A alimentação tem uma função essencial tanto no momento pré-gestacional quanto durante a gravidez. Por meio de uma dieta certa, a mãe obtém os níveis de nutrientes de que o bebê precisa, atingindo um harmonia hormonal para que ele se desenvolva bem. Quando existe desnutrição materna ou alimentação inadequada, com grandes números de gorduras ruins, carboidratos, alimentos industrializados e farináceos, há risco de aumento da glicemia (quantidade de açúcar no sangue), ocorrendo mudanças no metabolismo, crescimento do risco de diabetes gestacional, de pressão alta na gravidez e do sobrepeso. É essencial o acompanhamento nutricional durante a gravidez, se for possível, que tenha a data inicial antes da gestação para um preparo mais correto ao corpo.
De acordo com os médicos, o importante é ficar em dia com a balança já no planejamento da gravidez. Trata-se de uma chance de adquirir hábitos saudáveis que vão além da alimentação. Incluir exercícios físicos no dia a dia e tentar diminuir o estresse, por exemplo, são medidas que dão um empurrãozinho na fertilidade e devem se estender, não só durante os nove meses, mas para a vida toda.
Apreciar o momento da alimentação, conseguir degustar o alimento, sentir prazer no ato de se alimentar, tudo isso é fundamental no cotidiano de uma gestação. Mas, claro, a premissa de escolher certo o que colocar no prato continua fundamental. Porque, sim, o que e como a grávida interfere na sua saúde e na do bebê, inclusive fora da barriga. Estudos feitos mundialmente, dão conta dessa relação tão delicada. Uma delas, realizada na Dinamarca pelo Danish National Birth Cohort, analisou por volta de 62 mil mulheres em quatro anos, e tiveram a conclusão que a altos níveis de glúten na gravidez pode elevar a chance dos filhos desenvolverem diabetes tipo 1. Na Europa, os casos da doença vêm crescendo de 3% a 4% ao ano, em maior foco entre crianças até 5 anos.
Um estudo inédito no mundo, realizado por pesquisadores brasileiros, atribui ao consumo de alimentos ultraprocessados pelo menos 57 mil mortes no país em 2019.
O artigo, publicado nesta segunda-feira (7) na revista científica American Journal of Preventive Medicine, revela que, dos 541,2 mil óbitos de indivíduos entre 30 e 69 anos — a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera morte prematura abaixo de 70 anos —, 10,5% puderam ser associados aos alimentos ultraprocessados.
Em outro recorte comparativo, o de mortes por doenças não transmissíveis evitáveis (cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer, entre outras), os pesquisadores verificaram que ocorreram 261 mil, e, dessas, 21,8% tiveram relação com esses alimentos.
Comer mal mata mais que a violência no país. Para ter ideia, o número de mortes violentas em 2021 — homicídios e latrocínios, por exemplo — no Brasil foi de 47,5 mil, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, documento divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os achados servem como alerta, já que o consumo de ultraprocessados cresceu 20% nos últimos dez anos no país, o que representa entre 13% e 21% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.
"Buscamos quantificar, mostrar a prioridade pública, que é a questão dos ultraprocessados no Brasil. Isso é uma questão mundial. É muito importante encarar isso como um problema de saúde pública, trabalhar em políticas que favoreçam escolhas saudáveis a partir do padrão alimentar. É isso que vai preservar o que temos de cultura alimentar brasileira", afirma, em entrevista ao R7, o principal autor do estudo, o pesquisador Eduardo Nilson, do Nupens/USP (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde/Universidade de São Paulo) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Segundo o especialista, "essa dieta tradicional é muito saudável e não deve ser substituída pelos ultraprocessados, que têm todas as consequências em relação a mortes e são alimentos que também têm um perfil nutricional pior".
A dieta tradicional à que ele se refere é o famoso arroz, feijão, proteína e salada. Entretanto, muita gente tem optado por macarrão instantâneo, lasanha congelada e refeições vendidas como práticas nos supermercados.
Esses alimentos, que incluem refrigerantes, biscoitos, chocolates, sorvetes, bebidas lácteas, entre outros, possuem uma série de aditivos químicos que influencia na obesidade e no desenvolvimento de doenças como diabetes e hipertensão.
Os principais vilões são sódio, gordura e açúcar, mas não são os únicos, lembra Nilson.
"Pensando que os ultraprocessados levam a esse risco de doença e morte, eles vão ser mediados pelo que a gente chama de nutrientes críticos — sódio, gordura e açúcar —, mas não podemos focar só isso, porque, pelo próprio processo de industrialização, eles acabam destruindo a matriz do alimento, pois têm os aditivos alimentares. Tudo isso afeta a absorção de nutrientes, a microbiota intestinal, e causa inflamação", explica. O estudo
Para chegar ao resultado, os pesquisadores no Nupens utilizaram dados recentes da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que abarcam informações sobre a dieta das pessoas. Eles conseguiram filtrar o consumo de ultraprocessados, segundo a classificação NOVA (veja o infográfico abaixo).
"Usamos metodologias de modelagem que são parecidas com o próprio estudo de carga global da doença, no qual você tem um fator de risco e o associa ao desfecho em saúde com o risco relativo que tem na literatura, que é uma evidência robusta, e dados do seu contexto de análise: população, morte e consumo de ultraprocessados. A partir daí, utilizamos esses métodos para ver qual é a fração atribuível: dentro de todos os fatores de risco que afetam o número total de mortes, por exemplo, quanto por cento é especificamente associado ao consumo de ultraprocessados", detalha o pesquisador.
