Com 1,1 milhão de doses, chegou ao Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), o primeiro lote de 2022 de vacinas contra a covid-19. Segundo o Ministério da Saúde, a carga com os imunizantes do laboratório norte-americano Pfizer foi desembarcada na tarde de ontem (2).
Neste ano, o Brasil deve receber mais 354 milhões de doses de vacinas, sendo 100 milhões de um contrato com a Pfizer e 120 milhões do imunizante da AstraZeneca, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O restante é referente a contratações assinadas em 2021 e que devem ser entregues ao longo deste ano.
De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, já foram aplicadas 328,5 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus em todo o país, sendo 143,7 milhões de segunda dose ou dose única. Mais de 20 milhões de pessoas receberam doses adicionais de reforço da imunização.
As pessoas vacinadas com duas doses da Janssen podem ficar 85% protegidas da necessidade de hospitalização após serem infectadas com a variante Ômicron do novo coronavírus, de acordo com estudo realizado na África do Sul cujos detalhes foram revelados nesta quinta-feira (30).
A pesquisa foi conduzida com uma amostra de 69.092 profissionais da saúde que receberam uma dose de reforço da Janssen – a mesma fórmula que haviam recebido na primeira dose – entre 15 de novembro e 20 de dezembro.
Nessa altura, a África do Sul passava por sua quarta grande onda de casos de Covid-19, impulsionada pela variante Ômicron.
Em particular, os pesquisadores observaram que a eficácia contra a hospitalização foi de 63% logo após a segunda inoculação e que a proteção "aumentou ao longo do tempo", atingindo 84% após duas semanas e 85% um mês após o reforço.
O estudo, que conta entre seus autores a renomada pesquisadora Linda-Gail Bekker, já foi publicado como pré-impressão e deve ser submetido à avaliação de pares da comunidade científica.
A África do Sul começou a oferecer doses de reforço à sua população em geral na semana passada, mas, antes que essa medida entrasse em vigor, o país já havia começado a oferecê-las aos seus profissionais de saúde, por meio de um programa especial chamado Sisonke.
As fórmulas utilizadas para a vacinação contra a Covid-19 na África do Sul, que foi o primeiro país a alertar o mundo sobre a detecção da Ômicron, no fim de novembro, são da Pfizer/BioNTech e da Janssen.
Com cerca de 3,4 milhões de casos e quase 91 mil mortes, a África do Sul é o epicentro da pandemia da Covid-19 no continente africano.
A taxa de vacinação, no entanto, ainda é baixa – apenas cerca de 27% da população foi totalmente vacinada.
A atual onda de casos impulsionada pela Ômicron, embora esteja causando um maior número de infecções em comparação com outras variantes, está deixando uma proporção significativamente menor de mortes e hospitalizações.
O mundo registrou nas últimas 24 horas o recorde de 1,35 milhão de novos casos de Covid-19, marca nunca antes vista e que supera em 40% a máxima anterior, segundo cálculos da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Esse forte aumento parece estar associado ao auge da variante Ômicron, considerada mais transmissível que a Delta, mas a OMS afirmou nesta quarta-feira (29) que o "tsunami de casos" está sendo causado pela combinação de ambas. A atual onda de contágios é a quarta em nível global neste ano, após as que tiveram pico em janeiro, abril e agosto, essas mais associadas a variantes como a Alfa (inicialmente detectada no Reino Unido) e a Delta (na Índia).
No entanto, a atual onda é a primeira de 2021 que parece não acarretar aumento nas mortes por Covid-19, o que pode estar ligado a maior taxa de vacinação em muitos países afetados pela Ômicron.
O número de mortes diárias oscila atualmente entre 4.000 e 8.000, e a curva desse indicador se mantém estável desde o início de outubro.
O ano de 2022 pode marcar "o fim da fase aguda da pandemia" de Covid-19, afirmou o diretor geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, que ressaltou a importância da continuidade da prevenção diante da "dupla ameaça das variantes Delta e Ômicron" do coronavírus.
O diretor de Emergências Sanitárias da entidade, Mike Ryan, acrescentou na mesma entrevista coletiva que no futuro próximo "é difícil que o vírus seja completamente eliminado, mas possivelmente o nível de sua transmissão ficará mais baixo, causando surtos ocasionais em populações não vacinadas". "Vamos acreditar que esse será o final, mas certamente ainda não chegamos lá e restam obstáculos que esperamos superar alcançando a igualdade na distribuição de vacinas", disse.
Ao traçar um paralelo entre o atual coronavírus e a pandemia de gripo H1N1 de 2009, Ryan afirmou: "Esse vírus [da gripe A] segue entre nós, mas não provoca a morte e a destruição daquele ano porque vacinamos os mais vulneráveis".