“O que nós buscamos com isso foi viabilizar uma forma de que, no momento em que o paciente começa a perder sinais vitais, seja possível ao médico ou ao Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] salvá-lo, reduzindo aquela dose tóxica que está na corrente sanguínea”, acrescenta a orientadora, que trabalhou como professora visitante no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.
Inovações
O experimento bem-sucedido traz duas inovações. Além de obter resultados quase imediatos para diminuir os efeitos da cocaína, a pesquisa muda e acrescenta o modo de usar nanotecnologia em terapias com medicamentos.
Desde os anos 1990, a nanotecnologia é utilizada para levar de forma mais eficaz partículas aos alvos no organismo que precisam de recuperação e proteção. O experimento mostra que a nanotecnologia também pode ser proveitosa para buscar e aprisionar substâncias e reverter um quadro crítico.
As chamadas partículas nanométricas, obtidas a partir de componentes químicos orgânicos naturais (lipídeos) e de moléculas de baixa massa (polímeros), são extremamente pequenas (1 nanômetro é 1 milhão de vezes menor que o milímetro) e, por isso, eficientes na circulação sanguínea.
Comercialização
A eventual disponibilização do medicamento para uso no socorro de pessoas em processo de overdose depende de parceria entre a universidade e laboratórios farmacêuticos. Até poder ser utilizado em seres humanos, o medicamento deve ser submetido a testes clínicos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A produção de medicamento é investimento de médio a longo prazo. Além dos testes, a indústria farmacêutica precisa custear os laboratórios de fabricação em massa e fazer a comercialização. O laboratório que venha a se associar para a produção deverá fazer o registro para a venda.
“Nosso papel como universidade pública é formar pessoas altamente qualificadas, jovens cientistas, pesquisadores e, no meio desse caminho, produzir conhecimento novo. É muito importante, agora, que as indústrias farmacêuticas, percebam a capacidade de contribuir com esse processo de inovação e, dessa forma, identifiquem que vão conseguir manter um espaço importante no mercado”, diz Eliana.
Agência Brasil
Foto: Universidade Federal de Goiás (UFG)/Direitos reservados
Adoro entrevistar cientistas. Em seus laboratórios, longe dos holofotes, dedicam-se por anos a fio para descobrir a fórmula de uma vacina, a forma de combater um micro-organismo letal. Por isso tenho o maior prazer em divulgar esse tipo de trabalho e mostrar como são fundamentais para o país. É o caso de Rosane Silva, professora associada da UFRJ e chefe do Laboratório de Metabolismo Macromolecular Firmino Torres de Castro, que pertence à universidade. A equipe que coordena está numa fase avançada para a criação de um kit único para detectar vírus, bactérias e fungos.
O que é isso: atualmente, para se descobrir o que provoca uma infecção, os kits disponíveis no mercado são específicos para um único micro-organismo. “Esse kit terá inúmeras vantagens”, ela explica. “Em primeiro lugar, o mais importante é sua abrangência. Ele identifica a presença de diferentes patógenos ao mesmo tempo. Como é possível identificar que vírus ou bactérias estão presentes, ganha-se um tempo precioso. Também consegue detectar se esses patógenos já desenvolveram alguma resistência à medicação. Além disso, só é preciso coletar uma fração de sangue do paciente, o equivalente a um décimo do que normalmente é preciso”, completa.
Em determinados casos, é bastante complexo retirar amostras para uma análise, daí a relevância de o kit exigir uma quantidade mínima de material. Por exemplo, diz a professora, “em casos de infeções em próteses ortopédicas, ou quando é necessário fazer uma punção para coletar o líquor da espinha dorsal”. O produto que está sendo desenvolvido pela cientista vai atender a pacientes que estão em situação delicada e o médico terá os resultados em 24 a 72 horas, podendo iniciar a terapêutica o quanto antes – o que pode diminuir o tempo de internação e o risco das complicações de uma hospitalização por um longo período.
Por estar sendo desenvolvido numa universidade brasileira, o kit atende com precisão às nossas necessidades: a equipe levou em conta o espectro de patógenos mais comuns no país. A iniciativa não se resume à parte laboratorial: o tratamento da amostra e o resultado demandaram a criação de um método computacional. “Teremos um banco de dados disponível para a comunidade científica e médica”, complementa Rosane Silva. O projeto é financiado pela Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro) e também recebeu financiamento da Capes e do CNPq. Como ainda precisará passar por diversas validações e pela aprovação da Anvisa, a expectativa é de que esteja disponível em dois anos.
