imunidadecoronaA imunidade ao Sars-CoV-2, coronavírus responsável pela covid-19, dura ao menos um ano e, possivelmente, pode ser para toda a vida. A conclusão está presente em 2 estudos.

Um deles foi publicado nessa 2ª feira (24.mai) na revista científica Nature. Eis a íntegra, em inglês (7 MB). O outro é mais antigo, de dezembro, e foi postado on-line no BioRxiv, site de pesquisa em biologia. Eis a íntegra, em inglês (3 MB).

O resultado das pesquisas, de acordo com o New York Times, sugere que a maioria das pessoas que se recuperaram da covid-19 e que foram imunizadas posteriormente contra a doença não precisarão de doses de reforços.

Esse fato pode não se aplicar à proteção derivada apenas da aplicação de vacinas anticovid. Isso porque a memória imunológica tende a ser organizada de forma diferente depois da imunização. Por isso, pessoas que não tiveram a doença mas foram vacinadas contra a covid-19 podem eventualmente precisar de uma dose de reforço.

As duas pesquisas analisaram pessoas que haviam sido expostas ao coronavírus há cerca de um ano.

Segundo o estudo publicado na Nature, pesquisadores verificaram a presença, na medula óssea, de células que retêm a memória do vírus. Elas são capazes de produzir anticorpos sempre que necessário. O estudo divulgado na BioRxiv descobriu que essas células, chamadas de memória B, continuam a amadurecer e se fortalecer por pelo menos 12 meses depois da infecção inicial.

“Os documentos são consistentes com o crescente corpo de literatura que sugere que a imunidade induzida pela infecção e pela vacinação parece ter vida longa”, disse Scott Hensley, imunologista da Universidade da Pensilvânia, ao New York Times.

Poder360

Foto: mattthewafflecat/Pixabay

Pesquisadores alemães afirmaram nesta quarta-feira (26) que, com base em pesquisas de laboratório, acreditam ter encontrado a causa dos raros mas graves episódios de coagulação do sangue entre algumas pessoas que tomaram vacinas de Oxford/AstraZeneca e Johnson & Johnson contra a covid-19.

Os pesquisadores, em um estudo ainda não revisado por especialistas, disseram que as vacinas contra covid-19 que empregam vetores de adenovírus — vírus da gripe usados ​​para entregar material vacinal — enviam parte de sua carga para o núcleo das células, onde algumas das instruções para fazer proteínas do coronavírus podem ser mal interpretadas.

As proteínas resultantes podem potencialmente desencadear distúrbios de coágulo sanguíneo em um pequeno número de receptores, sugerem eles.

Cientistas e reguladores de medicamentos dos Estados Unidos e da Europa têm buscado uma explicação para o que está causando os coágulos raros, mas potencialmente mortais, acompanhados por baixas contagens de plaquetas no sangue, que levaram alguns países a interromper ou limitar o uso das vacinas da AstraZeneca e da J&J. Outros cientistas sugeriram teorias para a condição de coagulação.

A Johnson & Johnson, em um comunicado enviado por e-mail, disse: "Estamos apoiando pesquisa e análise contínuas deste evento raro enquanto trabalhamos com especialistas médicos e autoridades de saúde globais. Esperamos revisar e compartilhar dados assim que estiverem disponíveis". A AstraZeneca não quis comentar.

Vacinas de RNA mensageiro Pesquisadores da Universidade Goethe de Frankfurt e de outros locais explicaram em seu artigo que as vacinas usando uma tecnologia diferente conhecida como RNA mensageiro (mRNA) —como as da Pfizer e Moderna — entregam o material genético da proteína spike do coronavírus apenas para o fluido encontrado dentro das células, não para o núcleo das células.

“Todas as vacinas baseadas em mRNA devem representar produtos seguros”, diz o artigo.

O texto sugere que é possível aos fabricantes de vacinas usando vetores de adenovírus fazer modificações que aumentem a segurança desses produtos farmacêuticos.

