A Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) realizou, nesta quinta-feira (5), a 1ª reunião de integração da Nova Maternidade Dona Evangelina Rosa (Nova MDER) e gestores dos municípios da Macrorregião Meio Norte.
O encontro, que contemplou os territórios de saúde dos Carnaubais e Entre Rios, também contou com a participação de representantes do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado do Piauí (Cosems). Além de conhecerem a estrutura e instalações da nova maternidade, os gestores municipais foram apresentados ao ambulatório de atendimento as gestantes e crianças de alto risco, aos critérios de compartilhamento e fluxo de acesso ao serviço.
"Essa atividade de hoje da sequência ao processo de integração da Atenção Primária a Saúde com o ambulatório especializado da Nova Maternidade Dona Evangelina Rosa. Estamos discutindo com os gestores municipais de saúde da macrorregião Meio Norte, envolvendo os territórios do Entre-Rios e Carnaubais, para alinhar com eles tudo o que é necessário para que eles possam estratificar o risco de gestantes e bebês, identificando casos de alto risco e encaminhando para a nova maternidade, uma vez que o atendimento ambulatorial desse grupo já começou a ser feito na unidade", afirma a diretora de vigilância em saúde da Sesapi, Cristiane Moura Fé.
Segundo ela, o processo precisa ser totalmente combinado. "Totalmente articulado por meio de linhas guias, protocolos, fichas de estratificação de risco, para que os municípios consigam identificar esses casos de alto risco e encaminhá-los para a nova maternidade, já que essa é uma unidade voltada para atendimento desses casos mais complexos", declarou a diretora, ressaltando a necessidade de participação de todos as instituições.
"Contamos com a presença dos 54 municípios trabalhando junto a equipe da Maternidade, da Associação Reabilitar e com o COSEMS para esse processo de reinício desse processo de integração, que irá durar por muito tempo. A ideia do método do ambulatório novo é de atenção as condições crônicas, e dentro dessa teoria de rede de atenção a saúde, a unidade especializada, no caso a maternidade, dialoga o tempo inteiro com as unidades de atenção primária (UBS) dos 54 municípios para a gestão de cuidado à gestantes e bebês de alto risco", finalizou.
Cientistas descobriram que a composição genética de uma pessoa desempenha um papel importante na determinação de sua capacidade de aderir a uma dieta vegetariana estrita. Eles identificaram três genes significativamente associados ao vegetarianismo e outros 31 genes potencialmente associados a essa preferência dietética.
O artigo, publicado nesta quarta-feira (4) na revista científica Plos One, é o primeiro totalmente revisado por pares e indexado a analisar a associação entre genética e vegetarianismo estrito.
No estudo, os pesquisadores compararam dados genéticos de indivíduos estritos vegetarianos (que não consumiam peixe, aves ou carne vermelha) com um grupo de controle. Foram coletados dados genéticos de participantes do UK Biobank, um banco de dados de saúde do Reino Unido. Ao todo, 5.324 indivíduos se autodeclararam como vegetarianos estritos. Para o grupo de controle, foram selecionadas 329.455 pessoas que não eram vegetarianas.
Para evitar possíveis confusões devido à etnia, todos os participantes do estudo eram brancos caucasianos, garantindo uma amostra homogênea em termos de etnia. Vários dos genes identificados estavam envolvidos no metabolismo de lipídios (gorduras) e/ou na função cerebral, o que levou os pesquisadores a especular sobre a possível importância desses genes na preferência dietética e na capacidade de aderir a uma dieta vegetariana estrita.
"Uma área na qual os produtos vegetais diferem da carne são os lipídios complexos. [...] Minha especulação é que pode haver componente(s) lipídico(s) presentes na carne que algumas pessoas precisam. E talvez as pessoas cuja genética favorece o vegetarianismo consigam sintetizar esses componentes endogenamente [fabricá-los no próprio organismo]. No entanto, neste momento, isso é mera especulação, e muito mais trabalho precisa ser feito para entender a fisiologia do vegetarianismo", afirmou um dos autores do estudo, Nabeel Yaseen, professor emérito de patologia na Northwestern University Feinberg School of Medicine.
Os dados genéticos foram submetidos a análises estatísticas para determinar a significância das associações encontradas entre os genes e o vegetarianismo estrito.
É importante observar que o estudo não identificou uma única causa definitiva, mas sim associações genéticas que requerem investigações adicionais para compreender melhor a relação entre genética e preferência dietética.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendou nesta segunda-feira (2) a primeira vacina contra a dengue, num momento em que a transmissão da doença está aumentando em regiões como a América Latina, devido à mudança climática e a outros fatores.
A vacina quadrivalente TAK-003, baseada em uma versão enfraquecida do vírus causador da dengue, será recomendada para menores entre 6 e 16 anos, em áreas onde a doença se tornou um grande problema de saúde pública, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A vacina comprovou sua eficácia em testes realizados com pacientes dos 4 aos 16 anos na Ásia e na América Latina, segundo explicou a cientista finlandesa Hanna Nohynek, presidente do grupo que aconselha a OMS em questões de imunização. Ela foi a Genebra para analisar estratégias de vacinação global.
