Por que ocorre a azia? A azia é uma sensação de queimação, que tecnicamente se chama pirose. Pode ocorrer na boca do estômago ou atrás do peito. A azia atrás do peito, chamada de retroexternal, é a mais comum. É geralmente desencadeada por alguns tipos de bebida, principalmente as fermentadas, e por alimentos embutidos e gordurosos. Em geral, ocorre devido à irritação do esôfago, a esofagite.
Quais são os alimentos com maior chance de dar azia? Bebidas fermentadas, como cerveja e vinho, alimentos embutidos, como presunto e mortadela, porque contêm conservantes, e alimentos gordurosos, como chocolate.
É normal ter azia? Sim. Estima-se que 1 em cada 5 pessoas no mundo tenham azia uma vez por semana, o que representa 20% da população. Normalmente, a azia é provocada pelo abuso de alimentos e bebidas desencadeantes da azia e por hábitos como comer e deitar, que faz com que a comida pressione o esfíncter, válvula entre o estômago e o esôfago, criando a possiblidade de ocorrer refluxo e azia.
As azias são mais frequentes durante festas como a Copa do Mundo? Em festejos como esse geralmente se come “errado”, ou seja, refeições são substituídas por sanduíches ou petiscos, e se come depressa, devido à agitação provocada pelos jogos. Vale lembrar que a digestão começa na boca, portanto uma boa mastigação, sem conversas ou outras interrupções, já é o primeiro passo para uma boa digestão.
Qual é o alimento campeão em provocar azia? Embutidos e alimentos gordurosos. Dentro desses tipos de alimentos, em geral, cada um sabe o que lhe cai pior Bicarbonato de sódio ou sal de fruta, que contém a substância, são o melhor remédio contra azia? Não. Trata-se de uma medicação popular sem comprovação científica. Assim como o antiácido, proporciona uma sensação de alívio, mas não resolve o problema.
E chá de boldo melhora a azia? Não interfere na azia. Bebidas muito quentes ou muito frias, pelo contrário, podem aumentar a irrigação no esôfago E remédios para o fígado como Epocler, melhoram a azia? Não. Vale ressaltar que a azia não está relacionada a problemas no fígado. O fígado é um órgão resistente e só se manifesta quando há doença grave.
E água com gás? Bebidas gasosas provocam a eructação, popularmente conhecida como arroto. O arroto promove uma falsa sensação de alívio quando a pessoa está estufada ou, tecnicamente, em plenitude, porque “comeu como um boi”. O arroto é um movimento contrário ao do estômago. Quando há arroto, pode ocorrer o refluxo.
Como se livrar da azia então? A azia tende a regredir sozinha. Para evitá-la, é recomendável não encher a barriga demasiadamente e retirar da dieta alimentos ou bebidas que a desencadeiam.
Quando a azia pode ser preocupante? Quando causa desconforto persistente. Isso significa sentir, ao longo de semanas, queimação e regurgitação após refeições. Quando a azia é frequente, o esôfago pode estar inflamado. Outra possibilidade é a presença de Cândida, um tipo de fungo.
Estudo publicado na revista "Science" nesta quinta-feira (21) mostra que transtornos mentais diferentes, como depressão e déficit de atenção, dividem o mesmo grupo de genes, e por isso, podem ter a mesma causa genética. O estudo faz parte do projeto BrainStorm Consortium, iniciativa de cientistas norte-americanos que tenta medir o peso que a genética tem em distúrbios psiquiátricos.
A pesquisa envolveu pesquisadores dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Austrália e da Ásia e teve a coordenação de Ben Neale, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). O primeiro autor foi Verneri Anttila, que faz o pós-doutorado no MIT.
"Este foi um esforço sem precedentes no compartilhamento de dados, de centenas de pesquisadores em todo o mundo, para melhorar nossa compreensão do cérebro" -- Verneri Anttila (MIT).
Para chegar a essas conclusões, cientistas mediram a sobreposição de fatores de risco genéticos de 25 distúrbios psiquiátricos e neurológicos. Foram analisados dados de 215.683 pacientes e de 657.164 pessoas saudáveis (grupo-controle). Também pesquisadores consideraram o quadro clínico e características de quase 1,2 milhões de indivíduos.
Além das similaridades genéticas, a comparação entre os grupos e o mapeamento de genes traz dois desdobramentos importantes:
A pesquisa reforça que pessoas com pais com distúrbios psiquiátricos têm mais chance de desenvolver condições similares;
Distúrbios psiquiátricos diferentes estão relacionados a um mesmo conjunto de genes, mesmo que os sintomas se apresentem de formas diferentes.
Autores ressaltam que a descoberta mostra a necessidade do reconhecimento das similaridades entre as condições para que novas estratégias de tratamento sejam desenvolvidas.
