De cada 10 bebês que nascem no Brasil, pelo menos um é prematuro. Isso quer dizer que chegam ao mundo antes de todos os órgãos e sistemas estarem prontos. O Bem Estar desta quarta-feira (31) convidou a pediatra Ana Escobar e neonatologista Marcelo Ayoub para falar sobre o desafio dos bebês prematuros no país.
As causas da prematuridade podem estar relacionadas à condição da mãe, como pré-eclâmpsia, infecções, partos prematuros anteriores, gravidez na adolescência ou após os 35 anos; à saúde da criança, como malformações; mas também à fatores externos, como cesáreas desnecessárias e uso indevido de drogas na gravidez.
A principal maneira de evitar a prematuridade é planejar a gestação e fazer pelo menos seis consultas de pré-natal, além de evitar drogas. Bebês prematuros precisam de UTI, mas também do leite materno e do contato com a pele da mãe. Na UTI, recebem aquecimento e auxílio de equipamentos. O alimento deve ser o leite materno (funciona como medicação porque ele tem anticorpos que vão ajudar o bebê prematuro a se defender).
O método canguru (em que o bebê é colocado em contato pele a pele com a mãe) ajuda o prematuro a lembrar de respirar, auxilia no controle da temperatura e fortalece o sistema imune.
A prematuridade é um fator de risco para alguns tipos de infecções respiratórias. A vacinação desses bebês é diferente e eles também podem precisar de medicamentos para a prevenção.
Muito tempo gasto em jogos, smartphones e televisão está associado a níveis elevados e a diagnósticos de ansiedade ou depressão em crianças a partir dos 2 anos de idade, de acordo com um novo estudo.
Mesmo depois de apenas uma hora de tela diariamente, crianças e adolescentes podem começar a ter menos curiosidade, menor autocontrole, menos estabilidade emocional e maior incapacidade de terminar tarefas, relata Jean Twenge, psicólogo da Universidade Estadual de San Diego e Keith Campbell, professor de psicologia da Universidade da Geórgia.
Os resultados de Twenge e Campbell foram publicados em um artigo, "Associações entre tempo de tela e menor bem-estar psicológico entre crianças e adolescentes: evidências de um estudo de base populacional", publicado este mês na revista cientifíca "Preventative Medicine Reports".
Twenge e Campbell estavam particularmente interessados em associações entre tempo de tela e diagnósticos de ansiedade e depressão em jovens, o que ainda não foi estudado em grande detalhe.
Suas descobertas fornecem alguns dados mais amplos em uma época em que os jovens têm maior acesso à tecnologias digitais e gastam mais tempo usando tecnologia eletrônica exclusivamente para entretenimento, e também como autoridades de saúde estão tentando identificar as melhores práticas para gerenciar o vício em tecnologia.
"Pesquisas anteriores sobre associações entre tempo de tela e bem-estar psicológico entre crianças e adolescentes têm sido conflitantes, levando alguns pesquisadores a questionar os limites do tempo de tela sugeridos por organizações médicas", escreveram Twenge e Campbell em seu artigo.
O Instituto Nacional de Saúde dos EUA estima que os jovens geralmente gastam uma média de cinco a sete horas em telas durante o tempo de lazer. Além disso, um corpo crescente de pesquisas indica que essa quantidade de tempo de tela tem efeitos adversos na saúde geral e no bem-estar dos jovens. A Organização Mundial da Saúde decidiu incluir o vício em videogames na 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças. A organização está encorajando "maior atenção dos profissionais de saúde aos riscos do desenvolvimento desse distúrbio", já que o vício em jogos pode agora ser classificado como uma doença.
As descobertas do estudo Utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde Infantil de 2016, Twenge e Campbell analisaram uma amostra aleatória de mais de 40.300 pesquisas de cuidadores de crianças de 2 a 17 anos.
A pesquisa nacional foi administrada pelo Census Bureau dos EUA por correio e on-line e perguntou sobre tópicos como: atendimento médico existente; questões emocionais, desenvolvimentais e comportamentais; e comportamentos de jovens, incluindo o tempo de tela diário.
Twenge e Campbell excluíram jovens com condições como autismo, paralisia cerebral e atraso no desenvolvimento, pois as condições podem afetar o funcionamento do dia a dia de uma criança.
Os pesquisadores descobriram que os adolescentes que passam mais de sete horas por dia nas telas eram duas vezes mais propensos do que aqueles que passavam uma hora a terem sido diagnosticados com ansiedade ou depressão - um resultado significativo. No geral, as ligações entre o tempo de tela e o bem-estar foram maiores entre os adolescentes do que entre as crianças pequenas.
"No começo, fiquei surpreso que as associações fossem maiores para os adolescentes", disse Twenge.
"No entanto, os adolescentes gastam mais tempo em seus telefones e nas mídias sociais, e sabemos de outras pesquisas que essas atividades estão mais fortemente ligadas ao baixo bem-estar do que assistir televisão e vídeos, que é a maior parte do tempo de tela das crianças mais jovens", diz Twenge. Veja outros destaques do estudo de Twenge e Campbell:
O uso moderado de telas, quatro horas por dia, também estava associado a um bem-estar psicológico menor do que o uso de uma hora por dia. Entre os pré-escolares, os usuários mais experientes de telas apresentavam o dobro de chances de perder a paciência e 46% de chance de não se acalmar quando agitados.
