Quase 250 pessoas pessoas foram vacinadas com o imunizante AstraZeneca vencido no Piauí. No Brasil foram pelo menos 26 mil doses aplicadas fora da validade, segundo dados do Ministério da Saúde. Os órgãos de saúde negam a aplicação de vacinas vencidas.
Só em Teresina, foram 114 doses. Outra cidade do Piauí, Itaueira, teve 20 doses vencidas aplicadas. Madeiro teve 12, Guadalupe 10, Sebastião Leal 9, São José do Piauí 8, Uruçuí 6, Antônio Almeida 4, Jatobá do Piauí 4.
As cidades de Jerumenha, José de Freitas, Miguel Alves, Olho D'Água do Piauí, São João da Varjota, União, tiveram duas doses aplicadas em cada.
As cidades que tiveram uma dose vencida aplicada em cada foi: Alegrete do Piauí, Amarante, Barras, Barro Duro, Campo Maior, Capitão de Campos, Floriano, Jaicós, Lagoa do Piauí, Palmeirais, Piracuruca, Piripiri, Queimada Nova, Santa Cruz do Piauí, São Félix do Piauí e Valença do Piauí. A Secretaria de Saúde do Piauí divulgou esclarecimento:
A Secretaria de Estado da Saúde informa que todos os lotes de vacinas enviadas pelo Ministério da Saúde ao estado do Piauí estão dentro do prazo de validade. As caixas contêm nota técnica com informações sobre a data de validade dos imunizantes encaminhados, assim como em todos os frascos constam os prazos de vencimento.
A Sesapi esclarece ainda que antes da distribuição para as Regionais de Saúde, a Coordenação de Imunização verifica além do prazo de validade, a temperatura de acondicionamento dos imunizantes, que vêm sendo aplicados dentro do prazo de validade apresentados em documentos oficiais do Ministério da Saúde.
Esclarecimento da Fundação Municipal de Saúde de Teresina:
A Fundação Municipal de Saúde informa que em Teresina nenhuma dose de vacina foi aplicada com prazo de validade vencida.A FMS confere o prazo de validade de todos os imunizante recebidos e realiza a aplicação conforme as orientações do fabricante. Em todos os frascos dos imunizantes constam os prazos de vencimento da vacina.
A Johnson & Johnson anunciou na quinta-feira (1) que vacina de dose única contra o coronavírus produzida pela farmacêutica é eficaz contra a variante Delta, altamente contagiosa, com uma resposta imunológica que dura pelo menos oito meses.
Os anticorpos e as células do sistema imunológico de oito pessoas inoculadas com a vacina da Johnson neutralizaram efetivamente a cepa identificada pela primeira vez na Índia, de acordo com os pesquisadores. Um segundo estudo de 20 pacientes vacinados no Centro Médico Beth Israel de Boston teve resultados parecidos.
Os dados foram submetidos ao site cintífico bioRxiv, um site de relatórios científicos ainda não publicados, onde os autores "podem colocar suas descobertas à disposição da comunidade científica e receber comentários sobre os rascunhos antes de enviá-los para os periódicos", segundo o portal.
"Acreditamos que nossa vacina oferece proteção duradoura contra a covid-19 e provoca uma atividade neutralizante contra a variante Delta", disse o diretor científico da J&J, Paul Stoffels, em um comunicado da empresa.
O diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Janssen da Johnson & Johnson, Mathai Mammen, relatou que os dados "dos oito meses estudados até agora" mostram que a vacina J&J "gera uma forte resposta de anticorpos neutralizantes que não diminui, mas que, na verdade, observamos uma melhora com o tempo".
A variante Delta surgiu na Índia em abril e maio e, desde então, disseminou-se pelo mundo todo.
Um relatório do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) estimou que essa cepa mais contagiosa pode chegar a representar 90% dos novos casos na União Europeia até o final de agosto.
Os versos não eram o remédio, mas o desabafo: "Eu sei que vou morrer... dentro do meu peito um mal terrível me devora a vida". Em 6 de julho de 1871, Castro Alves, de apenas 24 anos, sucumbiu à tuberculose. A maior novidade no combate a essa doença respiratória, que acomete principalmente os pulmões, só surgiria 50 anos depois da morte do poeta baiano: a vacina.
