O Estado do Piauí já aplicou a primeira dose das vacinas contra a Covid-19 em 16.957 crianças piauienses entre 5 e 11 anos, os dados são do vacinômetro da Secretaria de Estado da Saúde, de 10h35 desta segunda-feira (31). O número corresponde a 5,12% da população dessa faixa etária.

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Para o secretario Florentino Neto, o avanço da vacinação infantil no estado é uma prioridade assim como a continuidade da imunização da população em geral. “Nós fomos o segundo estado do país a solicitar a aprovação da vacinação para as nossas crianças e estamos levando isso a sério. Mais de 16 mil crianças piauienses já foram imunizadas com a primeira dose das vacinas contra a Covid-19 e queremos que todas tenham acesso a vacina. Dessa forma estaremos protegendo todos os piauienses e dando um passo importante para vencer a pandemia”, colocou o gestor.

O Ministério da Saúde estima que cerca de 332.000 crianças de 5 a 11 anos devem ser vacinadas no Piauí. O Secretário Florentino Neto destaca ainda que o ideal e evoluir a vacinação das crianças o para o mesmo avanço que a população geral atingiu. “Hoje temos 77,04% de nossa população geral completamente imunizada. Queremos que a imunização pediátrica chegue a esse mesmo nível, nossas equipes estão capacitadas e a medida que os imunizantes forem chegando, vamos garantir que os nossos municípios os recebem no menor tempo possível para dar continuidade a campanha de imunização”, coloca Florentino Neto.

Herlon Guimarães, superintendente de Atenção à Saúde e Municípios da Sesapi, aponta que imunizar as crianças leva mais segurança para os piauienses. “Agora teremos as crianças também vacinadas, e isso da mais segurança para todos. A saúde das crianças está sendo protegida e também daqueles que tem um contato direto com elas. Precisamos agora que todos mantenham a busca pela vacina e completem seu ciclo vacinal, além de manter os cuidados e medidas higiênico sanitários, dessa forma estaremos avançando juntos para sair dessa pandemia”, disse o superintendente.

As informações sobre a vacinação no estado estão disponíveis no Vacinômetro e podem ser conferidos através do link. https://datastudio.google.com/reporting/a6dc07e9-4161-4b5a-9f2a-6f9be486e8f9/page/p_xg0ja6cdrc.

Sesapi

Foto: divulgação Paulo Hannessy/sopa images/Sipa USA

Imagine conseguir detectar um tumor maligno por meio de um tipo de bafômetro, parecido com o usado para descobrir se o motorista bebeu. Em vez de passar por longos exames, o paciente assopra durante dez segundos em um aparelho e em dez minutos sai o resultado.

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Pode parecer coisa de filme ou novela. Mas é a vida real e o Hospital AC Camargo, referência no Brasil no tratamento de câncer, faz parte de um estudo que verifica a efetividade de um aparelho criado em Israel e que está sendo testado no mundo. A princípio, o foco é a detecção de tumores no estômago. De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), a doença é o terceiro tipo mais frequente entre homens e o quinto entre as mulheres. Na maioria dos casos a descoberta da doença não é precoce.

“O câncer do estômago é uma doença silenciosa, não tem sintomas muito específicos. A pessoa começa a sentir algum desconforto na região abdominal, no estômago, e demora um tempo até ser encaminhado para um exame endoscópico”, explica Emmanuel Dias-Neto, biólogo molecular do Centro Internacional de Pesquisas do A.C. Camargo Cancer Center.

O processo é longo e tem custo alto, uma vez que são necessários profissionais especializados, desde o endoscopista até um patologista oncológico. A maioria das pessoas que passam por uma endoscopia tem problemas leves e os pesquisadores propõem o uso do aparelho para facilitar o diagnóstico e diminuir o custo da saúde, principalmente no SUS (Sistema Único de Saúde). “O conceito é interessante, que é a biopsia gasosa, da respiração. Ele é um avanço da biopsia líquida, em que o sangue é usado para achar alguma doença. Agora, queremos achar algum marcador presente na respiração”, diz o biólogo.

“Em vez de pegar um fragmento de tecido e ver se ele parece morfologicamente um câncer ou não, o que fazemos é pegar uma amostragem de moléculas na respiração e buscar padrões que são característicos de pessoas com câncer ou sem câncer”, acrescenta Dias-Neto.

O aparelho está sendo criado há quatro anos pelo Instituto de Tecnologia de Israel, com o apoio de profissionais na Finlândia, Suécia e Alemanha. O hospital brasileiro está entre os parceiros clínicos do projeto. “Levamos a máquina a campo para ver a capacidade de ela dar o diagnóstico correto”, conta o cientista. O "bafômetro" ficará em São Paulo por pelo menos seis meses e o objetivo do hospital é usar em mais de 300 indivíduos, entre doentes e saudáveis. Os pesquisadores precisam registrar o maior número de perfis para ter a base de comparação.

