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remedioRecorrer a medicamentos sem receita é algo rotineiro para sete em cada dez brasileiros acima de 18 anos. A constatação é de uma pesquisa da plataforma Consulta Remédios, com 5.131 participantes.

Um terço dos entrevistados afirmou usar remédios por conta própria sempre que julgam necessário.

Os principais remédios usados são analgésicos (33%), relaxantes musculares (20%) e anti-inflamatórios (16%). Todos esses são vendidos sem receita.

O CEO da Consulta Remédios, Paulo Vion, conta que o percentual de brasileiros que admite se automedicar (73%) chamou atenção.

"Normalmente, os brasileiros têm vergonha de dizer que se automedicam. O fato de estarem mais confiantes em dizer o que realmente acontece é um reflexo de mais maturidade da população."

Além de ser algo cultural entre os brasileiros, a automedicação também tem outros componentes, incluindo dificuldades no acesso ao sistema de saúde.


Vion acrescenta que 68% das pessoas têm por hábito buscar sintomas de doenças no Google.

"Ele descobre o que ele possa ter. Deveria ir ao médico, mas pula essa fase e vai direto à compra."

"Todo medicamento tem risco, por mais inofensivo que possa parecer", adverte o toxicologista e patologista clínico Álvaro Pulchinelli, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Analgésicos, se tomados em excesso, podem causar problemas no fígado. Já os anti-inflamatórios podem desencadear desde irritação gástrica até alteração na função dos rins, de acordo com o médico.
Outro problema é a interação, tanto entre medicamentos quanto entre alimentos e álcool.

"Medicamentos anticonvulsivantes associados com um fitoterápico chamado erva de São João podem sofrer alterações, porque modifica o metabolismo. Vitamina C pode alterar o efeito de medicamentos contra arritmia. Alguns xaropes contêm açúcar na fórmula; diabéticos devem usar com muita precaução. Outros xaropes são vasoconstritores; em alguém mais sensível, podem aumentar a pressão arterial", exemplifica o toxicologista.

Fazer uso de determinados remédios também requer orientação médica sobre a alimentação.

"Remédios para tireoide devem ser tomados em jejum, porque o alimento impede a absorção deles. Alguns antibióticos, tetraciclinas, não podem ser tomados com substâncias lácteas."
Mas o grande vilão tende a ser o álcool, especialmente quando misturado com benzodiazepínicos (medicamentos de tarja preta, conhecidos popularmente como calmantes).

"Se a pessoa ingere calmante e bebe, ele potencializa o efeito do álcool. Ou seja, a pessoa vai ficar muito embriagada. Os dois atuam no sistema nervoso central."

Pulchinelli ressalta que buscar informações na internet é uma prática comum e que muitas vezes é esclarecedora. Mas é preciso ficar atento às fontes dessas informações. "A informação nem sempre é de qualidade ou confiável."

Um autodiagnóstico errado ou negligenciado pode colocar a pessoa em risco. "Confundir um infarto com dor de estômago é muito comum", diz.

Todos os fabricantes de medicamentos oferecem um serviço chamado de farmacovigilância. Na embalagem ou na bula são disponibilizados números de telefone para que o consumidor relate eventuais efeitos adversos daquela substância.

"É importante avisar o laboratório, porque essas informações são concentradas na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]", observa o médico.

 

R7 

Foto: Freepik

 

 

Vídeos que circulam na rede são alternativas “fáceis” e baratas

exerciciosOs avanços da tecnologia aliados ao desejo de melhorar a qualidade de vida têm sido atrativos para quem não pode pagar mensalidades em academias ou busca praticidade. Aplicativos, blogs e vídeos que circulam na internet estimulando a prática de exercícios físicos em casa, além de orientação sobre nutrição, comportamento e estilo de vida que têm atraído a atenção de quem não está satisfeito com seu corpo.

As redes sociais estão repletas de alternativas baratas e com resultados aparentemente “fáceis”. Mas, especialistas alertam para os perigos da prática de atividade física sem orientação de um profissional qualificado.exercio

De acordo com Rita Gomes, 50, professora de Hatha Yôga, Pilates, terapeuta Reike e Educadora Física, na internet todos se acham no direito de prescrever treinos e outros exercícios sem serem qualificados para isso. “O importante é procurar um estúdio ou academia com profissionais capacitados para exercer a profissão, ensinar e prescrever treinos e práticas de forma segura, respeitando a individualidade biológica de cada pessoa”, pontua.

Antônio Cenai, 23, que também atua como educador físico, acredita que os apps podem ajudar as pessoas a tomarem uma primeira iniciativa para uma vida mais saudável, mas também não deixa alertar sobre a importância de um acompanhamento. “Os aplicativos podem até ser um auxílio para pessoas que não possuem restrições clínicas que possam limitar sua prática de atividade física, porém eles também podem ser vilões agravando e até causando novas lesões”, alerta Cenai.

