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Mesmo com a evolução da vacinação no Brasil, com mais de 56% da população com a primeira dose e 25% com a segunda, o futuro da pandemia por aqui segue incerto. Profissionais da saúde e pesquisadores apontam alguns fatores que causam o clima de dúvidas.

O mais relevante deles são os efeitos que a variante Delta causam no controle da circulação do vírus, no número de novos casos e de óbitos, e como será sua atuação entre não-vacinados.

A cepa que foi registrada pela primeira vez na Índia é mais transmissível que o vírus original e, baseado em dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), tem a possibilidade de se propagar pelo país mais rapidamente do que a Gama, vírus que surgiu no Amazonas e causou o colapso da saúde de Manaus no começo do ano.

Segundo Raquel Stucchi, infectologista e professora da Faculdade de Ciências Médicas, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a mutação do vírus tem atingido fortemente os não-vacinados. "Pode ter uma mudança de perfil aqui e no mundo. Por exemplo, nos EUA, mesmo com todas as campanhas e até a oferta de dinheiro para as pessoas se vacinarem, eles seguem com 50% de vacinados. Os casos estão acontecendo predominantemente nas pessoas não-vacinadas. Na hora que aumenta o número de casos na população, aumentamos o número de casos também nas crianças, que não têm previsão ainda de serem imunizadas", alerta a médica.

"Além disso, ainda não sabemos, mas é possível que a Delta cause uma proporção de casos assintomáticos ainda maior nas crianças. Ainda não temos dados científicos concretos sobre isso, mas é possível", acrescenta ela.

Imunização completa A alto número de pessoas que não terminaram o esquema vacinal também é determinante para os próximos passos da crise sanitária no país. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 7 milhões de brasileiros não voltaram para receber a segunda dose dos imunizantes. O que não garante a proteção mais eficaz das vacinas.

"O número de pessoas que não voltaram para a segunda dose é preocupante, mas percentualmente comparado pelo número de pessoas vacinadas, não é tão relevante em termos gerais. Mas o surgimento da Delta pode deixar essas pessoas com menos proteção e principalmente quando pensamos na imunidade individual", explica o epidemiologista Eliseu Waldman, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.

A infectologista ressalta, também, que não completar o esquema ajuda na circulação do vírus. "Não tomar as duas vacinas, nós sabemos que facilita que a variante Delta ocupe mais espaço. Além de nos preocuparmos com a Delta, que se transmite mais e dá quadro mais grave, nós favorecemos também o aparecimento de novas variantes. Aí, fica em aberto o comportamento dessa possível nova variante frente às vacinas", diz Raquel.

Estratégias de vacinação dos brasileiros O ritmo da vacinação do Brasil aumentou nos dois últimos meses, chegando ao ritmo de 1,4 milhões de aplicações por dia em 7 meses de campanha. No entanto, 75% da população ainda precisa completar a imunização.

"A velocidade de vacinação no Brasil é de tartaruga, de lesma. A perspectiva mais otimista nossa é acabar com a vacinação dos acima de 18 anos em novembro. Se você jogar uma porcentagem de 80% da população vacinável imunizada em novembro e dezembro, nós teremos uns 20% da população que foi vacinada em janeiro e fevereiro e estará vacinada aproximadamente há 10 meses e perdendo a proteção", afirma a infectologista da Unicamp.

A preocupação com os primeiros imunizados, idosos acima dos 70 anos e profissionais de saúde, aumenta à medida em que a duração da proteção ainda não é conhecida pelas farmacêuticas, já que as indústrias tiveram de colocar as vacinas no mercado rapidamente para conter a covid no mundo.

A discussão de uma terceira dose nesse público é extremamente necessária, segundo os especialistas. "Senão, sempre teremos uma quantidade muito grande de pessoas suscetíveis à doença e não terminamos esse ciclo nunca. Talvez, a terceira não seja para todo mundo. Neste momento, é para o grupo que foi vacinado há muito tempo, como os idosos bem idosos, os profissionais de saúde que estão na linha de frente e não podem parar", salienta Raquel.

Por sua vez, o epidemiologista entende que essa preocupação tem de surgir após a imunização da grande maioria da população brasileira.

"Não conseguimos imaginar qual serão os próximos passos da pandemia no Brasil. Acredito que a partir do ano que vem conseguiremos ter doses suficientes e estudos que apontem quais as melhores estratégias, terceira dose ou reforço, para proteger todas as pessoas. Porém, agora, o pensamento é mesmo concluir a vacinação das pessoas acima dos 18 anos, primeiro com uma dose. A partir daí, pensamos na segunda dose e antecipação, mas só com todos vacinados na primeira. Só então, temos de pensar em terceira dose ou reforço de imunização", observa o professor da USP.

Efeitos no sistema de saúde Quando o assunto é o futuro da pandemia, Waldman lembra que ainda não conseguimos precisar como o sistema de saúde reagirá, tanto o SUS (Sistema Único de Saúde), quanto os hospitais e consultórios particulares, às consquências da doença no país.

"Outro tema preocupante é quais serão os efeitos da pandemia na saúde pública do Brasil. As pessoas que tiveram covid longa ou até mesmo sem gravidade apresentam sequelas e nós ainda não sabemos a duração e a gravidade desses efeitos. Foram muitos infectados e ainda temos muitas incertezas. Acredito que o sistema será atingido fortemente, porque essas pessoas precisam e precisarão de atendimento médico pós-covid", conclui o médico.

Vírus não está perto de ser eliminado Além disso, pesquisadores se preocupam que o Brasil e o mundo não agem para efetivamente acabar com o vírus e a covid. Os passos tomados indicam que as pessoas terão de conviver com a doença.