“Ao soprar no caninho, o ar é aquecido, distribuído por um sistema de bombas internas e é avaliado por três detectores. Essa avaliação vai gerar um espectro de padrões de respiração, como se fosse o perfil de um eletrocardiograma, com uma linha em movimento. Sabemos que cada um dos vales ou picos da linha é fruto da presença de determinadas moléculas”, observa Dias-Neto.

O espectro pronto é colocado em uma nuvem do projeto, servidor digital que pode ser acessado pela internet, e todos os médicos e cientistas podem consultar os modelos de pessoas saudáveis e doentes. Além do Brasil, Chile e na Letônia têm hospitais que estão fazendo o cadastro de perfis na base de dados. A expectativa é que em um ano o estudo já tenha respostas suficientes para pôr o aparelho para funcionar. Viabilidade econômica

Sempre que surgem novidades tecnológicas vem junto a dúvida: é possível termos esse benefício no SUS? Como está em fase experimental, o aparelho não tem custo estipulado. “Mas os valores dos componentes não são assustadores e o processo de realização do teste praticamente não tem custo”, comemora Dias-Neto.

Além disso, a possibilidade de detectar os tumores em estágio inicial torna mais fácil e rápido o tratamento e consequentemente menos oneroso aos serviços de saúde, tanto o público quanto o particular.

“Eu acredito muito na viabilidade da implementação disso. Até pelo próprio interesse que as autoridades de saúde vão ter em permitir o diagnóstico muito mais precoce, além de possibilitar fazer uma varredura em toda a população, já que é barato, rápido e indolor”, completa o pesquisador. Futuro promissor

Além do uso para detecção de tumores no estômago, o hospital brasileiro propôs e lidera outros dois estudos com o uso da máquina durante o tratamento do câncer. É importante lembrar que após cirurgias, quimioterapias, radioterapias e imunoterapias os pacientes seguem rotinas de exames para checar a cura ou não da doença.

“Acreditamos que será fantástico na avaliação após cirurgia e tratamento, porque provavelmente com esse aparelho vai ser possível detectar muito precocemente o retorno da doença ou que está tudo bem”, diz Dias-Neto.

O terceiro ensaio propõe o uso do aparelho antes mesmo da cirurgia, nos chamados tratamentos neoadjuvantes, protocolo mais moderno na busca da cura do câncer usado no AC Camargo. "Ao compararmos o paciente que fez o tratamento prévio à operação com quem não o fez, a sobrevida do primeiro é maior".

Caso o aparelho funcione nessas análises, os médicos vão saber se o tratamento está sendo eficaz ou não e a necessidade de encaminhá-lo para a operação mais rapidamente.

“Pretendemos usar o aparelho para ver se o paciente está respondendo ao tratamento prévio. Essas ações são prova da importância da pesquisa científica, principalmente quando está lado a lado com a clínica, que é o caso do hospital”, ressalta o pesquisador. Diagnóstico de outros tumores

Pode ficar a sensação de que o aparelho é bom, mas será um gasto para detectar um único tipo da doença. Porém, Dias-Neto acredita ser apenas o primeiro passo.

“Detectamos a respiração. Até no projeto há pessoas que confundem, estou detectando pela boca, então é fácil determinar uma doença no estômago. Não é bem por aí, já que o ar está vindo do pulmão. São compostos que as células tumorais liberam no sangue, que é filtrado no pulmão, e esses compostos saem na respiração. Por que estou dizendo isso? Porque muito provavelmente esse aparelho vai servir para câncer de mama, próstata e todos os tumores que imaginarmos”, conclui o biólogo brasileiro.

R7

 

Mesmo com a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso e venda de autotestes de Covid-19 no Brasil, ainda não há nenhum produto do tipo disponível nas farmácias e estabelecimentos de saúde licenciados pela reguladora. Isso porque, agora, a agência precisa registrar os exames, de forma a garantir que os fabricantes cumpram as exigências previstas no PNE-Teste (Plano Nacional de Expansão da Testagem para Covid-19). A previsão é que os pedidos comecem a ser protocolados na próxima semana e as liberações saiam a partir de fevereiro.

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"As empresas que trabalham com teste de diagnóstico já estão habituadas a solicitar processo de registro junto à Anvisa. Todos os processos de registro de produtos destinados à Covid estão sendo priorizados pela Anvisa", afirmou o gerente-geral de Tecnologia de Produtos para Saúde da Anvisa, Leandro Rodrigues. Segundo ele, a reguladora tem um rol de 719 testes de Covid aprovados. "Todos eles foram tratados em prioridade, e com os autotestes não será diferente", completou. As análises serão iniciadas imediatamente após as empresas protocolarem os pedidos. "Imaginamos que durante o mês de fevereiro a gente tenha produtos aprovados", estimou Rodrigues. As vendas só serão autorizadas em farmácias, drogarias e estabelecimentos de saúde licenciados pela Anvisa.

