O estado do Piauí vai receber, do Ministério da Saúde, 47.300 doses de vacinas contra a Covid-19. Os imunizantes fazem parte do 13º lote, onde estarão disponíveis 8.800 doses das vacinas Sinovac/Butantan e 38.500 das vacinas AstraZeneca/Fiocruz.
As doses de AstraZeneca/Fiocruz contemplarão 26% do público de 60 a 64 anos. Os imunizantes chegam ao Piauí, nesta sexta-feira (23), ao meio dia. “Mais uma faixa etária que está sendo contemplada com essa nova remessa, desta vez vamos poder possibilitar a continuidade da vacinação do grupo de 60 a 64 anos, de acordo com o cronograma de cada município”, destaca o secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto.
Já as vacinas Sinovac/Butantan serão destinadas para as segundas doses de 6% das forças de segurança e salvamento (405 doses), também para 22% do publico de 65 a 69 anos (5.887 doses), que estão na pauta 12B e mais 6% do grupo das forças de segurança e salvamento (405 doses), além de 1,26% dos idosos de 65 a 69 anos (1.306 doses), estes estavam contemplados na pauta 11B.
As vacinas CoronaVac, do Instituto Butantan, também serão destinadas para as primeiras doses de 0,2% do público das forças de segurança e salvamento (11 doses).
“As doses destinadas na décima terceira remessa são em sua maioria para o inicio dos idosos de 60 a 64 anos e segunda doses de força policiais e grupos de 65 a 69 anos. Lembramos à população sobre a importância de tomar a segunda dose, para completar o ciclo de imunização, pois já foi comprovado em estudos que a imunidade só é efetiva após a segunda aplicação. Por isso fiquem atentos às datas de retorno no seu cartão de vacinação e ao calendário de seu município”, lembra a diretora de Vigilância em Saúde da Sesapi, Cristiane Moura Fé.
De acordo com os dados do Vacinômetro, da Secretaria de Estado da Saúde, 374.315 pessoas já tomaram as primeiras doses e 135.548 tomaram as segundas doses e completaram o ciclo de imunização.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou a entrega, na próxima sexta-feira (23), de mais 5 milhões de doses da vacina Oxford contra a covid-19, produzidas pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos). A quantidade supera a previsão inicial para esta semana em 300 mil doses.
Por questões logísticas relacionadas à distribuição das vacinas, a Fiocruz passará a liberar os lotes para o PNI (Programa Nacional de Imunizações) sempre às sextas-feiras. Segundo a fundação, a decisão foi tomada em conjunto com o Ministério da Saúde, o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde). Na semana passada, Bio-Manguinhos também liberou 5 milhões de doses, porém em duas remessas, na quarta-feira e na sexta-feira. Para a semana que vem, o cronograma prevê mais 6,7 milhões de doses, o que fará com que a fundação entregue mais de 18 milhões de doses no mês de abril.
Para os próximos meses, a programação é que as entregas cresçam em volume e cheguem a 21,5 milhões, em maio; 34,2 milhões, em junho; e 22 milhões, em julho. Desse modo, a fundação cumprirá a meta de produzir 100,4 milhões de doses a partir do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) importado, conforme acordo de encomenda tecnológica firmado com a farmacêutica AstraZeneca. No segundo semestre, a Fiocruz prevê produzir 110 milhões de doses com IFA fabricado no Brasil.
Já foram entregues ao Programa Nacional de Imunizações 14,8 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, sendo 10,8 milhões produzidas por Bio-Manguinhos. As outras quatro milhões foram importadas prontas da Índia nos meses de janeiro e fevereiro.
O coronavírus causador da covid-19 pode ter uma vantagem em indivíduos com acúmulo de placa dentária ou gengivite, aponta um estudo publicado, na terça-feira (20), no Jornal de Medicina Oral e Pesquisa Odontológica.
Uma equipe de pesquisadores do Reino Unido, África do Sul e Estados Unidos descobriu que altas concentrações do coronavírus se movem da saliva para os pulmões de pessoas com doenças gengivais. Segundo o artigo, os vasos sanguíneos dos pulmões, ao invés das vias aéreas, são afetados inicialmente na covid-19, com altas concentrações do vírus na saliva e periodontite associadas a um risco aumentado de morte.