Sobreposição genética entre diferentes doenças
Os resultados do estudo apontam que a sobreposição genética foi mais forte entre Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), transtorno bipolar, depressões mais graves e esquizofrenia.
Os dados também indicaram forte sobreposição genética entre anorexia nervosa e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), bem como entre TOC e síndrome de Tourette.
Entre os distúrbios neurológicos, houve fraca sobreposição de genes. Dados do estudo mostram que a doença de Parkinson, a doença de Alzheimer, a epilepsia e a esclerose múltipla, mostraram pouca ou nenhuma correlação genética entre si e com outros distúrbios cerebrais.
Cientistas dizem ser necessário uma maior quantidade de dados para analisar ainda qual o impacto da similaridade genética entre as diferentes condições.
Eles acreditam, no entanto, que a sobreposição de genes agora apresentada exerce uma forte pressão sobre as fronteiras clínicas estabelecidas entre os distúrbios mentais.
"O alto grau de correlação genética entre muitos dos distúrbios psiquiátricos acrescenta mais evidências de que os atuais limites clínicos não refletem diferentes processos patogênicos, pelo menos no nível genético", escreveram.
A doença de Alzheimer pode ser uma consequência de infecções por vírus que aconteceram ao longo da vida, principalmente o vírus da herpes, diz estudo publicado nesta quinta-feira (21) na revista "Neuron". A pesquisa analisou três diferentes bancos de dados de cérebros e mostrou, segundo os autores, o maior conjunto de evidências registrado até agora sobre essa relação.
No total, cientistas analisaram 622 cérebros de pessoas que tiveram Alzheimer e 322 órgãos de pessoas sem a doença.
O estudo teve a participação de pesquisadores da Universidade do Estado do Arizona e da Icahn Escola de Medicina Monte Sinai, ambas nos Estados Unidos. Cientistas contaram com financiamento do NIH (Instituto Nacional de Saúde dos EUA).
"Trata-se de um estudo publicado em uma revista importante sobre uma discussão grande na ciência: a relação entre micro-organismos e o cérebro", diz Almir Ribeiro Tavares Júnior, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais que já acompanhou estudos com Alzheimer no NIH.
O pesquisador explica que cientistas desconfiam há décadas da relação entre demências e infecções. Acredita-se que a proteína associada á doença de Alzheimer, a beta amiloide, pode ser produzida como uma reação do sistema imunológico a infecções por micro-organismos.
"A beta amiloide contribui para a morte neuronal e para uma piora na transmissão de impulsos entre neurônios" , diz o pesquisador. "Antes, pensava-se que ela era a causa da doença de Alzheimer. Hoje, sabe-se que ela é uma consequência, mas não há uma precisão da consequência exatamente do quê".
Vírus da herpes
Ao comparar cérebros de pessoas acometidas pela demência com cérebros normais, o estudo identificou altos níveis de herpesvírus humano (HHV) 6A e 7 em amostras de cérebro de pessoas que haviam tido a doença. Os cientistas encontraram fragmentos do vírus em quatro regiões diferentes do cérebro.
Os cientistas salientam, no entanto, que o estudo não comprova a relação."Seria muito difícil cravar esa relação, porque seria necessário um estudo prospectivo, com uma intervenção, o que não pode ser feito", diz o pesquisador da UFMG.
Além da presença do vírus, cientistas sequenciaram o DNA e o RNA de todos os 944 cérebros analisados e encontraram diversos mecanismos associados ao Alzheimer que podem ter sido deflagrados pelas infecções.
O número de bebês e crianças vacinadas no Brasil apresentou nova queda em 2017 e atingiu o número mais baixo do País nos últimos 16 anos. Os dados, fornecidos pelo Ministério da Saúde, apontam ainda que todas as vacinas indicadas para crianças com menos de um ano não alcançaram a meta.
Embora os valores deste ano ainda sejam preliminares, a situação já causa preocupação. O índice de crianças que receberam a dose contra a poliomelite, por exemplo, está em 77% - uma queda de 7,5% em relação a 2016 e 21% em comparação ao índice de 2015, último ano em que o número ficou acima dos 80%.
No caso da vacina quádrupla viral (tetraviral + vz), que protege contra sarampo, caxumba, rubéola, catapora e varicela, o índice está em 70%, uma queda de 8% em relação a 2016. A única vacina que apresentou leve alta no ano passado foi a da Hepatite A - o que se explica, em parte por conta do surto da doença durante o período.
Para Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde, esse é um dos problemas: ver a vacina como curativa. "Vemos o aumento da busca pela imunização quando a doença aparece, mas esse cuidado deve ser de prevenção. Não devemos esperar a doença aparecer", esclarece.
Reconhecido internacionalmente por sua eficiência, o PNI foi criado em 1973 para organizar o calendário de vacinação, facilitando o controle e a erradicação de doenças que podem ser prevenidas por meio da imunização. É o caso, por exemplo, da poliomelite e do vírus autóctone da rubéola, ambos erradicados no País.