Quando os autotestes forem registrados, os brasileiros também poderão pedi-los pela internet. "A própria normativa já traz uma previsão de venda pela internet, exclusiva nos sites dos estabelecimentos de saúde que têm licenciamento para fazer esse tipo de venda. Isso quer dizer que plataformas de ecommerce, sites terceiros não vão poder comercializar esse produto", detalhou a gerente-geral de Inspeção e Fiscalização de Produtos para Saúde da Anvisa, Ana Carolina Marino.

Para coibir a venda de testes irregulares pela internet, a Anvisa adquiriu uma ferramenta para fazer busca ativa de produtos irregulares de autotestes com comércio online. Segundo Marino, a plataforma começa a ser usada na próxima semana. "O mercado na internet é um mundo difícil de regular. Com essa ferramenta, a gente acredita que vai coibir o uso de produtos sem registro, que é um risco para a população", disse. Os autotestes servirão como uma estratégia de triagem e complementação à política de testagem já adotada no Brasil. De acordo com o PNE-Testes, os exames são indicados a "qualquer indivíduo brasileiro ou estrangeiro, sintomático ou assintomático, independentemente de seu estado vacinal ou idade".

Não há vedação para as empresas que desejarem adquirir testes para seus funcionários. "Não estamos falando que uma empresa vai comprar e revender e nem que fará estoque, como figura de armazenadora do produto. Esta não é a intenção", ponderou Marino. A utilização em terceiros também não deve ocorrer, salvo o público menor de 14 anos, para o qual a orientação é que os testes sejam realizados sob a supervisão e apoio dos pais ou responsáveis.

Como os produtos não são capazes de apresentar um diagnóstico da doença, não poderão ser usados para validar viagens internacionias ou garantir um atestado médico. Os autotestes também não devem ser utilizados em pessoas com sintomas graves de Covid, que devem procurar atendimento médico imediato.

R7

Fred Tanneau/AFP

As primeiras doses de uma vacina contra a aids usando tecnologia de RNA mensageiro foram administradas a humanos, anunciaram nesta quinta-feira (27) a empresa de biotecnologia americana Moderna e a International Aids Vaccine Initiative.

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O chamado teste de fase 1 será realizado nos Estados Unidos em 56 adultos saudáveis sem HIV. Apesar de quatro décadas de pesquisas, os cientistas ainda precisam desenvolver uma vacina contra essa doença que mata centenas de milhares de pessoas a cada ano. No entanto, os sucessos recentes da tecnologia de RNA mensageiro, que permitiu o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19 em tempo recorde, incluindo a da Moderna, aumentaram as esperanças.

O objetivo da vacina em teste é estimular a produção de um determinado tipo de anticorpo (bnAb), capaz de atuar contra as inúmeras variantes circulantes do HIV, o vírus causador da aids. A vacina visa educar as células B, que fazem parte do nosso sistema imunológico, a produzir esses anticorpos. Para isso, o ensaio testará a injeção de um antígeno inicial, ou seja, uma substância capaz de induzir uma resposta imune, e um antígeno de reforço injetado posteriormente. Eles serão injetados via tecnologia de RNA mensageiro.

"A produção de bnAbs é amplamente considerada um alvo da vacinação contra o HIV, e este é um primeiro passo nesse processo", disse o comunicado.

"Serão necessários outros antígenos para guiar o sistema imunológico no caminho certo, mas essa combinação de aplicação e reforço pode ser a primeiro componente-chave de um potencial esquema de vacina contra o HIV", disse David Diemert, cientista principal do estudo em um dos quatro centros onde é realizado, a George Washington University.

Os antígenos utilizados foram desenvolvidos pela organização de pesquisa científica IAVI (International Aids Vaccine Initiative) e pelo Scripps Research Institute, com apoio da Fundação Bill & Melinda Gates, do NIAD (Instituto Nacional de Doenças Infecciosas) dos Estados Unidos e da Moderna.

No ano passado, um primeiro teste, que não usou RNA mensageiro, mas utilizou o primeiro antígeno, mostrou que a resposta imune desejada foi obtida em várias dezenas de participantes. O próximo passo foi trabalhar junto à Moderna.

“Dada a velocidade com que as vacinas de RNA mensageiro podem ser produzidas, esta plataforma oferece uma abordagem mais flexível e responsiva para testar e projetar uma vacina”, destacou o comunicado.

"A busca por uma vacina contra o HIV é longa e difícil, e ter novas ferramentas em termos de antígenos e plataforma pode ser a chave para um rápido progresso", disse Mark Feinberg, diretor da IAVI.

AFP

Foto: Reprodução/Flickr