Se você não tem, certamente conhece alguém que tenha. A estimativa é de que 61 milhões de brasileiros sofram com algum tipo de alergia. Respiratória, de pele, alimentar, medicamentosa... são muitas as opções.

Mas, afinal, por que uns têm e outros não? O Doutor Drauzio Varella conversou com especialistas e acompanhou a rotina de pessoas que têm uma vida repleta de restrições - e riscos - por causa da doença. O que acontece dentro do corpo? Como as alergias se desenvolvem?

Quais são os tratamentos promissores? Esses tópicos são discutido na estreia da série "Alergia - O Corpo em Alerta".

A alergia é a reação exagerada e equivocada do nosso sistema imunológico contra alguma substância inofensiva.

"O sistema imune está em tudo, está na pele, está nos olhos, está na mucosa respiratória, está no aparelho digestivo. Uma vez que esse radar detectou algo estranho, ele pode amplificar e ligar toda essa rede de comunicação desde uma reação localizada até uma reação que acometa o corpo todo", destaca Ariana Campos Yang, Médica alergista do HC-USP. A pessoa vai então espirrar, tossir, os olhos vão lacrimejar. Pode também ter inchaços, vômitos, diarreia, coceiras. Na maioria dos casos, essas reações são leves - o próprio organismo resolve.

A intensidade desses sintomas vai depender da quantidade de histamina liberada nesse processo. A histamina é um mediador químico - um mensageiro que controla as reações alérgicas.

"Quando uma reação alérgica acontece, é como se tivesse chovendo histamina no corpo, tivesse chovendo essa substância. Só que, às vezes, a gente tem uma chuva, uma garoinha E, às vezes, a gente tem uma tempestade, um vendaval que causa uma enchente, destruição", completa a médica alergista. Por que uns têm alergia e outros não? "É um grande mistério saber por que uma pessoa se torna alérgica. O que nós sabemos é que a alergia é resultado de uma conversa que envolve predisposição genética com fatores ambientais, como poluição, alimentação e medicações [...] o nosso sistema imune começa a ser formado já desde quando a gente está na barriga da nossa mãe, o que tem a ver com a alimentação da mãe e com o estilo de vida dela enquanto o bebê está sendo gerado",

Segundo a especialista, outro momento crucial é o parto, onde há uma força ambiental para predispor à alergia.

"As bactérias presentes no canal vaginal sintonizam um perfil mais regulador, evitando fatores que predisponham à alergia. Quando o bebê nasce por cesariana, as bactérias na pele do bebê não oferecem a mesma ajuda. Isso não significa que quem nasce por cesárea terá ou não alergia, mas é uma variável que influencia".

Outra coisa importante a ser destacado é que a maioria das alergias é mais frequente na infância porque o sistema imune ainda está em desenvolvimento.

Como o Brasil trata as pessoas com alergia?

"A rede pública não está preparada para a questão da alergia. Existem doenças desconhecidas, e é necessário formar mais alergistas. A distribuição de alergistas no Brasil é muito desigual, com cerca de 70% concentrados na região sudeste", destaca Fábio Kuschnir, Presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Felipe Proenço, Diretor de Programa da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, diz que a atenção primária é fundamental para combater problema.

"Primeiro, é crucial garantir a presença da atenção primária em todas as localidades. No início de 2023, 5.000 equipes de saúde da família estavam sem médico. Além disso, o teleatendimento é uma estratégia importante para conectar médicos especialistas a regiões onde a presença física não é viável", afirma.

Tratamentos promissores A reportagem acompanhou em São Paulo, o dia a dia dos dois maiores centros brasileiros de tratamento de alergias. Há alguns tratamentos que estão melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

"O grande avanço na área de alergia é entender que essas doenças têm um alvo bem específico que alimenta e organiza toda essa inflamação. Temos as novas terapias, conhecidas como terapias-alvo, que são injetáveis e agem como mísseis teleguiados, indo diretamente para o ponto específico", diz a médica alergista do HC-USP.