Uma surpresa, do nada. O Bem Estar mostrou que os casos de gravidez surpresa não são tão raros. Para falar sobre o assunto, conversamos com o ginecologista José Bento. Ele explicou que até o terceiro mês de gestação pode ser mais difícil perceber o crescimento da barriga porque o feto ainda é muito pequeno. Entretanto, após o terceiro ou quarto mês, a barriga começa a ter uma leve protuberância.
Aumento da vontade de fazer xixi, aumento da mama, aparecimento da linha na barriga, aumento de corrimento, sono e movimentação do bebê. Esses são alguns sinais da gestação que podem acabar passando despercebidos.
O ginecologista lembra que uma gravidez é diferente da outra. “Não quer dizer que a mulher, não tendo os sintomas, não quer dizer que ela não esteja bem. O fato dela não ter enjoo, não ter sono, não urinar demais, nada disso quer dizer que a gravidez não esteja correndo bem”.
José Bento explica que o pré-natal é muito importante. Por isso, se a mulher sentir qualquer desconforto abdominal, ela precisa procurar um especialista. “Ele [o pré-natal] protege tanto a saúde da mulher quanto do bebê”.
Alguns casos O casal Lana Maria Wigand e Arthur Felipe Wogram, ambos de 27 anos, descobriu a gravidez 19 dias antes de o bebê nascer. Segundo eles, a gravidez foi totalmente inesperada, já que a Lana não teve nenhum sintoma de gestação. Além disso, ela estava com o ciclo menstrual regular e usava anticoncepcional.
No mês passado, uma brasileira – tripulante de um navio de cruzeiro – quase deu à luz em alto mar. No trajeto entre o porto de Santos (SP) e Barcelona, foi montada uma mega operação de resgate. Após os primeiros atendimentos, a mulher foi içada e retirada de helicóptero do navio. Agora está tudo bem com o bebê.
Em 2015, outro caso surpreendente aconteceu em Olinda. Uma mulher, que já tinha 12 filhos, deu à luz mais um, sem saber que estava grávida. Ela teve dores na barriga, pediu para ser levada ao pronto-socorro, e antes que o táxi chegasse, a bebê nasceu na rua.
E em 2005, a jogadora de basquete Silvia, que integrou a seleção brasileira, só se deu conta de que estava grávida no sétimo mês de gestação. O abdômen sarado ajudou a esconder a barriguinha de grávida.
Gravidez e menstruação Não é possível menstruar grávida. A mulher pode ter um sangramento leve até o terceiro mês, no começo do ciclo menstrual, porque o embrião ainda é muito pequeno e o saco gestacional não cobre toda parede do útero. A descamação ocorre na parte do endométrio, onde o saco gestacional ainda não encostou. Porém, esse sangramento tem um fluxo bem menor e só dura até o terceiro mês. Após esse período, a mulher grávida não menstrua. O que pode acontecer são os escapes.
"Quando tenho crises da endometriose, geralmente fico dois dias acamada. A dor é pulsante. Parece que tem uma mão torcendo dentro do útero. Depois da crise, a sensação que fica no corpo é de mais dor por ter sentido tanta dor ", conta a jornalista Juliana Andrade, 24.
Juliana afirma que percebeu que havia algo errado quando, além de dores fortes, sentia muitas náuseas e ficava incapacitada até mesmo de comer. Ela teve o diagnóstico da doença aos 17 anos, cerca de um ano após a primeira menstruação. Ainda deve fazer exames complementares para saber a extensão da lesão.
Nesta quarta-feira (8), é celebrado o Dia Nacional da Luta Contra a Endometriose. De acordo com o ginecologista Rogério Felizi, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, a endometriose é um problema que afeta cerca de 20% das mulheres em idade fértil, entre 15 e 40 anos.
De causa desconhecida, a doença faz com que o endométrio, tecido que reveste o útero durante o ciclo menstrual e, sem a fecundação do óvulo, descama da parede do órgão, sendo eliminado junto com a menstruação, se implante em órgãos abdominais, causando processos inflamatórios, dores, lesões e até mesmo infertilidade.
