covidgripeO Brasil registrou até esta sábado (10) 13.445.006 pessoas infectadas desde o início da pandemia, cerca de 6% da população brasileira. No momento em que a vacinação contra a covid-19 está sendo realizada no país, uma das dúvidas mais comuns é o que muda no caso de quem já teve a doença quando da aplicação da vacina.

Segundo o infectologista Hemerson Luz, quem já teve a covid-19 deve esperar ao menos um mês antes de tomar a vacina contra a doença. Esse intervalo é contado a partir de 14 dias depois do diagnóstico positivo, quando foi convencionado que a pessoa se livra do vírus.

Ele explica que ainda não há publicações e estudos demonstrando efeitos, mas que médicos têm adotado esse tempo mínimo para evitar potenciais efeitos adversos. Se a pessoa tiver com a doença aguda, com febre e com sintomas da covid-19, ela não deve se vacinar. Antes disso, deve procurar um médico para receber orientações e ter um diagnóstico se está ou não com a covid-19.

“Se tiver com sintomas vou esperar encerrar o meu quadro. Se eu tiver com sintomas, tenho que procurar o médico para verificar o diagnóstico. Se tiver infectado, tem que aguardar até resolver o quadro e aí depois de 30 dias”, explica o infectologista.

Luz lembra que a vacina pode causar efeitos adversos, em geral no local da aplicação, como inchaço, vermelhidão, febre ou indisposição. Mas essas reações não duram mais de 48 horas e podem ser tratadas com remédios como analgésicos e antitérmicos.

O infectologista alerta que quem já foi infectado pode contrair a covid-19 novamente, mas o quadro deve ser brando. “A [vacina] CoronaVac tem eficácia de 50% para pegar a doença, mas é 100% eficaz contra o caso grave. A [vacina] Oxford/AstraZeneca é um pouco mais efetiva, a 70%, mas mesmo assim existe possibilidade de ficar doente”, disse.

O infectologista ressalta a importância da vacinação mesmo para quem já teve a covid-19. E acrescenta que não é preciso ter receio, pois não há chance da vacina causar doenças. Mesmo aquelas que utilizam vírus inativados não têm qualquer possibilidade de replicação do vírus no organismo.

Agência Brasil

Foto: Jorge Silva/Reuters

covidrenalUm estudo conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos mostra como a covid-19 pode ser mais letal entre pacientes com doença renal crônica, especialmente aqueles que fazem diálise ou transplantados.

O artigo, publicado no Jornal da Sociedade Americana de Nefrologia, aponta que as taxas de internações por covid-19 de pacientes em diálise foi 40 vezes maior do que da população em geral.

Os pesquisadores analisaram dados de pacientes internados com covid-19 nos EUA entre 22 de março e 25 de abril do ano passado.

Eles descobriram um aumento da mortalidade geral de pacientes em doentes renais em diálise ou transplantados de 17% e 30%, respectivamente, quando comparados a dados de 2017 a 2019.

Pacientes que precisam se deslocar a algum local para fazer hemodiálise estão sujeitos a contraírem a covid-19. Já os transplantados precisam tomar imunossupressores, que os deixam mais vulneráveis à infecção.

"Este estudo sugere que o efeito da fase inicial da pandemia em pacientes com diálise e transplante de rim foi profundo", afirmou um dos autores do estudo, o médico Eric D. Weinhandl, do Grupo de Pesquisa de Doenças Crônicas, uma divisão do Hennepin Healthcare Research Institute e do Centro Coordenador do Sistema de Dados Renais dos Estados Unidos.

Pacientes hispânicos negros e hispânicos tiveram taxas de hospitalização especialmente altas, enquanto os pacientes submetidos à diálise peritoneal em casa tiveram taxas mais baixas em comparação com aqueles submetidos à hemodiálise em clínicas, já que o ambiente doméstico oferece proteção contra a infecção comunitária pelo vírus.

O médico alerta para a necessidade de priorizar doentes renais crônicos nas vacinações contra covid-19.

"Com taxas marcadamente mais altas de mortalidade por todas as causas em pacientes de diálise e transplante de rim durante o segundo trimestre de 2020, há agora uma razão clara para a priorização de pacientes com insuficiência renal em esquemas de vacinação contra covid-19 promulgados pelos estados."

 

R7

Foto: STEPHANE MAHE/REUTERS

O anúncio de mais um teste clínico de fase 3 de uma vacina contra covid-19 no Brasil traz a esperança de que novos imunizantes possam estar disponíveis no país nos próximos meses. Desta vez, a biofarmacêutica canadense Medicago conseguiu autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para conduzir ensaios com cerca de 3.500 voluntários.

