Um simples copo de leite ou um pedaço de bolo pode fazer mal para quem tem intolerância à lactose. A pessoa sente náusea, gases, inchaço e até diarréia.
Segundo dados brasileiros, até 70% dos adultos no país têm algum desses sintomas após consumir leite de vaca ou derivados. Em países como Japão e alguns do continente africano, praticamente todos os habitantes com mais de 80 anos têm algum grau de intolerância.
A doença ocorre porque o indivíduo nasce sem uma enzima que quebra a lactose, o açúcar do leite, ou deixa de produzi-la ao longo da vida, seja pelo envelhecimento ou por lesões no intestino.
A gravidade dos sinais, que podem aparecer logo após a ingestão ou depois de horas, depende da quantidade ingerida e de quanta lactose cada pessoa é capaz de aguentar.
Segundo o gastroenterologista Flavio Steinwurz e a nutricionista Camila Diniz, qualquer alimento que contém lactose pode fazer mal, como: leite de vaca ou cabra, queijo branco, manteiga, margarina, requeijão, iogurte, pudim, bolo, creme de leite, leite condensado, biscoito ao leite, pão de leite, pizza de muçarela e alguns adoçantes em pó.
Em geral, iogurtes podem ser mais bem tolerados que o leite, porque parte do açúcar é fermentada. Porém, a maioria dos iogurtes, especialmente os de consistência firme ou cremosa, contém leite em pó e/ou soro de leite, para melhorar a textura e diminuir a falta de soro. Alguns iogurtes têm o mesmo percentual de lactose que o leite de vaca: cerca de 5%.
De acordo com o Conselho Nacional de Laticínios dos EUA (NDC, na sigla em inglês), as mussarelas de búfala e cabra têm 2% de lactose, menos da metade do teor de um copo de leite ou iogurte. Dependo do grau de intolerância do paciente, podem ser substitutos.
Para não ficar em dúvida, leia sempre o rótulo e verifique se o produto contém lactose. Remédios também podem incluir lactose na composição – por isso, leia a bula.
Diagnóstico
É feito por dois testes. No primeiro, o paciente recebe uma dose de lactose em jejum e, depois de algumas horas, são colhidas amostras de sangue que indicam os níveis de glicose.
Há também um exame respiratório que monitora a quantidade de hidrogênio nos gases exalados após a ingestão da lactose.
É importante não confundir a intolerância à lactose com outras doenças ou disfunções que podem causar quadro similar. São elas:
- Síndrome do intestino irritável
- Doença celíaca
- Doença de Crohn
- Colite ulcerativa
- Alergias alimentares
- Endometriose
Tratamento
Não há tratamento para aumentar a capacidade de produzir lactase, mas os sintomas podem ser controlados por meio de dieta e medicamentos.
O que evitar
- Leite de vaca
- Leite de cabra
- Queijo fresco
- Manteiga
- Requeijão
- Creme de leite
- Iogurtes (costumam ser mais bem tolerados que o leite)
- Bolachas, bolos e pudins
- Alguns adoçantes em pó
Opções de leite e derivados para intolerantes
- Leite com baixa lactose
- Leite de soja
- Leite de arroz
- Queijos brie, camembert, roquefort, cheddar, parmesão, prato e emmental
Outros alimentos sem lactose
- Pão francês
- Presunto
- Geléia
- Adoçante em gotas
- Café
- Maionese
- Azeite
- Salada de frutas
Importância do cálcio
O leite e seus derivados são ricos em proteínas, vitaminas e a principal fonte de cálcio da alimentação, nutriente fundamental – junto com a vitamina D – para a formação e manutenção da massa óssea.
Tomas de dois a três copos de leite por dia contribui para um adulto atingir suas recomendações de cálcio. O iogurte também pode ser uma opção para garantir esse fornecimento. Crianças, adolescentes, grávidas e idosos devem consumir mais leite e derivados que as demais pessoas, para atender às suas necessidades diárias.
É recomendável, porém, que o leite não seja consumido durante as refeições principais (almoço e jantar), pois o cálcio atrapalha a absorção do ferro de origem vegetal, e vice-versa. Uma xícara de espinafre fornece aproximadamente 25% das necessidades diárias de cálcio.
O gergelim torrado e o branco têm a mesma fonte de cálcio, mas o branco é digerido com mais facilidade. Duas colheres de sopa por dia correspondem a um copo de leite. O gergelim tem a casca mole e fácil de ser quebrada. Portanto, não há dificuldade de absorção do cálcio e de fibras.
Recomendação diária
Crianças (0-8 anos): 200 a 800 mg
Crianças/adolescentes (9-18 anos): 1.300 mg
Adultos (19-50): 1.000 mg
Adultos (mais de 50):1.200 mg
Gestantes e lactantes: 1.000 a 1.300 mg
Alimentos ricos em cálcio
- Feijão
- Ovos
- Couve, brócolis, espinafre e verduras escuras em geral
- Repolho, nabo, figo, uva passa, cenoura e laranja
- Amêndoas e nozes
- Gergelim
- Queijo de soja (tofu)
- Sardinha, marisco e algas
Alimentos que interferem na absorção de cálcio
- Produtos com excesso de sódio, como os industrializados, embutidos e enlatados
- Itens ricos em fitatos: farelo de trigo e alguns cereais
- Alimentos ricos em xantinas: café, chá preto e chá mate
Sugestão de cardápio sem lactose e rico em cálcio (1.000 mg por dia)
Café da manhã
1/2 papaia
1 copo de suco de uma laranja-pêra com cenoura, beterraba e uma folha de couve-manteiga
1 fatia pão integral com margarina ou azeite
Almoço
4 colheres de sopa de repolho roxo ralado, 3 colheres de sopa de cenoura ralada e 2 colheres de sopa de gergelim
2 colheres de arroz integral
1 concha de feijão
1 porção de peixe, frango cozido, assado ou grelhado
4 colheres de sopa de espinafre refogado
Lanche
Mix de castanhas e frutas secas
1 porção de fruta seca (1 xícara de café de uva passa), 5 amêndoas e 5 nozes
Jantar
1 pires de salada de rúcula, 3 rodelas de tomate e 2 fatias de tofu em cubos
Omelete de legumes
3 colheres de sopa de brócolis refogado
2 colheres de arroz integral
1 concha de feijão
G1