G1/Fantástico

A efetividade das vacinas contra covid-19 usadas em crianças e adolescentes é de quase 90%, e os efeitos adversos graves são raramente relatados, reforça uma nova nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicada nesta segunda-feira (22). A imunização também é uma ajuda a prevenir a covid-19 longa, quadro que permanece após quase um terço dos das infecções.

vaccriança

Os cientistas da fundação responsáveis pelo texto coordenam o Projeto VigiVac, que monitora dados de vacinação, como adesão, efetividade e ocorrência de eventos adversos.

A nota reforça que as vacinas CoronaVac, do Butantã, e a BNT162b2, da Pfizer, têm alta efetividade contra infecção e, principalmente, contra hospitalização por covid-19.

"Já em relação aos efeitos adversos, a CoronaVac apresentou taxa de 5% para eventos leves, enquanto a Pfizer, os eventos adversos graves foram raramente relatados", diz a Fiocruz.

Covid longa

As vacinas também protegem contra o quadro crônico chamado de covid longa, uma condição em que a pessoa permanece com sintomas após a fase aguda da doença, o que ocorre em até 30% dos casos.

Segundo a nota técnica, a vacinação reduz em 41% o risco de crianças e adolescentes desenvolverem covid longa, proteção que é ainda maior para crianças com até seis meses da última dose da vacina, chegando a 61%.

"Esse conjunto de achados demonstra a proteção das vacinas contra Covid-19, inclusive em casos considerados como “falha vacinal”, isto é, em casos em que a pessoa não é protegida da infecção. Portanto, as vacinas contra Covid-19 são efetivas em proteger contra formas graves da doença e suas complicações residuais", diz a Fiocruz.

Baixa adesão

A fundação lembra ainda que a covid-19 foi a principal causa de morte por doença prevenível por vacina, em menores de 19 anos, entre agosto de 2021 e julho de 2022.

A cada 100 mil bebês de até 1 ano, ao menos quatro morreram de covid-19. Mesmo assim, reforça a Fiocruz, "a cobertura vacinal desse imunizante no Brasil ainda encontra-se em números abaixo do esperado, chegando a menos de 25% na faixa etária de 3 a 4 anos de idade com duas doses".

Agência Brasil

Foto: Fábio Rodrigues/Pozzebom/Agência Brasil

A primeira remessa de vacina contra dengue, cerca de 750 mil doses, chegou ao Brasil neste sábado (20). Uma segunda leva, com 570 mil doses, está prevista para fevereiro. O público-alvo será de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, e as primeiras aplicações vão ocorrer no mês que vem.

VACINCOVIDBRASIL

A escolha do público-alvo, jovens de 10 a 14 anos, se deu porque se trata do grupo com maior quantidade de hospitalizações, atrás somente dos idosos. A vacina, porém, ainda não foi autorizada para este público, apenas para quem tem entre 4 e 60 anos de idade.

O ministério adquiriu 6,4 milhões de doses do fabricante, que serão enviadas até novembro. A previsão é de que cerca de 3,2 milhões de pessoas sejam vacinadas ainda este ano, considerando que a vacina precisa de duas doses, com no mínimo três meses de intervalo entre elas.

"É importante que as vacinas sejam utilizadas de uma forma muito criteriosa, orientada pelos princípios científicos e pelas necessidades de saúde pública", afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Os imunizantes serão destinados a regiões com municípios de grande porte, com alta transmissão nos últimos dez anos, e população igual ou maior a 100 mil habitantes. A lista das cidades e a estratégia de vacinação serão informadas pela pasta nos próximos dias.

A remessa recebida vai passar pelo processo de liberação da Alfândega e da Anvisa e, depois, segue para o INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde).

Conhecida como Qdenga, a vacina contra a dengue foi incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde) no fim do ano passado.

Experiência em Dourados (MS) No início de janeiro, a cidade de Dourados (MS) se tornou a primeira do Brasil a vacinar em massa contra a dengue. A iniciativa se trata de uma experiência com 150 mil pessoas da cidade, com idades entre 4 e 59 anos de idade, após uma parceria entre o laboratório fabricante e a prefeitura da cidade. O pesquisador e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) Julio Croda coordena o acordo.

Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina Qdenga ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do SUS, o que faz do Brasil o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.

