O número de casos de câncer em adultos com menos de 50 anos tem aumentado drasticamente nas últimas décadas. É o que aponta um estudo publicado pela revista científica Nature Reviews Clinical Oncology e conduzido por especialistas do Hospital Brigham and Women's, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Segundo os cientistas, as pessoas nascidas em 1960 tiveram maior risco de câncer, antes de completar 50 anos, do que as pessoas nascidas em 1950. A tendência é que as futuras gerações tenham o risco de câncer cada vez mais cedo. Os pesquisadores encontraram o que chamaram de "incidência precoce" nos casos de câncer de mama, colorretal, endométrio, esôfago, ducto biliar extra-hepático, vesícula biliar, cabeça e pescoço, rim, fígado, medula óssea, pâncreas, próstata, estômago e tireoide.

Para o oncologista Daniel Gimenes, do Grupo Oncoclínicas, os principais fatores que podem ter levado às mudanças nas estatísticas da doença se devem a impactos externos à saúde, ou seja, comportamentais e culturais. Aumento do sedentarismo, obesidade, consumo de alimentos ultraprocessados, a poluição do ar e o uso de antibióticos em excesso são alguns dos “vilões” que podem ter impactado na equação do câncer nesses últimos tempos.

“Chama atenção também a mudança no padrão de sono, que se tornou, muitas vezes, ineficiente para o corpo. O que observamos é que a exposição a todos esses fatores durante a vida, ao longo do tempo, afetou o organismo, que passa a ficar mais suscetível ao desenvolvimento de câncer. Os fatores genéticos sempre existiram e, apesar de serem citados no estudo, não acredito que tenham influenciado esses índices”, explica. Se o consumo de tabaco vem diminuindo drasticamente no Brasil nos últimos anos, o que deve reduzir a incidência de alguns tipos de câncer, o aumento no uso de cigarros eletrônicos preocupa Gimenes. Segundo ele, além de altamente danoso e viciante, pouco se sabe sobre o produto e como tem uso focado em adolescentes, os casos podem anular as conquistas na queda do tabagismo.

“É um retrocesso muito grande ver adolescentes voltando a fumar e ainda se utilizando de um produto proibido, novo, ou seja, não sabemos sua procedência, conteúdo e o quão danoso é - só sabemos que faz mal e vicia, assim como cigarro comum. Esse consumo vai ser refletido em casos de câncer no futuro, o que é um cenário muito ruim”, comenta.

Câncer de mama

No caso do aumento dos casos de câncer de mama, alguns dos pontos citados pelo estudo - e corroborados pelo médico - são: uso de contraceptivos orais e mudanças na fertilidade, com mulheres não tendo filhos ou tendo filhos mais tarde, e queda na amamentação.

“Essa é uma mudança estrutural profunda na sociedade, que vai permanecer, a mulher no mercado de trabalho e com menos filhos - ou nenhum filho. É uma realidade que precisaremos nos adaptar para lidar, buscar soluções em diagnósticos, tratamentos e qualidade de vida”, explica.

Outro fator que ajuda a explicar o cenário se refere ao acesso a diagnósticos mais precisos. O fato dos exames para detecção da doença estarem mais acessíveis, pode ter contribuído para o aumento no número de registros dos tumores em idades mais precoces.

“Precisamos continuar atentos ao cenário e investir em programas de rastreamento com o objetivo de monitorar e melhorar o prognóstico da doença. Além disso, investir em hábitos mais saudáveis também pode ajudar a frear as estatísticas e contornar os riscos causados por fatores externos”, finaliza.

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Em meio ao aumento de casos de Covid-19, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta segunda-feira (21) a venda em farmácias do antiviral Paxlovid (nirmatrelvir + ritonavir), o primeiro medicamento aprovado no país para o tratamento da doença em ambiente doméstico.

paxlovid

O Paxlovid, desenvolvido pela Pfizer, já tem uso emergencial aprovado no Brasil desde março deste ano. Ele é indicado para pacientes com risco de evoluir para casos graves e que não precisem de oxigênio suplementar. A venda em farmácias estará sujeita à prescrição médica. O tratamento envolve o uso de dois comprimidos simultaneamente, duas vezes ao dia, durante cinco dias.