Também chamada de Qdenga, a vacina TAK-003, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, também foi recentemente aprovada para uso na Europa, Reino Unido, Brasil, Argentina, Indonésia e Tailândia, entre outros mercados.
“Tem um grande potencial, em um momento em que muitos países sofrem grandes surtos da doença e a situação está piorando com a mudança climática”, disse Nohynek.
Devido ao aquecimento global, o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras doenças, pode viver em altitudes acima do nível do mar e em latitudes cada vez mais elevadas, ameaçando populações em terras altas, montanhas e climas temperados, que antes estavam virtualmente protegidas desse tipo de epidemia.
Neste verão no hemisfério norte, a OMS alertou até mesmo os países europeus para que se preparassem para possíveis surtos de dengue derivados das recentes ondas de calor, com duração e intensidade crescentes.
Apesar da recomendação anunciada nesta segunda-feira, a especialista salientou que a vacina é, em princípio, recomendada para os tipos 1 e 2 (os mais perigosos) do vírus da dengue, já que, nos outros dois conhecidos, 3 e 4, ainda há “incerteza” sobre sua eficácia.
O número de casos diagnosticados de dengue anualmente aumentou dez vezes, de apenas meio milhão em 2000 para 5,2 milhões em 2019, embora estudos médicos estimem que possa haver 390 milhões de infecções anuais (muitas delas assintomáticas), segundo a OMS.
Outros estudos ressaltam que regiões onde vivem cerca de 3,9 bilhões de pessoas, quase metade da população mundial, estão em áreas de risco de surtos de dengue.
Na Europa, desde a última década, foram registrados casos de transmissão local em países como a França e a Croácia, enquanto no continente americano, onde foram notificadas 3,1 milhões de infecções em 2019, os países mais afetados são Brasil, Colômbia, Paraguai e Peru, entre outros.
Há quase 10 anos, o Ministério da Saúde criou um protocolo em que torna obrigatória a realização do “teste da linguinha” nas maternidades em todos os recém-nascidos. O Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua tem como objetivo identificar a presença da anquiloglossia — um problema congênito que causa alterações no frênulo lingual do bebê e que, em alguns casos, podem interferir negativamente na amamentação. O frênulo é uma membrana localizada debaixo da língua, que funciona como uma espécie de “ligamento” com a cavidade inferior da sua boca, auxiliando na mobilidade da língua. Nos casos de alterações no frênulo, pode haver um impacto na amamentação do bebê que pode levar à anemia, baixo peso, irritabilidade, esgotamento, sessões longas de lactância, entre outros.
“O bebê precisa de uma boa mobilidade de língua para conseguir abocanhar corretamente o peito da mãe na hora da amamentação. Se o frênulo está mais curto, ele fica mais baixo e mais “para dentro” da boca. Com isso, a língua do neném não tem mobilidade suficiente para alcançar o seio da mãe e extrair completamente o leite”, explicou Natália Oliveira de Jesus, fonoaudióloga da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, maternidade e pediatria do Hospital Israelita Albert Einstein.
Segundo Oliveira, a partir do momento que o bebê sente dificuldade na amamentação, ele perde a força de sucção e cria mecanismos de compensação em outras estruturas, como bochechas e gengiva, para conseguir mamar. Para a mãe, isso pode causar dores, aumento da sensibilidade nos seios, escoriações e lesões durante a amamentação. “Com a alteração, o bebê cria compensações nos movimentos para tentar extrair a quantidade de leite suficiente para se alimentar. Ele começa a morder o seio da mãe com a gengiva porque a língua não consegue alcançar a mama e fazer o movimento correto. Ele também começa a fazer uma pressão com a bochecha ao contrário do que a gente quer: em vez de encher de leite, essa bochecha afunda, fazendo covinhas”, explicou.
De acordo com Oliveira, as lesões causadas no seio da mãe são muito características do frênulo mais curto: costumam aparecer na linha horizontal, no centro do mamilo e com escoriações na aréola. “A gente bate o olho e já identifica como possível alteração de frênulo”, diz, ao destacar que esses mecanismos de compensação da mamada surgem muito rápido por causa da “pega” errada do seio. Assim, as lesões costumam aparecer logo nas primeiras 24 horas após o nascimento.
Como corrigir o frênulo? As alterações no frênulo podem ser corrigidas com uma cirurgia simples e eficaz, mas somente quando corretamente indicada — os especialistas alertam que há um exagero na indicação do procedimento.
Segundo Oliveira, o diagnóstico geralmente acontece logo após o parto, quando a equipe de enfermagem e o pediatra aplicam um protocolo chamado Bristol, que classifica numa escala de 1 a 7 a estrutura do frênulo. A análise inclui, entre outras coisas, a avaliação de onde está a posição da língua quando o bebê chora e se ele coloca a língua para fora ou não. Quanto menor a classificação na escala, maior a alteração do frênulo.
