades nas cidades de Gaddapotharam Village e Narasapuram Village, na Índia. A reportagem não conseguiu contato com as empresas.
Uma linhagem do vírus da dengue 1 encontrada no Brasil consegue prevalecer sobre outra, apesar de se multiplicar menos nos mosquitos portadores do vírus e nas células humanas infectadas. A descoberta foi feita no âmbito de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP que envolveu diversas instituições brasileiras e uma universidade dos Estados Unidos.
Segundo a pesquisa, a linhagem ativa menos a resposta do sistema imunológico dos doentes. Sendo menos combatido, o vírus consegue se multiplicar mais no corpo humano, aumentando as chances de a pessoa ser picada por um mosquito e contagiar outras. Assim, essa linhagem consegue superar outra, com capacidade muito maior de se multiplicar em mosquitos e em pacientes.
Os pesquisadores estudaram as linhagens 1 e 6 (L1 e L6) do vírus da dengue de tipo 1 que afetam a população de São José do Rio Preto, estado de São Paulo, Brasil. O estudo mostrou que, apesar de a L1 ter maior capacidade de multiplicação no mosquito e nas células, a L6 consegue minimizar e até desativar as respostas imunológicas do corpo humano, fazendo com que essa linhagem ocupe o local da L1.
“Havia três práticas para investigar as situações de multiplicação do vírus da dengue e explicar por que uma linhagem superava outra. Nossa pesquisa trouxe à tona um novo fenômeno que explica como um vírus sobrevive em uma população”, disse Maurício Lacerda Nogueira, professor adjunto do Laboratório de Pesquisas em Virologia do Departamento de Doenças Dermatológicas, Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina de São José do Preto (Famerp) e um dos autores de artigo publicado na PLOS Neglected Tropical Diseases com resultados da pesquisa.
“Mas não se trata só de observar se o vírus se multiplica mais ou menos no mosquito ou na célula humana para entender por que uma linhagem toma o lugar de outra. Precisamos saber como o vírus interage com o ser humano como um todo”, disse Nogueira, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.
O estudo traz novos conhecimentos fundamentais para a produção de vacinas no combate à doença. “Compreender, de forma global, como o vírus interage com a população nos ajuda a entender como as vacinas funcionam e é fundamental para podermos desenhá-las”, disse.
Sabe-se que no Brasil houve três introduções de vírus da dengue do tipo 1: as linhagens 1, 3 e 6, todas com o mesmo genótipo. Em São José do Rio Preto, observou-se inicialmente a circulação da L6 pelo menos desde 2008. Em 2010, a L1 foi identificada pela primeira vez na cidade. Por um período, ambas circularam conjuntamente.
Esperava-se que L1 apresentasse maior capacidade de multiplicação nas células e nos mosquitos transmissores, o Aedes aegypti, já que ela chegou depois de L6 e conseguiu se instalar. Porém, a partir de 2013, a L1 começou a diminuir até não ser mais detectada na população, contrariando a expectativa de que a nova linhagem fosse substituir a L6.
Esse fato contrariava o conhecimento científico produzido a respeito da prevalência de uma linhagem sobre outra, um fenômeno chamado substituição de clado (grupo de organismos originados de um único ancestral comum).
Ele pode ocorrer se a linhagem introduzida no meio se multiplica melhor nas células humanas do que a que já estava no ambiente. A outra hipótese é a de que a linhagem que chegou posteriormente se multiplica mais no mosquito. Em ambos os casos, diz-se que o vírus que suplantou o outro tem um “fitness viral” melhor.
Fitness epidemiológico
Uma terceira explicação surgiu a partir de um estudo feito em Porto Rico em 2015, onde se encontrou uma linhagem do vírus da dengue com um fitness viral pior do que as que já estavam no ambiente, mas que acabou prevalecendo sobre as demais. Descobriu-se que essa linhagem inibe o sistema interferon, proteína que induz uma resposta antiviral toda vez que alguém é infectado por vírus, diminuindo sua replicação. Nesse caso, o processo se chama fitness epidemiológico.
No caso brasileiro, nada disso ocorreu. Primeiro, os pesquisadores sequenciaram os genomas das duas linhagens de vírus. Elas têm 47 aminoácidos diferentes, são bem distantes geneticamente, mas competiram entre si e a L6 venceu.