Agência Educa Mais Brasil

sistemaimunologicoTodos os dias o nosso corpo fica exposto a vírus, bactéria, fungos e outros microrganismos espalhados pelo ar que podem atacar nosso organismo. É graças ao sistema imunológico que não adoecemos com tanta frequência, que escapamos de infecções e doenças graves mesmo estando em ambientes desafiadores. Um conjunto que funciona como um vigilante: atento a todos os microrganismos com os quais entramos em contato durante o dia.

É possível fortalecer o sistema imunológico?
Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, hábitos saudáveis dão melhores condições ao sistema imunológico para trabalhar bem - e isso se traduz em mais dias na vida com o corpo em pleno funcionamento.

"Se você for uma pessoa saudável e for infectado por um vírus ou bactéria, suas chances de ter efeitos mais amenos e não morrer da infecção são maiores que uma pessoa com alguma doença associada", disse Ballalai.

Um bom exemplo é o novo coronavírus: segundo dados do governo da China, a maioria das vítimas de coronavírus tinha problemas de saúde anteriores, como cirrose hepática, hipertensão, diabetes e doença de Parkinson.

A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, Karina Bortoluci, explica algo que é difícil perceber no nosso atribulado dia a dia: "A prova de que o sistema imunológico está trabalhando o tempo todo é que estamos em contato com agentes infecciosos a todo momento, mas não adoecemos sempre".

Mas se o inverso acontece, isso pode ser um aviso. 'Se adoecemos com frequência, é um sinal de que o sistema imunológico não está funcionando bem', afirma Bortoluci.


A imunologista reforça as condições para que o sistema imunológico faça com competência a função de barrar visitantes indesejáveis no seu corpo: “Recomendamos uma rotina saudável como um todo: ter uma alimentação saudável, praticar exercícios regularmente, cuidar da mente e ter menos estresse interfere positivamente no sistema imunológico”.

Uma pesquisa publicada em janeiro no periódico médico britânico "BMJ" mostrou que hábitos saudáveis podem atrasar em até 10 anos o câncer e as doenças do coração.

Quanto aquelas recomendações caseiras, como tomar vitamina C, não tomar sorvete no frio ou não se molhar na chuva, Bortoluci afirma que "não há comprovação científica."
Mas não existe milagre
Existem maneiras de fortalecermos o sistema imunológico, mas é um mito achar que é possível fortalecer esse complexo mecanismo de defesa somente com hábitos.

"É claro que todos devemos ter hábitos saudáveis, mas eles não nos livram de doenças infecciosas. Nem mesmo atletas supersaudáveis estão livres de serem infectados por vírus, por exemplo", afirma Isabella Ballalai.

Por isso, a única maneira de fortalecer o sistema imunológico a ponto de ficarmos imune a certas doenças graves, como febre amarela, é por meio da vacinação. "As vacinas produzem anticorpos e nos imunizam de certas doenças."


Como funciona o sistema imunológico
O sistema imunológico é um mecanismo complexo formado por inúmeras células e moléculas que agem na defesa e no equilíbrio do nosso organismo. "Ele é capaz de discriminar nossas células saudáveis das células danificadas, assim com identificar um patógeno que tenta nos atacar", diz Karina Bortoluci.

As células danificadas são células que perderam sua função. "O tumor é uma célula do nosso corpo, mas que perdeu o seu funcionamento normal e passou a se comportar de jeito estranho. Por exemplo: a membrana que envolve aquela célula se rompeu e ela passou a jogar para fora tudo o que estava envolto pela membrana".


Já os patógenos são agentes externos capazes de afetar a nossa saúde e nos causar infecções, como fungos, vírus e bactérias.

"O sistema imunológico consegue enxergar o que está nos atacando ou o que está fora do funcionamento normal. Localizado o problema, ele vai agir de inúmeras maneiras: uma célula vai capturar esse microrganismo, outra irá fagocitar (comer), também terá a que vai degradar, enquanto que outras produzirão anticorpos", descreve Bortoluci, explicando que anticorpos, por sua vez, são como "soldados" que, uma vez que nos defenderam de determinado vírus ou bactéria, para sempre se lembrarão de nos defender daquele elemento.


Além de fazer a defesa natural, o sistema imunológico também equilibra o funcionamento do nosso corpo, mantendo constante pressão arterial, batimentos cardíacos e temperatura corporal. "Se temos uma febre, por exemplo, é o nosso sistema imunológico tentando combater uma infecção."