A partir da identificação dessa alteração, a equipe de fonoaudiologia é acionada para avaliar se a mamada do bebê está funcional ou não e, somente a partir daí, avaliar se é caso de cirurgia. “Se a mamada do bebê está funcional, e o recém-nascido consegue extrair o leite da mãe mesmo com o frênulo alterado, a gente monitora esse aleitamento. Se não há lesão para a mãe e o bebê consegue mamar, a orientação é acompanhar com o pediatra para monitorar a produção de leite, o ganho de peso e o desenvolvimento do bebê”, disse a fonoaudióloga.
Caso a mãe apresente lesões e dores para amamentar, o caso é reavaliado para a necessidade ou não da correção do frênulo. “A gente evita indicar uma cirurgia sem necessidade, mesmo sendo um procedimento simples”, explicou a fonoaudióloga. A segunda etapa do acompanhamento do frênulo desse bebê ocorre durante a introdução alimentar — a partir dos seis meses de vida. Em alguns casos, explica Oliveira, pela pouca mobilidade da língua, o bebê sente dificuldade para mastigar alguns alimentos e de manipular esse alimento na cavidade oral. “Nesses casos, a gente cogita corrigir cirurgicamente. Mas, de novo: se o bebê passou tranquilamente pela amamentação e pela introdução alimentar, não temos motivo para indicar cirurgia”, disse.
A terceira etapa é o momento que o bebê começa a falar – e essa é uma das preocupações dos pais, que temem que a criança tenha dificuldades de fala por causa do frênulo encurtado. “Muitas crianças desenvolvem a fala normalmente mesmo com o frênulo alterado. Só vão se preocupar com o problema na idade adulta, quando percebem alguma distorção na fala, alguma dificuldade em apresentações orais, ou em relacionamentos. Ele pode ter tido um frênulo funcional a vida toda, mas na vida adulta passa a incomodar”, explica Oliveira.
Não há dados sobre o percentual de bebês que têm alterações no frênulo, nem quantos passam por cirurgia. Um estudo brasileiro, realizado em 2009, acompanhou 260 crianças em idade escolar (6 a 12 anos) e identificou que 18% delas tinham alterações de frênulo e, destas, 75% apresentavam alterações na fala. Na época, a orientação era: na dúvida, corrijam todos (cirurgicamente).
Mas, segundo Oliveira, o estudo foi feito desconsiderando fatores externos, como condições socioeconômicas, escolaridade dos pais e condições de saúde da criança, que também podem levar a alterações do desenvolvimento da fala e da linguagem. Não existem estudos mais atuais e mais amplos que confirmem essa necessidade cirúrgica para desenvolvimento adequado da fala. “Somente os bebês que realmente não conseguem mamar e que possuem uma alteração significativa são encaminhados para a correção cirúrgica. O que a gente avalia é a função de sucção para ver se ela está nutritiva ou não”, disse.
Tipos de cirurgias Existem dois procedimentos cirúrgicos diferentes: a frenotomia, que é a retirada parcial do frênulo, quando o profissional faz a “soltura” da membrana (o famoso “pick”); e a frenectomia, que é a retirada total do frênulo. As cirurgias podem ser realizadas pelo cirurgião pediátrico, pelo otorrino ou pelo odontopediatra, com poucos riscos para o bebê.
“Em geral, ela acontece dentro do berçário e até mesmo no consultório, com anestesia local. O procedimento dura poucos segundos e imediatamente o bebê pode ir direto para o seio da mãe e já fazer a próxima mamada tranquilamente”, disse Oliveira, ao ressaltar que o pós-operatório é mais tranquilo quando a cirurgia é feita em bebês.
Oliveira diz que é preciso sempre avaliar os riscos e benefícios e, por isso, é importante que as famílias sejam bem orientadas sobre a necessidade ou não da cirurgia, mesmo quando a mamada está classificada como funcional. Por se tratar de uma estrutura física embaixo da língua, ela explica que não há exercícios que possam ajudar a soltar o frênulo espontaneamente.
“Não conseguimos alongar, esticar ou soltar o frênulo com exercícios. O que a gente faz em casos que não recomendamos a cirurgia é trabalhar para fortalecer as outras estruturas da boca do bebê, como bochechas e a própria língua, para que ele melhore sua mobilidade e aprenda a mamar adequadamente”, finalizou.
A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) é contra a obrigatoriedade do exame nas maternidades e ressalta a importância desse diagnóstico ser feito por profissional capacitado. Em um posicionamento oficial publicado em seu site, a entidade diz que “um exame clínico bem realizado e uma observação completa de uma mamada podem ser suficientes para o diagnóstico da anquiloglossia, não sendo necessário um protocolo específico para esta avaliação e, menos ainda, a necessidade de uma lei que obrigue sua realização.”