Sua utilização deve começar imediatamente após o resultado de exame positivo para Covid-19 e em até cinco dias após o início dos sintomas. Em seu voto, a relatora do processo na Anvisa, a diretora Meiruze Freitas, destacou a importância de oferecer o medicamento na rede privada, devido à não incorporação integral dele no SUS (Sistema Único de Saúde).

A rede pública disponibiliza o Paxlovid somente a pacientes imunocomprometidos acima de 18 anos ou em pacientes a partir de 65 anos, segundo um parecer de maio deste ano da Conitec (Comissão Nacional para Incorporação de Tecnologias no SUS).

A relatora também apontou "o cenário epidemiológico com a circulação de novas subvariantes da Ômicron, principalmente BA.5.3.1, BQ.1 e BE.9, em que, entre os dias 6 e 11 de novembro de 2022, foram notificados no Brasil 57.825 casos e 314 óbitos por covid-19 pelas Secretarias Estaduais de Saúde ao Ministério da Saúde, representando um aumento de 120% em relação à média móvel da semana anterior".

O preço de venda nas farmácias ainda não foi divulgado, e cabe à CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) defini-lo.

Meiruze salientou que a disponibilidade de um medicamento não substitui a importância do esquema vacinal completo como a melhor forma de evitar o agravamento de quadros de Covid-19.

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Foto: reproidução Agência Brasil

O fim de semana chega, e muita gente confia nas horinhas a mais na cama na esperança de recuperar o sono atrasado dos dias anteriores. Entretanto, essa estratégia é objeto de estudos e não há comprovação de que funcione.

"Uma preocupação com cochilar e dormir até tarde nos fins de semana é que, quando você dorme pouco, um pouco de descanso extra pode oferecer uma falsa sensação de recuperação. Você pode se sentir melhor por um tempo depois de dormir mais, mas os efeitos de bola de neve da perda de sono são uma dívida que leva mais tempo para pagar", afirma em seu site a organização Sleep Foundation.

Um artigo publicado em 2016 por pesquisadores do Centro Nacional de Neurologia e Psiquiatria do Japão mostrou que recuperar uma hora de sono perdido na semana pode levar de quatro a nove dias.

Outro estudo, da Universidade Jagiellonian, na Polônia, publicado em 2021, observou que uma semana inteira não foi suficiente para recuperar um período de dez dias de sono restrito e para a pessoa voltar a ter um cérebro totalmente funcional.

Para o médico especialista em pediatria e medicina do sono Gustavo Moreira, do Instituto do Sono, em São Paulo, dormir mais no fim de semana pode ter "rebote".

"Na primeira noite de recuperação, você tem um sono mais profundo e não se sente tão mal no dia seguinte, mas no segundo dia, aí acontece o que a gente chama de efeito rebote, porque altera muito o ritmo. O sono tem a ver com a questão do ritmo. Já tem bastante evidência mostrando que essa coisa de tentar compensar o sono no fim de semana é prejudicial, principalmente em adolescente."

Mas o que fazer, então? Segundo o especialista, a única maneira de evitar chegar ao fim de semana com aquela sensação de que não dormiu bem nenhum dos dias anteriores é regular o sono de segunda a sexta.

"O fim de semana é para dormir a mesma quantidade da semana", orienta.

Moreira dá uma dica para saber o quanto cada um de nós precisa de horas de sono.

"A pessoa tem que pensar assim: em um período de férias, sem compromisso — não na primeira semana porque você está só compensando — na segunda semana de férias, sem compromisso, qual é a sua quantidade de sono? Essa será a sua necessidade de sono. O ideal é que ela faça de segunda a domingo aquelas horas de sono."

O tempo de sono que cada um necessita varia. Para 90% das pessoas, de sete a nove horas, afirma o médico. "Tem gente que se acha valente, que cinco horas são suficientes, mas não é verdade", pondera. Privaç O sono é fundamental para regular uma série de processos no nosso organismo. Quando não conseguimos manter uma rotina que contemple as horas necessárias de descanso à noite, estamos sujeitos a desenvolver desde alterações de humor no dia seguinte até problemas cardiovasculares a longo prazo.

