Recentemente, a doutoranda do Instituto de Biologia da Unicamp Patrícia Fernandes de Souza identificou a capacidade do pigmento de impedir o agravamento do câncer colorretal. Orientada pela professora de bioquímica do instituto Carmen Veríssimo Ferreira-Halder, ela descobriu que a violaceína tem a habilidade de diminuir ou bloquear a ação de algumas proteínas que possibilitam o crescimento do tumor, a metástase e a resistência ao tratamento.

“De alguma forma, a violaceína acaba desligando vias ou rotas metabólicas que são importantes para manter o tumor vivo e, muitas vezes, manter o tumor agressivo”, conta a professora.

O estudo busca identificar os principais agentes do tumor que ocasionam a piora dos quadros clínicos para, futuramente, desligá-los e fornecer informações relevantes para o desenvolvimento de remédios. De acordo com dados estimados pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), o segundo tipo de câncer mais incidente, tanto em homens quanto em mulheres, é o colorretal. Apesar disso, segundo a doutoranda, a maioria dos pacientes é assintomático e descobre o tumor em um estado avançado da doença, o que dificulta o tratamento.

Pensando nisso, o estudo detalha, principalmente, a via que permite que uma célula tumoral se torne invasiva, processo denominado transição epitélio-mesênquima. Quando ela ganha essa capacidade, consegue invadir diferentes locais e migrar para outros órgãos, ocasionando a metástase.

A partir de modelos que imitam tumores humanos, chamados de esferoides, a pesquisa constatou que a violaceína consegue bloquear essa transformação e induzir aquela célula tumoral à morte por apoptose — tipo de eliminação que é o mais indicado, pois destrói a célula sem causar uma reação impactante ao paciente, como uma resposta inflamatória.

Em laboratório, a equipe utilizou um método — fator de crescimento, chamado TGF-β — que estimulou a transformação da célula de câncer colorretal em uma com capacidade de migração, ou seja, com características metastáticas. Até mesmo nesse caso, a violaceína conseguiu bloqueá-la.

“Nós tivemos a ideia de mimetizar o que acontece em seres vivos, porque esse TGF-β está presente no nosso organismo”, explica a doutoranda.

Aumento da eficácia de medicamentos A pesquisa constatou ainda que a combinação da violaceína com o quimioterápico 5-fluorouracil, muito utilizado em tratamentos, melhorou a ação do medicamento e diminuiu as doses necessárias de duas a cinco vezes.

“Nós observamos que quando a gente trata essa célula com violaceína e com o quimioterápico, foi necessária uma dose menor para conseguir observar o efeito de inibição da proliferação da célula e também na impulsão da morte das células por apoptose”, detalha a professora.

R7

Depois de demonstrar que a dieta pode interferir na expressão gênica, a ciência começa a identificar os mecanismos pelos quais isso acontece. Segundo estudo recente, publicado na revista Food and Chemical Toxicology, a dieta suplementada ou deficiente em metionina, um aminoácido essencial fornecido por alimentos proteicos, tem o poder de interferir na expressão de genes relacionados ao metabolismo das gorduras nas células do fígado e de genes modificadores da cromatina (material genético enrolado em proteínas).

aminoacido

O trabalho investigou como a metionina influencia um processo bioquímico conhecido como “metilação do DNA” (adição de um radical metil à molécula de DNA). Trata-se de um dos mecanismos da chamada epigenética, termo que se refere a mudanças no perfil de expressão dos genes que definem as características apresentadas por um indivíduo (o fenótipo) e podem se repetir na divisão celular e até mesmo ser transmitidas aos descendentes, embora não estejam relacionadas com alterações na sequência de DNA (o genótipo). Um dos aspectos mais estudados da atualidade é a relação entre as alterações no padrão de metilação e o surgimento de doenças. Para chegar à descrição dos mecanismos epigenéticos envolvidos nas alterações em células hepáticas, os pesquisadores realizaram experimentos com camundongos. Parte dos animais foi alimentada com dieta deficiente de metionina e, os demais, com dieta suplementada com o aminoácido. Após esse período, as células hepáticas foram congeladas e submetidas a análises moleculares.

Este é o quarto estudo publicado pelo Grupo de Pesquisa em Nutrigenômica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) e tem como base os dados gerados durante o doutorado de Alexandre Ferro Aissa, que teve bolsa de doutorado e de estágio no exterior da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O trabalho tem ainda a colaboração da equipe coordenada por Igor Pogribny, pesquisador do National Center for Toxicological Research, nos Estados Unidos, e pioneiro na publicação de estudos sobre a metilação e o papel da metionina. O alvo de Pogribny é a doença hepática gordurosa não alcoólica, a chamada esteatose hepática, atualmente considerada uma epidemia. Foi o próprio Pogribny quem sugeriu que Aissa focasse seus estudos nas ações da metionina sobre células do fígado.