Movendo-se dos vasos sanguíneos nas gengivas, o vírus passaria pelas veias do pescoço e do tórax, alcançando o coração antes de ser bombeado para as artérias pulmonares e pequenos vasos na base e periferia do pulmão.
Um dos pesquisadores, o médico radiologista Graham Lloyd-Jones, analisou tomografias computadorizadas de pacientes com covid-19, enquanto dentistas da equipe fizeram a relação entre a saúde bucal deles e a gravidade da doença.
O coautor do estudo Iain Chapple, professor de periodontologia da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, explica que os resultados ajudam a compreender por que algumas pessoas desenvolvem doença pulmonar durante a covid-19 e outras não.
"Também pode mudar a maneira como gerenciamos o vírus — explorando tratamentos baratos ou mesmo gratuitos direcionados à boca e, em última instância, salvando vidas."
Chapple acrescenta que a escovação e uso de enxaguantes bucais são fundamentais mesmo para quem não está com covid-19. "As doenças gengivais deixam as gengivas mais vazadas, permitindo que os micro-organismos entrem no sangue. Medidas simples — como escovação cuidadosa e escovação interdental para reduzir o acúmulo de placa bacteriana, juntamente com enxaguatórios bucais específicos ou mesmo enxágue com água salgada para reduzir a inflamação gengival — podem ajudar a diminuir a concentração do vírus na saliva e ajudam a mitigar o desenvolvimento de doenças pulmonares, além de reduzir o risco de evolução para covid-19 grave."
Estudo da Universidade de Roma, divulgado em março último, aponta a disfunção erétil (impotência sexual) como uma das possíveis sequelas da covid-19. Cem indivíduos foram incluídos na análise (25 positivos para covid-19 e 75 negativos). A prevalência de disfunção erétil foi de 28% no grupo cujos resultados foram positivos para covid-19, contra 9,33% do grupo cujos resultados foram negativos.
O urologista Fernando Nestor Facio Jr., membro da Sociedade Brasileira de Urologia, em São Paulo, confirma que esse tipo de caso tem se repetido em seus atendimentos.
"Tenho alguns pacientes que tiveram covid-19 de forma grave, ficaram intubados, permaneceram de 10 a 15 dias na UTI e hoje retornam com o critério de cura muito assustados, com muito medo e principalmente a função erétil debilitada", conta.
O especialista acrescenta que alterações hormonais, entre outras, também podem causar a disfunção erétil.
"É comum fazer a avaliação hormonal desses pacientes e em alguns deles parece que a baixa de testosterona também é uma contribuição para essa perda de massa muscular, todo o comprometimento feito pelo vírus também poderia estar comprometendo também a parte do libido. Tenho sim tido esses pacientes", ressalta.
Segundo o estudo, a disfunção endotelial (alteração da camada que reveste os vasos sanguíneos) tem sido considerada como o potencial gatilho para o aparecimento de formas mais graves de covid-19, bem como a ligação entre diferentes comorbidades associadas à doença.
"Na verdade, a covid-19 é por todos os meios uma doença endotelial, na qual as manifestações sistêmicas da doença podem ser potencialmente decorrentes de isquemia tecidual (diminuição da passagem do sangue) resultante de alterações no equilíbrio trombótico e fibrinolítico endotelial (que evita coágulos)", ressalta um trecho do trabalho.
O estudo ressalta, ainda, que até mesmo casos de covid-19 assintomáticos podem desencadear problemas de ereção no futuro, em função do comprometimento vascular.
O urologista Carlos Alberto Ricetto Sacomani, doutor em Urologia pela USP (Universidade de São Paulo), explica que o resultado do estudo demonstra que a covid-19 causa esse acometimento vascular generalizado, chamado acometimento endotelial dos vasos sanguíneos.