O que acontece com o sistema imunológico quando envelhecemos
"Ele também envelhece", diz a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia. "Conforme envelhecemos, nosso sistema imunológico produz menos células de defesa."

É por isso que idosos costumam adoecer com maior frequência, assim como uma gripe ou qualquer outra infecção se torna mais agressiva em idosos do que em jovens.

 G1

Foto: divulgação

 

hanseniaseA hanseníase é uma doença de pele causada pela bactéria Mycobacterium leprae que, quando contraída, pode ficar em um longo período de incubação, ou seja, sem apresentar sintomas, por até 7 anos.

Dados do Ministério da Saúde mostram que entre 1999 e 2018, o Brasil teve 768.215 novos casos da doença. Isso equivale, em média, a 38 mil casos por ano.

Segundo o dermatologista Egon Daxbacher, diretor da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e especialista no assunto, o Brasil responde por 90% dos casos de hanseníase nas Américas e é o segundo país com maior número de casos do mundo — perde para Índia, que teve, apenas em 2017, 126.164 novos casos.
Apesar do grande número de casos, a hanseníase é de difícil transmissão — 90% da população possui uma defesa natural do organismo contra essa bactéria. A transmissão é respiratória e é necessário contato próximo e diário com uma pessoa infectada sintomática.

Daxbacher explica que uma vez infectada a bactéria se aloja nos nervos periféricos do corpo. O sistema imunológico, na tentativa de combater a bactéria ativa, causa uma inflamação nos nervos, fazendo com que eles percam a função.

Isso causa manchas na pele e perda de sensibilidade e motora das regiões periféricas do corpo: mãos, pés, braços e pernas.

Em alguns casos, quando a doença não é tratada na fase inicial, pode deixar sequelas e deformidades, como perda permanente da sensibilidade, perda de funções musculares, dedos em garra e falta de sensibilidade nos olhos.

“O grande problema da perda de sensibilidade é que a pessoa não consegue se proteger. Quando encostamos em algo quente, nós rapidamente tiramos e o dano é mínimo. O paciente com hanseníase não percebe que está se queimando.”
Para a coordenadora da Campanha Nacional de Hanseníase da SBD, Sandra Durães, trata-se de uma doença que afeta, principalmente, regiões com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

Segundo Daxbacher, isso ocorre pois, em regiões com mais pobreza existe menos acesso à saúde e, consequentemente, menos diagnóstico e tratamento. “Depois que o tratamento começa, a pessoa já não transmite a doença.”

Além disso, ele enfatiza que locais com aglomeração de pessoas, como presídios ou casas pequenas em que muitas pessoas moram juntas, facilitam a transmissão da doença.

Diagnóstico precoce
Segundo os especialistas, a melhor maneira de combater a hanseníase é o diagnóstico precoce da doença. “Para conseguir isso, precisamos fazer disseminação de informação e busca ativa.”

 

A prática de busca ativa é quando o serviço de saúde examina pessoas próximas ao paciente diagnosticado ou comunidades com muitos casos sem que a pessoa procure o serviço médico.

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Daxbacher afirma ainda que as pessoas diagnosticadas começam o tratamento e que as que não apresentam a doença são vacinadas com BCG, que fornece de 30% a 70% de proteção, e são orientadas a procurar o serviço de saúde caso apresentem os primeiros sintomas.

“O grande problema é que as pessoas não procuram o médico, devido ao estigma ou então por que são sintomas que não incomodam muito.”

Sergio Palma, presidente da SBD, afirma que a entidade tem colaborado com a capacitação de médicos de outras especialidades e generalistas, o que contribui para o fortalecimento da rede de detecção dessa doença.

O dermatologista explica que o tratamento dos casos brandos demora seis meses e consiste em dois antibióticos orais.

Já quando a doença está mais avançada, o tratamento é feito com três antibióticos orais e pode demorar um ano. Nestes casos, a chance de sequela motora e sensitiva é maior.

Estigma
Os especialistas afirmam que ainda hoje existe muito preconceito em relação à hanseníase. Antes, conhecida como lepra, a doença era considerada uma praga e o tratamento era feito com isolamento compulsório.

“O principal motivo é a falta de conhecimento. As pessoas guardam na cabeça a época bíblica em que as pessoas diagnosticadas andavam com um sino para avisar que tinham a doença e ninguém se aproximar.”
O médico explica que a transmissão é difícil e que os profissionais de saúde não precisam de equipamento nenhum ao atender um paciente diagnosticado.

Segundo Daxbacher, o tratamento com isolamento compulsório, em que as pessoas eram enviadas para colônias e proibidas de sair, vigorou oficialmente no Brasil até 1968, mas continuou acontecendo até meados da década de 1980.

 

R7

Foto: Frank Néry/Secom/Governo de Rondônia