O brasileiro não é muito fã de frutas, como mostra uma pesquisa do IBGE. Apenas 25% dos brasileiros consomem a quantidade de frutas e verduras recomendada pela Organização Mundial da Saúde.
O estudo também mostrou que apenas 10 frutas (laranja, banana, maçã, mamão, manga, melancia, tangerina, uva, abacaxi e açaí) correspondem a 91% do total de frutas consumidas pelos brasileiros. Dessas, apenas o abacaxi e o açaí são nativos no Brasil.
O Bem Estar desta segunda-feira (30) mergulhou no mundo das frutas nativas brasileiras. Viajamos pelo país para mostrar que dá para variar a fruteira.
Uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente chamada Plantas para o Futuro identificou 70 plantas da nossa flora com potencial alimentício, medicinal e ambiental.
A nutricionista Raquel Santiago, convidada do programa desta segunda, falou da relevância desse projeto. Os brasileiros não consomem alimentos nativos porque não se deu importância para a domesticação dessas plantas. Os produtores apostam em frutas populares e aceitas pela população e os consumidores acabam comendo sempre as mesmas frutas. Frutas diferentes são encontradas apenas em feiras orgânicas e em determinados restaurantes.
Comer frutas nativas significa incorporar na dieta novas fontes nutricionais, como mostrou a consultora e pediatra Ana Escobar. Por exemplo, frutos como camu-camu, mangaba e cagaita contêm altas quantidades de vitamina C, enquanto o buriti, tucumã e pitanga são ricos em vitamina A.
A maioria dos produtos para cabelos crespos contém substâncias químicas que podem causar diversas doenças, incluindo câncer. De acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica Environmental Research, os ingredientes utilizados na produção desses itens, como os parabenos – conservante que imita um hormônio feminino -, e os ftalatos – usado para prolongar a vida útil do produto -, podem causar obesidade, menopausa precoce e até mesmo câncer.
Beleza fatal
Pesquisas feitas anteriormente mostraram que mulheres negras são mais propensas a usar cremes hidratantes e alisantes para tentar atender às normas sociais de beleza. Por causa disso, elas se expõem a produtos perigosos que podem trazer prejuízos para saúde a longo prazo.
De acordo com o novo estudo, realizado pelo Instituto Primavera Silenciosa, quase 80% desses cosméticos para cabelos crespos e/ou cacheados voltados para as mulheres negras são compostos de substâncias químicas ligadas ao câncer, a infertilidade e a obesidade. Além disso, 78% dos relaxantes, usados para alisar permanentemente o cabelo, contêm 45 substâncias químicas desreguladoras de hormônios – entre elas os parabenos -, que geralmente não são listadas em seus rótulos. Os parabenos, usados como conservantes, imitam o estrogênio (hormônio feminino) e podem causar câncer, ganho de peso e redução de massa muscular.
“Este estudo é uma evidência de que produtos capilares são uma fonte importante de produtos químicos tóxicos e que precisamos remover esses riscos para proteger a vida das mulheres negras e evitar danos”, disse Janette Robinson Flint, da organização sem fins lucrativos Black Women for Wellness, ao Daily Mail.
Outra questão apontada pelos pesquisadores é o fato de que 78% de produtos para cabelo, incluindo condicionadores sem enxágue, também contêm ftalatos, adicionados para prolongar a vida útil dos produtos. Pesquisas anteriores revelaram que os ftalatos estão associados ao câncer de mama e de ovário, assim como à menopausa precoce.
No estudo, foram analisados 18 produtos: 11 deles continham químicos proibidos pela regulamentação cosmética da União Europeia devido à associação com câncer e infertilidade feminina. A pesquisa ainda indica que todos os cosméticos contêm pelo menos um químico para produzir fragrância, conhecida como “curvadora de gêneros”, que provocam o crescimento de mamas masculinas.
Loções capilares, estimuladores de raízes e relaxantes estão no topo da lista dos produtos com maior nível dessa substância. “Químicos em produtos para cabelo e beleza em geral não são testados e não são regulamentados”, afirmou Jessica Helm, principal autora do estudo. Por esse motivo, eles levam em suas fórmulas substâncias perigosas.
Melhor rotulagem
Os pesquisadores esperam que os resultados levem a uma clara rotulagem dos ingredientes para que as mulheres negras saibam os riscos que correm ao utilizar esses produtos de beleza. Além disso, eles recomendam que os fabricantes produzam cosméticos mais seguros para evitar que a saúde das mulheres sofra prejuízos.
No entanto, enquanto nenhuma mudança acontece na fórmula e no rótulo, a alternativa é reduzir a exposição a substâncias químicas danosas através do uso de cosméticos livres de parabenos e de fragrâncias. Segundo os cientistas, produtos vegetais ou orgânicos são uma excelente escolha para garantir um cabelo bonito sem danos à saúde.
Alho: muitos amam, mas alguns odeiam. Tem quem ache que a comida fica sem sabor sem ele. Outras pessoas não suportam nem o cheiro. Mas afinal, o alho tem mesmo benefícios? Anti-inflamatório, previne câncer, bom para o colesterol. E como preparar? A professora de nutrição Jocelem Salgado e a engenheira de alimentos Glaucia Pastore falaram sobre o alho no Bem Estar desta sexta-feira (27).
O alho tem uma substância muito boa para a saúde: a alicina. Ela é um composto formado quando você pica, tritura, amassa o alho. Ao consumir o alho, você pode prevenir e combater vários tipos de doença. A alicina tem função hipotensora, que ajuda a melhorar a pressão arterial.
Há estudos que falam que o alho contribui para a melhoria do sistema cardiovascular, tem ação antidiabética, tem função antioxidante e anti-inflamatória. Ele também ajuda a reduzir o enrijecimento das artérias e é bom para a digestão.