A vacina apresentou, nos ensaios clínicos, eficácia geral de 80,2% contra qualquer sorotipo da dengue após 12 meses da segunda dose. A vacina também reduziu as hospitalizações em 90%.

Em 2023, o Brasil bateu recorde de mortes por dengue. Dados do Ministério da Saúde mostraram que foram registradas 1.079 mortes pela doença até o último dia 27 de dezembro. Em 2022, o número de óbitos fechou em 1.053.

r7

Foto: REPRODUÇÃO/MINISTÉRIO DA SAÚDE

Quantas porções de frutas, verduras e legumes você come por dia? Se a resposta for cinco, você está batendo a meta diária proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e por diversos estudos que apontam esse número "mágico".

O ideal é dividir em duas porções de frutas e três de verduras e legumes. Mas por que priorizar esses alimentos? Dietas ricas em frutas e vegetais ajudam a reduzir o risco de inúmeras condições crônicas de saúde, como diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, a presença de vários antioxidantes também pode proteger contra alguns tipos de câncer.

Esses alimentos têm vários nutrientes importantes, vitaminas e minerais essenciais para o funcionamento do corpo como um todo, para a nossa imunidade. Além dos nutrientes, temos fibras que são importantes para o funcionamento intestinal, por exemplo.

Gisele Haiek, nutricionista funcional especializada em emagrecimento feminino e saúde da mulher, ressalta que frutas, verduras e legumes contêm substâncias bioativas, que ajudam no nosso metabolismo, na proteção do coração, na função cerebral.

"Precisamos consumir essas substâncias para fazer uma limpeza no nosso organismo, promover uma renovação no nosso corpo", completa Gisele. As nutricionistas lembram que cada cor representa uma substância. Por isso, é muito importante deixar o prato bem colorido!

Frutas + vegetais = mais saúde A filosofia "5 por dia" pode proporcionar uma vida mais longa, segundo um estudo feito por uma equipe da Universidade de Harvard (EUA).

Os pesquisadores analisaram dados de mais de 100 mil pessoas, que foram acompanhados por 30 anos, e revisaram 26 estudos baseados em informações colhidas entre 1,9 milhão de pessoas de 29 nações.

“Essa quantidade provavelmente oferece o maior benefício em termos de prevenção das principais doenças crônicas e é uma ingestão relativamente alcançável para o público em geral”, disse o autor principal do estudo, dr. Dong Wang, epidemiologista e nutricionista da Escola de Medicina de Harvard e do Hospital da Mulher em Boston. De acordo com o estudo, a ingestão de cinco porções diárias está associada a um risco 13% menor de morrer precocemente.

Além disso, o hábito diminuiu em 12% a possibilidade de morte por doenças cardiovasculares, 10% por câncer e 35% por problemas respiratórios (a comparação foi feita com pessoas que consumiram duas porções por dia).

Com todos esses resultados, é natural passar pela cabeça a ideia de ingerir ainda mais frutas e vegetais, certo? Errado. Os pesquisadores apontaram que comer mais de cinco porções por dia não trouxe benefícios adicionais (mas isso não quer dizer que você não possa comer mais, ok?).

Inserindo frutas e vegetais na alimentação Arroz, feijão e uma mistura: esse é o prato de muitos brasileiros. Os vegetais acabam ficando em segundo plano — e aqui entram diversos motivos (financeiro, falta de tempo para planejar e preparar uma refeição, desconhecimento sobre os benefícios dos alimentos).

As pessoas consomem muito carboidrato e proteína e acabam dando menos destaque para verduras, legumes e frutas. Para tentar aumentar o consumo, o indivíduo pode começar colocando metade do prato com verduras e legumes e complementar a outra metade com proteína e carboidrato. Outra sugestão da nutricionista é tentar deixar tudo higienizado, para facilitar na hora do consumo. A orientação vale para as frutas também, com mais uma dica: deixar o alimento bem exposto, em um lugar onde as pessoas circulem muito.

E para quem tem a meta de investir em uma alimentação mais saudável em 2024, o Guia Alimentar para a População Brasileira traz 10 passos:

Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhas alimentos e criar preparações culinárias. Limitar o consumo de alimentos processados. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados. Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.

G1 Saúde Bem Estar