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Acompanhe aqui uma entrevista com o Dr. Marcus Vinicius, diretor da Clinicor, que dentre outros assuntos cita sobre numa reportagem a questão do novo coronavirus.
A matéria foi gravada pelo Ivan Nunes.
Da redação
Acompanhe aqui uma entrevista com o Dr. Marcus Vinicius, diretor da Clinicor, que dentre outros assuntos cita sobre numa reportagem a questão do novo coronavirus.
A matéria foi gravada pelo Ivan Nunes.
Da redação
Estudos conduzidos no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) têm mostrado que, em alguns pacientes com sintomas leves, o SARS-CoV-2 pode permanecer ativo no organismo por um período superior aos 14 dias de isolamento recomendados no Brasil.
Em artigo divulgado na plataforma medRxiv, em processo de revisão por pares, o grupo coordenado pela professora Maria Cassia Mendes-Correa descreve o caso de duas mulheres de aproximadamente 50 anos, moradoras de São Caetano do Sul, na Região Metropolitana de São Paulo. Estudos conduzidos no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) têm mostrado que, em alguns pacientes com sintomas leves, o SARS-CoV-2 pode permanecer ativo no organismo por um período superior aos 14 dias de isolamento recomendados no Brasil.
Uma delas foi atendida pela primeira vez em meados de abril de 2020 e relatou que vinha há 20 dias vivenciando sintomas como tosse seca, dor de cabeça, fraqueza, dor no corpo e nas articulações. Um exame de RT-PCR feito 22 dias após o início do quadro confirmou a presença do vírus no organismo e, nos dias seguintes, a paciente apresentou náusea, vômito, perda de olfato e paladar.
Um segundo teste molecular feito 37 dias após o início dos sintomas também teve resultado positivo. Em meados de maio, a maioria das queixas havia desaparecido, exceto dor de cabeça e fraqueza.
No segundo caso relatado, a paciente apresentou febre, dor de cabeça, tosse, fraqueza, coriza, náusea, dor no corpo e nas articulações em meados de maio. O primeiro teste de RT-PCR foi feito cinco dias após o início dos sintomas e deu positivo. Como o problema persistiu, um segundo teste foi feito no 24º dia e, novamente, a presença do RNA viral foi confirmada. Ao todo, a paciente permaneceu sintomática durante 35 dias, relatam os pesquisadores.
“Por se tratar de casos atípicos, as amostras de secreção nasofaríngea coletadas para diagnóstico foram levadas ao IMT-USP para uma análise aprofundada. O material foi inoculado em uma cultura de células epiteliais e, após diversos testes, confirmamos que o vírus ali presente ainda estava viável, ou seja, era capaz de se replicar e de infectar outras pessoas”, conta Mendes-Correa à Agência FAPESP.
Como explica a pesquisadora, as duas mulheres foram atendidas no âmbito do Programa Corona São Caetano, uma plataforma on-line criada para organizar o monitoramento remoto de moradores com sintomas por equipes de saúde e a coleta domiciliar de amostras para diagnóstico. A iniciativa envolve a prefeitura local, a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), a startup MRS - Modular Research System e o IMT-USP.
Com apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o grupo de Mendes-Correa acompanhou durante seis semanas outros 50 participantes atendidos no programa para estudar o tempo de persistência do vírus no organismo. Foram coletadas semanalmente amostras de saliva, urina, fezes (swab anal), secreção nasofaríngea e sangue. Todo o material foi levado ao IMT-USP e inoculado em culturas celulares para verificar a presença de vírus ainda infectante.
“As análises indicam que o RNA viral permanece detectável por mais tempo na saliva e na secreção nasofaríngea. Em 18% dos voluntários, o teste de RT-PCR nesse tipo de amostra permaneceu positivo por até 50 dias. Entre estes, 6% mantiveram-se transmissores [com o vírus ainda se multiplicando] durante 14 dias”, conta Mendes-Correa.
Na avaliação da pesquisadora, portanto, os dez dias de isolamento recomendados atualmente pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos para casos leves podem não ser suficientes para evitar novas contaminações. Imunossuprimidos
Outro braço da pesquisa conduzida no IMT-USP envolve o monitoramento de indivíduos imunossuprimidos infectados pelo SARS-CoV-2. Até o momento, dez voluntários já foram incluídos no projeto e um deles permanece com a infecção ativa no organismo há mais de seis meses.
“Trata-se de um paciente submetido a um transplante de medula óssea antes de ocorrer a infecção. As análises indicam que a carga viral em seu organismo é elevada e que o vírus é altamente infectante. Por esse motivo ele continua em isolamento, mesmo passado um longo período após o início dos sintomas”, conta Mendes-Correa.
A pesquisadora ressalta a necessidade de monitorar com atenção casos como esse, que oferecem condições ideais para o surgimento de variantes virais potencialmente mais agressivas.
“O fato de o vírus permanecer se replicando no organismo por tanto tempo favorece a seleção de mutações que conferem vantagens ao microrganismo. Esse paciente tem um alto grau de imunossupressão e está sendo monitorado de perto, dentro de um protocolo de pesquisa. Mas também é preciso se preocupar com a parcela da população que apresenta graus mais leves de imunossupressão, como os portadores de doenças autoimunes [que fazem uso de fármaco imunossupressores], por exemplo”, alerta Mendes-Correa.