O grupo também estimou que reduzir o consumo de ultraprocessados entre 10% e 50% poderia salvar entre 5.900 e 29,3 mil vidas, respectivamente, a cada ano.
"Se mantivéssemos o consumo que tínhamos havia uma década, seriam 12 mil mortes a menos entre todas aquelas", exemplifica Nilson.
Na Unidade Regional de Saúde em São João dos Patos-MA a secretária municipal de Saúde de Barão de Grajaú recebeu equipamentos do Projeto Telenordeste que serão usados na promoção dos serviços de Telemedicina à distância, que ainda será implantado.
O projeto do Ministério da Saúde é executado pela Beneficência Portuguesa, através do PROADI, visa garantir o fortalecimento da APS e acesso a pacientes com doenças crônicas ao médico especialista, diminuindo assim, filas e os deslocamentos, garantindo cuidado integral por meio de atendimento médico especializado.
"Uma Inovação que vem para melhorar e resolver esse problema na saúde pública no município", externou a secretária Nádia Ribeiro.
Com certeza você já ouviu sua mãe dizer que cutucar o nariz é falta de educação e que não deveria "limpar o salão" em ambiente público. Se ela está errada ou não, é pessoal, mas um estudo recente trouxe mais um motivo para evitar o hábito: o aumento do risco de Alzheimer.
Pesquisadores da Griffith University, na Austrália, descobriram que uma bactéria, chamada Chlamydia pneumoniae, comumente presente no nariz e responsável por infecções do trato respiratório, pode chegar até o cérebro e causar reações ligadas à doença de Alzheimer.
A bactéria presente no nervo olfativo utiliza um caminho mais curto e direto para o cérebro, que contorna a barreira hematoencefálica — impede e dificulta a passagem de substâncias do sangue para o sistema nervoso central —, tornando-se uma rota de fácil acesso à região.
Para os pesquisadores, isso é um alerta e significa que cutucar o nariz e danificar a parede interna desse órgão pode colaborar com o aumento do número de bactérias que chegam ao cérebro. "Somos os primeiros a mostrar que a Chlamydia pneumoniae pode subir diretamente pelo nariz e entrar no cérebro, onde pode desencadear patologias que se parecem com a doença de Alzheimer", disse o professor e chefe do Clem Jones Center for Neurobiology and Stem Cell Research, James John, ao portal de notícias da Griffith.
Os cientistas mostraram a existência dessa possibilidade a partir de experimentos em camundongos. "Vimos isso acontecer em um modelo de camundongo, e a evidência também é potencialmente assustadora para humanos", conta John.
Quando a bactéria chegava ao sistema nervoso central desses pequenos roedores, as células do cérebro respondiam depositando a proteína beta amilóide, que é característica da doença de Alzheimer. Além disso, após algumas semanas, as vias genéticas relacionadas à condição também eram ativadas.
Os pesquisadores ainda perceberam que a bactéria infectava células nervosas gliais (presentes no tecido nervoso e responsáveis por uma série de funções), o que possibilitava que ela permanecesse mais tempo no sistema nervoso central.
"Essas células são geralmente importantes defensoras contra as bactérias, mas, neste caso, elas são infectadas e podem ajudar as bactérias a se espalhar", disse a professora associada do Clem Jones Center for Neurobiology and Stem Cell Research, Jenny Ekberg.
No entanto, a bactéria pode não ser a única responsável pelo início da doença de Alzheimer, aponta a professora.
"Há muito tempo suspeitamos que bactérias e até vírus podem levar à neuroinflamação e contribuir para o início da doença de Alzheimer. No entanto, a bactéria sozinha pode não ser suficiente para causar doença em alguém. Talvez exija a combinação de uma suscetibilidade genética mais as bactérias para levar à doença de Alzheimer a longo prazo", explica Ekberg. Atualmente, os cientistas trabalham com novas formas de tratamento, considerando esses registros sobre a bactéria e o caminho que conecta o nariz ao cérebro.
"Agora que temos essa nova evidência, isso nos dá a motivação para encontrar urgentemente tratamentos para interromper esse fator que contribui para a doença de Alzheimer. Com o Griffith Institute for Drug Discovery, estamos identificando drogas potenciais que podem ajudar as células gliais a destruir as bactérias que já estão no cérebro", conta Jenny.
E acrescenta: "Além disso, o professor Ken Beagley, da QUT (Queensland University of Technology), está trabalhando em uma vacina contra a clamídia, que pode reduzir a capacidade do patógeno de entrar no cérebro."
John também cogita que os testes de olfato podem funcionar como detectores de Alzheimer e demência, tendo em vista que a perda dele é um indicador precoce da condição. Sendo assim, ele sugere a realização de um teste de cheiro a partir dos 60 anos.
"Uma vez que você tenha mais de 65 anos, seu fator de risco aumenta, mas também estamos analisando outras causas, porque não é apenas a idade — é também a exposição ambiental. E achamos que bactérias e vírus são críticos", conta o professor.
Por hora, o que os pesquisadores recomendam é que as pessoas tenham pequenos cuidados com o revestimento interno do nariz, já que "se você danificá-lo, pode aumentar o número de bactérias que podem entrar no seu cérebro", diz John.
Portanto, o professor alerta que "cutucar o nariz e arrancar os pelos dele não é uma boa ideia."