“As informações que tínhamos até ali dizia que o esperado era que a L6 se multiplicasse melhor, daí ter prevalecido, mas, quando olhamos células contaminadas de humanos e de macacos, vimos que a L1 multiplica 10 vezes mais, em média, do que a L6”, disse o coordenador do projeto temático FAPESP.
Se L1 não o fazia nas células humanas, a hipótese era de que o melhor fitness viral se explicaria porque a L6 se multiplicaria melhor no mosquito. Então os cientistas infectaram oralmente mosquitos cativos – criados para experimentos científicos. Para se alimentar, os mosquitos picavam uma membrana que tinha sangue de camundongo contaminado com vírus da dengue das linhagens 1 e 6. “De novo, a L1 se multiplicou 10 vezes melhor no mosquito do que a L6”, disse.
Surgiu a possibilidade de que os mosquitos cativos talvez não fossem representativos em relação aos encontrados no meio ambiente. Feito um novo experimento, em que ovos do mosquito foram coletados no ambiente e eclodidos em laboratório, chegou-se ao mesmo resultado: L1 continuava a ser mais eficiente na multiplicação do que L6, apesar de os estudos mostrarem que pacientes contaminados com L6 tinham uma carga viral muito maior do que os infectados pela L1.
Sobrou, então, a hipótese do fitness epidemiológico, como ocorreu em Porto Rico, onde foi encontrado um vírus da dengue que codificava um RNA que inibia o interferon. Não se confirmou a interferência no caso brasileiro. “Aí percebemos que estávamos diante de outro mecanismo, diverso dos três já conhecidos”, disse Nogueira.
Para resolver o mistério, os pesquisadores passaram a fazer o estudo dos aspectos imunológicos da interação do vírus com a resposta imune do organismo. Usando sistemas computacionais de predição, verificaram que L1 conseguia ativar muito mais os linfócitos B e T, que compõem o sistema imune, do que L6.
A seguir, nos estudos envolvendo camundongos e células doadas por pessoas contaminadas com o vírus, os cientistas conseguiram estimular e medir a ativação de respostas dos linfócitos B e T, notando que L6 ativava uma resposta mais fraca do que L1. Mediram ainda o nível de citocinas presentes no soro recolhido dos pacientes. As citocinas têm como papel ativar, mediar ou regular a resposta imune.
“De forma geral, observamos que a L1 multiplica muito melhor, mas também ativa fortemente o sistema imune, tanto do humano quanto do camundongo, ou seja, a L1 induz uma resposta muito grande do organismo contra o vírus. Já a L6 se multiplica menos, mas ou ela inibe ou não estimula ou estimula pouco as respostas do sistema imune. Por isso, o organismo demora mais para reconhecer o vírus”, disse.
Graças a isso, a quantidade de vírus da linhagem 6 no ser humano é, em média, 10 vezes maior do que a da 1, constatou o estudo apoiado pela FAPESP. Eles também observaram que o vírus da linhagem 1 se multiplica muito mais no mosquito e tem replicação local muito maior ao infectar a pessoa.
Só que essa replicação induz uma ativação forte de linfócitos B e T, levando ao aumento de citocinas, ou seja, gera uma forte resposta imune, capaz de inibir a replicação sistêmica do vírus no corpo. Com isso, a carga viral é menor, diminuindo a disseminação para mosquitos, ou seja, menos gente será infectada por ele.
No caso do vírus da linhagem 6, apesar de sua menor capacidade de multiplicação no mosquito e também no local de replicação inicial após picar uma pessoa, ele produz uma ativação fraca de células B e T e estimula a produção de citocinas que, na verdade, inibem a resposta imune, em vez de estimulá-la.
“Com isso, há uma replicação sistêmica na pessoa muito maior, ou seja, uma quantidade de vírus maior na população, o que é capaz de infectar mais mosquitos. Concluímos então que L6 tem um melhor fitness epidemiológico do que o L1, que, por sua vez, tem melhor fitness viral do que L6”, disse Nogueira.