Alexandre Naime Barbosa, infectologista e professor Faculdade de Medicina, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Botucatu, interior de São Paulo, é firme ao dizer que as ações não estão sendo tomadas para erradicar a covid do mundo.

"Nós não vamos viver um cenário de eliminação da covid a curto e médio prazos. Vamos ter um cenário de mitigação, de coabitação com o vírus. Não estamos caminhando para um modelo de eliminação da doença como há com o sarampo e a rubéola, porque as vacinas não são efetivas a ponto de evitar a transmissão. Estamos caminhando para um modelo muito mais de coabitação, como acontece, por exemplo, com o vírus influenza", diz o médico.

R7

pifezbiotecUm estudo feito em Israel demonstra que a eficácia da terceira dose da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Pfizer é de 86% em pessoas com mais de 60 anos, grupo que está recebendo o reforço na imunização desde o fim de julho no país.

A pesquisa, que foi realizada pela Maccabi, empresa que opera no setor de saúde em Israel e que aplica vacinas, indica que apenas 37 das 149.144 pessoas nesta faixa etária que receberam a terceira dose foram infectadas pelo coronavírus. Já entre os que tiveram aplicadas duas doses de imunizantes, foram 1.064 positivos confirmados. A Maccabi comparou os resultados de 149.144 maiores de 60 anos que receberam a terceira dose da vacina da Pfizer, com outros 675.630 que tiveram aplicadas apenas duas, entre janeiro e fevereiro deste ano.

Atualmente, segundo o Ministério da Saúde de Israel, entre os pacientes que estão em estado grave com covid-19 e têm mais de 60 anos de idade, 172 não foram vacinados e 21 foram imunizados.

A Pfizer confirmou que a eficácia da vacina diminui com o tempo, e que uma terceira dose oferece anticorpos neutralizantes significativamente mais altos contra a covid-19, inclusive, contra as variantes beta e delta, que são altamente contagiosas.

O governo de Israel começou a aplicar a terceira dose da vacina no mês passado, em pessoas com comorbidades e já está oferecendo também a quem tem mais de 50 anos e trabalhadores da saúde.

O gabinete nacional de combate à covid-19 debaterá hoje se amplia a faixa etária para os maiores de 40 anos. Até o momento, 1,1 milhão de pessoas receberam a terceira dose em Israel, em uma tentativa das autoridades locais de frear a expansão da variante delta. No entanto, a mesma parcela da população, que representa 11% do total, segue sem se vacinar, o que é considerado o principal obstáculo para acabar com a pandemia.

Agência EFE

Foto: DENIS BALIBOUSE/REUTERS

 

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), por meio da Gerência Estadual de Epidemiologia, esclarece que o exame feito em paciente da cidade de São João do Piauí foi encaminhado à Fiocruz para ser feito o sequenciamento genético. Através do exame será possível comprovar se é um caso da variante Delta.

O paciente de iniciais J.G.A, de 69 anos, já está imunizado com duas doses da vacina Coronavac e apresentou sintomas da Covid-19 depois de participar de um curso em Ribeirão Preto (SP). Antes de participar do curso, realizou exame de orofaringe e deu negativo. Mas um colega que estava no mesmo treinamento testou positivo para a Covid-19.

No dia 07/08, o paciente retornou para o município de São João do Piauí e dia 09/08 começou a apresentar sintomas como obstrução nasal, dores no corpo e cefaleia. Foi feito exame de orofaringe com resultado positivo, sendo medicado por profissionais do município.

No dia 11/08, apresentou tosse e deficiência respiratória, sendo encaminhado ao município de São Raimundo Nonato para fazer uma Tomografia, onde o resultado apontou 25% de comprometimento pulmonar. Dia 15/08, ele foi encaminhado a Teresina, ainda com quadro de dispnéia, sendo internado no hospital da Unimed. No próprio hospital foi feita a coleta do material para PCR e encaminhado ao Lacen, com resultado positivo para Covid-19,  a amostra foi enviada à Fiocruz para sequenciamento, como medida de segurança.

A Gerente Estadual de Epidemiologia da Sesapi, Amélia Costa, manteve contato com a esposa do paciente em São João do Piauí e confirmou que ela e o técnico da empresa que estiveram em contato com o paciente também testaram positivo para a Covid.

“Como o paciente esteve em um Estado com circulação da variante Delta, solicitamos que a Secretaria Municipal de Saúde de São João do Piauí fizesse a coleta do sangue da esposa e do motorista da empresa do paciente e encaminhasse ao Lacen para avaliar a possibilidade de fazer também o sequenciamento deles”, esclarece Amélia.

mn

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou, na manhã desta quarta-feira(18), mudar o protocolo dos estudos clínicos da vacina contra a covid-19 ButanVac. A pedido do Instituto Butantan, em São Paulo, que desenvolve o novo imunizante, a primeira etapa da pesquisa não será mais feita com uso de placebo (substância sem efeito) e sim com a CoronaVac.

A requisição foi feita pela dificuldade em encontrar voluntários que aceitassem participar do estudo com placebo, já que corriam o risco de não receber nenhuma proteção contra a doença.

A pesquisa clínica de fase 1 e 2 da Butanvac foi dividida em três etapas (A, B e C). Os testes autorizados, nesta momento, serão feitos em 400 voluntários, que receberão aleatoriamente CoronaVac e ButanVac. Ambas serão aplicadas em duas doses com intervalo de 28 dias entre elas.

O ensaio será realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em Ribeirão Preto (SP).

R7