Agência Fapesp
Foto: portal correio
A desigualdade no acesso às vacinas contra a covid-19 entre países ricos e pobres "aumentou" e tornou-se "grotesca". É o que afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (22).
"Em janeiro, declarei que o mundo estaria à beira de um fracasso moral catastrófico se uma ação urgente não fosse tomada para garantir uma distribuição justa das vacinas contra o coronavírus. Temos os meios para evitar essa falha, mas é surpreendente como pouco foi feito para evitá-lo", disse.
Segundo um balanço da Agência AFP (Agence France-Press), com base em fontes oficiais, até 20 de fevereiro, cerca de 45% das 200 milhões de doses haviam sido aplicadas nos países do G7 (Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha, Itália e Japão). O grupo é composto por sete países ricos e democráticos que respondem por apenas 10% da população mundial.
Para tentar reverter este quadro, os membros do G7 anunciaram, em reunião realizada em 19 de fevereiro, que vão dobrar o apoio à vacinação, que chegará a U$ 7,5 bilhões (R$ 41.364.391.777,97) sobretudo por meio do programa Covax, administrado pela OMS, para levar doses suficientes de vacinas para países com menos recursos. Ao que tudo indica, no entanto, a medida ainda não surtiu o efeito esperado.
R7 com AFP
Por ser uma doença que atinge principalmente o pulmão, a covid-19 costuma causar dificuldades respiratórias na grande maioria dos pacientes que necessitam de internação. Mas a queda dos níveis de oxigênio do sangue pode ocorrer sem que a pessoa perceba e mesmo assim representando um risco à saúde.
Médicos explicam que algumas causas podem levar a esse quadro da redução da saturação de oxigênio, mas reforçam, principalmente, que ocorre apenas em cerca de 15% entre todos que têm covid-19.
Conforme o coronavírus se instala no corpo, ele provoca inflamações. Há quem tenha sintomas leves ou moderados. Outros experimentam sinais mais intensos da doença, principalmente após o sétimo dia.
É a partir do início da segunda semana da covid-19 que um pequeno percentual de pacientes pode apresentar queda dos níveis de oxigênio do sangue sem perceber, explica presidente da SBPT, Irma de Godoy.
"A pessoa jovem tem uma reserva respiratória muito grande, porque têm pulmões sadios. Para ela sentir a falta de ar que a preocupe, normalmente demora mais tempo. Às vezes, a pessoa tem uma atividade laboral que ela fica mais sentada, não vai perceber essa queda de oxigênio. Só vai perceber quando tiver uma queda muito grande desses níveis de oxigênio. Aí já pode haver um comprometimento maior [dos pulmões]."
Por que isso ocorre? O diretor da Divisão de Pneumologia do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), Carlos Carvalho, acrescenta que a falta de oxigenação do sangue na covid-19 pode ter duas razões — ou ser um misto das duas.
A primeira delas é pela própria inflamação causada pelo vírus quando ele entra nas vias respiratórias.
"O vírus vai causar vermelhidão e inchaço nos vasos sanguíneos do pulmão, vai entupir esses alvéolos e não vai permitir que o ar chegue nos alvéolos para entrar em contato com o sangue e fazer a troca gasosa."
Outro motivo é pelo fato de o coronavírus ter uma atividade de coagulação, provocando entupimento dos vasos sanguíneos pulmonares.
Em quadros assim, o pneumologista diz que até mesmo exames de imagem, como tomografia ou radiografia, vão mostrar que os pulmões estão "relativamente preservados".
"Mas como não passa sangue ali, o oxigênio que está no ar não consegue penetrar na corrente sanguínea porque os vasos sanguíneos estão entupidos. Aí você vai olhar o teste de oxigenação do sangue e dá muito baixo."
Como saber? A médica pneumologista Elnara Negri, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, reforça a necessidade de fazer o monitoramento da taxa de oxigênio com um oxímetro após a primeira semana de sintomas, que é justamente quando há risco de algumas pessoas (em torno de 15%) terem complicações.
"A partir do sexto dia é importante começar a medir a oxigenação de manhã e à noite e também perceber se a febre retorna."
O nível de oxigênio do sangue em uma pessoa normal deve estar em 97%, 98%. Abaixo de 93%, os médicos entendem que já pode ser um sinal de alerta.
Entenda o que é o oxímetro e como usá-lo
A presidente da SBPT ressalta que alguns indivíduos só procuram atendimento médico quando sentem falta de ar.
"O jovem também tem uma resistência maior a procurar atendimento médico, ele considera que não tem fatores de risco e não vai ter complicação. Normalmente, ele vai ao hospital quando sente a falta de ar, o que vai acontecer depois que o indivíduo já tiver uma diminuição muito grande da quantidade de oxigênio no sangue."
Elnara pondera ainda que a falta de ar é um sintoma é um indicativo de "uma fase mais avançada".
"Se for um quadro em que a pessoa está passando mal, não tem jeito, é melhor ir para o pronto-socorro", recomenda a médica, ao alertar que situações como essa não se resolvem naturalmente.
R7
Foto: Divulgação