O imunizante foi fruto de uma longa pesquisa dos franceses Léon Calmette e Alphonse Guérin. Eles atenuaram uma bactéria, batizada de Bacilo de Calmette e Guérin (por isso, a sigla BCG), e anunciaram, naquele 1º de julho de 1921, uma forma de debelar o bacilo de Koch, causador da tuberculose.
"Foi uma grande vitória contra essa doença, que matava tanta gente no mundo inteiro e até hoje tem os mais vulneráveis como suas principais vítimas", afirma a médica Dilene Nascimento, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e estudiosa da história das doenças no Brasil. Há registro de casos de tuberculose no Brasil desde o período de colônia. A doença é transmitida por inalação de gotículas contaminadas e eliminadas pela respiração, tosse ou espirro.
A pesquisadora explica que, mesmo antes da descoberta da vacina na França, o Brasil tinha iniciativas para tentar proteger a população deste mal. Uma delas foi a Liga Brasileira contra a Tuberculose, entidade civil composta por pesquisadores e intelectuais, e que se transformaria depois na Fundação Ataulpho de Paiva, no Rio de Janeiro, entidade filantrópica até hoje responsável por produzir a BCG no país. Aliás, no Brasil, o desenvolvimento da vacina deu-se, inicialmente, pela pesquisa do cientista Arlindo de Assis (1896-1966) depois que ele recebeu, em 1925, uma amostra da cepa do vírus in vitro para estudo.
Em 1927, a fundação criou laboratórios e passou a seguir a instrução para priorizar a vacinação dos mais jovens e também os mais vulneráveis, afirma a professora Dilene Nascimento. A pesquisadora entende que essa vitória da ciência é fundamental hoje, por exemplo, para que os bebês brasileiros recebam, logo depois que nascem, essa vacina. "Tem grande eficácia contra formas graves da doença, como ocorrem, por exemplo, com a vacina contra a covid-19. Foi um grande aprendizado".
Até a década de 1970, a BCG também existia na modalidade oral. O medicamento produzido pela Fundação Ataulpho de Paiva foi reconhecido em 16 laboratórios certificados pela OMS e é considerado um dos mais imunogênicos do mundo.
Nos próximos dias 8 e 9 de julho, a Fiocruz realiza evento de debate sobre o legado da vacina BCG, administrada gratuitamente em postos de saúde, para os programas de imunização no Brasil. Em entrevista à Agência Brasil, a pesquisadora conta a trajetória do combate à tuberculose no país, e qual o papel a vacina BCG desempenhou nesta história.
Agência Brasil: Qual era o contexto de busca por essa vacina?
Dilene Nascimento: No final do século 19 e início dos anos 1900, a tuberculose matava mais do que qualquer outra doença. Não existia política pública para o controle da tuberculose, que é um doença endêmica. O desenvolvimento pode ser lento, mas leva à morte. É preciso contextualizar que o bacilo de Koch, apesar de contaminar qualquer pessoa, costuma levar ao óbito aqueles que estão em situação mais vulnerável, e com sistema imunológico comprometido. A vacina contra a tuberculose estava sendo exaustivamente procurada pelos cientistas. Inclusive, o próprio pesquisador Robert Koch, que descobriu o bacilo causador, anunciou também a tubercolina. Inicialmente, imaginava-se que poderia ser um remédio, mas, na verdade, demonstrou ser um teste para diagnosticar a doença. Foi um anúncio com muita pompa, mas chegou-se à conclusão que a tuberculina identificava a tuberculose, e não a tratava. Até que, em 1921, Léon Calmette e Alphonse Guérin proporcionaram a descoberta de uma vacina. Eles anunciaram na Academia Francesa de Medicina. Foi verificado que o imunizante era eficaz contra o agravamento da doença.
Agência Brasil: E qual era a realidade brasileira naquela época?
Dilene Nascimento: A situação era grave. Em 1900, foi criada, por médicos e intelectuais - principalmente do Rio de Janeiro - a Liga Brasileira contra a Tuberculose. Eles estavam preocupados com o alto índice de óbitos. O discurso, na época, era que o Brasil (que havia deixado de ser uma monarquia em 1889) estava entrando na modernidade e deveria abandonar o atraso do século 19. Foi essa liga que depois se transformou na Fundação Ataulpho de Paiva (entidade filantrópica até hoje responsável pela produção da vacina no Brasil).