A pesquisa durou dois anos e meio e envolveu um grupo de 24 pesquisadores de diversas instituições brasileiras de ensino superior – ao lado da Famerp, somam-se Fundação Oswaldo Cruz, as universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Minas Gerais (UFMG) e Unesp – além de um colaborador estrangeiro: Nikos Vasilakis, também coautor do artigo, que é pesquisador do Centro de Doenças Tropicais da Universidade do Texas (Galveston), dos Estados Unidos.
“Empregando análises epidemiológicas, filogenéticas, moleculares e imunológicas, os autores da pesquisa demonstraram que diferenças na resposta imune no hospedeiro determinam a dinâmica da circulação da dengue de duas linhagens circulantes na cidade, sugerindo que os fatores que influenciam a dinâmica da transmissão da dengue são muito mais complexos do que anteriormente se suspeitava”, disse Vasilakis.
Fonte: Press Release: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
Os homens costumavam ser os grandes consumidores de bebida alcoólica da sociedade ocidental - talvez Don Draper, o anti-herói da série americana Mad Men, seja a melhor representação deste estereótipo na cultura popular.
No seriado, ambientado nos anos 1960, não faltam doses de uísque no escritório, almoços regados a coquetéis e rodadas de drinques após o expediente. Naquela época, o bar era um lugar em que poucas mulheres se atreviam a pisar.
No entanto, epidemiologistas observam que o aumento das propagandas de bebida direcionadas às mulheres e as mudanças nos papéis atribuídos aos gêneros alteraram gradativamente esse cenário.
No geral, os homens ainda são quase duas vezes mais propensos a consumir álcool em excesso do que as mulheres. Mas isso não se aplica, especificamente, aos mais jovens. Na verdade, as mulheres nascidas entre 1991 e 2000 bebem tanto quanto os homens da mesma geração - e podem vir a superá-los.
Ao mesmo tempo, elas estão sofrendo cada vez mais com os efeitos nocivos do álcool. Pesquisas mostram que, de 2000 a 2015, houve um aumento de 57% na taxa de mortalidade por cirrose entre mulheres de 45 a 64 anos nos Estados Unidos, comparado a um percentual de 21% entre os homens da mesma idade. Na faixa dos 25 aos 44 anos, a alta foi de 18%, enquanto, entre o sexo masculino, houve uma queda 10%.
O número de mulheres adultas que dão entrada em emergências de hospital por overdose de álcool também está subindo rapidamente. E os padrões de consumo de risco vêm aumentando, particularmente, entre o sexo feminino.
Mas o problema não é apenas que elas estão bebendo mais. Pesquisadores descobriram que o corpo feminino é afetado de maneira diferente pelo álcool - por razões que vão além da estatura.
De acordo com cientistas, as mulheres produzem quantidades menores de uma enzima chamada álcool desidrogenase (ADH), que é liberada pelo fígado e usada para metabolizar o álcool.
Além disso, a gordura retém o álcool, enquanto a água ajuda a dispersá-lo. Então, graças a seus níveis naturalmente mais altos de gordura e mais baixos de água corporal, as mulheres apresentam uma resposta fisiológica ainda mais complicada ao álcool.
"Essa vulnerabilidade é a razão pela qual vemos aumentar os problemas de saúde e distúrbios relacionados ao álcool entre as mulheres em comparação com os homens", diz Dawn Sugarman, professora da Escola de Medicina de Harvard e psicóloga do Hospital McLean, nos Estados Unidos.
As mulheres que consomem álcool em excesso também tendem a desenvolver dependência e outros problemas de saúde com mais rapidez que os homens. É o chamado efeito "telescópico": elas costumam começar a beber mais tarde que os homens, mas levam muito menos tempo para se tornar dependentes e apresentar doenças hepáticas ou cardíacas.
Muitas diferenças sobre o efeito do álcool no organismo de homens e mulheres só foram descobertas nas últimas décadas. O primeiro estudo sobre produção de ADH, baseado nas distinções de gênero, por exemplo, foi publicado em 1990.
Na verdade, quase todas as pesquisas clínicas sobre álcool foram feitas inteiramente com homens até a década de 1990. Em parte, porque os cientistas eram incentivados a eliminar o maior número de variáveis possíveis, que pudessem influenciar os resultados de um experimento - e uma delas era o gênero.
