A SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) critiou na noite desta quinta-feira (16) a decisão do Ministério da Saúde, que retirou a recomendação de vacinar irrestritamente adolescentes entre 12 e 17 anos. Em nota assinada pela diretoria do grupo, a entidade afirmou que a "medida gera receio na população e abre espaço para fake news".
A associação disse entender "que a população de maior risco deve ser priorizada" na campanha de imunização, porém discordou dos pontos apontados pelo ministro Marcelo Queiroga para embasar a decisão da pasta. Segundo a SBIm, "as justificativas apresentadas não são claras ou não têm sustentação". A nota da entidade rebateu nove itens, mencionando que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não restringiu a administração a pessoas com comorbidades e a incidência de eventos adversos graves é extremamente baixa e inferior ao risco da própria covid-19.
"O óbito de um adolescente que recebeu a vacina Pfizer deve ser investigado com rigor, assim como todos os demais casos de possíveis eventos adversos. Até o momento, no entanto, não foi estabelecida relação causal com a vacina. É necessário cautela para evitar a adoção de medidas precipitadas", disse a SBIm.
Por fim, a entidade destacou a melhora no cenário epidemiológico brasileiro em razão da campanha de imunização em massa. "Não há evidências científicas que embasem a decisão de interromper a vacinação de adolescentes, com ou sem comorbidades. A SBIm, portanto, entende que o processo deve ser retomado, de acordo com o que já foi avaliado, liberado e indicado pela Anvisa."
Recuo
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confirmou na tarde desta quinta (16) que o governo decidiu que só sejam vacinados adolescentes entre 12 e 17 anos com deficiências permanentes, comorbidades ou privadas de liberdade.
Em 2 de setembro, a pasta publicou uma nota informativa recomendando a vacinação de todo esse público. Durante a coletiva, Queiroga afirmou que "de forma intempestiva" quase 3,5 milhões de crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos receberam a vacina. Desse total, 1,5 mil apresentaram eventos adversos.
R7
Foto: Lucy Nicholson/Reuters