Será a quinta vacina contra covid-19 testada em território brasileiro — as anteriores foram: Sinovac, AstraZeneca, Pfizer/BioNTech e Janssen (Johnson & Johnson). No entanto, esta tem uma tecnologia inovadora: é feita a partir de plantas vivas. A Medicago criou uma plataforma que usa o tabaco selvagem (N. benthamiana) como biorreator para produzir versões não infecciosas do coronavírus SARS-CoV-2, causador da covid-19.

Segundo a empresa, a N. benthamiana "é a hospedeira experimental mais utilizada em virologia de plantas, devido, principalmente, ao grande número de vírus que podem infectá-la com sucesso", afirma a companhia.

O sistema imunológico enfraquecido da N. benthamiana, resultado de mudanças genéticas naturais ao longo de milênios, permite que o material genético do vírus pode ser hospedado com sucesso pela planta e não rejeitado.

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Essas partículas semelhantes a vírus "imitam a estrutura nativa" dos patógenos, o que ajuda de forma eficaz o reconhecimento do nosso sistema imunológico.

Mas elas não levam nenhum material genético central, "o que não os tornam infecciosas ou capazes de se replicar", acrescenta a desenvolvedora.

A farmacêutica britânica GSK (GlaxoSmithKline) foi a responsável pelo desenvolvimento do adjuvante — substância utilizada para potencializar a capacidade do antígeno.

Testes A FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora de medicamentos dos EUA, autorizou os testes de fase 3 em março. Também já houve a liberação no Canadá.

Ao todo, serão recrutados cerca de 30 mil voluntários em dez países, sendo cerca de 3.500 no Brasil.

Os voluntários receberão duas doses da vacina ou placebo em um intervalo de 21 dias.

Poderão participar adultos saudáveis de 18 a 65 anos, idosos e adultos com comorbidades. Segundo a companhia, os ensaios envolverão "homens e mulheres de populações étnica e racialmente diversas".

Os resultados da segunda fase de testes da vacina, chamada de CoVLP, deve ser divulgados pela Medicago ainda neste mês.

A fase 3 de testes clínicos de qualquer vacina ou medicamento é a mais ampla e serve para comprovar a segurança e a eficácia do produto em um grupo maior e mais diverso de indivíduos.

Somente com os resultados dessa etapa é que as empresas podem solicitar o uso emergencial ou registro definitivo junto às agências reguladoras.

O fato de a Medicago realizar os ensaios no Brasil é um facilitador caso a empresa decida solicitar autorização para uso do imunizante junto à Anvisa.

 

R7

reinfecaçograveEm nota divulgada nesta quarta-feira (7), a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) afirmou que um estudo coordenado pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde mostra que uma segunda infecção causada pela covid-19 pode apresentar sintomas mais fortes e que a pessoa pode se reinfectar com a mesma variante.

“Os dados mostram que para a parcela da população que tem a doença na forma branda (em que não é necessária a hospitalização) isso não significa que fique imune ou que uma reinfecção evolua de forma benigna. O estudo indica ainda que a reinfecção pode ser mais frequente do que se supõe”, diz a nota. Em 2020, do início da pandemia até o final do ano, os pesquisadores acompanharam semanalmente um grupo de 30 pessoas, sendo que quatro contraíram o Sars-CoV-2 com sintomas brandos na primeira infecção, e, na segunda, apresentaram sintomas mais frequentes e mais fortes, mas não precisaram ser hospitalizados.

“Essas pessoas só tiveram de fato a imunidade detectável depois da segunda infecção. Isso leva a crer que para uma parte da população que teve a doença de forma branda não basta uma exposição ao vírus, e sim mais de uma, para ter um grau de imunidade. Isso permite que uma parcela da população que já foi exposta sustente uma nova epidemia”, explicou Thiago Moreno, pesquisador responsável por coordenar o estudo, por meio de nota.

O pesquisador também não descarta a possbilidade de ocorrer uma terceira infecção por covid-19. “A gente não sabe quanto tempo dura a imunidade pós-covid. Uma pessoa poderia ficar vulnerável a uma nova reinfecção ou mesmo a contrair uma variante diferente”, afirmou.

O artigo referente à pesquisa, que envolve também pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa (Idor) e da empresa chinesa MGI Tech Co, será publicado em maio na revista Emerging Infectious Desease, dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC/EUA).

 

R7

Foto: reprodução/Pixabay