O médico ressalta que um déficit diário de duas horas de sono — uma pessoa que precisaria dormir sete horas e dorme cinco horas, por exemplo — já é suficiente para ter prejuízos.

Ele cita como exemplos "alterações de humor, irritabilidade, problemas de memória e pior desempenho acadêmico".

O indivíduo também vai perceber que acorda com a sensação de que não teve uma noite revigorante e passa a se sentir sonolento em diversos momentos do dia.

Quando vira rotina, a pessoa passa a ter uma "privação crônica do sono, que tem períodos de melhora e piora", de acordo com o especialista.

Essa condição pode fazer surgir ou agravar problemas de saúde, complementa Moreira.

"A longo prazo, já se sabe que pode ter comprometimento cardiovascular. Trabalhadores de turno, da segurança, da saúde... a pessoa tem mais risco de doença cardiovascular. Tem evidências científicas que mostram alterações endoteliais — quando o revestimento interno dos vasos fica inflamado, é o princípio de uma doença cardiovascular. infarto, AVC, hipertensão..."

Outro problema tem a ver com o metabolismo. Ao dormir pouco, o organismo entende que estamos sob estresse.

"Ele [corpo] tende a conservar energia em situações de estresse. Quando você está privado do sono, o hormônio da saciedade está deprimido e o hormônio da fome está aumentado. Então, você tende a comer mais se dormir pouco", explica o médico. Higiene do sono

Uma das causas apontadas por quem vai para a cama tarde e precisa acordar cedo é o excesso de atividades, sejam de lazer, sejam de trabalho.

Mas é fundamental, segundo o especialista, que exista um planejamento para a hora de se deitar e que seja feita a chamada higiene do sono.

Basicamente, consiste em nos desconectarmos de telas, além de evitar atividades físicas algumas horas antes, refeições e bebidas com cafeína ou alcoólicas.

A temperatura do quarto também deve estar adequada, já que ambientes mais frescos ajudam a pegar no sono mais rapidamente.

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Em estudo divulgado na última quarta-feira, 16, pela revista Neurology, da Associação Americana de Neurologia, afirma que pessoas que testaram positivo para infecção da Covid-19 possuem maior chance de desenvolverem convulsões ou epilepsias durante os seis próximos meses após o diagnóstico.

Ainda de acordo com a pesquisa realizada, as crianças tiveram maior aumento de risco e exposição para este novo sintoma e pessoas que não precisaram se hospitalizar também sofreram o crescimento dessa taxa. No entanto, o registro de ocorrências para epilepsias e convulsões após a contaminação do coronavírus foi moderadamente pequeno, com uma estimativa de apenas 1% das pessoas tiveram Covid-19, segundo os cientistas do estudo.

“Embora o risco geral de desenvolver convulsões ou epilepsia seja baixo - menos de 1% de todas as pessoas com Covid-19, dado o grande número de pessoas infectadas com Covid-19, isso pode resultar em aumento no número de pessoas com convulsões e epilepsia” afirma Arjune Sen, autor do estudo e professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Para o estudo chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram registros de saúde de pessoas que foram infectadas pela Covid-19. Após isso, compararam os dados com pessoas que foram contaminadas com o vírus da influenza ao longo do mesmo período e com indivíduos com semelhança em idade, sexo e condições médicas. Vale ressaltar que nenhum dos integrantes do teste foi diagnosticado anteriormente com epilepsia ou convulsões habituais.

A pesquisa foi feita após a divisão entre dois grupos de voluntários com 150 mil em cada divisão. Um grupo era composto por pessoas que já foram diagnosticadas com o vírus da corona e o outro por pessoas que haviam sido infectadas pela gripe. Conforme o resultado da pesquisa, as pessoas que tiveram Covid apresentaram 55% mais chances de sofrerem ataques de epilepsia ou convulsões nos próximos seis meses depois da infecção.

Por números, o índice de novos casos de epilepsia ou convulsões em pessoas que tiveram Covid-19 foi de 0,94%, enquanto a taxa de pessoas infectadas pela gripe era de apenas 0,60%.

“As pessoas devem interpretar esses resultados com cautela, pois o risco geral é baixo”, comenta o cientista.

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