Nesta quarta-feira (8), é celebrado o Dia Nacional da Luta Contra a Endometriose. De acordo com o ginecologista Rogério Felizi, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, a endometriose é um problema que afeta cerca de 20% das mulheres em idade fértil, entre 15 e 40 anos.
De causa desconhecida, a doença faz com que o endométrio, tecido que reveste o útero durante o ciclo menstrual e, sem a fecundação do óvulo, descama da parede do órgão, sendo eliminado junto com a menstruação, se implante em órgãos abdominais, causando processos inflamatórios, dores, lesões e até mesmo infertilidade. Felizi afirma que os órgãos mais acometidos são os ovários, tubas uterinas, intestino, bexiga e a parte posterior do útero.
Entre os principais sintomas estão cólicas fortes desde jovem, com a piora gradual. "Geralmente, as mulheres que têm endometriose apresentam tanta cólica que precisam recorrer ao pronto-socorro para tomar medicamento na veia por conta da dor", afirma Felizi. Além das cólicas, a paciente pode apresentar dores durante a relação sexual e distenção abdominal durante o ciclo menstrual.
No caso da jornalista, houve inchaço abdominal com endurecimento da barriga, diarreia, dores intensas, pernas inchadas, dor no corpo, náuseas, falta de apetite, fluxo instenso e fraqueza. "Isso afetou minha vida de maneira que eu perco muito tempo por conta da menstruação", afirma Juliana. Felizi afirma que um dos principais problemas da endometriose é a demora no diagnóstico. "Muitas meninas passam anos tomando analgésicos achando que é normal sentir dor, sem suspeitar de que pode ser endometriose, e demoram para receber o diagnóstico", afirma.
O diagnóstico é feito por meio de dois exames de imagem — a ressonância magnética da pelve com preparo, para mapeamento de endometriose, e o ultrassom transvaginal, com preparo para mapeamento de endometriose. Porém, caso haja suspeita da doença, o tratamento já é iniciado. O ginecologista afirma que os métodos de tratamento se dão pelo grau de comprometimento e pelas dores da endometriose. Para controle da dor, são utilizados medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.
Já o controle dos sintomas e a estabilização do problema podem ser feitos com anticoncepcionais orais ou com o DIU (dispositivo intrauterino) de progesterona. Com esse método, é possível reduzir a velocidade com a qual o problema evolui.
Ao receber o diagnóstico, Juliana fez tratamento com anticoncepcionais. Porém, devido ao histórico familiar de trombose, teve de parar e está buscando aconselhamento médico para o tratamento mais adequado para seu caso.
Em casos mais graves, nos quais os tratamentos clínico e medicamentoso não fazem efeito, pode ser necessária a realização de cirurgia para a retirada das lesões provocadas pela endometriose. "A cirurgia é feita da maneira mais conservadora possível, preservando os tecidos saudáveis para que a mulher ainda possa engravidar", afirma o ginecologista.
Casos gravíssimos, em que ocorrem sangramentos intensos, hemorragias e dores sem melhora, podem necessitar da remoção do útero ou das tubas uterinas.
Nesses casos, os médicos devem levar em consideração o desejo da mulher de engravidar. A retirada desses órgãos, geralmente, só é feita após a mulher já ter tido filho e apenas pode ser optado após outros métodos terem se mostrado ineficazes.
Para evitar a retirada de útero, além do uso do DIU de progesterona, o ginecologista afirma que pode ser utilizado um medicamento denominado "análogo do GnRH". Esse medicamento bloqueia a secreção de hormônios, provocando uma menopausa temporária na mulher. Porém, Felizi afirma que o tempo máximo de uso dessa medicação é de um ano, já que seu uso prolongado pode causar prejuízos aos ossos.
Felizi afirma que, nos últimos 20 anos, a endometriose se tornou um problema mais complexo. "Antes, as mulheres engravidavam mais e menstruavam menos, e hoje, elas demoram mais para engravidar, passando mais tempo menstruadas, tendo mais casos de endometriose", afirma.
Para lidar com as dores, Juliana faz compressas quentes na região inchada e dolorida e repouso e procurou maneiras naturais para aliviar a dor. "Eu mudei minha alimentação, então evito alimentos inflamatórios, como gordura e chocolate. Passei também a beber mais água e a praticar exercícios. Depois dessas mudanças, já percebi uma melhora na dor, mas estou à procura de um tratamento médico", afirma.