Entre os adolescentes de 14 a 17 anos, 42,2 % daqueles que passaram mais de sete horas por dia nas telas não concluíram as tarefas, contra 16,6% daqueles que passaram uma hora por dia e 27,7% daqueles ocupados por quatro horas.
Cerca de 9% dos jovens de 11 a 13 anos que passaram uma hora com telas diariamente não estavam curiosos ou interessados em aprender coisas novas, em comparação com 13,8% que passaram quatro horas na tela e 22,6% que passaram mais de sete horas com telas. Quantas horas por dias?
O estudo fornece mais evidências de que os limites estabelecidos de tempo de tela da Academia Americana de Pediatria - uma hora por dia para aqueles com idade entre 2 e 5 anos, com foco em programas de alta qualidade - são válidos, disse Twenge.
O estudo também sugere que limites semelhantes - talvez duas horas por dia - devem ser aplicados a crianças e adolescentes em idade escolar, disse Twenge, também autor de "iGen: Por que as crianças superconectadas de hoje estão crescendo menos rebeldes, mais tolerantes, menos felizes - e completamente despreparados para a idade adulta".
Em termos de prevenção, o estabelecimento de possíveis causas e resultados de baixo bem-estar psicológico é especialmente importante para crianças e adolescentes. "Metade dos problemas de saúde mental se desenvolve na adolescência", escreveram Twenge e Campbell em seu artigo.
"Assim, há uma necessidade aguda de identificar fatores ligados a questões de saúde mental passíveis de intervenção nessa população, pois a maioria dos antecedentes é difícil ou impossível de influenciar", continuaram.
"Em comparação com esses antecedentes mais intratáveis da saúde mental, a maneira como as crianças e adolescentes passam seu tempo de lazer é mais acessível a mudanças", concluíram.
A bactéria pneumococo pode ser encontrada no nariz de uma pessoa, mas não necessariamente provoca a doença no paciente.
Conforme explicam pesquisadores, para haver pneumonia a bactéria precisa estar no pulmão.
“O corpo naturalmente mata ou evita que o pneumococo - que está colonizado no nariz - vá para o pulmão e cause pneumonia. Pessoas que estão com sistemas imunológicos normais geralmente não têm pneumonia, apesar de ter essa colonização [da bactéria], ou seja, apesar de expostas ao pneumococo”, disse Helder Nakaya, pesquisador e professor da Faculdade de Ciências de Farmacêuticas da USP.
No entanto, por algum motivo, principalmente em pacientes mais vulneráveis, a bactéria sai do nariz e é transportada para o pulmão.
Vírus da gripe
O estudo mostrou que, por causa do vírus da gripe, houve um grande aumento das bactérias do nariz dos voluntários que participaram do estudo.
Os mecanismos imunológicos para combater a colonização de pneumococos já tinham sido estudados em camundongos, mas eram ainda pouco conhecidos em humanos.
“Conseguimos mostrar que, quando o vírus da gripe infecta a região nasal, a colonização [de pneumococo] aumenta e a chance de isso virar uma pneumonia também aumenta. Conseguimos mostrar que a gripe realmente torna você mais suscetível a pegar pneumonia”, disse Nakaya.
Segundo ele, a infecção pelo vírus da gripe causa uma supressão do sistema imune, a bactéria da pneumonia se instala em maior número e a chance de ela ir para o pulmão é maior.
O professor ressalta a importância da pesquisa para que se possa pensar em estratégias de tratamento e prevenção da pneumonia.
Devido a essa relação, Nakaya alerta também para os efeitos da vacina contra a gripe se estenderem na prevenção da pneumonia. “Se você evita ter a gripe, você evitar ter pneumonia também. A vacina da gripe é importante justamente para não deixar o vírus da gripe se estabelecer e causar enfraquecimento da imunidade e permitir que o pneumococo colonize”, finalizou.
A poluição do ar mata cerca de 600 mil crianças todos os anos e causa sintomas que variam de perda de inteligência a obesidade e infecções de ouvido, mas há uma limitação ao que pais podem fazer, disse um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira (29).
Pais devem tentar evitar poluição do ar dentro das casas utilizando óleos menos poluentes para cozinhar e na calefação e não devem fumar, mas para reduzir a exposição de crianças à poluição ambiental eles podem precisar fazer lobby para que políticos limpem o meio ambiente, disseram especialistas da OMS.
"O ar poluído está envenenando milhões de crianças e arruinando suas vidas", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um comunicado. Grandes partes da Ásia, África e América Latina estão entre os mais afetados.
"Isso é imperdoável. Toda criança deveria poder respirar ar limpo para que possam crescer e alcançar seu máximo potencial." O relatório da OMS, "Receitando ar limpo", resumiu os mais recentes conhecimentos científicos sobre o efeito da poluição do ar sobre crianças, que afeta cerca de 93% delas ao redor do mundo.
Maria Neira, chefe de determinantes ambientais de saúde da OMS, disse que as descobertas preocupantes destacadas no estudo, incluindo a evidência de que a poluição causa partos prematuros ou natimortos, bem como doenças na vida adulta, deveria levar a mudanças de políticas ao redor do mundo.