Para a especialista, outro fator importante para a queda nos índices é justamente o sucesso do PNI desde a sua criação. "O Brasil tinha índices alarmantes de mortalidade infantil antes do programa", afirma. "A geração atual tem uma saúde adequada porque foi vacinada. Mas, como não conviveu com o medo de doenças, acham que não é necessário manter a prevenção", acredita.
O custo disso, no entanto, tem se mostrado alto, já que doenças que estavam controladas em terras brasileiras voltaram a apresentar surtos. É o caso do sarampo, que já tem casos confirmados em Roraima, no Amazonas e no Rio Grande do Sul.
Carla acredita ainda que a inserção da mulher - que é a responsável por cuidar dos filhos na maioria dos casos - no mercado de trabalho criou uma nova dinâmica na rotina da família brasileira que não foi acompanhada pelo sistema de saúde. "Os horários para que a mãe leve seu filho para ser vacinado não se encaixam na agenda de quem precisa trabalhar", diz.
O problema já vem sendo discutido há algum tempo pelo Ministério da Saúde que, embora reconheça a questão, ainda não prevê uma solução principalmente por entraves financeiros na política do atual governo. "Há uma limitação de recursos", afirma Carla.
Para a infectologista Renata Coutinho, do Hospital Rios D’Or, o ganho com a imunização vai além do individual. "Existe um grande benefício coletivo, pois diminui a circulação dessas doenças na população em que essas crianças convivem", explica.
Os benefícios também incluem, menores taxas de hospitalização e de sequelas (o sarampo, por exemplo, pode provocar surdez e problemas neurológicos), além de reduzir a abstinência dos pais no trabalho. "Os ganhos acontecem em várias áreas, não só na saúde individual", reforça a médica.
A médica respondeu a algumas dúvidas bastante comuns sobre vacinação. Confira:
As vacinas são 100% seguras?
As vacinas têm seus riscos e benefícios, e, neste caso, recomenda-se a comparação entre os riscos da doença e os riscos da vacina. Exemplo, a febre amarela: o risco de ter um evento grave pela vacina é de 1 em 1 milhão de doses; e o risco de ter febre amarela selvagem grave é 10 em 100 casos - e mortalidade é muito alta. Matematicamente, é incomparável o risco da doença selvagem e o risco da vacina. Assim, a vacina tem indicação e em caso de dúvidas, deve-se consultar o médico.
Existe algum fator que impeça a criança de tomar vacina?
Dependendo da vacina, sim. Por exemplo, não devem ser vacinadas crianças que têm comorbidade específica (ocorrência de duas ou mais doenças ao mesmo tempo), imunodeficiência, portadoras de HIV, pacientes que tenham recebido transplante de órgãos ou de medula e indivíduos que sofram com doença renal crônica. Apesar de ser um procedimento seguro, sempre colocamos na balança os riscos e os benefícios. Se o risco da vacina for maior que os benefícios, ela não deve ser aplicada. O médico que acompanha a criança deve ser sempre consultado para uma orientação mais específica e segura.
Para quais reações deve-se ligar o alerta de que algo deu errado?
Placas ou pintas no corpo até 24 horas depois a vacinação, convulsão com ou sem febre e alguma dificuldade motora. Nesses casos, a criança deve ser encaminhada ao serviço de emergência e/ou ao médico pediatra o mais rápido possível.
As reações às vacinas são menos prejudiciais se comparadas aos efeitos da doença em uma criança não imunizada?
Seguramente. E os pais/responsáveis têm que compreender que algumas doenças são graves e não dependem das condições clínicas das crianças. Ou seja, não é válido o argumento de que crianças saudáveis e bem nutridas estão imunes a doenças e não precisando ser vacinadas. Já tivemos casos em que mães que tinham essa filosofia [de não vacinar] mudaram de ideia uma vez que os filhos estavam na UTI com doenças que poderiam ser evitadas com a vacinação.
Qual o melhor período do dia para vacinar as crianças?
Do ponto de vista prático, o ideal seria pela manhã, pois, assim teria o dia inteiro para observar a criança. De noite, todos estão dormindo. Mas não é um procedimento que exija o acompanhamento dos pais o dia todo, pois, geralmente, as crianças ficam bem.
Criança doente pode tomar vacina?
Não é indicado quando a criança está com febre. Em caso de dúvida, recomendamos sempre que o pediatra seja consultado.
Pode tomar mais de uma vacina em um dia?
As que são programadas para serem juntas no calendário não têm interferência. Mas, existem outras com indicação de intervalo mínimo de aplicação, como a tríplice viral e a da febre amarela. Isso tudo é respeitado pelo esquema de vacinação pública, que tenta ao máximo simplificar as vacinações, diminuindo as chances de falha de cobertura e o número de visitas da criança nos postos.