 

Reuters

astrazenÉ normal ter febre ou se sentir cansado após a vacina da AstraZeneca? Por quê? Segundo a pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), esse tipo de efeito é comum após a aplicação de qualquer tipo de vacina e faz parte da resposta imune inata do organismo. “É uma reação natural e esperada. Faz parte da resposta inflamatória e é responsável pela dor local [onde a vacina foi aplicada], pelo mal estar, por febre, reações que nem todas as pessoas apresentam porque é uma resposta individual”, explica

Quais os principais efeitos colaterais da vacina da AstraZeneca? A bula da vacina da AstraZeneca indica que os principais efeitos colaterais após a aplicação do imunizante são sensibilidade, dor, sensação de calor, vermelhidão, coceira, inchaço ou hematomas onde a injeção foi administrada; sensação de indisposição de forma geral; sensação de cansaço; calafrio ou sensação febril; dor de cabeça; enjoos e dor nas articulações ou dor muscular. Além disso, é comum que a pessoa imunizada tenha sintomas semelhantes aos de um resfriado como febre alta, dor de garganta, coriza, tosse e calafrios; também é possível que surja um caroço no local da injeção. Para amenizar esses sintomas, a bula indica que a pessoa deve informar a um profissional de saúde e, caso seja prescrito algum medicamento, o recomendado é que contenha paracetamol

Qual o risco de formação de coágulos após a imunização com a vacina da AstraZeneca? Casos envolvendo a formação de coágulos sanguíneos após a aplicação da vacina foram relatados pelo mundo. A EMA (Agência Europeia de Medicamentos) considerou que o efeito colateral é “muito raro” e que os benefícios do imunizante superam os riscos. No Brasil, a Anvisa solicitou à Fiocruz que inclua na bula o risco do desenvolvimento de coágulos. De acordo com a diretora da SBIm, o risco de formação de coágulos após a aplicação da AstraZeneca é de 0,007%. “O que se identificou é que é um fenômeno específico, não é a trombose ou embolia normal, é uma síndrome específica em que há esse tromboembolismo associado a uma taxa pequena de plaquetas”, explica. É a chamada síndrome de tromboembolismo e trombocitopenia, TTS na sigla em inglês(thrombosis with thrombocytopenia syndrome). Além disso, a especialista destaca que o risco de uma pessoa desenvolver trombose ao ser infectada pelo coronavírus é maior do que em relação ao imunizante. “A covid é uma doença que causa inflamação muscular, os pacientes que morrem pela covid todos passam por processos inflamatórios, todos eles têm problema de coagulação. A própria covid é um risco muito maior que o risco do TTS com a vacina”, afirma

Como saber se tenho risco para a formação de coágulos após a imunização com a vacina da AstraZeneca? Segundo Flávia, não é possível saber se uma pessoa é propensa à formação de coágulos sanguíneos após a imunização. “Por isso que os eventos adversos devem ser vigiados, e qualquer sintoma que indique inchaço nas pernas ou dor abdominal, que podem ser sinal de pequenos êmbolos pelos órgãos, os profissionais da saúde precisam fazer essa notificação, e com a investigação é que se estabelece se aquilo foi mesmo um TTS ou não. A vigilância de eventos adversos é importantíssima”, afirma

Por que seu uso foi suspenso para grávidas? As gestantes que tomaram a primeira dose devem tomar a segunda? O Ministério da Saúde suspendeu a aplicação da vacina da AstraZeneca em gestantes e puérperas no país. A medida seguiu a recomendação da Anvisa, após o registro de um evento adverso grave que acabou em morte, tanto do feto quanto da grávida que foi acometida de um acidente vascular cerebral após a imunização. Para as gestantes que já haviam tomado a primeira dose da vacina, a recomendação da pasta é que aguardem o fim da gravidez e do puerpério (45 dias após o parto) para que completem a imunização com a segunda dose

Quando é seguro tomar a vacina contra a gripe depois da AstraZeneca? As campanhas de vacinação contra a gripe e contra a covid-19 ocorrem simultaneamente pelo país e, por este motivo, o Ministério da Saúde recomenda que seja respeitado um intervalo de 14 dias entre a aplicação dos imunizantes. A orientação da pasta é que a população dê prioridade à vacina contra a covid-19 e, ao fazer a imunização, agende a data correta para a vacina contra o vírus influenza

Bebida alcoólica antes ou depois da vacina compromete sua eficácia? Segundo a especialista Flávia Bravo, não há nenhum dado científico que comprove o efeito negativo de bebidas alcóolicas sobre a eficácia do imunizante, ou sobre qual a quantidade recomendada para ser ingerida antes ou depois da imunização. “O álcool em uso crônico e abusivo faz mal ao organismo como um todo, prejudica todos os nossos sistemas, inclusive o sistema imune, e piora a nossa resposta às infecções”, explica