Agência Brasil: Onde ficavam as pessoas acometidas pela doença?
Dilene Nascimento: Naquele começo de século 20, foram criados dispensários - um em 1902 e outro em 1911. Existia um tripé para o atendimento: o sanatório (lugar para ter repouso, higiene e alimentação), o dispensário (ambulatório com tratamento médico) e o preventório (lugar onde ficavam os filhos dos tuberculosos, onde as crianças tinham até a manutenção dos seus estudos). Existiam tentativas de criar setores separados dentro dos hospitais para quem tivesse com a tuberculose. As Santas Casas tinham essa iniciativa, por exemplo. Mas os óbitos continuaram altos.
Agência Brasil: E como se deu o desenvolvimento da vacina aqui no país?
Dilene Nascimento: O pesquisador Arlindo de Assis, que era o cientista que trabalhava no Instituto Vital Brazil, recebeu a cepa inativada do vírus de um pesquisador uruguaio, para poder para desenvolver a vacina no Brasil. Isso ocorreu em 1925. Ele começou a desenvolver a vacina e fez uma articulação com a Liga Brasileira contra a Tuberculose, que era presidida por Ataupho de Paiva. A entidade resolveu assumir a aplicação das vacinas nos dispensários e nas escolas. O Arlindo de Assis, então, se transferiu para a entidade e passou a produzir a vacina BCG. A Liga entendeu que a prioridade deveria ser crianças e estudantes. Com a criação do Departamento de Saúde Pública, passou a existir uma política pública com relação à tuberculose. Foram produzidos cartazes. Na época, ainda eram realizadas cirurgias muito doloridas para tentar resolver a tuberculose, chamadas de pneumotórax. Não era tratamento simples.
Agência Brasil: Por que a doença matava tanta gente?
Dilene Nascimento: As principais vítimas da doença são pessoas com sistema imunológico comprometido. As relações precárias de trabalho daquele início de século 20 também agravavam a situação. Além disso, condições de moradia também interferem para a disseminação da doença. Ao longo do século, houve melhora nas condições de vida e de trabalho. Em 1942, tivemos o primeiro remédio antibiótico para tratamento. Quatro anos depois, o Estado criou uma campanha nacional de combate à tuberculose e também de vacinação. Tinha orçamento, por exemplo, para criar sanatórios nas várias capitais brasileiras. Ainda na década de 1940, decretos legislativos passaram a obrigar a vacinação das crianças.
Agência Brasil: E hoje, as famílias podem solicitar a BCG assim que a criança nasce.
Dilene Nascimento: Essa é uma conquista. Desde 1976, existe essa obrigatoriedade. Todas as maternidades aplicam vacina BCG nas crianças recém-nascidas. O imunizante não impede 100% de se infectar com o bacilo, mas faz com que uma eventual evolução da doença ocorra de forma menos grave, como ocorre com as vacinas contra a covid de hoje em dia também. A vacina é indicada para crianças de 0 a 4 anos (de acordo com a Portaria nº 452, de 6 de dezembro de 1976, do Ministério da Saúde, o imunizante é obrigatório para menores de um ano).
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) antecipou a entrega semanal de vacinas contra a covid-19 ao Ministério da Saúde nesta quarta-feira (30). Por meio do Bio-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos), a fundação disponibiliza 3 milhões de doses da AstraZeneca, sendo 148 mil doses para o estado do Rio de Janeiro.
"Com a liberação dos lotes pelo controle de qualidade no início da semana, foi possível antecipar a remessa que, inicialmente, estava programada para sexta-feira (2)", afirmou a fundação em nota. Com essa entrega, a Fiocruz alcança o quantitativo de 65,9 milhões de doses já disponibilizadas ao PNI (Programa Nacional de Imunizações), incluindo também os 4 milhões de vacinas importadas prontas da Índia. Do total, mais de 18 milhões de doses foram fornecidas em junho.
A fundação aguarda a confirmação de antecipação dos próximos envios de IFA (ingrediente farmacêutico ativo). A produção de vacinas está com capacidade superior à de insumos disponibilizados. Com o IFA disponível, estão garantidas as entregas semanais até 23 de julho.