Já foi comprovado um efeito anticancerígeno no alho. Ele também tem efeito tanto na diminuição do LDL – colesterol ruim – quanto em evitar a deposição do colesterol na parede dos vasos sanguíneos. Ele também pode ser um aliado natural para controle do crescimento microbiológico.
Mas não adianta correr atrás do alho gigante! Segundo a pesquisadora Patricia Prati, o tamanho do alho não é documento. “Nem sempre o alho maior tem mais alicina.”
As especialistas alertam que consumir alho em excesso também não é bom. Isso porque ele pode causar lesões no trato gastrointestinal e também pode provocar reações alérgicas. Ou seja: tudo com moderação!
Quando ele incomoda? Quem tem alergia ao enxofre pode ter problemas com o alho. Pode apresentar dermatite, asma, rinite, conjuntivite, urticária. Já as gestantes podem sentir uma contração do útero e em lactantes pode aumentar as cólicas no recém-nascido. É bom evitar o alho se estiver próximo a alguma cirurgia.
Como preparar o alho?
Qual o jeito certo de preparar o alho sem que ele perca as substâncias que fazem bem para a saúde? Segundo estudos, o alho tostado é o que mais perde alicina. O alerta vale também para o refogado – cerca de 50% dos benefícios fica no óleo.
A melhor forma é o alho cru, picado e fatiado - a alicina permanece quase intacta. Mas tem prazo de validade: três meses.
A hipertensão é a principal causa do infarto e de outras doenças do coração – as que mais matam no Brasil. Cerca de 300 milhões de pessoas morrem por ano dessas doenças.
A hipertensão é a causa de 60% dos infartos e 80% dos AVCs (acidente vascular cerebral), segundo o cardiologista Celso Amodeo, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Além da hipertensão, os outros fatores de risco das cardiopatias são o colesterol alto e o diabetes. De acordo com Amodeo, 94% das pessoas que sofrem de hipertensão não têm a doença controlada.
“Essa é a situação mais grave que temos no Brasil. A hipertensão não está controlada”, afirma. “Não podemos esquecer que a hipertensão, que é uma das principais causas da doença que mais mata no Brasil, tem tratamento”, completa.
Para a cardiologista Juliana Gil, do Serviço de Hipertensão Arterial do Centro de Cardiologia do hospital Sírio-Libanês, a grande dificuldade no controle da hipertensão é convencer o paciente a fazer o tratamento. “O paciente tem que se conscientizar de que é preciso tratar a hipertensão e tomar remédio”, afirma.
Considerada uma “doença silenciosa”, não costuma dar sintomas. Quando se manifestam, os mais comuns são dor de cabeça, sonolência e cansaço ao fazer atividade física. É considerada hipertensa uma pessoa com pressão arterial igual ou superior a 14 por 9 em repouso.
Consumo de sal e sedentarismo
O crescimento da doença no país está relacionado ao estilo de vida, com alto consumo de sódio e sedentarismo, segundo a cardiologista. Ela explica que o sal aumenta a retenção de água no corpo, gerando consequências na pressão arterial.
Já em relação sedentarismo a consequência mais preocupante é a obesidade. “A obesidade pode ser a ponta do iceberg. Ela ainda eleva a prevalência de outras doenças, como o colesterol alto e o diabetes”, diz.
O avanço da idade também eleva o risco de hipertensão. Na terceira idade, a doença pode ser desencadeada por enfermidades associadas, como insuficiência renal, diabetes e aterosclerose (placas de gordura nas artérias). Além disso, com a velhice há um aumento da rigidez das artérias, o que eleva a pressão dentro dos vasos sanguíneos, de acordo com Juliana.
A médica ressalta que o diagnóstico da hipertensão não pode ser feito de maneira isolada – pressão medida uma única vez. É preciso que haja uma “curiosidade” do paciente em verificar sua pressão com certa frequência, para que seja possível uma análise mais precisa.
“Pode haver dois tipos de erro de diagnóstico: o fenômeno do ‘jaleco branco’, que é o paciente que fica com a pressão alta só quando vai ao médico, e a ‘pressão mascarada’, que é aquele que no consultório ela é baixa, mas longe dele, aumenta”.
Pico de pressão alta durante a madrugada não é mito. Eles podem ocorrer, mas estão relacionados a outros fenômenos – e não à pressão alta –, segundo a médica. “O esperado é que, ao dormir, diminua o estímulo do sistema nervoso simpático, e a pressão também diminua. Porém, há pessoas que não têm queda de pressão ao dormir, o que representa um risco cardiovascular aumentado. “É preciso investigar a causa, que pode ser, por exemplo, apneia de sono ou problema no coração”, diz.
Doenças renais x hipertensão
Já a relação entre pressão alta e formação de pedras no rim é um mito, segundo Gil. Ela explica que a hipertensão não está relacionada à formação de cálculos, mas umas das principais causas da hipertensão são as doenças renais. “Quando nos deparamos com um hipertenso no consultório, é preciso investigar doenças renais”. A doença renal aumenta a produção de substâncias que levam à hipertensão.
Pessoas com hipertensão na família têm 30% mais chance de desenvolver a doença, mas hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos, são capazes de reduzir a zero esse risco. “Apesar da propensão genética, existe a possiblidade de a pessoa não desenvolver a doença por meio de hábitos saudáveis”, diz.
A médica afirma que os aparelhos de controle de pressão comercializados em farmácias são confiáveis desde que sejam calibrados uma vez ao ano. E ela faz um alerta: “O ideal é não ficar medindo a pressão da família inteira com seu aparelho porque ele vai perdendo a calibragem, principalmente os de pulso”.