"Isso pode estar relacionado com essa disfunção erétil, já que a ereção é um fenômeno puramente vascular, caracterizado pela chegada de sangue pela artéria cavernosa, no corpo cavernoso e ocorrendo com isso a ereção. O estudo mostrou essa influência. O tempo que isso dura não pôde ser avaliado, então não sabemos ainda se é temporário, definitivo, se há sequelas da performance sexual a longo prazo", observa.
Segundo o estudo, a gravidade e a prevalência de disfunção erétil em casos de covid-19 são maiores entre homens que sofrem de hipertensão, obesidade, diabetes e histórico de doença cardiovascular. E aqueles que já sofrem de disfunção erétil também podem estar incluídos nos grupos de risco quando contaminados pelo coronavírus.
"Os mesmos pacientes que têm covid-19 mais grave muitas vezes têm outras comorbidades, como obesidade, dislipidemia (fatores que favorecem a arterioesclerose), alteração cardíaca que também estão relacionadas com ereção. Eventualmente, o agravamento destas doenças pode também agravar o quadro do covid-19" diz Sacomani.
Recuperação pós-covid Aos 44 anos, Leonardo S. (nome fictício) é um dos que estão passando por dificuldades sexuais como sequela da covid-19. Dinâmico, como empresário no ramo de cozinha industrial, ele frequentava eventos ligados ao setor, estando sempre atualizado em relação às novidades.
Até que veio a pandemia. Leonardo teve de reduzir as atividades, como a maioria da população. Entrou na quarentena, inclusive porque seu filho mais velho, de 12 anos, é asmático e seguiu com disciplina os protocolos.
Na única "bobeada", como ele diz, acabou sendo contagiado pelo coronavírus, em um festival gastronômico. Foi quando se iniciou o maior drama de sua vida.
"Imagino que foi naquele evento (em fevereiro último). Não havia ventilação e o local era fechado. Foi meu único vacilo. Estava há mais de um ano seguindo à risca e, de repente, acreditei que não iria haver problema. Acabei sendo hospitalizado, indo para a UTI e ficando 9 dias intubado. No total, fiquei 26 dias no hospital", conta.
Passado o sufoco, ao sair do hospital, em 19 de março último, ele entrou naquela situação que se tornou quase um lema daqueles que se deparam com a doença: pensar em um dia de cada vez.
E, além da falta de ar intensa, perda da massa muscular, lentidão de movimentos, Leonardo sentiu uma forte dor no testículo direito, assim como dor nas pernas e articulações. As dificuldades em sua vida sexual vieram em seguida.
"Quando voltei para casa, demorou cerca de 15 dias para tentar ter a primeira relação sexual. Como o pulmão estava muito frágil, não queria forçar, desviar o sangue para a região peniana. Foi muito difícil. Até hoje sinto muita dificuldade nos movimentos. Levanto da cama, tenho de parar. Ando um pouco, paro de novo. Subo uma escada, paro para puxar o ar. Ter relações sexuais agora é extremamente complicado. Fico exausto. Dá medo, a falta de ar é pesada. Chega a dar desespero", diz ele, que já se livrou do cilindro de oxigênio, mas realiza fisioterapia diária, pulmonar e muscular, tendo voltado ao trabalho, mas em ritmo mais lento.
Na opinião de Facio Jr., essas dificuldades na relação sexual, que podem surgir no pós-covid-19, têm como causa a própria característica sistêmica da doença.
"Há um comprometimento viral que ataca por completo várias áreas vitais do organismo: pulmão, musculatura, coração, rins. Isso debilita por demais o paciente. O comprometimento endotelial, a falta de oxigenação, tudo isso dificulta a recuperação de algo que, embora não seja totalmente vital, é importante. Mas primeiro o paciente precisa recuperar a musculatura, a respiração triangular, voltar para a vida, para depois tratar de reconstituir a função sexual", afirma.
O urologista Sacomani acrescenta que situações como a vivida por Leonardo têm no fator psicológico um componente importante.
"Há também a questão do impacto psicológico. Pacientes com covid-19 mais grave que ficaram internados, intubados em UTI, podem enfrentar um período de ansiedade, depressão e alterações da saúde mental que podem impactar na performance e função sexuais", completa.