O ministro da Saúde Marcelo Queiroga afirmou, durante audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (26), que a pasta pretende lançar, na quinta-feira (27), uma campanha nacional de testagem para detectar o novo coronavírus. “O Brasil testa pouco. Nosso objetivo é testar de 10 a 20 milhões de brasileiros por mês”.
Segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Otávio Moreira da Cruz, a campanha vai seguir diferentes linhas de ação. Uma delas será o teste aplicado em postos de saúde em pessoas que apresentam sintomas da covid-19; outra linha será o teste dirigido a grupos de risco, como motoristas de ônibus e professores. Tratam-se de testes rápidos de antígenos, capazes de detectar a covid-19 nos primeiros dias de infecção. Caso o resultado seja positivo, as pessoas que tiveram contato com os infectados também passarão pelos testes.
O ministro também foi questionado pelos parlamentares sobre a CPI da Covid e ressaltou que é uma iniciativa do parlamento brasileiro com objetivo de tentar ajudar no esclarecimento dos fatos. “Não cabe a mim apontar erros, cabe olhar para frente e tentar buscar formas efetivas de dar concretude às políticas públicas que podem tirar o Brasil dessa situação de pandemia”.
Queiroga também abordou uma possível terceira onda da covid-19. Ele afirmou que é possível que seja adotada alguma medida restritiva, mas que isso ficará a cargo das autoridades sanitárias municipais "pelo caráter continental do país". Mas ressaltou que o ministério deve monitorar a situação.
A Pfizer Brasil iniciou nesta terça-feira (25) o início dos testes clínicos no Brasil para avaliar a eficácia e segurança da sua vacina contra a covid-19 em mulheres grávidas saudáveis com 18 anos de idade ou mais. Serão aproximadamente 200 participantes distribuídas por quatro centros de pesquisa do país.
Essas gestantes farão parte de um estudo mundial da farmacêutica, junto a outras quatro mil mulheres que estejam entre as 24ª e as 34ª semanas de gestação. O estudo vai avaliar o efeito da vacina aplicada em duas doses, com 21 dias de intervalo.
O levantamento também avaliará a segurança nos bebês e a transferência de anticorpos das mãe para os filhos. Os recém nascidos serão monitorados até aproximadamente os seis meses de idade No Brasil, serão quatro centros que conduzirão o estudo e serão responsáveis pela seleção das voluntárias elegíveis: CEMEC (Centro Multidisciplinar de Estudos Clínicos), em São Bernardo do Campo (SP), CMPC Pesquisa Clínica, em Sorocaba (SP), Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS) e a Faculdade de Medicina da UFMG(Universidade Federal de Minas Gerais).
A Pfizer deve entregar 200 milhões de doses para o Brasil ao longo de 2021. Algumas remessas pequenas já foram enviadas, desde abril. Em junho, serão cerca de 12 milhões de doses enviadas.
Plataforma criada por consórcio de universidades brasileiras faz uma projeção de quando a vacinação contra a covid-19 será concluída no Brasil. Considerando os dados de até a segunda quinzena de maio, a previsão é de que a imunização em todo o País seja finalizada em 25 de dezembro de 2022. O sistema utilizou dados disponibilizados pelo governo federal para obter o ritmo da vacinação em cada cidade e, com isso, projetar quando toda a população já terá recebido todas as doses necessárias do imunizante.
Nos cálculos, foi considerado o ritmo de vacinação dos últimos 30 dias (sempre que ocorre uma nova atualização, o sistema leva em conta os últimos 30 dias passados). Essa previsão é atualizada de acordo com a chegada de novas vacinas, com o aumento ou a diminuição do ritmo de vacinação, além de outros critérios que impactam a aplicação do imunizante, como a falta de insumos (IFA – insumo farmacêutico ativo) para produção de vacinas, número de postos de vacinação e o desejo da população em se vacinar.
O Painel de Vacinação de Covid-19 é aberto e está disponível para toda a população. O usuário consegue obter dados regionais ou totais do Brasil. Para isto, basta selecionar o Estado e a cidade desejados e verá, além da projeção para o fim da vacinação, detalhes sobre doses aplicadas por dia, doses em atraso, demanda diária, vacinação precoce, abandono do esquema vacinal, dentre outros. Segundo o professor Krerley Oliveira, coordenador do Laboratório de Estatística e Ciência dos Dados, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), antes dos pesquisadores disponibilizarem essas informações na plataforma, foi preciso remover inconsistências nos dados oficiais. “Na base fornecida pelo governo, existem milhões de dados com problemas. Há dados de vacinados que teriam nascido no século 19, recebido a segunda dose em uma data anterior à primeira, recebido mais de uma dose no mesmo dia, recebido apenas a segunda dose, recebido vacinas diferentes e recebido a vacina antes de 2021”, explica. “Com a limpeza, as informações disponibilizadas na plataforma possuem menos erros e são mais próximas da realidade do que as oficiais”, explica.
O governo federal disponibiliza os dados separados por Estado. O estudo se debruçou sobre todos eles e, a partir do arquivo relativo a cada unidade da federação, indicou as inconsistências existentes em cada um. Os detalhes dessas anomalias também estão publicados na plataforma.
“Embora os dados oficiais estejam apresentados de forma clara e transparente, há inconsistências que precisam ser corrigidas para não gerar dúvida e insegurança em quem as utiliza e nem afetar o planejamento de regiões ou instituições no combate à pandemia”, explica Tiago Pereira da Silva, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação de São Carlos (ICMC) da USP e pesquisador do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI). A proposta do projeto foi aumentar a transparência dos dados governamentais e dar acesso à informação, de forma que a plataforma seja uma ferramenta que auxilie munícipios, mesmo os de menor porte, no planejamento da campanha de vacinação.
Com os dados limpos e apresentados de forma didática, o pesquisador acredita que Estados e municípios possam utilizá-los para tomadas de decisões em políticas públicas e combate à pandemia de forma mais adequada. “Imagine que o governo de uma determinada cidade perceba que muitas pessoas não tomaram a segunda dose, por exemplo. Com essa informação em mãos, é possível realizar campanhas de conscientização. A ferramenta pode ser importante também para moradores de cidades pequenas, por exemplo, que não têm muitas informações sobre a vacinação”, diz.
Intervalo entre as doses das vacinas
Os intervalos entre a primeira e segunda dose das vacinas contra covid-19 variam de uma para a outra. “No nosso painel de vacinação, utilizamos espaços de tempos de segurança fornecidos pelas fabricantes das vacinas. No caso da Pfizer, o intervalo ideal indicado pela empresa é de 21 a 25 dias”, diz o professor Krerley. Para os outros dois imunizantes disponíveis para a vacinação dos brasileiros, os intervalos são de 56 a 84 dias para a AstraZeneca, e de 14 a 28 dias, para a CoronaVac.
O projeto de modelo estatístico foi desenvolvido pela equipe de pesquisadores do consórcio de universidades ModCovid19, do qual a USP mantém a liderança.O grupo é formado pelo ICMC, pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Universidade de Campinas (Unicamp), pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada do Rio de Janeiro (IMPA), pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio). O Laboratório de Estatística e Ciência dos Dados da UFAL desenvolveu a plataforma, a estrutura foi do CeMEAI e o apoio, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).