Em artigos anteriores, como o publicado em 2014 na revista Molecular Nutrition & Food Research, o grupo da FCFRP-USP demonstrou que a deficiência e a suplementação de metionina na dieta podem induzir anormalidades moleculares no fígado associadas ao desenvolvimento de doença hepática gordurosa não alcoólica, incluindo a expressão alterada de genes que leva ao acúmulo de lipídios no fígado.

Os pesquisadores também constataram que o acúmulo de gorduras nas células hepáticas aconteceu apenas quando houve deficiência de metionina. São situações que predispõem a doenças, como a cirrose, e ao surgimento do câncer. “Mas ainda não sabíamos como isso ocorria”, diz Aissa à Agência FAPESP.

Os achados contribuem para o melhor entendimento da atividade dos compostos presentes na dieta sobre a regulação gênica. Um dos seus méritos é avançar na compreensão do impacto da dieta sobre a ação dos microRNAs (ou miRNAs, pequenas moléculas de RNA que não dão origem a proteínas, mas regulam o funcionamento de genes).

“Vimos que dietas com concentrações inadequadas de metionina, especialmente aquelas deficientes, podem envolver a desregulação de vários microRNAs que desempenham papel significativo na homeostase hepática”, destaca Lusânia Maria Greggi Antunes, autora correspondente e coordenadora do Grupo de Nutrigenômica da FCFRP-USP.

“Nossas análises indicaram uma quantidade considerável de genes que poderia ser alvo da ação desses microRNAs ligados à homeostase hepática, incluindo miR-190b-5p, miR-130b-3p, miR-376c-3p, miR-411-5p, miR-29c-3p, miR-295-3p e miR-467d-5p, com a dieta deficiente em metionina causando um efeito mais substancial”, relata Aissa.

Biomarcadores

Para Antunes, “a contribuição específica deste trabalho é fornecer uma lista de alguns desses biomarcadores relacionados a uma alteração tecidual, como os genes que têm o padrão de metilação alterado e os microRNAs associados a esse processo. Tudo isso pode ser utilizado para melhorar o diagnóstico e o prognóstico”.

O grupo ainda tem muitos dados a serem analisados. O trabalho atual, por exemplo, foi feito em camundongos fêmeas no período reprodutivo, o que permitirá análises futuras sobre as repercussões da dieta suplementada ou deficiente nos descendentes. Há também dados sobre a relação entre o metabolismo da metionina e sua influência, também por mecanismos epigenéticos, no desenvolvimento de doenças do coração.

Vale destacar que o estudo analisou a influência da metionina na expressão dos genes, o que varia de indivíduo para indivíduo. E que os resultados, segundo os pesquisadores, sugerem que o consumo excessivo do aminoácido também pode ser nocivo. O ideal é consultar um nutricionista antes de qualquer alteração na dieta ou de iniciar o uso de suplementos.

Agência Fapesp

Foto: NIH

Identificando nos últimos dias um aumento no número de novos casos da Covid-19 dentro do estado do Piauí, a Secretaria de Estado da Saúde reforça a importância da manutenção do uso da máscara no dia a dia da população. Os dados epidemiológicos relativos a 24° semana epidemiológica do ano, período correspondente entre os dias 12 e 18 de Junho, apresentados pela Sesapi mostram que nos últimos 14 dias o Piauí teve um aumento de 731% nos novos casos da doença.

O Secretário de Estado da Saúde, Néris Júnior pontuou que o número de casos estar aumentando novamente no estado é mais um reforço para a população continuar com o uso de máscara e das medidas de prevenção a Covid-19 que vem sendo trabalhadas desde o início da pandemia. “As medidas higiênicos sanitários como o uso da máscara e do álcool gel são alguma das ações que a população deve reforçar no seu cotidiano. De acordo com estudos o uso da máscara é o principal meio de reduzir o risco de infecção por covid-19. Precisamos nesse momento que os piauienses reforcem esse uso, e demonstrem o cuidado com a saúde pública que aprendemos durante a pandemia”, explica o secretário de estado da saúde Néris Júnior.

Amélia Costa, coordenadora de epidemiologia da Sesapi e coordenadora do Centro de Informações estratégicas de vigilância em saúde (CIEVS), destaca que a manutenção e reforço das medidas higiênicos sanitários aliados ao ciclo vacinal completo são as melhores armas para que o Piauí volte a apresentar uma redução de casos.