Posso escolher qual vacina tomar? Não é possível escolher a vacina para a imunização contra a covid-19. “Não há o menor sentido em fazer escolha de vacina. Hoje o que temos que fazer é usar a vacina que estiver disponível, porque precisamos de cobertura vacinal e todas as vacinas aprovadas foram qualificadas pelos órgãos reguladores”, afirma a especialista. Além disso, Flávia destaca que mesmo que as vacinas tenham apresentado números de eficácia diferentes uma das outras, todos os imunizantes em aplicação no país são seguros e eficazes para conter o avanço da pandemia. “No ponto de vista de saúde coletiva essas diferenças acabam diluídas, porque vamos ter diminuição da circulação do vírus. Se a maior parte da população estiver vacinada, vamos reduzir a circulação do vírus, reduzir as chances de quadros graves de covid-19, reduzir internações e mortes num cenário de vida real onde as pessoas estão se expondo”, afirma

A formação de íngua na axila após vacina contra covid é comum? O inchaço de linfonodos, também chamados de ínguas, nas axilas, após a vacinação contra a covid-19 pode ser um sinal de que o sistema imunológico está respondendo à imunização. A imunologista Lorena de Castro Diniz, da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), explica que a reação é chamada de linfadenopatia. “É um sinal de funcionamento do sistema imunológico, porque os gânglios fazem parte do nosso sistema, é onde há um recrutamento das células de defesa e por isso há essa inflamação, em algumas pessoas é mais intensa e perceptível, por isso falamos que é um evento adverso. Mas geralmente não tem uma evolução negativa ou com sequela, é muito difícil precisar de intervenção”, afirma

Principais informações sobre a vacina da AstraZeneca:

- Situação: registro definitivo concedido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), autorização permanente para ser usada em território nacional, o que permite vacinação em massa e comercialização com o setor privado

- Número de doses: aplicação em duas doses, com intervalo de 3 meses

- Fabricante: Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca. No Brasil, é produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro

- País de origem: Reino Unido

- Tecnologia: vetor viral não replicante, utiliza adenovírus que causa resfriado em chimpanzés modificado em laboratório para transportar fragmentos do coronavírus, especificamente a proteína spike, para estimular o organismo a produzir uma resposta imunológica

  • Eficácia: 82,4% ao fim das duas doses, sendo 76% após 90 dias da primeira dose.
  • Proteção contra variantes: a vacina protege contra a cepa brasileira, mas não neutraliza a variante da África do Sul.

R7

Foto: REUTERS/Yves Herman

O estado do Piauí recebeu na tarde desta quarta-feira, 26, 90.440 doses de vacinas contra a Covid-19. Com essa nova remessa o estado vai iniciar a vacinação de trabalhadores de transportes aéreos e trabalhadores portuários.

Foram enviadas, pelo Ministério da Saúde, 82.250 doses da vacina AstraZeneca/Fiocruz, destinada à vacinação de 100% do grupo de trabalhadores portuários (28 doses), para 78% do público de trabalhadores de transportes aéreos, 17% do grupo de comorbidades e pessoas com deficiência permanente e 7% do público de forças de segurança e salvamento e forças armadas.

“Vamos iniciar a vacinação de dois novos públicos os portuários e aeroportuários, essa população está contemplada no Plano Nacional de Imunização. Isto nos possibilitará avançar ainda mais na imunização da população piauiense”, destaca o secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto, enfatizando que as vacinas para os portuários serão enviadas para o município de Ilha Grande, onde se encontra o Porto dos Tatus, principal saída para os passeios ao Delta do Rio Parnaíba.

Na 21ª pauta de distribuição, também será repassado ao Piauí 8.190 doses da vacina Pfizer, para imunização de 1,9% do grupo de comorbidades, pessoas com deficiência permanente, gestantes e puérperas. “Este novo lote de Pfizer ainda será disponibilizado apenas para Teresina. As demais cidades do interior, que a Sesapi fez a solicitação ao Ministério da Saúde para receber a vacina, ainda não foram contempladas”, explica o superintendente de Atenção Primária à Saúde e Municípios, Herlon Guimarães.

Sesapi