Como o alcoolismo era considerado um problema predominantemente masculino, ninguém pensou nas consequências de não se estudar a relação entre as mulheres e o álcool.
Esse cenário mudou quando organizações governamentais, como os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, determinaram que mulheres e minorias fossem incluídas em estudos clínicos. Foi assim que as lacunas de gênero no campo da pesquisa médica começaram a ser preenchidas.
"As pessoas simplesmente não pensavam nas mulheres", diz Sharon Wilsnack, professora de Psiquiatria e Ciências Comportamentais da Universidade de Dakota do Norte, nos EUA.
"E, quando pensavam, apenas presumiam que você poderia estudar os homens e aplicar (os resultados) às mulheres."
Durante o doutorado, na Universidade de Harvard, no início dos anos 1970, Wilsnack escreveu uma dissertação sobre mulheres e álcool. A revisão da literatura contou apenas com sete estudos encontrados na biblioteca.
Junto ao marido, que é sociólogo, Wilsnack passou a liderar o primeiro estudo nacional de longo prazo sobre o hábito de beber das mulheres.
Entre suas muitas descobertas, estava a constatação que parte das mulheres que abusam do álcool sofreram abuso sexual na infância, uma diferença de gênero que passou a ser considerada crucial para ajudar mulheres com dependência.
Mulheres bebem por motivos diferentes dos homens
Desde então, pesquisas sobre álcool baseada em gênero revelaram uma série de outros resultados específicos para cada sexo.
Nos anos 2000, exames pareciam mostrar que os cérebros das mulheres são mais sensíveis ao álcool que o dos homens. Mas Marlene Oscar-Berman, professora de Anatomia e Neuropsicologia da Universidade de Boston, fez uma descoberta que provocou uma reviravolta nesse campo.
Em uma pesquisa que contou com participantes com e sem histórico de alcoolismo, sua equipe percebeu que os homens alcoólatras tinham "centros de recompensa" cerebrais menores do que aqueles que não bebiam.
Essa área do cérebro, composta por partes do sistema límbico e do córtex frontal, está ligada à motivação - fundamental para tomar decisões e até mesmo para sobrevivência básica.
Mas, nas mulheres com dependência, os centros de recompensa eram maiores do que o das não alcoólatras - o que significa que seus cérebros estavam menos danificados do que o dos homens.
"A pesquisa mostrou que estávamos errados", diz Oscar-Berman. "Nossas descobertas vão de encontro à ideia geral de que as mulheres são mais suscetíveis aos danos do álcool no cérebro do que os homens." Os cientistas ainda não sabem, no entanto, o que pode causar essas diferenças.
Segundo Sugarman, descobertas como essa reforçam a importância de estudos específicos de gênero sobre álcool e dependência.
Ela cita pesquisas recentes que mostram que as mulheres dependentes de álcool têm uma resposta melhor quando participam de grupos de tratamento exclusivo para o sexo feminino, que também educam sobre questões específicas de gênero relacionadas à dependência e à motivação para beber.
Talvez não seja surpresa, mas as razões femininas são diferentes das masculinas. Estudos relevam que o consumo de bebida alcoólica por mulheres está ligado a questões emocionais, enquanto os homens são mais movidos pela pressão social.
"Algumas mulheres já tinham feito tratamento (de alcoolismo) cinco, seis, dez vezes antes, e estavam dizendo coisas como 'nunca ouvi dizer que sou mais suscetível ao álcool do que os homens, ou que essas substâncias me afetam de maneira diferente'", conta Sugarman.
Por causa das motivações distintas, das vulnerabilidades biológicas e especialmente do vínculo entre o alcoolismo e traumas do passado, as necessidades de tratamento femininas podem ser diferentes das masculinas.
Por exemplo, mulheres que foram vítimas de abusos sexuais podem não se sentir seguras ao entrar em um grupo de terapia padrão, onde 70% dos participantes costumam ser homens. Para elas, é benéfico ouvir histórias de outras mulheres e saber que não estão sozinhas.
Pelo menos, dizem os especialistas, ficaram para trás os dias em que se acreditava que pesquisas sobre consumo de álcool feitas com homens poderiam simplesmente ser aplicadas às mulheres.