“Preocupada com este crescimento dos infectados a Sesapi emitiu um comunicado oficial aos municípios, através do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, solicitando o reforço na vigilância em saúde, notificação e vacinação da população. Mesmo com o aumento de casos, nos percebemos que eles não tem um nível de gravidade tão elevado, isso se da pela vacinação, a vacina protege, mas ao mesmo tempo temos pessoas que não concluíram seu ciclo vacinal, aumentando assim o risco para eles e aqueles que são próximos”, disse a coordenadora.

Segundo os últimos dados dos painéis de vigilância da Fiocruz sobre as vacinas em atraso, o Piauí hoje possui 755.519 pessoas com sua dose de reforço em atraso. O Secretário Néris Júnior destaca a necessidade das pessoas buscarem a vacina.

“A máscara e as medidas higiênicos sanitários, além de evitar aglomerações são medidas que nos ajudam a evitar o crescimento de casos, aliado a isso precisamos que a população procure a vacina para ter sua imunização feita. Os números mostram que fizemos um bom trabalho com a primeira e segunda dose, mas que em relação a dose de reforço precisamos ampliar essa procura, por isso pedimos para que todos mantenham suas vacinas em dia e completem o ciclo vacinal, para trazer mais segurança a todos e dessa forma vencermos a pandemia mais rapidamente”, conclui o secretário.

Sesapi

Um trabalho conduzido em instituições de pesquisa da Suíça mostrou, pela primeira vez, que o câncer de mama avança para outras partes do corpo (metástase) durante o sono. Os resultados foram publicados na quarta-feira (22) na revista científica Nature.

O grupo de pesquisadores do ETH Zurich (Instituto Federal de Tecnologia de Zurique), do Hospital Universitário de Basileia e da Universidade de Basileia descobriu que as células liberadas pelos tumores de mama que mais tarde vão se tornar metástases surgem principalmente enquanto as pessoas com a doença dormem.

“Quando a pessoa afetada está dormindo, o tumor desperta”, resume em comunicado o coordenador do estudo, o professor de oncologia molecular Nicola Aceto, da ETH Zurich.

Outro autor do estudo, Zoi Diamantopoulou explica que "a fuga de células cancerígenas circulantes do tumor original é controlada por hormônios como a melatonina, que determinam nossos ritmos do dia e da noite".

Além de saírem da região do tumor durante o sono, as células cancerígenas se dividem mais rapidamente nessa fase, aumentando o risco de metástases, quando comparadas com as células circulantes que deixam o tumor durante o dia.

Os pesquisadores ressaltam que o sono, todavia, não é um inimigo. Os mecanismos com que as células saem do tumor e migram para outras regiões no momento em que as pessoas dormem ainda precisam ser mais bem esclarecidos.

Em entrevista à revista Nature, o cronobiologista Qing-Jun Ming, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, afirma que os achados não são uma indicação de que pacientes com câncer de mama não devam dormir ou que precisem reduzir as horas de sono.

"Isso simplesmente significa que essas células preferem uma fase específica do ciclo de 24 horas para entrar na corrente sanguínea.”

A privação de sono interfere negativamente no sistema imunológico, o que impacta também os tratamentos contra o câncer e o surgimento de outras doenças.

Influência em exames Nicola Aceto chama a atenção para o fato de amostras de sangue ou até biópsias de pacientes com câncer de mama serem coletadas em momentos diferentes do dia.

Os pesquisadores perceberam que isso influenciava os níveis de células cancerígenas circulantes que apareciam nos resultados.

O grupo de cientistas comparou o sangue coletado em camundongos – animais que dormem durante o dia – e observou no material um número surpreendentemente alto de células cancerígenas circulantes.

Segundo os autores do estudo, os achados podem indicar a necessidade de profissionais de saúde registrarem de forma sistemática o horário em que as coletas foram realizadas.

"Isso pode ajudar a tornar os dados verdadeiramente comparáveis.” Câncer de mama no Brasil O câncer de mama responde por cerca de um terço de todos os casos de câncer em mulheres no Brasil.

No ano passado, foram 66,3 mil diagnósticos da doença no público feminino, com 17,8 mil mortes, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer).

A detecção dos tumores em estágio inicial aumenta de maneira significativa a taxa de sucesso dos tratamentos.

A principal forma de rastrear a doença é a realização a cada dois anos de mamografia para mulheres entre 50 e 69 anos.

Além disso, o exame de toque, a fim de buscar alterações na mama, é apontado pelo Inca como fundamental.

"A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres", diz o órgão.

R7